2025/07/03

Moderados do PS convidam Sampaio para candidato

É uma autêntica “bomba” política. O SEMANÁRIO sabe que alguns moderados do PS, próximos de José Sócrates, convidaram recentemente Jorge Sampaio para ser candidato presidencial em 2011.

Eleições presidenciais em 2011

É uma autêntica “bomba” política. O SEMANÁRIO sabe que alguns moderados do PS, próximos de José Sócrates, convidaram recentemente Jorge Sampaio para ser candidato presidencial em 2011.

O Presidente da República, Cavaco Silva, bem se pode acautelar porque o PS não está só a trabalhar para as legislativas mas também já para as presidenciais de 2011, demonstrando que as duas eleições estão muito mais interligadas do que se pensa. O SEMANÁRIO sabe que alguns moderados do PS, próximos de José Sócrates, convidaram Jorge Sampaio para ser candidato presidencial em 2011. Jorge Sampaio, que foi Presidente da República entre 1996 e 2006, venceu Cavaco Silva na sua primeira eleição, há dez anos, tendo frustrado as expectativas do então ex-líder do PSD e ex-primeiro-ministro. Recorde-se que Cavaco Silva chegou a interromper o seu mandato de primeiro-ministro, em 1994, depois do célebre período de reflexão no Pulo do Lobo, no Alentejo, para se candidatar à Presidência da República. Desde que saiu da Presidência da República, com um capital político intacto, muito ligado ao magistério de influência que exerceu em momentos-chave dos mandatos e que contribuiu para unir os portugueses, Jorge Sampaio tem mantido uma acção pública muito intensa, quer a nível internacional, na luta contra a tuberculose, quer a nível nacional, ainda recentemente tendo desenvolvido os seus bons ofícios para que existisse uma coligação de esquerda em Lisboa. Refira-se que Jorge Sampaio, apesar de uma vida política muito intensa, é um homem relativamente novo, fazendo 70 anos em Setembro, sendo mais jovem que Cavaco Silva.
A grande dúvida passa, naturalmente, por saber se Jorge Sampaio aceita este desafio. Num cenário em que Cavaco se recandidata, as condições políticas de uma candidatura socialista são bastante mais desfavoráveis. Tanto Ramalho Eanes, como Mário Soares e Jorge Sampaio fizeram dois mandatos no Palácio de Belém. Nas reeleições dos Presidentes, os portugueses corresponderam com votações muito elevadas, das quais a mais expressiva foi a de Mário Soares, com 70 por cento de votos. Certamente que Sampaio não é alheio a este aspecto desfavorável, ainda para mais com o risco de a sua candidatura ser interpretada no sentido de não querer permitir a Cavaco os dois mandatos que ele próprio cumpriu. É muito cedo, porém, para decisões sobre a matéria.

