2025/09/14

CNA protesta contra multas à produção de leite

A Confederação Nacional de Agricultura (CNA) refere que é necessário resolver problemas como as penalizações aos produtores de leite por excesso da Quota Leiteira. No último ano Portugal ultrapassou o limite em cerca 30 mil toneladas. Devido a Imposição Suplementar atribuída aos produtores, a CNA resolveu apresentar o seu protesto e exigir resoluções para campanhas futuras por parte do Governo.

Portugal ultrapassou em cerca de 30 mil toneladas a sua Quota Leiteira, no ano de 2002/2003, como tal foi atribuída aos produtores uma Imposição Suplementar no valor de 11 milhões de euros. A CNA refere que é injusto que, num sector onde desapareceram dezenas de milhar de explorações familiares, os poucos resistentes, que não ultrapassam os 20 mil quando já atingiram os 100 mil, sejam vitimas de más políticas e de más negociações.

A CNA apresentou as suas exigências para evitar que de futuro não surjam problemas como na campanha de 2002/2003. A CNA exige que o Governo encontre formas de os produtores não serem penalizados, caso não seja possível, as soluções poderiam passar, por exemplo, por deduzir o valor das Imposições Suplementares no IRS.

Em relação à Campanha 2003/2004 e seguintes, a CNA refere que um forte investimento no sector e uma melhoria genética dos efectivos leiteiros, provam que a produção e os produtores respondem quando incentivados. Segundo a CNA, é imprescindível assegurar o futuro dos produtores.

A CNA aponta algumas solução e caminhos possíveis para resolver a situação no sector, tais como, conseguir da União Europeia um aumento da Quota Nacional, resolver a manutenção das 73 mil toneladas para a Região Autónoma dos Açores e conseguir alguma margem de crescimento para a região, assim como, exigir uma correcção da taxa de gordura de referência para Portugal.

A CNA exige, também, que o Governo recuse a proposta de Reforma da Política Agrícola Comum (PAC) no sector do leite e produtos lácteos, porque, com a baixa de 28 por cento nos preços de produção, os produtores teriam uma perda bastante significativa.

Tratar hipertensão pode diminuir o risco de AVC

O losartan, um novo medicamento utilizado no tratamento da hipertensão arterial, pode reduzir até 25 por cento o risco de acidente vascular cerebral (AVC), segundo os resultados de um estudo. Especialistas defendem que mais importante do que tratar a hipertensão é a forma como se faz esse tratamento. Um avanço científico essencial quando o AVC continua a ser a primeira causa de morte em Portugal.

Segundo um especialista, o AVC é uma doença comum geralmente associada à hipertensão, uma vez que a pressão arterial elevada é o principal factor de risco. Para prevenir a incidência do AVC é necessária uma mudança do estilo de vida, nomeadamente cuidados com a alimentação, eliminar o tabaco e praticar exercício físico, um controlo eficaz da pressão arterial, dos lípidos e do metabolismo.

O estudo, que envolveu mais de nove mil doentes de ambos os sexos e diferentes nacionalidades, proporcionou a comparação entre dois medicamentos habitualmente utilizados para tratar a hipertensão. O beta-bloqueante, um medicamento clássico, e o losartan, um medicamento recentemente investigado.

Os resultados mostraram a superioridade do novo fármaco na redução da pressão arterial, assim como na diminuição do risco cardiovascular e mortalidade dos doentes hipertensos. O estudo possibilitou a redução de 13 por cento na mortalidade e uma redução de 25 por cento do risco do AVC.

Para Lacerda Nobre, especialista em medicina interna do Hospital Santa Marta, em Lisboa, os resultados são importantes para a estratégia contra o AVC uma vez que mostraram uma redução da sua incidência nos doentes hipertensos e um benefício acrescido no controlo da pressão arterial.

Seminários sobre a constitucionalidade do Código de Trabalho

A Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) vai organizar dois seminários sobre a constitucionalidade do Código de Trabalho, dia 15 de Abril no Porto e dia 16 de Abril em Lisboa. Os seminários têm o objectivo de contribuir para a reflexão e debate sobre este tema.

