2025/07/07

Guerra no Iraque impõe “mapa da paz” para a Palestina

Por momentos George W. Bush e Tony Blair focaram as atenções para o conflito israelo-palestiano. O Presidente americano, imediatamente apoiado pelo primeiro-ministro britânico, prometeu apresentar, em breve, o “mapa da paz” aos israelitas e aos palestinianos. No entanto, alguns comentadores políticos interpretam este acto como uma estratégia de apaziguamento da revolta árabe e europeia perante um conflito no Iraque, duvidando do empenho e da vontade da administração Bush de implementar e levar a bom porto a discussão em torno do “mapa da paz”.

Com a guerra do Iraque no horizonte, George W. Bush voltou, há precisamente uma semana, a falar do processo negocial israelo-palestiniano. Desta vez salientou a importância do “mapa da paz” para se alcançar uma solução pacífica para aquela região que, segundo os intentos de Washington poderão culminar com a criação de um Estado palestiniano “viável e independente”, em 2005.

As palavras de Bush foram subscritas minutos depois pelo primeiro-ministro britânico, Tony Blair, que, numa estratégia concertada, salientou a premência do relançamento do processo de paz no Médio Oriente e informou que o Presidente americano lhe teria dito que o “mapa da paz” seria publicado assim que o recém nomeado, primeiro-ministro palestiniano, Mahmoud Abbas, tomasse posse – facto que deverá acontecer daqui a três semanas.

Apesar das “boas” intenções anglo-americanas, a verdade é que as suas posições sobre o conflito israelo-palestiniano não podem ser interpretadas numa perspectiva restringida à situação degradante dos territórios autónomos e do próprio Estado de Israel. Na verdade, mais do que uma tomada de posição sobre esta questão, Bush e Blair marcaram uma estratégia, visando um eventual apaziguamento do mundo árabe, num mais que provável conflito no Iraque.

As duas questões não podem, obviamente, ser dissociadas até porque a questão palestiniana e a sua relação com Israel são, desde a criação do Estado judaico, o móbil da unidade árabe, ou pelo menos, o fio condutor de todo o mundo árabe. A causa palestiniana é talvez a única bandeira pela qual os líderes árabes falam a uma só voz, mas que, mesmo assim, ao longo dos anos não têm conseguido adoptar no terreno uma posição coesa e coerente, especialmente ao nível da liga Árabe.

Assim sendo, o plano de Bush para a Palestina poderá representar um instrumento da política externa norte-americana para lidar com os árabes e europeus em caso de guerra no Iraque, relegando o conflito israelo-palestiniano para um facto secundário, mas eficientemente instrumentalizado nas mãos da administração Bush. Por isso, não será de estranhar que ainda esta semana Brian Whitaker escrevia no “The Guardian” que “Ariel Sharon pode permanecer confiante de que nada mudou”.

Whitaker refere ainda que a abordagem de Bush e de Blair nesta questão foi ligeiramente diferente. De acordo com a interpretação do colunista do jornal britânico, Bush deverá entregar o plano aos israelitas e palestinianos para a sua discussão. Ou seja, não tendo referido a palavra “divulgação” pública, dificilmente a administração Bush estará, pelo menos para já, empenhada numa implementação do referido “mapa da paz”, que deverá estar muito próximo da sua fórmula final.

Nesta lógica, alguns comentadores políticos acreditam que a promessa de Bush, em apresentar o “mapa da paz”, foi uma esquema para tentar desarmar a revolta árabe e europeia sobre a questão iraquiana.
Relembre-se que o “mapa da paz” foi fruto dos esforços do “Quarteto” ( Estados Unidos, União Europeia, Rússia e Nações Unidas) e que tem sido constantemente alvo de discussão.