Este convite a Jorge Sampaio não é, naturalmente, alheio ao aumento da conflitualidade entre Belém e São Bento, marcada nas últimas duas semanas por mais um veto presidencial, em relação à lei das uniões de facto, e ao episódio das suspeitas de vigilância do Palácio de Belém, lançado por uma fonte anónima da Presidência da República e nunca desmentida por Cavaco Silva. Os socialistas podem já ter percebido que, face às más relações existentes, o clima de cooperação estratégica que marcou os anos de 2006 e 2007 nunca mais se vai repetir e que qualquer governo socialista vai ter em Cavaco um adversário. Deste modo, a estratégia socialista a montar, e o mais rápido possível, parece passar pela apresentação de um candidato presidencial ganhador em 2011.
A degradação ainda maior das relações entre S. Bento e Belém, que pode ocorrer nos próximos dois anos, pode alterar o quadro de hoje e até tornar imperiosa a candidatura de Sampaio, mesmo perante a recandidatura de Cavaco. Depois das eleições de 27 de Setembro, e face à ausência de maioria absoluta, tanto do PS como do PSD, o Presidente da República poderá ter um papel ainda mais interventivo. Perante a aproximação e cumplicidade crescentes entre Cavaco Silva e Manuela Ferreira Leite, a acção do Presidente da República poderá ser alvo de fortes criticas. No quadro de um governo minoritário PS, com Ferreira Leite a manter-se, apesar da derrota eleitoral, na liderança do PSD com o beneplácito de Belém, o PS pode ver a sua acção muito dificultada por Cavaco. No cenário de um Bloco Central, com algum envolvimento ou mesmo a égide de Belém, a acção de Cavaco também poderá ser, objectivamente, prejudicial ao PS, desgastando mais os socialistas do que o seu parceiro de coligação social-democrata. No quadro de um governo minoritário do PSD, ou mesmo de coligação com o CDS, os socialistas também podem ser alvo de uma estratégia em tenaz, com epicentro em Belém, tendo como objectivo o seu isolamento. O melhor cenário para o PS seria, como se vê, o de Sampaio não se recandidatar, por razões pessoais ou do foro político, nomeadamente o de considerar, de forma altruística, que a sua acção impediria sempre o PSD de Ferreira Leite de se autonomizar e voar mais alto, por exemplo tentando uma maioria absoluta em legislativas antecipadas. Esta hipótese de Cavaco não se recandidatar seria, também, o melhor quadro para a candidatura de Jorge Sampaio.
Manuel Alegre tem sido o nome mais falado para poder ser o candidato oficial do PS a Belém. Mas o poeta tem muitos anticorpos no PS, sobretudo na ala moderada, e, mesmo entre o PCP e o BE Alegre está longe de ser uma figura unânime. Por sua vez, Alegre, apesar de ter recolhido um milhão de votos nas presidenciais de 2009, foi para todos os efeitos derrotado por Cavaco Silva, e logo à primeira volta. Deste modo, uma vitória sobre Cavaco Silva, ainda para mais num quadro mais difícil de reeleição de Cavaco Silva, parece pouco provável.
Por sua vez, António Guterres, actual Alto Comissário para os Refugiados, outro nome que tem sido falado para candidato presidencial do PS, parece ser uma aposta arriscada do PS. António Guterres está há muito fora da ribalta política. Por outro lado, está por provar que Guterres já tenha sido reabilitado politicamente, depois do ano negro de 2001 e da sua demissão de primeiro-ministro. O próprio António Guterres pode não estar disponível para ser candidato, pelos mesmos motivos políticos e pessoais que o levaram a abandonar a política e a lançar-se numa carreira internacional. Depois do Alto Comissariado da ONU, António Guterres pode, aliás, ter hipóteses de ser o próximo secretário-geral da ONU, tal como o SEMANÁRIO revelou há um mês, o que o afastaria por longos anos da política portuguesa.
Jorge Sampaio aparece, assim, como figura em melhores condições para tentar a reconquista do Palácio de Belém por parte dos socialistas.

Partidos regressam ao trabalho

O título deste texto é deveras erróneo. Os partidos políticos, neste final de legislatura e num período eleitoral tão importante, com eleições legislativas agendadas para 27 de Setembro e as autárquicas a 11 de Outubro, não deixaram de estar activos – e muito.

As rentrées dos partidos políticos, este ano, assumem uma natureza um pouco diferente, e por uma razão óbvia: não houve, propriamente, nenhuma pausa na política nacional. Os dois actos eleitorais que se aproximam não o deixaram. Portanto, em vez de regressos vamos ter continuações, mais um palco onde os líderes vão defender programas e fazer críticas, com bandeiras, muitas palmas e câmaras de televisão.

O título deste texto é deveras erróneo. Os partidos políticos, neste final de legislatura e num período eleitoral tão importante, com eleições legislativas agendadas para 27 de Setembro e as autárquicas a 11 de Outubro, não deixaram de estar activos – e muito. Não obstante este pormenor, e como há sempre a necessidade de um regresso oficial, os vários aparelhos partidários já anunciaram as rentrées políticas.