O primeiro seminário vai realizar-se no Auditório do Jornal de Notícias, no Porto, dia 15 pelas 14h30. O debate vai ser moderado por Mário Brochado Coelho e conta com as intervenções de Dantas Ferreira e dos professores Francisco Liberal Fernandes, João Leal Amado, Jorge Leite, Júlio Gomes e Pedro Bacelar de Vasconcelos.

O segundo seminário vai realizar-se no Hotel Altis, em Lisboa, no dia 16 pelas 14h30. A moderação do debate está a cargo de Victor Ramalho e tem como oradores principais Fausto Leite e os professores António Garcia Pereira, António Monteiro Fernandes, João Reis e José João Abrantes.

Um Futebol de contrastespor Pedro Martins

A pouco mais de um ano de acolher um campeonato da Europa, o futebol português atravessa uma época recheada de contrastes.

É que se por um lado, F.C.Porto e Boavista estão muito perto de fazer história na Taça UEFA, por outro, há clubes quase a fecharem as portas devido a uma grave crise económico-financeira.

E é com este cenário de grandes contrastes, que o nosso País se prepara para organizar uma competição, que bem aproveitada pode dar em definitivo ao futebol português, o empurrão que lhe falta para que um dia se possa equiparar ao espanhol, italiano ou inglês.

Sim, porque não se pense que uma dupla presença portuguesa, como se deseja, na final da Taça UEFA em Sevilha, seja também só por si, a solução milagrosa para o problema. Não será esse feito de portistas e axadrezados que vai liquidar de imediato os ordenados em atraso, em mais de 80% das equipas profissionais.

Como o próprio presidente do Sindicato dos Jogadores reconheceu a semana passada, “a crise é generalizada, com os incumprimentos a chegarem aos dez meses de ordenados em atraso”. Como resolver o problema?

Reduzindo por exemplo o quadro de jogadores em cada clube. Aliás, e ainda segundo António Carraça, dos 506 jogadores inscritos a época passada na I Liga, 40 não foram utilizados nunca pelos seus treinadores.

Isto para já não falar das provas não profissionais (II Divisão B e III Divisão), onde um número elevado de contratos de trabalho levam muitos jogadores a receberem ordenados na casa dos 500/600 euros, quando se sabe que esta é uma profissão que termina por volta dos 35 anos.

Se a tudo isto juntarmos a má gestão dos clubes ou das SAD´s ainda pior. Veja-se o caso do Vitória de Setúbal, onde Carlos Cardoso é já o terceiro treinador esta época a orientar os sadinos.

Com tantos despedimentos nos últimos meses, são já onze os técnicos que estão a ser indemnizados pela SAD do último classificado da Superliga. Se ao menos os resultados desportivos ajudassem a explicar este tipo de gestão!

Assim não é de admirar que pela primeira vez em Portugal, uma equipa de Futebol através do Sindicato de Jogadores tenha emitido um comunicado de pré-aviso de greve. A situação financeira no Farense é extremamente delicada, ao ponto dos futebolistas admitirem nesta altura não comparecerem no próximo jogo dos algarvios na II Liga, frente ao Alverca.

Perante este cenário, de que vale ao futebol português, os excelentes resultados de F.C.Porto e Boavista nas competições europeias, abrindo mesmo a possibilidade de Portugal ter na época 2005/2006, três equipas na Liga dos Campeões e outras três na Taça UEFA.

É que se os dirigentes dos clubes mas também dos órgãos que gerem o futebol no nosso País não alterarem rapidamente os seus comportamentos, não há Euro 2004 ou final de Sevilha que nos valha.

P.S.: Já a semana passada aqui tinha falado do Estoril Open, lamentando a ausência de nomes sonantes na edição deste ano. Desta vez volto ao tema, para dar os parabéns a João Lagos.

Nem a chuva afastou os amantes do Ténis dos courts do Jamor, e na final, a vitória voltou a sorrir a um desconhecido, o russo Davydenko, que quem sabe não começou no Estoril Open, uma ascensão meteórica como aconteceu o ano passado com o argentino David Nalbandian.

O caso de Paulo Portaspor Rui Teixeira Santos

Parece evidente que Paulo Portas continuará a ser ministro do governo da Convergência Democrática, caso não venha a ser constituído arguido no caso da Moderna.

O ministro está diminuído e cada vez mais manietado politicamente. Mas, como Durão Barroso teve ocasião de dizer ontem, Portas tem sido um ministro competente de Estado e da Defesa.

