2025/07/07

Adesão da Lituânia à EU merece felicitações de Prodi

A Lituânia é um dos dez novos estados-membro que assinaram o acordo de adesão à União Europeia, no passado mês de Abril. Entretanto, o país foi a votos para saber se este era ou não um objectivo majoritário na comunidade lituana. Os resultados foram mais que positivos, facto que mereceu uns “sinceros e calorosos parabéns” por parte de Romano Prodi.

Ao Presidente da Comissão Europeia ressaltou, principalmente, o expressivo resultado de nove em cada dez cidadãos lituanos se terem mostrado favoráveis em fazer parte da União Europeia. Romano Prodi, realçou a positividade para todos os países na abertura da comunidade a novos membros e acredita que, com este resultado, a Lituânia deu um passo histórico relevante para o futuro desenvolvimento daquele país Báltico.

A nova guerra americana é contra os “mullahs”

Após 35 anos de opressão pela minoria sunita dominante no extinto partido Baas e na cúpula de poder iraquiana, os representantes dos 16 milhões de xiitas naquele país emergem para ocupar os lugares vagos com o colapso do regime de Bagdad. Ao nível local, os vários líderes xiitas começam a exercer o seu poder decisório na questões políticas.

O Irão assiste ao despertar dos seus “irmãos” xiitas no Iraque, deixando claramente preocupada a administração Bush, que não vê com bons olhos o nascimento de um Estado teocrático, à imagem do que é o Irão. Ontem, o “Washington Post” revelou que os estrategos americanos subestimaram o poder organizativo dos xiitas e não estavam preparados para o surgimento deste fundamentalismo islâmico.

“Não façam mal aos sunitas”, diz aos iraquianos o mais alto líder xiita naquele país, o grande ayatollah, Ali Sitani (73. “Mas se eles (sunitas) vos fizerem mal, vocês têm o direito a defenderem-se”, acrescentou Sitani, num discurso que até há algumas semanas era impensável proferir em público, estando este tipo de acto reservado apenas à minoria sunita, dominante no já extinto partido Baas e na cúpula de poder iraquiana.

O vazio de poder criado pela remoção do regime de Saddam Hussein está a provocar a emergência dos líderes xiitas ao nível do poder local, que começam a ter um peso decisório significativo. Reprimidos pelo partido Baas durante 35 anos, e abandonados pelos americanos em 1991, existe agora a noção de que os xiitas estão a enviar uma mensagem clara aos sunitas e aos cristãos, de que uma nova era de poder chegou ao Iraque. E na verdade, os representantes dos 16 milhões de xiitas iraquianos começam a ocupar lugares administrativos e políticos deixados vagos pelo colapso instantâneo do regime de Bagdad.

“O Exército americano pode controlar estradas, portos e os céus do Iraque, mas em qualquer vizinhança onde os xiitas são maioria, é provável que se encontre um sheik de turbante branco ou imã que começou a exercer as decisões políticas do dia-a-dia”, constatava o correspondente do “Los Angeles Times”. Esta semana, milhares de peregrinos xiitas deslocaram-se à cidade de Karbala – onde Hussein, filho de Ali e neto do profeta Maomé, se tornou mártir num batalha no século VII, simbolizando o sofrimento e a criação da comunidade xiita -, numa demonstração clara do despertar daquela família muçulmana.

Mas, se durante décadas os xiitas estiveram forçosamente adormecidos no Iraque, o mesmo não se pôde dizer do Irão, que após a revolução de 1979, e que provocou a queda do xá Reza Palhevi, viu emergir uma elite religiosa xiita, altamente conservadora e que ainda hoje lidera os desígnios daquele país, através do Conselho dos Guardiões, liderado pelo, ayatollah, Ali Khamenei. A apetência de Teerão para apoiar os movimentos xiitas espalhados pelo Médio Oriente foi sempre uma evidência, como se constata, por exemplo, como a guerrilha do Hezbollah, no sul do Líbano.