CDS na Praça do Peixe

O CDS é o primeiro partido a marcar oficialmente o regresso de férias (embora Paulo Portas e a sua entourage tenham passado o mês de Agosto a percorrer o País), com o tradicional comício na Praça do Peixe. O CDS escolhe habitualmente Aveiro, o círculo eleitoral de Paulo Portas, para as iniciativas de abertura do ano político. Antes do comício na Praça do Peixe, à noite, haverá uma “reunião geral” com candidatos às eleições legislativas, autárquicos e com os presidentes das concelhias.
No entanto, a apresentação do programa eleitoral do partido ficou marcada para uma semana mais tarde, a 30 de Agosto, com o apoio às PME, a Segurança e a Justiça entre as prioridades dos democratas-cristãos.

PS arranca ano político na praia

No PS, a rentrée ficou a cargo da Juventude Socialista que, entre 27 e 30 de Agosto, organiza um acampamento para jovens na praia de Santa Cruz, que tem o seu ponto alto, sábado, com um discurso do secretário-geral do PS e primeiro-ministro, José Sócrates.
Com o programa eleitoral já apresentado em Julho, o PS marcou para 6 de Setembro outro momento importante: uma Convenção Nacional, que reunirá cerca de mil pessoas e que marcará o arranque da campanha eleitoral às legislativas, também com a presença de José Sócrates.
PSD opta mais uma vez por Castelo de Vide
O PSD volta a apostar na tradicional Universidade de Verão para principiar oficialmente o ano político. Há um ano, o discurso de encerramento de Manuela Ferreira Leite era muito esperado, visto que simbolizava o fim do longo período de silêncio a que a líder se tinha reservado. Os social-democratas, entre 24 e 30 de Agosto, em Castelo de Vide, vão juntar oradores como Marques Mendes, Pedro Santana Lopes ou Marcelo Rebelo de Sousa. Os trabalhos serão encerrados com o discurso da líder.
No entanto, este que costuma ser o momento da rentrée social-democrata tem este ano um concorrente: a apresentação do programa de Governo do PSD, a 27 de Setembro, que decorrerá fora da Universidade de Verão, ainda sem local definido.
Comunistas na Quinta da Atalaia
O PCP será o partido a fazer mais tarde a sua rentrée formal, com a 33.ª Festa do Avante! a decorrer a 4, 5 e 6 de Setembro na Quinta da Atalaia, no Seixal. A Grande Gala de Ópera, os portugueses Clã, Maria João e Mário Laginha e os espanhóis Ska P são algumas das principais atracções do programa cultural da edição deste ano da Festa do Avante, que terá na abertura e encerramento os discursos políticos do secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, partido que apresentou o programa de Governo na semana passada.

Bloco em Almada
O Bloco de Esquerda escolheu o último fim-de-semana de Agosto para fazer a sua rentrée política, repetindo os moldes do ano passado com a iniciativa “Socialismo 2009 – Debates para a Alternativa”, entre 28 e 30 de Agosto, em Almada. O debate irá centrar-se na discussão das prioridades do programa de Governo do BE, apresentado em Julho, e encerrará com uma intervenção do líder Francisco Louçã.

“É o princípio do fim da crise”

Para Sócrates a notícia não podia ser melhor: a economia portuguesa inverteu a tendência de queda, ao crescer 0,3 por cento no segundo trimestre do ano, segundo dados ontem divulgados pelo INE. “Os resultados são o princípio do fim da crise”, afirmou José Sócrates, em conferência de imprensa após o Conselho de Ministros.

Para Sócrates a notícia não podia ser melhor: a economia portuguesa inverteu a tendência de queda, ao crescer 0,3 por cento no segundo trimestre do ano, segundo dados ontem divulgados pelo INE. “Os resultados são o princípio do fim da crise”, afirmou José Sócrates, em conferência de imprensa após o Conselho de Ministros. Certamente expectante é que a inversão da tendência de queda contagie, também, as intenções de votos no Partido Socialista. Para o líder do executivo, não poderia haver melhor motivo, que este, para interromper as férias que gozava na vizinha Espanha.

