Já não é preciso esperar pela mensagem de fim de Ano do Presidente da República para saber que Cavaco vai dar nota máxima a José Sócrates nas matérias em que tinha pedido resultados em 1 de Janeiro de 2007, desenvolvimento económico, educação e justiça. Ontem, no decurso da viagem ao Chile, onde participou na cimeira ibero-americana, Cavaco elogiou as “reformas profundas” que estão a ser feitas pelo governo em áreas como a administração pública, justiça, educação, segurança social, salientando, ainda, que a estrutura da economia portuguesa está a mudar muito rapidamente. Na semana em que Santana Lopes e Luís Filipe Menezes tiveram a sua prova de fogo com o debate do Orçamento de Estado, os elogios de Cavaco ao governo representam um duro golpe para a actual direcção do PSD.
Já não é preciso esperar pela mensagem de fim de Ano do Presidente da República para saber que Cavaco vai dar nota positiva a José Sócrates nas matérias em que tinha pedido resultados em 1 de Janeiro de 2007, desenvolvimento económico, educação e justiça. Na viagem ao Chile, onde participou na cimeira ibero-americana, Cavaco elogiou as “reformas profundas” que estão a ser feitas pelo governo, salentando, ainda, que a estrutura da economia portuguesa está a mudar muito rapidamente.
Na semana em que Santana Lopes e Luís Filipe Menezes tiveram a sua prova de fogo com o debate do Orçamento de Estado, as declarações de Cavaco representam um duro golpe. Ainda para mais, a estreia de Santana no Parlamento não foi muito feliz e a forma como o PS atacou o ex-primeiro-ministro laranja deixou um sabor amargo na actual direcção. Luís Filipe Menezes falou mesmo em falta de respeito para com Santana. Recorde-se que o gáudio de ministros e deputados do PS, que lembraram quase sempre o passado do governo de Santana, atingiu a sua expressão máxima quando o ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva, disse que Santana tinha ido “berrar” ao hemiciclo e que depois “desandou”. Ontem, no próprio dia das declarações de Cavaco, o governo alcançou a vitória de ver o OE para 2008 aprovado, sem, sequer, os votos desfavoráveis ou a abstenção dos deputados da Madeira. Sócrates estava, aliás, visivelmente, satisfeito e na parte da tarde deve ter aumentado a satisfação com as palavras do Presidente da República.
As declarações de Cavaco foram proferidas no último dia da sua viagem, perante empresários portugueses e chilenos. O Presidente da República disse que “as autoridades portuguesas estão a avançar com reformas profundas na administração pública, na justiça, na segurança social e em muitos outros domínios”. Cavaco Silva salientou os investimentos “muito, muito fortes” em domínios como a educação e formação profissional, sublinhando que são “uma condição de sucesso para vencer os desafios da globalização”. O Presidente fez ainda questão de frisar a mudança na estrutura da economia portuguesa, que já não passa só pelos têxteis, vestuário e calçado, a imagem de marca antiga que se tinha de Portugal. “A estrutura da economia portuguesa está a mudar muito rapidamente. Os têxteis, o calçado, já não são os principais produtos da exportação portuguesa.”. Cavaco Silva deu como exemplo dos novos modos de produção portugueses a montagem de autómoveis na fábrica Volkswagen de Palmela, “uma das mais modernas da Europa”.
Curiosamente, na mensagem presidencial de Ano Novo de 1 de Janeiro de 2007, que tanta polémica gerou, já que Cavaco exigiu resultados ao governo, encontram-se mencionadas as áreas que foram hoje alvo de elogios.
Na altura, o Presidente da República disse o seguinte: ” é muito importante que em 2007 se registem progressos claros em, pelo menos, três grandes domínios da nossa vida colectiva: desenvolvimento económico, educação e justiça.”
No que respeita à primeira área, Cavaco referiu, designadamente, que o Estado deve ser um potenciador do desenvolvimento económico e que “cabe aos empresários serem verdadeiros agentes da mudança, aumentando a produtividade, investindo mais e, sobretudo, investindo melhor, com uma aposta decisiva na inovação e na qualidade.”. Parece não haver dúvidas, com os elogios feitos às alterações estruturais na economia portuguesa que esta condição de há quase um ano esta preenchida.
No que respeita à segunda área, Cavaco referiu em Janeiro deste ano: “é importante que 2007 fique marcado por melhorias visíveis no funcionamento do nosso sistema de ensino”, adiantando que esta é uma tarefa que a todos deve mobilizar: professores, pais e alunos, cada um com a sua responsabilidade, mobilizados num quadro que cabe ao poder central e às autarquias orientar e apoiar.”. O presidente da República disse ainda: “o tempo urge. A qualidade no ensino, o estímulo à excelência e o combate sem tréguas ao insucesso e abandono escolar têm que ter sinais positivos já em 2007.” Também parece não haver dúvidas de que Cavaco vai dar uma nota positiva a Sócrates, muito alta até, face às declarações no Chile de que as reformas no ensino têm sido “muito, muito fortes”.
Por último, no que se refere à terceira área da mensagem de Ano, Cavaco referiu que “2007 é o ano em que devem ser concretizados passos decisivos para a melhoria do funcionamento do sistema de justiça”, esperando-se “dos protagonistas deste sector um contributo activo para a eficiência” do sector.. Também aqui não há dúvidas que o Presidente do Governo elogiou no Chile o governo nesta área, referindo-se expressamente ao sector.
O facto de Cavaco ter feito elogios às reformas na administração pública e na segurança social representa, igualmente, um duro golpe para os partidos à esquerda do PS, em particular o PCP, e para os sindicatos, que marcaram ontem uma greve geral para 30 de Novembro e que têm contestado no Parlamento e nas ruas, as políticas de Sócrates em relação à Função Publica, contestando a perda de direitos e regalias, e em relação à idade da reforma e às pensões, com aumento do limite para 65 anos e condições monetárias menores.