2025/07/17

A Literatura no Centro

O Ciclo Thomas Bernarhd acontece no CCB entre os dias 19 de Novembro e 1 de Dezembro, em vários espaços do CCB. Da relação do escritor com a música à relação com o teatro, este ciclo vai além disso, criando uma relação permanente do autor com o público, através de uma exposição, um concerto, conversas sobre a obra do autor austríaco, leituras dramatizadas, um lançamento de um livro e uma peça de teatro. Haverá ainda o jornal “Thomas Bernhard”.

Nascido na Holanda, Thomas Bernhard (1931-1989). passou a infância com os seus avós maternos em Viena. Em 1935 muda-se com eles para Seekirchen, perto de Salzburgo. O seu avô, o escritor Johannes Freumblicher, foi a sua grande referência. Foi educado em dois internatos, um nacional-socialista e o outro católico, que o marcaram muito. A morte do avô em 1949 e a da sua mãe no ano seguinte abalaram profundamente o escritor. Depois da sua hospitalização, devido a uma tuberculose que lhe deixou sequelas, Bernhard arranjou emprego num jornal de Salzburgo, ao mesmo tempo que começou a escrever contos e poemas. Bernhard estudou música e canto, antes de se dedicar exclusivamente à literatura e à escrita para teatro. A sua escrita, musical e rigorosa, revela uma consciência crítica exacerbada pelas vicissitudes da vida pessoal. Em 1957 foi publicado o seu primeiro livro de poesia, “Na Terra e no Inferno”, ao qual se seguiram outras colectâneas de poesia. Posteriormente, o autor aventura-se na escrita em prosa e no género dramático, publicando o seu primeiro romance, “Frost” (1963), e a sua primeira peça, “Uma Festa para Boris”, estreada em 1970.
O CCB programou para este ano alguns ciclos dedicados a personalidades artísticas importantes. O primeiro foi Paul Bowles, escritor norte-americano, agora a instituição dedica uma semana da sua programação a um dos maiores escritores europeus da segunda metade do século XX e também um dos mais polémicos da sua geração. Nunca deixou de exprimir as suas opiniões controversas nas suas muitas obras, sobretudo sobre a sua relação ambígua com a Áustria e os austríacos.
Este é um ciclo que toca o autor e a sua obra de vários pontos de vista, através de diferentes áreas artísticas e as relações com as mesmas. Por exemplo, a sua relação com a música, tão visível em obras como “O Náufrago” e “O Sobrinho de Wittgenstein”, é abordada neste ciclo. No dia 26 de Novembro, vai ler-se aquela primeira obra, um dos mais conhecidos romances de Thomas Bernhard pelo actor Tiago Rodrigues, seguida da projecção do filme “Glenn Gould: Variações Goldberg”, de Bruno Monsaingeon.
Também a sua ligação ao teatro, com leituras de “O Presidente” e a reposição da encenação do Teatro de Almada para “O Fazedor de Teatro”, com a qual o actor Morais e Castro ganhou o Prémio da Crítica em 2004. O seu tradutor para português, José António Palma Caetano, abordará em conferência a relação de Thomas Bernhard com Portugal. “O Fazedor de Teatro”, no original alemão “Der Theatermacher”, é sem dúvida uma das peças com mais repercussão e mais apresentada. Pertence já à fase de “maturidade dramática” do autor, tendo sido escrita na primeira metade dos anos oitenta e agora é reposta nos dias 28, 29 e 30 de Novembro.
Quem apresenta a leitura dramatizada de “O Presidente”, no dia 19 de Novembro, é a Companhia de Teatro de Almada, sendo aquela a primeira peça de carácter político do escritor e que tem uma parte que se passa em Portugal (no Estoril), no tempo da ditadura. Thomas Bernhard não era um político, contudo esta peça tem este carácter híbrido.
A concluir o ciclo, o maestro Michael Zilm dirigirá a Orquestra Metropolitana de Lisboa num concerto preenchido com música sobre a qual escreveu, designadamente a “Sinfonia Haffner”, de Mozart.
A exposição Thomas Bernhard, organizada pela Fundação Privada Thomas Bernhard, e com a contribuição de algumas das pessoas da sua vida, dá a conhecer aspectos da vida e da criação do escritor, com a apresentação de numerosos originais do autor de “Antigos Mestres”. Constituída por várias fotografias, cartas de família e textos originais, a exposição é uma viagem ao seu universo mais íntimo e familiar. A exposição estará patente mesmo pós ciclo, uma vez que continuará aberta ao público até 16 de Dezembro, na Galeria Mário Cesariny.
Também incluída no ciclo, está programada uma Comunidade de Leitores, que discutirá aspectos da sua obra literária, na Sala de Leitura do CCB. Da importância de Bernhard enquanto autor dramático à harmonia da sua escrita, passando pela visão inquietante que transmite nos livros ou a relação que tinha com a música, são vários os temas que se adaptam ao escritor austríaco, e que prometem animar uma conversa feita de leituras e que procura acima de tudo despertar leituras, ou não fosse este um ciclo dedicado à literatura, apesar da comunicação e da ligação a todas as outras áreas artísticas, é ali que está o centro gravitacional.