O Irão vê-se agora livre do seu inimigo de longa data, e da minoria sunita que liderava o Iraque, para assistir à emergência de uma nova liderança xiita, em consonância com os interesses iranianos. Esta estratégia provoca a desconfiança norte-americana e, certamente, acciona mecanismos na política externa da administração Bush para lidar com a eventual desordem sistémica na região. Por ora, e como escreve o capitão de Fragata, António Silva Ribeiro, nestas páginas, todos parecem ter percebido a mensagem, com excepção da Síria, confrontada com os Estados Unidos, mas resta saber se a administração norte-americana ficará satisfeita com a resignação destes regimes.

“EUA envolvidos na IV GM”

Num tom mais apaziguador, Bush disse esta semana que Damasco tinha “recebido” a mensagem, contrastando com a linguagem hostil da semana passada. No entanto, até onde Washington aplicará a sua visão imperial para o Médio Oriente? James Woolsey, membro da comissão de aconselhamento de política de defesa do Pentágono, e antigo director da CIA, acredita que os Estados Unidos estão envolvidos na “Quarta Guerra Mundial”, não apenas contra o regime de Saddam Hussein, mas com contra os mullahs do Irão e os “fascistas” da Síria.

De acordo com um artigo de Michael Elliott, na revista “Time”, a administração ainda não chegou a qualquer acordo sobre o próximo passo a dar naquela região. Elliott cita uma fonte da Casa Branca, ao afirmar que não existe nenhum plano definido para uma acção militar contra o Irão ou a Síria, mas adianta que isso não significa que uma nova aventura militar não aconteça. Mas, caso se venha a verificar esse cenário, não será certamente para breve.

As preocupações com a Síria e com o Irão são fundamentadas. Desde sempre que estes dois países apoiam o movimento Hezbollah, considerado pelo vice-secretário de Estado, Richard Armitage, o “A Team” dos terroristas. Além disso, o programa de armas de destruição maciça iraniano é uma realidade. E quanto à Síria, os Estados Unidos terão que lidar mais cedo ou mais tarde com Damasco, se quiserem garantir a estabilidade entre Israel e um futuro Estado palestiniano, no que respeita ao acesso dos recursos hídricos, dos montes Golã, controlados por israelitas e sírios, um assunto longe de estar resolvido.

Ontem, o jornal “Washington Post” revelou que os estrategos americanos subestimaram a capacidade organizativa dos xiitas e que não estavam preparados para o surgimento deste fundamentalismo religioso que se está a fazer sentir no Iraque, e de que Karbala é um bom exemplo. De acordo com fontes citadas pelo jornal, os americanos estão a tentar o mais rapidamente possível preencher o vácuo de poder existente em Bagdad e no resto do país.

Durante esta semana, altos dirigentes americanos receberam inúmeros relatórios constatando a grande organização xiita. “Nós não queremos que o fundamentalismo persa ganhe um ponto de apoio”, disse um membro da administração americana ao “Washington Post”. “Nós queremos encontrar mais clérigos moderados e colocá-los em posições de influência”, acrescentou.


CIA apoia clérigos moderados

Inserido nesta estratégia, a CIA tem apoiado alguns membros religiosos, deslocando-os para várias cidades iraquianas, onde possam estabelecer bases políticas. No entanto, é algo que os serviços secretos não fazem há muito tempo, nem de forma significativa.
Quem parece estar bastante activo são os iranianos que têm enviado desde a queda de Saddam Hussein agentes altamente treinados para o sul do Iraque, com o objectivo de promoverem clérigos xiitas “amigos” na defesa dos interesses iranianos. Este dado foi avançado ontem pelo “New York Times”, citando fontes governamentais americanas.

De acordo com a informação divulgada, alguns dos agentes infiltrados pertencem à ala militar de um grupo opositor ao regime sunita de Saddam no exílio no Irão, conhecido como Badr Brigade.

Apesar da presença de forças especiais norte-americanas na fronteira do Iraque com o Irão tem sido difícil controlar a incursão dos agentes iranianos. De acordo com algumas fontes oficiais, as manobras destes agentes ainda não são totalmente conhecidas, mas avisam para o potencial perigo das ligações entre o regime iraniano e o Conselho Supremo para a Revolução Islâmica no Iraque, sediado em Teerão, do qual a Badr Brigade é o seu braço armado, e de que o ayatollah, Muhammad Bakir al-Hakim é líder, ainda por regressar ao Iraque.

