2025/07/06

Não alinhados contra a guerra

Vários países em desenvolvimento opuseram-se, hoje, à guerra contra o Iraque, mas recusaram o pedido iraquiano de proibir os aliados de utilizarem os seus territórios no combate.

A questão das armas de destruição maciça dominou a sessão preparatória da cimeira do movimento dos não alinhados (NAM), a decorrer na próxima semana, em Kuala Lumpur, a capital da Malásia.

A Coreia do Norte, também não alinhada, rejeitou falar sobre a sua própria situação, reiterando que só o fará com os Estados Unidos, apesar dos apelos dos outros Estados no sentido de rever a sua decisão de abandonar o acordo de não proliferação de armas nucleares.

Num projecto de resolução, as 114 nações afirmam que o uso de força contra o Iraque seria contraditória ao consenso global que “rejeita categoricamente a actual ameaça de guerra”.

Esta resolução será aprovada no sábado, pelos ministros dos negócios estrangeiros, e depois pelos chefes de Estado, no início da cimeira, na segunda feira. Os três países do “eixo do mal” de George W. Bush – Irão, Iraque e Coreia do Norte – fazem parte do NAM.

Plavsic sentenciada na próxima semana

Biljana Plavsic, ex-Presidente da Bósnia e confessa responsável por crimes de guerra, será sentenciada na próxima semana, anunciou, hoje, o Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia.

A “Dama de Ferro dos Balcãs”, como era apelidada, deu-se como culpada de limpeza étnica – a primeira vez que um ex-líder sérvio o faz. Com 78 anos, Plavsic enfrenta uma pena de prisão entre 15 e 25 anos.

A confissão deu-se o ano passado, quando admitiu levar a cabo atrocidades contra muçulmanos e croatas durante a guerra da Bósnia, entre 1992 e 1995. Cerca de 200 mil pessoas morreram ou desapareceram neste conflito.

Nas suas declarações ao tribunal, a ex-Presidente disse sofrer remorsos pelo que tinha feiro e apelou aos outros líderes da altura que assumam as suas acções e paguem por elas.

Turquia sobe a parada e deixa frustrada a Casa Branca

A Turquia transformou-se numa nova “dor de cabeça” para Washington, que se vê perante as exigências de Ancara que se materializam num pacote de ajudas de 32 mil milhões de dólares.

Apesar de Ancara já ter dado aval aos navios e aviões norte-americanos para utilizarem portos e bases turcas em trânsito para o Iraque, a questão das tropas terrestres, que foi sempre vista com reticências por este novo Governo turco, parece estar longe de ficar resolvida.

Ancara e Washington envolveram-se num autêntico jogo de poker, no qual os turcos vão subindo a parada e os americanos tentam acompanhar. Ancara, pressionado pela opinião pública interna (94 por cento contra a guerra) quer um pacote de ajudas no valor de 32 mil milhões de dólares, em troca do direito de passagem aos soldados americanos, no entanto, Washington, até há poucos momentos, estava disposta apenas a conceder 6 mil milhões em créditos e 20 mil milhões em empréstimos, perfazendo um total de 26 mil milhões de dólares, ficando aquém daquilo que é exigido pelo Governo turco.

De acordo com a agência Reuters, os negociadores de Washington acusaram, hoje alguma frustração, anunciando que a sua oferta final já tinha sido apresentada, e que brevemente tomariam uma decisão. Do lado turco, a intransigência parece a palavra de ordem, e Erdogan já disse que o seu país não irá disponibilizar as suas bases às tropas americanas, a não ser que a Casa Branca assegura o pacote de ajudas exigido por Ancara.

“Isto não irá acontecer sem uma assinatura”, salientou. “Só depois de chegarmos a acordo é que enviamos a proposta para o Parlamento turco”, acrescentou Erdogan.

A exigência turca assenta, sobretudo, nos receios que existem perante as consequências de uma guerra contra o Iraque, nomeadamente no campo económico e militar, se bem que nesta última área Ancara já obteve da parte da NATO meios de defesa. Do lado americano, “a decisão turca representa uma complicação militar”, lê-se hoje no “New York Times, uma vez que poderá atrasar os planos de ataque norte-americanos.