A um passo do Euro 2008

A selecção nacional defronta amanhã a formação da Arménia e na quarta-feira a equipa da Finlândia. E em ambos os jogos Portugal está obrigado a vencer se desejar participar no Campeonato da Europa que se irá realizar no próximo ano na Áustria e Suíça. Relativamente aos outros grupos, destaque para a Itália e Inglaterra que estão em risco de não se qualificarem para o Euro 2008.

Sem margem para erro. Portugal joga amanhã diante a Arménia no Estádio de Leiria e na quarta-feira defronta a Finlândia. E para evitar “conta de última hora”, a formação orientada por Luis Felipe Scolari está obrigada a vencer os dois últimos desafios da fase de apuramento para o Campeonato Europeu 2008.
Com 12 desafios disputados, Portugal ocupa o segundo lugar do Grupo A com 23 pontos, menos um que o líder, Polónia. No total, a formação nacional soma seis vitórias, cinco empates e apenas uma derrota, tendo apontado 23 golos e sofrido 10. Já na terceira e quarta posição e à espera de um “deslize” da equipa das quinas, estão as equipas da Sérvia e Finlândia com 20 pontos, enquanto a Bélgica já está completamente fora da corrida pelos dois primeiros lugares do grupo e que dão acesso ao Europeu 2008, uma vez que conta com apenas 15 pontos. Nas posições seguintes estão a Arménia (9), Cazaquistão (7) e Azerbeijão (5).

Onze português

No desafio de amanhã, o seleccionador nacional Luiz Felipe Scolari irá cumprir o último jogo de castigo e terá de ver o desafio das bancadas. E como se não bastasse, o técnico brasileiro tem encontrado algumas dificuldades para estruturar a equipa, uma vez que alguns jogadores importantes, como Deco, Jorge Andrade, Ricardo Carvalho e Miguel, encontram-se lesionados. Em todo o caso, Portugal deverá apresentar-se amanhã no típico 4-3-3, com Ricardo na baliza, Paulo Ferreira a defesa direito, Caneira a lateral esquerdo, enquanto Bruno Alves e o luso-brasileiro Pepe, que se irá estrear na formação nacional, serão a dupla de centrais. Já Miguel Veloso deverá ocupar a posição de trinco, enquanto Maniche e Simão deverão ocupar as outras duas unidades do meio-campo. Já Cristiano Ronaldo e Ricardo Quaresma serão os jogadores responsáveis por descair para as alas, enquanto Hugo Almeida deverá ocupar a posição de ponta-de-lança.
A título de curiosidade, refira-se que em três jogos frente à Arménia, Portugal nunca perdeu, mas também só venceu por uma vez. Porém, o facto de o desafio se realizar em Leiria pode ser um bom indicador, uma vez que a selecção soma duas goleadas em outros tantos jogos já disputados no estádio da cidade do Lis.

