Foi lida ontem, em Madrid, a sentença do 11 de Março, passados 3 anos e 7 meses sobre os terríveis atentados na capital espanhola que mataram 191 pessoas e feriram 1800 espanhóis que se dirigiam para o seu trabalho naquela fatídica quinta-feira de 2004.
Sem surpresa, três dos 28 envolvidos no atentado foram condenados a 40 mil anos de prisão, ficando absolvido o autor intelectual do atentado, Rabei Osman el Sayed o “egípcio”. Este foi o maior processo de sempre da justiça espanhola e o maior do mundo no que toca ao terrorismo. O julgamento terminou a 2 de Julho último, depois de 57 sessões.
Os 28 nos sangrentos atentados de 11 de Março em Madrid conheceram ontem a sua sentença e foi sem surpresa que os três principais suspeitos foram condenados a 40 mil anos de prisão, embora na prática os envolvidos só possam permanecer 40 anos na prisão.
Mais polémica e talvez surpreendente foi a absolvição de Rabei Osman el Sayed, o “egípcio”, que estava indiciado como o autor moral do pior atentado terrorista em Espanha.
Os grandes envolvidos, Jamal Zougam e Otman El Gnaoui, foram condenados como autores materiais do atentado, ficando cada um com uma pena por cumprir de 40 mil anos. São culpados de 191 homicídios e de 1856 assassinatos em grau de tentativa.
José Emilio Suárez Trashorras, considerado “cooperador necessário” do ataque que recebeu uma pena inferior, a rondar os 35 mil anos, pelos mesmos delitos embora lhe tenha sido detectada uma “anomalia psíquica”.
As surpresas ficaram no entanto guardadas para a lista de absolvidos. Rabei Osman Sayed, o “egípcio”, julgado como autor intelectual do atentado foi afastado do processo, estando ainda preso em Milão. Também foram absolvidos Antonio Toro Castro, Carmen Toro Castro, Emilio Llano Álvarez, Javier González Díaz e Iván Granados, que foram julgados como integrantes do plano que forneceu os explosivos. Por último foram libertados os irmãos Mohamed e Ibrahim Moussaten, julgados como colaboradores do processo de 11 de Março.
As vítimas serão indemnizadas com quantias que vão dos 30 mil a um 1 milhão e meio de euros, segundo aquilo que foi discriminado pelo tribunal.
Gómez Bermúdez começou a sua alocução defendendo o trabalho do juiz instrutor, ao mesmo tempo que recusava as questões da defesa, que pediram insistentemente para intervir, pedindo a anulação do processo por supostos erros na instrução.
Assegurou igualmente que, tanto a carrinha Renault Kangoo encontrada em Alcalá de Henarés como a mochila achada em Vallecas, estiveram na posse da polícia durante todo o tempo, constituindo-se como provas “autênticas”, afastando rumores de manipulação de provas por parte de terceiros.
Considerado o maior processo de sempre da justiça espanhola e o maior do mundo no que toca ao terrorismo, o julgamento terminou a 2 de Julho último, depois de 57 sessões em que os 28 arguidos rejeitaram qualquer envolvimento no planeamento dos atentados. Ao longo de quatro meses e 17 dias e de cerca de 310 horas, o tribunal ouviu, além dos arguidos, um total de 309 pessoas, estimando-se que a sentença ontem lida fosse composta por um processo de cerca de 2000 páginas.
Das 309 testemunhas ouvidas, 117 pertenciam às forças de segurança e do Estado, 24 tinham a classificação de testemunhas protegidas e quatro prestaram depoimentos através de videoconferência do estrangeiro, nomeadamente Paris, Bruxelas e Milão. Na prova pericial compareceram 71 peritos, dos quais 42 policiais, 16 forenses e 13 outros especialistas. As acusações pediram indemnizações de um milhão de euros para os familiares de cada um dos 191 mortos, além de apoios para os feridos.