A pouco mais de um ano de acolher um campeonato da Europa, o futebol português atravessa uma época recheada de contrastes.
É que se por um lado, F.C.Porto e Boavista estão muito perto de fazer história na Taça UEFA, por outro, há clubes quase a fecharem as portas devido a uma grave crise económico-financeira.
E é com este cenário de grandes contrastes, que o nosso País se prepara para organizar uma competição, que bem aproveitada pode dar em definitivo ao futebol português, o empurrão que lhe falta para que um dia se possa equiparar ao espanhol, italiano ou inglês.
Sim, porque não se pense que uma dupla presença portuguesa, como se deseja, na final da Taça UEFA em Sevilha, seja também só por si, a solução milagrosa para o problema. Não será esse feito de portistas e axadrezados que vai liquidar de imediato os ordenados em atraso, em mais de 80% das equipas profissionais.
Como o próprio presidente do Sindicato dos Jogadores reconheceu a semana passada, “a crise é generalizada, com os incumprimentos a chegarem aos dez meses de ordenados em atraso”. Como resolver o problema?
Reduzindo por exemplo o quadro de jogadores em cada clube. Aliás, e ainda segundo António Carraça, dos 506 jogadores inscritos a época passada na I Liga, 40 não foram utilizados nunca pelos seus treinadores.
Isto para já não falar das provas não profissionais (II Divisão B e III Divisão), onde um número elevado de contratos de trabalho levam muitos jogadores a receberem ordenados na casa dos 500/600 euros, quando se sabe que esta é uma profissão que termina por volta dos 35 anos.
Se a tudo isto juntarmos a má gestão dos clubes ou das SAD´s ainda pior. Veja-se o caso do Vitória de Setúbal, onde Carlos Cardoso é já o terceiro treinador esta época a orientar os sadinos.
Com tantos despedimentos nos últimos meses, são já onze os técnicos que estão a ser indemnizados pela SAD do último classificado da Superliga. Se ao menos os resultados desportivos ajudassem a explicar este tipo de gestão!
Assim não é de admirar que pela primeira vez em Portugal, uma equipa de Futebol através do Sindicato de Jogadores tenha emitido um comunicado de pré-aviso de greve. A situação financeira no Farense é extremamente delicada, ao ponto dos futebolistas admitirem nesta altura não comparecerem no próximo jogo dos algarvios na II Liga, frente ao Alverca.
Perante este cenário, de que vale ao futebol português, os excelentes resultados de F.C.Porto e Boavista nas competições europeias, abrindo mesmo a possibilidade de Portugal ter na época 2005/2006, três equipas na Liga dos Campeões e outras três na Taça UEFA.
É que se os dirigentes dos clubes mas também dos órgãos que gerem o futebol no nosso País não alterarem rapidamente os seus comportamentos, não há Euro 2004 ou final de Sevilha que nos valha.
P.S.: Já a semana passada aqui tinha falado do Estoril Open, lamentando a ausência de nomes sonantes na edição deste ano. Desta vez volto ao tema, para dar os parabéns a João Lagos.
Nem a chuva afastou os amantes do Ténis dos courts do Jamor, e na final, a vitória voltou a sorrir a um desconhecido, o russo Davydenko, que quem sabe não começou no Estoril Open, uma ascensão meteórica como aconteceu o ano passado com o argentino David Nalbandian.