“French connection”

O secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, afirmou ontem que a França irá sofrer as consequências por ter ameaçado vetar qualquer resolução que desse o aval a uma guerra no Iraque. “Nós temos de analisar a relação. Nós temos que ter em conta todos os aspectos da relação com a França à luz desta situação”, disse o chefe da diplomacia americana numa cadeia de televisão americana.

As palavras de Powell surgem um dia depois da França ter proposto a suspensão imediata das sanções civis das Nações Unidas, ressalvando, no entanto, que o embargo de que o Iraque é alvo há treze anos não deveria ser levantado na sua totalidade enquanto os inspectores das Nações Unidas não se certificassem do desarmamento do país.

A iniciativa francesa apanhou as autoridades americanas de surpresa, e mais uma vez colocaram Washington numa situação de desconfiança face a Paris. Esta estratégia delineada por Paris poderá estar relacionada com os interesses franceses na região. Enquanto o Conselho de Segurança das Nações Unidas não aprovar uma nova resolução que levante as sanções ao Iraque “nós podemos suspender as sanções e ajustar o programa petróleo por alimentos, visando o seu fim”, disse o embaixador francês para a ONU, Jean-Marc de la Sabliere.

A proposta francesa está a ser vista com desconfiança pelos norte-americanos que a interpretam como um instrumento da política externa gaulesa para aceder ao mercado iraquiano antes que seja implementado um novo Governo em Bagdad e que as suas instituições e estruturas económicas estejam de pé.

Os Estados Unidos, que apoiam o levantamento das sanções, estão a estudar a melhor forma de o fazer. A Rússia perante o anúncio de Paris, manteve-se em silêncio, sendo que a posição oficial de Moscovo até à data tem sido a de manter as sanções, permitindo ao Kremlin manter o controlo do programa petróleo por alimentos, através do Conselho de Segurança, e assim defender os seus interesses do petróleo russo, introduzindo-o no mercado a preço satisfatórios.

Seja como Paris e Moscovo têm sido fortemente criticados nos últimos tempos por alguma imprensa americana que não se coibiu de falar em interesses económicos. Para o senador Arlen Specter, a posição francesa nos últimos tempos em relação ao petróleo iraquiano tem sido uma “chantagem internacional sofisticada”. Independentemente das propostas avançadas, Paris e Moscovo mantêm-se intransigentes quanto à necessidade do regresso dos inspectores das Nações Unidas ao Iraque.

Entretanto, o chefe da UNMOVIC teceu dura críticas aos EUA e Reino Unido por terem apresentado provas duvidosas da existência de laboratórios de produção de armas químicas.

Convenção sobre o futuro da Europa discute segurança e justiça na UE

A sessão de quinta e sexta-feira, da Convenção sobre o Futuro da Europa que se realiza no Parlamento Europeu em Bruxleas, terá como temas centrais: O Espaço da Liberdade, Segurança e Justiça (ELSJ) e as Finanças da União Europeia.

Esta quinta e sexta-feira, tem lugar no Parlamento Europeu, em Bruxelas, mais duas sessões da Convenção sobre o Futuro da Europa, onde serão aobrdados temas como: o Espaço de Liberdade, Segurança e Justiça e as Finanças da União Europeia. Após a apresentação dos mesmo temas, serão apresentados artigos sobre o ELSJ (CONV 614/03), CONV 644/03), anteriormente dados a conhecer nas sessões da Convenção de 17 e 18 de Março, que serão tema de debate para esta quinta-feira, na sexta-feira é a vez de serem apresentados novos projectos de articulado da Parte I do Tratado Constitucional referentes a : Vida Democrática da União Europeia (Título VI), União e os Estados Vizinhos (Título IX), e Pertença à União Europeia (Título X). Posteriormente a estas apresentações, serão conhecidas as Disposições Gerais e Finais relativas à Parte III do Tratado Constitucional.