Foi com optimismo, mas com cautela, que José Sócrates anunciou ao país o “princípio do fim da crise”. Para o primeiro-ministro, estes dados são “animadores e positivos”, mostrando que “o Governo está num caminho seguro para sair de uma das mais graves crises da economia”. No entanto, fez questão de sublinhar que este ” não é o fim da crise, mas sim o princípio do fim da crise”, salientando que “há ainda desafios a enfrentar”. “Tenho boas indicações e bons sinais, e não apenas dos resultados da economia, que nos permitem olhar para este número como um número sustentável no futuro”, afirmou, definindo este momento como sendo de “viragem”, mas advertindo que os portugueses vão ter “ainda de suportar as consequências da crise económica, que não se deixarão de sentir”. Sócrates salientou que há “ânimo económico” e que “este crescimento faz com que Portugal saia da situação de recessão”, adiantando ainda que mesmo entre os congéneres europeus o “declínio económico é muito inferior” e que, “um pouco por todo o mundo, a situação económica melhorou”, o que aumenta as perspectivas do crescimento económico. Relativamente ao impacto da crise no emprego, Sócrates considerou que é “muito cedo para dizer”. “O impacto no emprego será mais retardado” e “só se dará uns meses depois”. Não deixando, no entanto, de afirmar as políticas do actual governo, como alavancas deste crescimento. Para Sócrates, as políticas deste executivo “ajudaram muita gente a encontrar emprego e a aguentar o seu emprego e as empresas a encetar negócios” e “permitiram que cerca de 75 mil a 100 mil portugueses mantivessem o seu emprego”, disse Sócrates. O líder do executivo reitera que Portugal é, assim, dos primeiros países europeus a sair da recessão económica, facto que leva o executivo a prometer, para o terceiro trimestre, melhorar os níveis de actividade económica, em relação à média europeia. Mas ainda deverá ser cedo para encomendar o bolo e mandar abrir o champanhe. O arranque do “motor” exportador ainda demorará a fazer sentir-se, antes de se poder, definitivamente, fechar o agora anunciado fim do ciclo recessivo. Teixeira dos Santos cauteloso nas palavras O ministro das Finanças saudou, tal como Sócrates, os números divulgados pelo INE, mas advertiu, na mesma linha que o primeiro-ministro, que a saída de Portugal da recessão não significa o fim da crise. “O crescimento em cadeia do primeiro para o segundo trimestre deste ano termina a recessão técnica iniciada em meados de 2008. Mas isto não é o fim da crise que nos tem afectado”, sublinha Teixeira dos Santos. Numa reacção escrita à comunicação social, o responsável afirma que, para virar a página da crise será preciso que o crescimento se mantenha de “forma sustentada” e que esta dinâmica se “reflicta na criação de emprego”. Portanto, enquanto os motores privados permanecerem travados, “os apoios do Governo à economia e ao emprego devem manter–se de forma a consolidar a recuperação do crescimento”, defende o ministro. Neste contexto, sublinha, “há que apostar na qualificação dos portugueses e na modernização e internacionalização da nossa economia para assegurar um crescimento mais forte a médio e longo prazo. O esforço de investimento privado com esse fim deve ser incentivado e o investimento público deve ser mantido.” CDS-PP: números “não permitem grandes euforias” O deputado democrata-cristão Diogo Feio alerta para não entrar em euforia com os números revelados pelo INE. “Em primeiro lugar, continuamos com dados negativos quanto ao investimento. Em segundo lugar, não há uma consequência no emprego. Em terceiro lugar, o investimento demonstra que as nossas empresas ainda não estão numa posição positiva quanto à sua liquidez, como seria necessário.” “Há economias europeias que estão a reagir bem melhor do que a nacional; e, por outro lado, o segundo trimestre de todos os anos, é naturalmente bem melhor do que o primeiro. É um trimestre em que há mais crescimento”, notou ainda o deputado. Bloco de Esquerda aponta “profunda crise” O Bloco de Esquerda não está convencido, nem se deixa contagiar pelo optimismo do Governo. A deputada bloquista, Helena Pinto, sustenta que o aumento do crescimento económico não reflecte a realidade social do país. Os dados do INE significam, antes, ser “necessário e urgente que o Governo reforce as medidas sociais de apoio aos desempregados, nomeadamente aqueles que não têm acesso ao subsídio de desemprego”, interpreta a bloquista. Helena Pinto lembra que “o desemprego em Portugal continua em crescimento”. PCP: economia continua em recessão Uma posição semelhante tem o PCP perante os dados ontem divulgados pelo INE. “É um erro grave considerar que o país saiu da recessão, porque a variação em cadeia melhorou”, declarou o deputado José Lourenço, para quem as políticas do Executivo socialista são “manifestamente insuficientes” para contrariar o ciclo recessivo em que o país está mergulhado. O deputado comunista defende que uma análise correcta deverá ser feita em comparação, não com o primeiro trimestre do ano, mas antes com o segundo trimestre do ano passado. “Em termos homólogos, o que aconteceu é que mantivemos um decréscimo de menos 3,7 por cento, idêntico ao do primeiro trimestre”, disse. Já a CGTP considera “estranho” que a economia melhore no segundo trimestre quando o desemprego está a crescer “de forma substancial” e continuam as situações de falências de empresas, afirmou ontem Maria do Carmo Tavares, da Comissão Executiva. “Causa estranheza a melhoria da economia com o desemprego a crescer de forma substancial e [quando] continuam as falências de empresas e os salários em atrasos” sublinhou.