Pepe estreia-se pela selecção nacional

Apesar de ter nascido no Brasil, o central Pepe notabilizou-se como futebolista em Portugal. E, após ter garantido a nacionalidade lusa, o defesa imediatamente disponibilizou-se para representar a selecção nacional. Uma decisão que foi bastante bem recebida pela Federação Portuguesa de Futebol e pelo seleccionador nacional, Luis Felipe Scolari, tal como sucedeu com Deco. Assim, Pepe, que actualmente represente o Real Madrid, deverá estrear-se amanhã por Portugal e afirmou durante esta semana: “Foi uma surpresa para toda a gente quando decidi representar Portugal em vez do Brasil. Sinto-me muito integrado no país onde joguei desde muito novo. Agora sinto-me na obrigação de contribuir para que Portugal consiga o apuramento para o Europeu”.
Já Scolari fez uma breve análise da Arménia e Finlândia: “Vejo estas duas equipas como adversários de qualidade. Cada uma tem os seus pontos fortes, mas são equipas que podem vir a Portugal e conseguir um bom resultado. Cabe-nos impossibilitar que eles cresçam em campo e que sejam melhores que nós”.

Itália e Inglaterra em risco

A Itália e Inglaterra estão em risco de não marcarem presença no Europeu 2008. No que diz respeito à formação transalpina, encontra-se no terceiro lugar do Grupo B com 23 pontos. Menos um que a Escócia que, no entanto tem mais um desafio e disputa esta semana o seu último jogo da fase de apuramento. Desta forma, Itália está obrigada a vencer os dois encontros para garantir um dos dois primeiros lugares do grupo. Refira-se ainda que a França lidera esta tabela com 25 pontos em 11 jogos (falta disputar um) e também não poderá facilitar se desejar marcar presença na competição mais importante do “Velho Continente”.
Já a Inglaterra, encontra-se numa posição mais delicada. A formação orientada por Steve McClaren encontra-se no segundo posto do Grupo E com 23 pontos em 11 desafios (faltando apenas um jogo para terminar a fase de qualificação, uma vez que este grupo tem sete equipas). Todavia, a Rússia segue na terceira posição com 21 pontos conquistados em 10 jogos; ou seja, em caso de vitória nos dois desafios em falta diante os conjuntos de Israel e Andorra, passará para a frente dos ingleses. Já a Croácia, que lidera a tabela com 26 pontos em 10 jogos, também terá de vencer os dois últimos encontros para evitar o não apuramento para o Euro 2008. E curiosamente um desses desafios será frente à Inglaterra que, como se sabe, está obrigada a vencer.

Cavaco antecipa nota máxima a Sócrates

Já não é preciso esperar pela mensagem de fim de Ano do Presidente da República para saber que Cavaco vai dar nota máxima a José Sócrates nas matérias em que tinha pedido resultados em 1 de Janeiro de 2007, desenvolvimento económico, educação e justiça. Ontem, no decurso da viagem ao Chile, onde participou na cimeira ibero-americana, Cavaco elogiou as “reformas profundas” que estão a ser feitas pelo governo em áreas como a administração pública, justiça, educação, segurança social, salientando, ainda, que a estrutura da economia portuguesa está a mudar muito rapidamente. Na semana em que Santana Lopes e Luís Filipe Menezes tiveram a sua prova de fogo com o debate do Orçamento de Estado, os elogios de Cavaco ao governo representam um duro golpe para a actual direcção do PSD.