Apesar dos apelos à paz no Médio Oriente, a Casa Branca e Downing Street encetaram uma política que peca pela falta de coerência, quando confrontada com a problemática iraquiana. Mais uma vez, as palavras de Bush acabam por revelar-se insípidas e inócuas, se se tiver em conta que a administração norte-americana não terá o mesmo empenho em pressionar Israel e os palestiniano em eventuais negociações sobre o mapa da paz.

Sabe-se também que o Governo hebraico irá ditar as suas exigências quanto à aprovação do “mapa da paz”, num processo que sem a persuasão dos Estados Unidos, poderá durar eternamente.

Mesmo com as reformas da Autoridade Palestiniana em curso, Israel – pelo menos com o Executivo de Ariel Sharon, claramente marcado por “falcões” – nunca estará satisfeito quanto ao grau reformador da cúpula de poder palestiniana. Entretanto, o processo poderá arrastar-se indefinidamente e ficar ofuscado pela conjuntura internacional de crise durante meses ou anos, como aliás se verificou durante a campanha do Afeganistão e, agora, com a guerra do Iraque.

O resultado poderá comprometer os esforços de criação de um Estado palestiniano daqui a dois anos.
Para Whitaker, a posição assumida pelo primeiro-ministro britânico face ao “mapa da paz” foi uma “charada”, tendo sido apenas um meio para sensibilizar a opinião pública inglesa, por modo, a contrabalançar a oposição que tem manifestado sobre a questão do Iraque.

Uma estratégia que o chefe do Governo espanhol, José Maria Aznar, parece estar a seguir na opinião do especialista em assuntos diplomáticos do jornal israelita “Ha’aretz”, Aluf Benn. “Quanto mais a opinião pública nos seus países se opõe à guerra, mais Blair e Aznar se agarram à questão palestiniana como um salva vidas político…Eles têm que provar aos seus cidadãos na Europa que se preocupam em pôr fim à ocupação israelita nos territórios ocupados, para ganharem legitimidade na ocupação do Iraque”, escreveu Benn.


Primeiro-ministro palestiniano deverá
tomar posse daqui a três semanas

O Conselho Legislativo Palestiniano (PLC) aprovou, na terça-feira, a criação do cargo de primeiro-ministro, uma das exigências feitas pela administração Bush e pelo Governo israelita, enquadrada no processo de reformas políticas em curso no seio da Autoridade Palestiniana (AP), delineadas pelo “Quarteto”.

Naquilo que é já considerado como uma vitória para a democracia palestiniana, o Presidente, Yasser Arafat, viu-se obrigado a abdicar muitos dos seus poderes para o novo chefe de Governo.

Com os privilégios legislativos definidos, Mahmoud Abbas, o homem nomeada para ocupar o recém criado cargo, terá sensivelmente três semanas para formar Governo. Com esta medida, o domínio absoluto de Arafat na vida política palestiniana que se tem feito sentir nos últimos anos parece ter chegado ao fim, após um período de vários meses de contestação interna crescente, vinda, por vezes, do seio do seu próprio partido, a Fatah.

De acordo com o vice-presidente do PLC e legislador da Fatah, Ibrahim Abu Naja, Arafat “decidiu abdicar da sua exigência para participar na formação do Governo”. No entanto, Naja salientou que os deputados prometeram a Arafat informarem-no da composição do novo Executivo, antes deste ser apresentado ao PLC para ser objecto de aprovação. O membro da Fatah fez novamente questão de reiterar a impossibilidade de Arafat implementar as suas vontades e exigências ao novo Governo.

Mahmoud Abbas, tido como um homem moderado, terá agora que reunir uma equipa que consiga enfrentar os enormes desafios que se avizinham. Nas áreas mais críticas, o combate à corrupção surge como o maior problema para Abbas, juntamente com as questões de segurança, nomeadamente, com o controlo das facções extremistas. No novo primeiro-ministro são depositadas as esperanças do reatamento do processo de paz.