“Posso vir a ter uma maioria absoluta”

Leonor Coutinho candidata-se a Cascais, por este concelho ter, em seu entender, potencialidades que devem ser estimuladas e porque o concelho se encontra a estagnar.

Candidata-se a Cascais, por este concelho ter, em seu entender, potencialidades que devem ser estimuladas e porque o concelho se encontra a estagnar. Embora não sendo de Cascais e nunca ter liderado uma autarquia, considera que as suas competências, nos domínios do urbanismo e dos transportes, lhe conferem uma vantagem face ao candidato do PSD e “filho da terra” António Capucho. Com o PS diz que as obras públicas são projectos que põem a economia a funcionar e que a maioria absoluta seria o cenário mais favorável para governar.

Quais são as razões que a levam a candidatar-se à autarquia de Cascais?

Cascais, no contexto da Área Metropolitana de Lisboa, área que eu conheço bem e na qual já resido há mais de 35 anos, é um local ainda com alguma qualidade de vida e com algumas potencialidades e privilegiado, a nível da natureza. No entanto, é um território que está em perda de velocidade, que se encontra a perder o seu charme, a vitalidade e a capacidade de atrair actividades, emprego, força, estando-se a tornar numa cidade dormitório, o que é muito negativo.
Que projectos é que irá apresentar para o concelho de Cascais?