E é isso que explica a confiança política que Barroso lhe manifesta, embora há um ano atrás lhe desse também a sua confiança e solidariedade pessoal, coisa que agora não refere, embora os seus assessores, logo a seguir, se tenham apressado a dizer que a solidariedade era também pessoal.

Ferro não quer ir para o Governo

Como facto relevante há ainda que considerar o facto de Ferro Rodrigues, a propósito da carta aberta de Braga Gonçalves, ter vagamente relembrado, o que disse há seis meses ou um ano atrás, sobre a honorabilidade do ministro e não ter pedido com veemência a sua demissão.

E isto pode querer dizer duas coisas: ou Ferro prudentemente espera por factos e revelações de Braga Gonçalves, que levem a que pelo menos Portas seja chamado pelos juízes a prestar esclarecimentos, o que naturalmente desacredita a maioria e espera depois que o colectivo de juízes extraia daí as conclusões e eventualmente mande para o Ministério Público extractos das audiências, para eventuais novas acusações, ou, em alternativa, pensará que o arguido ameaçador estará apenas a querer justificar insanidade mental, ameaçando com revelações extraordinárias, que afinal não significam nada e que aliás justificariam o novo pedido do colectivo de juízes para que fosse atestada a sua sanidade mental.

Abandonado e só, ficando com todo o ónus da culpa e com a expectativa de anos na cadeia, é admissível que Braga Gonçalves tenha decidido falar. E nessas circunstâncias também é evidente que a credibilidade do que diz tem que ser secundada com provas materiais evidentes, o que será difícil, pois de outro modo não se entenderia que o Ministério Público não tivesse já ido por aí.

Assim sendo, parece que Portas pode processualmente estar descansado, conforme, aliás, confidenciou aos seus pares do Governo, mas politicamente terá sempre a desconfiança dos seus antigos colegas jornalistas, que não não lhe perdoam o sucesso, e por inveja ou mau carácter não lhe perdoam ter chegado a ministro sem antes ter esclarecido a questão da Moderna.

Portas paga o preço das vidas que arruinou, a “jóia” dos políticos que deitou abaixo, provavelmente pelas mesmas razões que agora se insinuam terem existido na Universidade Moderna, mesmo para além da nenhuma solidariedade que mostrou para com o seu amigo Braga Gonçalves, na hora em que ele mais precisava.

Portas pode bem dizer que o amigo está em pânico, com a acusação a tirar-lhe credibilidade, sobretudo se ele mais tarde vier a fazer acusações aos socialistas na Câmara de Lisboa. As contradições no máximo levarão o ministro Portas a novos depoimentos no Tribunal de Monsanto, mas, daí a uma acusação por factos novos, isso depende dos juízes e do Ministério Público, que até agora não o quiseram acusar e que sobre os factos já conhecidos já não podem constituir Portas como arguido.

Mas o que é, para além do carácter, ou da falta dele, extraordinário é que ninguém quer tirar conclusões políticas da situação que se passa, demonstrando que a oposição em Portugal não está em condições de governar.

Ferro Rodrigues não pede a demissão do Governo, pelo simples facto que não quer ir agora, nesta conjuntura económica e social dificílima ir para o Governo, mas que espera por que o mau tempo passe e que, no momento oportuno, o Presidente da República mande abaixo o Governo e convoque eleições antecipadas.

Mas, demonstrando também que esta situação é cómoda para o governo dominado pelo PSD, que, deste modo, tem politicamente Paulo Portas e o PP neutralizados e dependentes dentro da Coligação.

O “timing” pertence aos juízes do caso Moderna

Ferro sabe que, agindo assim, deixa nas mãos dos juízes a gestão do “timing”, porque Durão Barroso não suspenderá Portas caso este seja apenas testemunha e não seja acusado.

E sabe também que, não pedindo agora a demissão de Portas, ganha tempo para que a crise económica passe, podendo com tempo preparar o regresso dos sampaístas ao poder executivo, com legislativas antecipadas, preparando eventualmente as presidenciais ao sabor da esquerda.