Já não é preciso esperar pela mensagem de fim de Ano do Presidente da República para saber que Cavaco vai dar nota positiva a José Sócrates nas matérias em que tinha pedido resultados em 1 de Janeiro de 2007, desenvolvimento económico, educação e justiça. Na viagem ao Chile, onde participou na cimeira ibero-americana, Cavaco elogiou as “reformas profundas” que estão a ser feitas pelo governo, salentando, ainda, que a estrutura da economia portuguesa está a mudar muito rapidamente.
Na semana em que Santana Lopes e Luís Filipe Menezes tiveram a sua prova de fogo com o debate do Orçamento de Estado, as declarações de Cavaco representam um duro golpe. Ainda para mais, a estreia de Santana no Parlamento não foi muito feliz e a forma como o PS atacou o ex-primeiro-ministro laranja deixou um sabor amargo na actual direcção. Luís Filipe Menezes falou mesmo em falta de respeito para com Santana. Recorde-se que o gáudio de ministros e deputados do PS, que lembraram quase sempre o passado do governo de Santana, atingiu a sua expressão máxima quando o ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva, disse que Santana tinha ido “berrar” ao hemiciclo e que depois “desandou”. Ontem, no próprio dia das declarações de Cavaco, o governo alcançou a vitória de ver o OE para 2008 aprovado, sem, sequer, os votos desfavoráveis ou a abstenção dos deputados da Madeira. Sócrates estava, aliás, visivelmente, satisfeito e na parte da tarde deve ter aumentado a satisfação com as palavras do Presidente da República.
As declarações de Cavaco foram proferidas no último dia da sua viagem, perante empresários portugueses e chilenos. O Presidente da República disse que “as autoridades portuguesas estão a avançar com reformas profundas na administração pública, na justiça, na segurança social e em muitos outros domínios”. Cavaco Silva salientou os investimentos “muito, muito fortes” em domínios como a educação e formação profissional, sublinhando que são “uma condição de sucesso para vencer os desafios da globalização”. O Presidente fez ainda questão de frisar a mudança na estrutura da economia portuguesa, que já não passa só pelos têxteis, vestuário e calçado, a imagem de marca antiga que se tinha de Portugal. “A estrutura da economia portuguesa está a mudar muito rapidamente. Os têxteis, o calçado, já não são os principais produtos da exportação portuguesa.”. Cavaco Silva deu como exemplo dos novos modos de produção portugueses a montagem de autómoveis na fábrica Volkswagen de Palmela, “uma das mais modernas da Europa”.
Curiosamente, na mensagem presidencial de Ano Novo de 1 de Janeiro de 2007, que tanta polémica gerou, já que Cavaco exigiu resultados ao governo, encontram-se mencionadas as áreas que foram hoje alvo de elogios.
Na altura, o Presidente da República disse o seguinte: ” é muito importante que em 2007 se registem progressos claros em, pelo menos, três grandes domínios da nossa vida colectiva: desenvolvimento económico, educação e justiça.”
No que respeita à primeira área, Cavaco referiu, designadamente, que o Estado deve ser um potenciador do desenvolvimento económico e que “cabe aos empresários serem verdadeiros agentes da mudança, aumentando a produtividade, investindo mais e, sobretudo, investindo melhor, com uma aposta decisiva na inovação e na qualidade.”. Parece não haver dúvidas, com os elogios feitos às alterações estruturais na economia portuguesa que esta condição de há quase um ano esta preenchida.
No que respeita à segunda área, Cavaco referiu em Janeiro deste ano: “é importante que 2007 fique marcado por melhorias visíveis no funcionamento do nosso sistema de ensino”, adiantando que esta é uma tarefa que a todos deve mobilizar: professores, pais e alunos, cada um com a sua responsabilidade, mobilizados num quadro que cabe ao poder central e às autarquias orientar e apoiar.”. O presidente da República disse ainda: “o tempo urge. A qualidade no ensino, o estímulo à excelência e o combate sem tréguas ao insucesso e abandono escolar têm que ter sinais positivos já em 2007.” Também parece não haver dúvidas de que Cavaco vai dar uma nota positiva a Sócrates, muito alta até, face às declarações no Chile de que as reformas no ensino têm sido “muito, muito fortes”.
Por último, no que se refere à terceira área da mensagem de Ano, Cavaco referiu que “2007 é o ano em que devem ser concretizados passos decisivos para a melhoria do funcionamento do sistema de justiça”, esperando-se “dos protagonistas deste sector um contributo activo para a eficiência” do sector.. Também aqui não há dúvidas que o Presidente do Governo elogiou no Chile o governo nesta área, referindo-se expressamente ao sector.
O facto de Cavaco ter feito elogios às reformas na administração pública e na segurança social representa, igualmente, um duro golpe para os partidos à esquerda do PS, em particular o PCP, e para os sindicatos, que marcaram ontem uma greve geral para 30 de Novembro e que têm contestado no Parlamento e nas ruas, as políticas de Sócrates em relação à Função Publica, contestando a perda de direitos e regalias, e em relação à idade da reforma e às pensões, com aumento do limite para 65 anos e condições monetárias menores.