Nós vivemos num período de crise, não podemos ser completamente irrealistas, no entanto, para mim, é vital, dada a atractividade que Cascais tem, captar emprego. Há empresas, a nível da Área Metropolitana, que pretendem deslocalizar-se, por exemplo de Lisboa, e que podem encontrar em Cascais um local privilegiado. Há também certos domínios ligados à saúde, ao lazer, ao turismo, tudo o que tem uma especificidade que condiz bem com o concelho. Devia haver um plano muito activo para captação de empregos para a zona.
O concelho também regista algumas situações de carências sociais de vária ordem. Que soluções apresenta para elas?
Há uma grande dicotomia entre um litoral, digamos, com gente rica, ou de uma classe média, que procuram um lugar agradável, e um interior, que também tem pessoas que procuram um lugar agradável, mas que depois ficam um pouco frustradas, pois existem muitas situações de pobreza e de falta de infra-estruturas. É evidente que Cascais tem muitas IPSS (Instituições Particulares de Solidariedade Social), muitas associações de apoio e de solidariedade, desde sempre e que tiveram momentos melhores ou piores. A Câmara Municipal tem dado subsídios a algumas dessas IPSS, nem sempre, quanto a mim, da maneira mais justa, nem da maneira mais eficaz. Para mim o objectivo é atingir o maior número de pessoas e dar-lhes soluções efectivas para resolver os seus problemas, e não recorrer a grandes obras para mostrar que me preocupo com as pessoas.
António Capucho referiu em entrevista, na semana passada, ao SEMANÁRIO, que não tem experiência autárquica e que desconhece as realidades do concelho. Como refuta essas acusações?
É evidente que eu tenho uma experiência profissional no domínio do urbanismo, transportes e habitação, que exerci em vários sítios, quer em Portugal, quer no estrangeiro. E isso dá-me a grande capacidade de perceber os problemas das pessoas, dar-lhes as soluções adequadas. O actual presidente da Câmara gaba-se muito de ter tido boas votações, mas a maioria das pessoas de Cascais não votaram nele. Portanto, eu posso vir a ter uma maioria absoluta.
Quais são as mais-valias que julga ter face a Capucho?
Não tenho aquele pequeno “espírito” de às vezes pensar que são as pessoas do meu bairro é que são boas. Eu gosto das pessoas, não sou uma pessoa distante, nunca o fui. Penso que seja essa atenção, para além de uma certa capacidade técnica, que me pode ajudar a auxiliar as pessoas de Cascais.
Já ocupou cargos e já se candidatou a autarquias distintas. Julga que isso poderá enfraquecer a sua credibilidade?
Contrariamente ao actual presidente de Cascais, não tenho só uma vida política, tenho também uma vida profissional, justamente no domínio dos transportes e do urbanismo. Fui uma das pessoas, que colaborou com um cargo de chefia, no Plano Director de Paris. Politicamente estive no Governo durante seis anos e penso que fiz um bom trabalho, quer a nível da habitação, como a nível das telecomunicações. A nível de autarquias, só me candidatei à Câmara de Almada, em 1989. Escolhi viver na Área Metropolitana de Lisboa, depois de ter vivido, no estrangeiro, em vários países durante bastante tempo, porque, de facto, acho que se pode fazer muito mais, tem um potencial muito grande, que nem sempre foi bem utilizado.

Passemos agora à política partidária…

Ainda se sente “magoada” com o seu partido por não a deixar integrar as listas de deputados?
Eu não me sinto magoada com o meu partido. Sou uma pessoa com alguma liberdade de expressão, exprimo as coisas, e muitas vezes até dou voz a pessoas que têm menos capacidade de o fazer, como foi esse caso.
Magoada é uma palavra forte de mais. Tenho saudades também, para além da política, eu também gosto da vida profissional, que abandonei há algum tempo. Criei duas associações, uma delas é uma associação de consumidores dos serviços financeiros, que é a SEFIN, que faz várias lutas, por exemplo, a dos arredondamentos, que é a mais conhecida, lutou contra o pouco controlo que os organismos reguladores estavam a fazer da banca. A minha vida não é só a política, gosto de outras coisas. A razão pela qual concorro é porque tenho a esperança de poder ser presidente de Câmara de Cascais.
O PS na passada quarta-feira, dia 29 de Julho, apresentou o seu programa eleitoral, onde continua a defender as grandes obras públicas. É favorável a essa aposta ou tem reservas?
Eu sou favorável a que o Estado faça um grande esforço, no sentido de vencer a crise. Não pode resumir-se só a apoiar as pessoas desempregadas, que têm carências. Para além disso é também preciso apoiar o emprego, a actividade. Em Portugal, uma das maneiras de criar empregos é apoiar a construção civil, porque este sector tem um peso no nosso tecido urbano bastante importante. Sou a favor de grandes obras de construção civil.
Julga ainda ser possível ao PS repetir a maioria absoluta?
Estamos a viver em Portugal um ambiente de grandes mudanças, porque as pessoas já não acreditam naqueles valores em que anteriormente acreditavam, como a solidariedade, seriedade, confiança uns nos outros, porque se sentem defraudados, quer a nível do sistema financeiro, da justiça, como a nível dos políticos. Há um paradigma diferente e acredito que a dicotomia ricos/pobres está um bocado quebrada. Actualmente, o que está em causa é o esmagamento da classe média, contra o qual sou absolutamente contra, visto que os valores da democracia são bem defendidos justamente por essa mesma classe média. Portanto, a minha actuação cívica será sempre a favor do reforço desse grupo.
Como é que julga que o PS deverá governar se não conseguir a maioria absoluta?
O pior cenário, qualquer que seja o partido que ganhe, é o País ficar ingovernável. O melhor é haver uma maioria absoluta. Se ela não existir, penso que seja importante que haja acordos, não excluindo nenhum partido, de modo a permitir uma governação estável. Porque os interesses dos portugueses sairão muito lesados se o país entrar num período de instabilidade política.
Em suma, o que defendo é uma solução estável para o País.
O PS e o Governo têm vindo a apresentar medidas, quase avulsas, não mostrando grande concertação. Será isso revelador de uma falta de rumo?
Penso que o PSD, por exemplo, não apresenta o seu programa agora e apresentá-lo-á mais tarde. As pessoas que reflectem sobre a realidade, quer sejam políticos, quer sejam outras elites, têm neste momento uma grande dificuldade de se adaptarem aos novos paradigmas que esta crise veio mostrar. A sociedade mudou muito e esta crise pôs em causa o modelo que existia, muito baseado só no valor do dinheiro.
Há tantas incógnitas que, apresentar já soluções fechadas, demonstraria incapacidade para se adaptar a uma realidade em grande mudança.