Neste contexto, Washington acolheu positivamente a criação do novo cargo político, tendo uma alta fonte do Departamento de Estado norte-americano revelado que os requisitos que a administração Bush definiu para a criação da figura de primeiro-ministro foram cumpridos. Antes, o secretário de Estado, Colin Powell, considerou esta medida um “passo positivo”, mas adiantou que os Estados Unidos gostariam de ter visto mais poderes atribuídos a Mahmoud Abbas.

Saddam vivo e tropas americanas avançam

Depois de uma nova onda de bombardeamentos à capital iraquiana, Saddam foi dado como ferido, o que foi desmentido pelo Governo. No terreno, as tropas da coligação continuam a avançar, ainda que com alguma resistência e já com perda de vidas.

Depois da casa familiar de Saddam Hussein ter sido atingida num dos bombardeamentos cirúrgicos a Bagdad, o estado de saúde do Presidente iraquiano é desconhecido, tendo sido, inclusivamente, avançado que teria sido ferido e até perdido a vida.

Para provar o contrário, o Governo iraquiano deu, esta manhã, uma conferência de imprensa em que foi dito que Saddam está bem e mostrada uma gravação alegadamente de um conselho de ministros realizada hoje. A CIA diz que a análise à gravação revela que a voz é mesmo de Saddam, mas que a data em foi feita não é clara.

Também Tony Blair decidiu quebrar o silêncio quanto ao início do conflito. Em Bruxelas, após o conselho europeu, o primeiro-ministro britânico reiterou a sua determinação em destituir Saddam Hussein do poder e confirmou a queda de um helicóptero britânico e a subsequente perda da vida de oito homens. O Iraque afirma ter feito cair um caça norte-americano, mas o Pentágono nega a alegação, confirmando, no entanto, a morte de um soldado em combate, mas sem adiantar pormenores.

Entretanto, a partir do Kuwait, veículos blindados norte-americanos estão a caminho de Bagdad. Na frente sul, os marines encontraram resistência inesperada ao tentarem tomar o controlo de uma cidade portuária. Também perto de Nassiria, uma importante passagem do rio Eufrates, os americanos depararam-se com uma bolsa de resistência que lhes deteve a marcha. No Qatar, as tropas da coligação estão a ter dificuldades em avançar devido à fortíssima tempestade de areia que se faz sentir.

Em Washington, o Presidente George W. Bush reúne-se hoje com os líderes do congresso para informá-los sobre as primeiras 36 horas do conflito no Iraque.
No mundo árabe, as reacções à acção militar contra o regime de Saddam Hussein dão conta de uma enorme revolta. Num dia que é santo, as orações evocam a paz, mas os apelos dos líderes religiosos em muitos locais dirigem-se para a vingança contra os americanos. No Cairo, uma das grandes cidades árabes, os cidadãos demonstram a sua oposição à guerra pelo segundo dia, manifestando-se em massa nas ruas – uma iniciativa marcada também marcada para outras capitais árabes.

Explosões e sirenes marcam início da Guerra

Um “alvo de oportunidade” justificou o estrondo sentido em Bagdade, às 2h35m GMT. Noventa minutos após o fim do prazo para que Saddam Hussein e os seus dois filhos abandonassem o Iraque, os EUA iniciaram os bombardeamentos de precisão. Ás 3h15m o presidente norte-americano falou ao mundo.

O míssil lançado no centro da capital iraquiana visou um alvo onde, alegadamente, estavam reunidos diversos lideres do regime de Saddam. As baterias anti-aéreas iraquianas responderam minutos depois, pintando ligeiramente o céu, embora em muito menor escala do que o verificado na Guerra do Golfo.

O presidente dos Estados Unidos da América, George W. Bush, alertou, em conferência de imprensa, que esta guerra pode ser mais “difícil e demorada do que muitos pensam”. Bush garante que a operação concertada dos EUA com os seus aliados vai “evitar danos colaterais”, ou seja, vitimar muitos cívis.