“O PSD deixou de existir no distrito de Lisboa”

Helena Lopes da Costa assume-se como muito crítica da anterior direcção da Distrital de Lisboa. Em entrevista ao SEMANÁRIO, a deputada depositou a responsabilidade pela “hecatombe” na autarquia em Paula Teixeira da Cruz, acusando-a de se “imiscuir, sistematicamente, na gestão da Câmara”. Na opinião da candidata, “o PSD deixou de existir
no distrito de Lisboa”.

O que a move, pessoal e politicamente, para se candidatar à Distrital de Lisboa do PSD?
Eu candidato-me à Distrital de Lisboa em nome de uma urgência e de um compromisso. Compromisso que é voltar a fazer do PSD um partido ganhador no distrito de Lisboa. Como sabe, parto para este combate numa situação muito difícil porque agora, em Lisboa, o PSD tem apenas três câmaras municipais: Mafra, Sintra e Cascais. Se me perguntar qual o contributo que o PSD deu para estas vitórias, tenho de lhe dizer, infelizmente, que foi um contributo muito pequeno. Estas vitórias devem-se, essencialmente, aos protagonistas. O meu objectivo é, exactamente, voltar a um PSD de vitórias, voltar a conquistar o distrito de Lisboa e voltar a conquistar a Câmara Municipal de Lisboa, que eu entendo que foi entregue ao Partido Socialista.

Pondera encabeçar a lista do PSD à capital nas eleições autárquicas de 2009?
Não. Neste momento não pondero. Nem falo agora em candidaturas à CML porque o presidente do partido disse, no último congresso, que o PSD iria ter um candidato nos primeiros seis meses de 2008. Como é evidente, quando for eleita presidente da Distrital de Lisboa, acordarei com a direcção do partido quem será o melhor candidato.

Mas manifesta disponibilidade para ser candidata?
Não. Neste momento não tenho uma grande apetência para ser candidata à CML. Estou disponível para ajudar um candidato, estou disponível para trabalhar muito para que, por exemplo, se ganhe a Câmara de Odivelas e para que se obtenham bons resultados em outras câmara municipais, que algumas não são fáceis de ganharmos de imediato. Penso que neste momento temos condições para trabalhar no sentido de conquistar, daqui a dois anos, algumas das câmaras que agora não seria possível fazê-lo. Até porque existem presidentes em exercício do PS que não se podem recandidatar. Portanto, o PSD deixou de existir no distrito de Lisboa. Entregámos a CML, que eu ajudei a ganhar e onde trabalhei durante quatro anos com espírito de missão, ao partido socialista, com um resultado miserável do PSD que esteve na origem da demissão do dr. Marques Mendes e da presidente da Distrital.

Uma das suas principais prioridades é reconquistar a capital. Qual a estratégia para ganhar a António Costa em 2009?
A estratégia é muito simples. A primeira vez que conquistámos a CML ao PS foi contra uma coligação de esquerda; contra o dr. Paulo Portas, que encabeçava a lista do CDS/PP; e contra Bloco de Esquerda de Miguel Portas e Garcia Pereira do MRPP. Foi uma vitória que nos deu muito trabalho, mas os lisboetas queriam mudar. E o PSD fez muita obra nos quatro anos em que eu estive na Câmara com o dr. Pedro Santana Lopes.