Distritais obrigam Ferreira Leite a ir a jogo

As distritais de Lisboa, Porto e Vila Real apresentaram as suas listas, com o Porto a revelar apenas os dois primeiros nomes, sem concertarem previamente posições com Ferreira Leite e a direcção nacional do partido. Apenas terão sido cumpridos dois critérios nacionais, o da paridade, salvaguardando a quota para as mulheres, e o da necessidade de renovação.

As distritais de Lisboa, Porto e Vila Real apresentaram as suas listas, com o Porto a revelar apenas os dois primeiros nomes, sem concertarem previamente posições com Ferreira Leite e a direcção nacional do partido. Apenas terão sido cumpridos dois critérios nacionais, o da paridade, salvaguardando a quota para as mulheres, e o da necessidade de renovação. Os votos contra as listas aprovadas, 7 em Lisboa e 5 em Vila Real, foram, aliás, de militantes afectos à presidente do PSD. Ferreira Leite tem agora espaço de manobra para alterar a composição das listas.

As distritais de Lisboa, Porto e Vila Real apresentaram as suas listas, com o Porto a revelar apenas os dois primeiros nomes, sem concertarem previamente posições com Ferreira Leite e a direcção nacional do partido. Apenas terão sido cumpridos dois critérios nacionais, o da paridade, salvaguardando a quota para as mulheres, e o da necessidade de renovação. Os votos contra as listas aprovadas, 7 em Lisboa e 5 em Vila Real, foram, aliás, de militantes afectos à presidente do PSD. Ferreira Leite tem agora espaço de manobra para alterar a composição das listas. O objectivo de algumas distritais pode, aliás, ter sido o de obrigar Ferreira Leite a ir a jogo, clarificando as suas posições, nomeadamente em termos do primeiro lugar da lista por Vila Real caber a Passos Coelho e de indicar os nomes que prefere para a lista por Lisboa, alterando a composição proposta pela distrital.
Na distrital de Lisboa, liderada por Carlos Carreiras, um antigo apoiante de Santana Lopes e de Passos Coelho, Manuela Ferreira Leite foi proposta para cabeça de lista de deputados do PSD, numa votação realizada no início desta semana. Logo a seguir surgem os nomes de Nuno Morais Sarmento, Luís Marques Guedes e Sofia Galvão. Nos lugares seguintes estão nomes como Pedro Lynce, Pedro Afonso, Susana Toscano, Sérgio Lipari, Fernando Ferreira, Ana Sofia Bettencourt, Ricardo Leite, e Paulo Torres. Curiosamente, em décimo primeiro lugar, no meio de ilustres desconhecidos laranjas, surge o nome de Zita Seabra. Também Helena Lopes da Costa, apoiante de Ferreira Leite depois de ter sido uma indefectível santanista, aparece num humilhante 19º lugar, depois de nas
Legislativas de 2005 ter sido a terceira da lista. A lista foi aprovada por 27 votos a favor, sete contra e três abstenções.