Na reunião com os grupos parlamentares, o primeiro-ministro advertiu exactamente que o próximo ano será o ano mais difícil politicamente. E não é apenas pela questão da Moderna e de Paulo Portas. É sim porque Barroso não pode deixar de colocar o cenário de no momento em que a situação económica começar a mudar, Jorge Sampaio, que até agora tem andado a não fazer nada, decida deixar como herança política “uma maioria, um Governo e um Presidente de esquerda ao País”, retirando assim o espaço de crítica dos guterristas e de Mário Soares ao desempenho de Sampaio em Belém.

Sampaio, à procura do seu lugar na história, poderá ser tentado, agora que já não pode ser reeleito, a intervir a favor da esquerda depois no próximo ano, assegurando assim um percurso surpreendente como o de Mário Soares.

É isso que explica o cuidado redobrado do primeiro-ministro, que não pode deixar um milímetro de pretexto a Sampaio para lhe tirar o tapete. E a maioria governamental sabe que à medida que a situação económica for melhorando, o risco se torna maior.

O PS não quer ir este ano, de recessão económica, como dissemos e aliás o FMI confirmou, para o Governo. Quer que a direita fique com todas as culpas. O Governo, apesar de Portas, tem de gerir o “timing” da retoma económica com cuidado, consciente que até lá não pode perder a confiança total dos portugueses.

Mudança no executivo

E, neste contexto, há muita coisa a mudar no executivo. A remodelação ocorrida esta semana, por causa de Isaltino Morais, não pode ser feita dando a sensação que o primeiro-ministro foi a reboque dos acontecimentos.

Os ajustamentos estavam previstos, o próprio primeiro-ministro cancelou logo a sua deslocação a Cabo Verde, mas na opinião pública parecia que cada dia se demitia um ministro, a cada hora saía um secretário de Estado, como que já ninguém liderasse o processo. Ora isto deve-se a um défice de confiança.

Para além da capacidade de resistência, o PSD tem que começar a mostrar inteligência na gestão mediática da política.

Não é possível numa sociedade mediática ganhar as almas e os votos, se se perde nos media. A guerra moderna e notável do Iraque demonstrou isso mesmo. A campanha notável da América não convenceu quem antes já estava contra, muito embora fosse claramente vencedora no terreno: com apenas 26 mil homens, os anglo-americanos fazem 500 quilómetros e conquistam Bagdad em 22 dias, onde estavam cinco divisões.

É notável a todos os títulos, muda todos os conceitos de guerra e exército clássico, mesmo admitindo a superioridade aérea americana e os condicionalismos da guerra digital. Saddam perdeu a guerra mas teve vitórias notáveis na comunicação social, o que lhe permite, se estiver vivo e se quiser ter ainda um papel político relevante no futuro, para perigo de toda a humanidade.

Má gestão da descida da Sisa

O que se passou com a redução da taxa da Sisa, esta semana, é bem sinal do que não se pode fazer: com a remodelação em curso, o desemprego a aumentar e a recessão a castigar os portugueses mais que os restantes europeus, é evidente que o Governo não tinha nem condições para celebrar Atoleiros, nem razões para celebrar o primeiro aniversário.

A ideia de anunciar extemporaneamente a extinção do imposto sobre doações e sucessões e a redução da Sisa, é evidente que teria impacto imediato no mercado imobiliário nacional (e não apenas e mediação imobiliária, como disse a ministra no Parlamento), adiando decisões de compra.

E como é evidente sob pena de paralisia do mercado e de extinção das receitas para as autarquias, o Governo teria que imediatamente pensar em compensações para os municípios, já castigados com a proibição de endividamento, e sobretudo antecipar o efeito, mexendo desde já na taxa actual do imposto sobre a transacção imobiliária. Ora é evidente que a mudança de estratégia no Ministério das Finanças não foi intempestiva, mas ponderada seguramente.

Só que o surgiu na opinião pública foi que Ferreira Leite que foi contra o choque fiscal acabou por ser surpreendida pelas críticas dos mediadores imobiliários e por pressão do Governo acabou por antecipar o que pretendia fazer em 2004, apenas porque não estudou convenientemente o efeito da medida anunciada no Conselho de Ministros extraordinário de Fronteira.

O efeito da medida acaba por ser neutralizado pela má gestão da comunicação, e este parece ser o maior problema de um Governo, que ainda não percebeu que sem comunicação social dificilmente se consegue actuar ao nível da confiança dos agentes económicos.