Gostaria que esse ciclo voltasse e ver outra vez Pedro Santana Lopes na CML?
Tenho saudades desse ciclo. Tive muita pena que se entregasse a câmara ao PS, que não a queria. O Partido Socialista nem sequer queria eleições. Nós trabalhamos com Pedro Santana Lopes com espírito de missão. Nas áreas sociais, na educação, na reabilitação urbana, nas grandes obras emblemáticas como o Túnel do Marquês, nas questões ambientais… Fizemos tanto trabalho em quatro anos que penso estar perfeitamente ao nosso alcance voltar a ganhar a CML. Aliás, a abstenção foi brutal. Tivemos, neste último acto eleitoral, uma abstenção que ficou nos 60%. Só 40% dos lisboetas é que entenderam que deveriam participar neste acto eleitoral. Os outros entenderam que poderia ser uma farsa, um misto de Carnaval e tragédia e não perceberam a necessidade de serem novamente chamados às urnas para votarem em algo que tinha votado há ano e meio.

Podemos imputar, directamente, as culpas desta crise a Paula Teixeira da Cruz?
Como é evidente. Esta hecatombe foi da responsabilidade integral da Distrital de Lisboa, que se imiscuía, sistematicamente, na gestão da Câmara.

Falou em algumas das autarquias que pretende reconquistar para o seu partido…
…Oeiras, por exemplo.

Exactamente. Em que termos pretende resolver a questão de Oeiras?
É muito fácil. Tenho muita experiência autárquica e conheço muito bem o partido. O problema em Oeiras não fui eu que o criei, mas tem de ser resolvido. Entendo que, dada a forte ligação que tenho aos militantes da secção de Algés e da secção de Oeiras, sou a pessoa que estou em melhores condições para poder resolver essa situação. Ouço os militantes das duas secções e aquilo que entenderem, em consonância com a distrital de Lisboa, resolverá a questão. E iremos ter, certamente, um candidato único à Câmara Municipal de Oeiras.

Está em cima da mesa o apoio a Isaltino Morais?
Neste momento não vou falar do apoio ou não apoio ao dr, Isaltino. Depois de estar eleita, quero ouvir os militantes de Algés e de Oeiras. Foi dito, pelo actual presidente do partido, que, neste momento, e eu sempre defendi isso, os militantes vão ter de se pronunciar sobre todas estas questões. Os militantes não existem para votar ou andar nos almoços e jantares.

Na sua opinião, Isaltino Morais seria um bom candidato?
Na minha opinião Isaltino Morais seria um bom candidato.

Carlos Carreiras referiu que o PSD não pode ter regras do Burkina Faso, referindo-se à questão do pagamento de quotas e dos cadernos eleitorais. Em sua opinião, estão criadas as condições para no dia 8 de Novembro existirem eleições justas?
Claro. Quando vi que a convocatória para o acto eleitoral estava marcada para um período muito curto, tomei a iniciativa, junto do presidente da Mesa, eng. Ferreira do Amaral, de solicitar que o horário de votação fosse mais alargado. Porque entendo que a democraticidade interna é proporcional à participação dos militantes. Relativamente aos cadernos eleitorais, algumas centenas de militantes em Lisboa foram excluídos, num processo centralista, apesar de terem pago as suas quotas e não puderam votar para as eleições directas do presidente do partido. O compromisso que houve do dr. Luís Filipe Menezes foi que, com ele, iria existir democraticidade interna e os militantes que pagaram as quotas seriam inseridos nos cadernos eleitorais. Tanto quanto sei foi isso que aconteceu. As críticas do dr. Carlos Carreiras não têm, portanto, nenhum fundamento.

José Miguel Júdice é o nome adequado para gerir a frente ribeirinha de Lisboa?
José Miguel Júdice é uma pessoa com capacidade, Independentemente de ter saído do partido. Nestas coisas não sou maniqueísta, não estão de um lado os bons e do outro os maus. José Miguel Júdice é uma pessoa com muita capacidade para poder gerir a zona ribeirinha de Lisboa.