A lista deixou de fora nomes como Rui Gomes da Silva, Arménio Santos, Henrique de Freitas, José Matos Correia, Pedro Pinto e António Preto, tendo sido aprovada por 27 votos a favor, sete contra e três abstenções.
Esta composição espantou vários sectores do partido. O facto de Rui Gomes da Silva e Pedro Pinto terem ficado de fora parece um acto hostil ao santanismo. Por sua vez, a exclusão de Matos Correia parece hostil ao barrosismo. As hostes de Ferreira Leite também não ficaram satisfeitas com a composição, talvez porque não façam parte da lista figuras com mais fortes ligações a Ferreira Leite. Marques Guedes esteve muito ligado a Marques Mendes e Sofia Galvão, apesar de ser vice-presidente do partido, iniciou-se verdadeiramente na política no governo de Santana Lopes. Há mesmo quem diga no PSD que esta lista não faz sentido e que se teve quaisquer intuitos, os mesmos podem virar-se contra os seus autores. Por exemplo, em Lisboa, face à falta de consistência da lista, uma alteração radical feita pela líder pode ser vista como muito positiva por muitos dirigentes, mesmo por aqueles que não têm nada a ver a linha da actual líder do partido.
Na semana passada, a Distrital laranja do Porto, liderada por Marco António, antigo menezista e apoiante de Passos Coelho, também aprovou a lista de deputados, com 29 votos a favor e um contra. Aguiar Branco encabeça a lista, tendo como nº 2 Agostinho Branquinho. A divulgação da lista integral só será feita, por decisão da distrital, após a discussão e aprovação pelos órgãos nacionais do partido. À semelhança do que acontece em Lisboa, a composição da lista pode, porém, suscitar grandes reservas à direcção nacional e a mesmo a outras tendências do partido, já que muitos nomes não estarão representados na lista.
Também na semana passada, também a distrital de Vila Real, liderada por Domingos Dias, aprovou a sua lista, sem fazer uma concertação prévia com Ferreira Leite e a sua direcção. Pedro Passos Coelho foi escolhido para encabeçar a lista, tendo em segundo lugar António Cabeleira seguido de Isabel Sequeira, Pedro Pimentel e Nataniel Araúj.
Esta lista obteve 22 votos a favor, cinco contra e dois em branco.
À saída da reunião, o presidente da Câmara de Boticas, Fernando Campos, afirmou que “metade das secções concelhias (sete das 14) não se revê na lista apresentada, acrescentando que foram
“excluídos os nomes propostos pelas secções apoiantes de Manuela Ferreira Leite”.
A inclusão do nome de Passos Coelho em lugar elegível nas listas de deputados tem sido motivo de grande polémica. Vários elementos da direcção de Ferreira Leite têm defendido que os deputados devem ser fiéis à linha estratégica definida pela líder. Ferreira Leite tem-se remetido ao silêncio sobre esta questão.
Na semana passada, o líder da distrital de Vila Real, Domingos Dias, não deixou dúvidas sobre a sua posição: “Passos Coelho é uma mais valia do partido e com certeza Manuela Ferreira Leite, que quer os melhores resultados para o partido nas Legislativas de Setembro, não deixará de incluir o seu nome nas listas”.
Refira-se que Passos Coelho manifestou a vontade de se candidatar pelo distrito de Vila Real, de onde é natural e onde já ocupou o cargo de presidente da Assembleia Municipal.