“Tremores Íntimos Anónimos” no Teatro da Trindade

Estreia hoje na Sala Estúdio do Teatro da Trindade, em Lisboa, a peça “Tremores Íntimos Anónimos”, inserida no Ciclo Contemporâneos Portugueses. Com encenação de Susana Arrais e interpretação de Ana Cloe, Edmundo Rosa e Teresa Pombo. Os textos estão a cargo de Luís Carlos Patraquim e António Cabrita.

Segundo a sinopse da peça, “o desafio à partida era imenso, trabalhar ou retratar o nosso quotidiano de miséria pela pena irónica e divertida de dois
poetas/jornalistas tão mordazes como são o Luís Carlos Patraquim e o António Cabrita. Um mosaico de cenas, frase, diálogos soltos, encadeados segundo uma lógica de “e por falar nisso!…”.

Tremores Íntimos Anónimos retrata a descontinuidade da realidade humana e com as tonalidades do quotidiano, onde temas como a sexualidade, o voyeurismo, ou a incomunicabilidade
se articulam e desarticulam como num harmónio. Dois escritores.

Uma encenadora. Gerações diferentes, pontos de vista complementares?”
Em cena até 15 de Março de 4ª a Sábado.

Elogio da encenação como “caixa preta”

“Já em tempos, num texto sobre teatro, referi que para mim o teatro equivalia à “caixa preta” dos aviões: um dispositivo que condensava memórias, sonhos e traumas irredutíveis, que nos devolve à realidade dos fantasmas, à realidade de antes do desastre.

Talvez seja essa a ideia que subjaz ao título que eu e o Patraquim escolhemos para intitular a nossa proverbial trapalhada: Tremores Íntimos Anónimos. Isto é: os estados íntimos das almas nessa dança com que a realidade faz conversar e desconversar as criaturas, na quotidianeidade que as devora e torna descartáveis. Algumas vezes são personagens mais ou menos risíveis, em situação e/ou em conflito com a sua circunstância, outras vezes são apenas frases desgarradas que procuram personagem, jogo.

Convém dizer que a inteligente opção cénica de Susana Arrais entretece também um fio dramatúrgico que salva as “vozes desconexas” que o texto tenuamente enleava, dando-lhe um sentido que a peça não continha. Daí que possamos dizer com justiça que existia um texto-a-espaços-dramático antes das soluções da encenadora e que agora existe uma “peça”, que aquela e os actores exumaram e a que souberam dar persuasão.

Foi um trabalho de organização, decifração e clarificação que, como nas “caixas pretas”, devolveu um sentido ao desastre. Está pois de parabéns a equipa que levanta este espectáculo no palco e só para ter assistido a esse outro espectáculo da inteligência-em-acto valeu a pena cometer estes “tremores íntimos”. Que se esperam recompensados pelo “anonimato” das palmas.” António Cabrita

Tremores Íntimos Anónimos

“Piquenos exercícios de ironia, alguma ferocidade, muita ternura. Sentamo-nos num café e abrimos o jornal: na coluna das “breves” há mesmo uma notícia sobre as calcinhas borboleta; Brasil, Rio de Janeiro. A descrição da sua funcionalidade até é sugestiva, faz sorrir. As elucubrações são as possíveis: não dá para pedir tratamento do tema, suas “esquiso” ou outras explicações, a nenhum especialista de televisão. Mas não pode dar isto: outra vez piquenas vibrações, situações de linguagem, o desvelar do que se esconde sobre a “evidência” do quotidiano, sua tipologia de situações e de personagens/máscaras? Dá!

Então, se dá, toca a baralhar tudo e a pôr numa caixinha, tão antiga como a lâmpada de Aladino, tão incongruente como um tupperware. Era no tempo das transições: alguma coisa no fim, as fracturas a seguir. “O que é uma coisa?” perguntava um filósofo alemão. Tinha de ser alemão. Aqui não se responde a isso. Era preciso mais competência…. e quem não a tem “não se estabelece”. Aqui goza-se: uma família desnaturada, memórias desencontradas e incómodas, revelações de fazer uma girafa encolher o pescoço. Com piquenos tremores anónimos e algumas letrinhas apenas.” Luís Carlos Patraquim.

Seat regista queda de 12,9% em 2002

Filial espanhol do grupo Volkswagen apresenta resultados

A Seat, obteve em 2002 lucros de 202,96 milhões de euros, o que representa uma queda de 12,9% face aos resultados alcançados no ano precedente.

Segundo o presidente executivo da empresa, Andreas Schleef, a companhia fabricou um total de 455,6 mil veículos, menos 5,1% do que em 2001.