Bush desiste da resolução e faz ultimato a Saddam

George W. Bush irá falar ao país esta noite, segundo anunciou a Casa Branca, esta tarde – numa altura em que a Espanha, os Estados Unidos e o Reino Unido abandonaram a hipótese de buscar apoio à ofensiva no Conselho de Segurança.

O Presidente norte-americano marcou a sua intervenção para as 20 horas (01h00 em Portugal), sendo o objectivo anunciar o fim do tempo da diplomacia e avisar Saddam Hussein de que pode evitar a guerra se sair do Iraque.

Numa outra medida que faz acreditar na iminência de uma intervenção militar, os Estados Unidos e o Reino Unido apelaram, hoje, os seus cidadãos para que saiam do Kuwait o mais rapidamente possível, evocando o risco de um ataque químico ou nuclear da parte iraquiana.

Mais tarde, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, anunciou que pediu aos colaboradores daquela organização, incluindo os inspectores e pessoal da ajuda humanitária, que abandonassem o Iraque. Não foi dada uma data para a evacuação, mas crê-se que comece na terça-feira à tarde.

Bush retoma a retórica da Providência

George W. Bush voltou a pôr a retórica da Providência “na moda” e, à imagem de Ronald Reagan, assumiu um discurso maniqueísta, de contornos religiosos e de carácter messiânico.

Bush não tem dúvidas ao afirmar que a sua presidência surgiu em parte de um “plano divino”. Para o Presidente dos Estados Unidos, Saddam Hussein é um prevaricador dos princípios democráticos, violador das crenças americanas baseadas num puritanismo religioso. Tocqueville escreveu que “querer deter a democracia seria então como que lutar contra o próprio Deus”, o que enquadrado no contexto iraquiano coloca em conflito Saddam e o “mesmo Deus” que guia e ilumina a política de George W. Bush.

Como reacção às ameaças impostas ao império, a administração Bush iniciou a partir do 11 de Setembro de 2001 uma guerra entre o bem e o mal, delineando muito claramente a linha de fronteira entre estas duas realidades do mesmo mundo.

Acusado de ter um discurso simplista e maniqueísta, que não dá espaço à “zona cinzenta”, onde, afinal se jogam, na maioria do tempo, as relações internacionais, Bush não se coibiu de assumir imediatamente um tom messiânico.

Com um discurso mobilizador a nível interno, mas visto com desconfiança por sociedades externas, que não partilham as convicções políticas e religiosas dos norte-americanos, Bush falou de fé e com fé, para uma audiência que se rege pelos preceitos religiosos. A sociedade norte-americana continua fortemente vincada pelo conservadorismo religioso, e influenciada pelos seus conceitos e crenças.

A relação de Bush e Deus, e a dos americanos e Deus, é estreita e fiel. Intrinsecamente, a religião acaba por condicionar o dia a dia das pessoas, e consequentemente, por influenciar o pensamento estratégico norte-americano, assim como o seu discurso político. “Os ideais puritanos da Nova Inglaterra constituem, talvez, o factor mais importante na determinação do pensamento americano”, escrevia há umas décadas o professor Raymond G. Gettell, da Universidade da Califórnia.

Por vezes, os Estados Unidos revelam sinais de uma pura teocracia. Por exemplo, o “Deus abençoe a América”, no fim de todos os discursos políticos do Presidente, retira a laicidade a um momento que se quer politicamente solene.

A famosa frase, “Em Deus confiamos”, estampada nas notas de dólar, reflectem a predisposição norte-americana para a invasão religiosa na história da vida privada e pública da América.

No modo de vida norte-americano, Deus está acima de tudo e todos. Por detrás de um Presidente americano, está sempre Deus, encaminhado os desígnios da nação americana da forma mais justa.

A sua presença é assumida pelo dirigentes do país que não se inibem de referir Deus de uma forma constante, contrastando com o carácter laico e histórico das sociedades europeias.