Pena pesada para os autores do 11 de Março

Foi lida ontem, em Madrid, a sentença do 11 de Março, passados 3 anos e 7 meses sobre os terríveis atentados na capital espanhola que mataram 191 pessoas e feriram 1800 espanhóis que se dirigiam para o seu trabalho naquela fatídica quinta-feira de 2004.
Sem surpresa, três dos 28 envolvidos no atentado foram condenados a 40 mil anos de prisão, ficando absolvido o autor intelectual do atentado, Rabei Osman el Sayed o “egípcio”. Este foi o maior processo de sempre da justiça espanhola e o maior do mundo no que toca ao terrorismo. O julgamento terminou a 2 de Julho último, depois de 57 sessões.

Os 28 nos sangrentos atentados de 11 de Março em Madrid conheceram ontem a sua sentença e foi sem surpresa que os três principais suspeitos foram condenados a 40 mil anos de prisão, embora na prática os envolvidos só possam permanecer 40 anos na prisão.
Mais polémica e talvez surpreendente foi a absolvição de Rabei Osman el Sayed, o “egípcio”, que estava indiciado como o autor moral do pior atentado terrorista em Espanha.
Os grandes envolvidos, Jamal Zougam e Otman El Gnaoui, foram condenados como autores materiais do atentado, ficando cada um com uma pena por cumprir de 40 mil anos. São culpados de 191 homicídios e de 1856 assassinatos em grau de tentativa.
José Emilio Suárez Trashorras, considerado “cooperador necessário” do ataque que recebeu uma pena inferior, a rondar os 35 mil anos, pelos mesmos delitos embora lhe tenha sido detectada uma “anomalia psíquica”.
As surpresas ficaram no entanto guardadas para a lista de absolvidos. Rabei Osman Sayed, o “egípcio”, julgado como autor intelectual do atentado foi afastado do processo, estando ainda preso em Milão. Também foram absolvidos Antonio Toro Castro, Carmen Toro Castro, Emilio Llano Álvarez, Javier González Díaz e Iván Granados, que foram julgados como integrantes do plano que forneceu os explosivos. Por último foram libertados os irmãos Mohamed e Ibrahim Moussaten, julgados como colaboradores do processo de 11 de Março.
As vítimas serão indemnizadas com quantias que vão dos 30 mil a um 1 milhão e meio de euros, segundo aquilo que foi discriminado pelo tribunal.
Gómez Bermúdez começou a sua alocução defendendo o trabalho do juiz instrutor, ao mesmo tempo que recusava as questões da defesa, que pediram insistentemente para intervir, pedindo a anulação do processo por supostos erros na instrução.
Assegurou igualmente que, tanto a carrinha Renault Kangoo encontrada em Alcalá de Henarés como a mochila achada em Vallecas, estiveram na posse da polícia durante todo o tempo, constituindo-se como provas “autênticas”, afastando rumores de manipulação de provas por parte de terceiros.
Considerado o maior processo de sempre da justiça espanhola e o maior do mundo no que toca ao terrorismo, o julgamento terminou a 2 de Julho último, depois de 57 sessões em que os 28 arguidos rejeitaram qualquer envolvimento no planeamento dos atentados. Ao longo de quatro meses e 17 dias e de cerca de 310 horas, o tribunal ouviu, além dos arguidos, um total de 309 pessoas, estimando-se que a sentença ontem lida fosse composta por um processo de cerca de 2000 páginas.
Das 309 testemunhas ouvidas, 117 pertenciam às forças de segurança e do Estado, 24 tinham a classificação de testemunhas protegidas e quatro prestaram depoimentos através de videoconferência do estrangeiro, nomeadamente Paris, Bruxelas e Milão. Na prova pericial compareceram 71 peritos, dos quais 42 policiais, 16 forenses e 13 outros especialistas. As acusações pediram indemnizações de um milhão de euros para os familiares de cada um dos 191 mortos, além de apoios para os feridos.