Bush não tem dúvidas ao afirmar que a sua presidência surgiu em parte de um “plano divino”, chegando mesmo a dizer a um amigo durante os tempo de Governador do Texas: “Eu penso que Deus quer que eu me candidate para Presidente.”

Longe das crenças e das convicções de cada cidadão, este é um discurso que as nações europeias perderam durante a revolução francesa, e que se afastou por completo durante o conturbado e revolucionário século XIX. Já Nicolau Maquiavel (1469-1527) fazia ensaios que visavam a secundarização da religião ao nível das relações internacionais. O realismo político dava aqui os seus primeiros passos, seguidos, curiosamente pelo cardeal francês, Richelieu.

Apesar de Nietzche ter “morto Deus”, o cariz religioso na Europa não desapareceu, no entanto, a sua intervenção nos assuntos de Estado e da própria sociedade, reduziu-se ao campo privado. Uma evolução que os americanos não seguiram, nem as respectivas administrações. Paradoxalmente os próprios ensinamentos de Locke (1632-1704) ou Montesquieu (1689-1755) acabaram por ser violados, de certa forma, pela intromissão de Deus nos assuntos políticos.

É o próprio Bush a assumir que os “acontecimentos não são movidos pela cegueira e oportunidade”, mas “pela mão justa e providencial de Deus”. O Presidente americano não se reserva a personificar a vontade de Deus num ataque ao Iraque. Convicto de que está a combater o mal, materializado por Saddam Hussein, bin Laden, entre outros, Bush transformou uma questão estratégica e política (friamente inserida na lógica das relações internacionais) numa cruzada contra o infiel.

Este espírito providencialista foi criticado há duas semanas por Mário Soares, que denunciou o “carácter religioso” do discurso de Bush, salientando que a expressão “eixo do mal” é perigosa e “sem sentido”, descendo ao nível da retórica de Saddam Hussein.

No entanto, o providencialismo foi o farol dos líderes americanos na condução das suas políticas ao longo de mais de dois séculos de História.” Por vezes, ao serviço de ideias nobres, servindo como um antídoto para as tragédias de uma nação, como fez o Abraham Lincolon ao evocar a Providência ao Norte e ao Sul com forma de reconciliação, e de sarar as feridas, refere o autor, Jackson Lears.

Porém, esta Providência tornou-se também um instrumento nas mãos de determinados dirigentes, como o senador Albert Beveridge e outros imperialistas no final do século XIX, que não se inibiram de insistir que Deus “marcou” o povo americano para liderar a “redenção no mundo”.

Foi com base no providencialismo que os nativos foram expulsos pelo povo americano, ao qual Deus tinha dado a sua terra.

Da mesma forma que o Presidente, Woodrow Wilson, no rescaldo da Primeira Guerra Mundial, usou a retórica da redenção para alcançar uma paz justa, Bush utiliza os argumentos religiosos para justificar uma “guerra justa”, “desencorajando o debate e reduzindo a diplomacia à coação”.

Familiarizado com o discurso do antigo Presidente, Ronald Reagan, Bush criou um “eixo do mal”, uma versão pós Guerra Fria do “império do mal”. Na verdade, o actual residente da Casa Branca voltou a pôr o providencialismo “na moda”, assumindo uma democracia conduzida pela mão de Deus, num princípio que sempre regeu a propagação deste fenómeno no seio da nação norte-americana desde a sua criação, e que Alexis Tocqueville formalizou na sua famosa e histórica obra “Da Democracia na América”.

Para Bush, Saddam Hussein é um prevaricador dos princípios democráticos, violador das crenças americanas baseadas num puritanismo religioso. Tocqueville escreveu que “querer deter a democracia seria então como que lutar contra o próprio Deus”, o que enquadrado no contexto iraquiano coloca em conflito Saddam e o mesmo Deus que guia e ilumina a política de George W. Bush.