Curdistão, um barril de pólvora (ainda) sem o rastilho aceso

No curdistão iraquiano o ambiente é “tenso e incerto”, e todos aguardam de forma expectante que alguém acenda o rastilho que fará explodir aquele autêntico barril de pólvora. Os americanos já desistiram do plano inicial que tinham para a frente norte, ao mesmo tempo que os curdos iraquianos já se mobilizaram defensivamente para uma eventual ofensiva turca. Por outro lado, Moscovo olha com desconfiança para as potenciais movimentações estratégicas que se adivinham naquela região. Quem também não deve estar a encarar com bons olhos a efervescência no curdistão iraquiano, são os regimes de Teerão e Damasco, também eles governantes de retalhos territoriais da nação curda.

A nublada situação que se vive na fronteira da Turquia com o norte do Iraque poderá transformar-se num autêntico pesadelo para os estrategos de Washington. Em prontidão absoluta para avançar sobre o curdistão iraquiano (os turcos criaram, entretanto, uma zona tampão a 20 quilómetros da fronteira em território iraquiano), por modo a garantir a segurança e a estabilidade da Turquia, as forças turcas estão a deixar nervosos todos os intervenientes no conflito.

Os americanos já desistiram do plano inicial que tinham para a frente norte, ao mesmo tempo que os curdos iraquianos já se mobilizaram defensivamente para uma eventual ofensiva turca.

Os peshmergas (milícias curdas) tomaram posições ao longo do norte do Iraque para impedir qualquer progressão das forças turcas. Aliás, perante esta ameaça os chefes nacionalistas históricos curdos, Masud Barzani do Partido Democrático do Curdistão (KDP) e Yalal Talabani, da União Patriótica do Curdistão (PUK), colocaram as suas divergências momentaneamente de lado para formarem um pacto conjunto das suas forças.

Assim, cerca de 70 mil peshmergas, equipados com as velhinhas Kaláshnikov, com granadas de mão e alguns morteiros, estão a postos para enfrentar o segundo exército mais numeroso da NATO.

Além do mais, Talabani e Barzani não escondem os seus desejos de reocupar as províncias de Mosul e Kirkut, que têm os campos petrolíferos mais produtivos do Iraque, com 800 mil barris de crude diários. Neste capítulo os americanos parecem estar com claras dificuldades em refrear os ímpetos curdos.

Por outro lado, Moscovo olha com desconfiança para as movimentações, ou melhor dizendo potenciais movimentações estratégicas que se adivinham naquela região. Quem também não deve estar a encarar com bons olhos a efervescência no curdistão iraquiano, são os regimes de Teerão e Damasco, também eles governantes de retalhos territoriais da nação curda.

Relembre-se que existe cerca de um milhão de curdos no norte da Síria, cinco milhões no noroeste iraniano e outros cinco no norte do Iraque, sem contar com os 12 milhões de curdos que residem dentro das fronteiras turcas.

À semelhança do que se passa com a Turquia, a Síria e o Irão receiam os efeitos do irredentismo curdo e, de acordo com a última edição da revista “The Economist”, surgiram alguns rumores de que o regime de Teerão estaria disposto a permitir uma pequena incursão turca no norte do Iraque (ficando de fora Kirkut e Mosul), por modo a garantir a manutenção das “fronteiras de segurança naquela região.

Apesar da situação ser preocupante, não é ainda explosiva. “A guerra está a chegar devagarinho ao norte do Iraque, se calhar apressada pelos contratempos no sul do país”, escrevia esta semana o enviado do “Independent” (transcrito pelo DN) àquela região. No entanto, a questão do curdistão poder-se-á tornar no principal desafio pós-guerra para os Estados Unidos.

Décadas sob o jugo de Ancara, os curdos poderão agora aproveitar a “caixa de pandora” aberta em Bagdad para materializarem as suas reivindicações nacionalistas, expressas há vários anos, por vezes de forma violenta através de actos terroristas, de como aliás o PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão, guerrilha independentista), liderado nos tempos de Ocalan, é exemplo.

Para já, a coligação anglo-americana não revela os planos que tem para aquela área. Com as armas apontadas a Bagdad, apenas se sabe que têm sido bombardeadas algumas posições iraquianas no norte do Iraque em Mossul e Kirkuk, e sido mobilizadas de algumas forças aerotransportadas para a região.

Seja qual for o plano adoptado pelo Pentágono na abordagem ao norte do Iraque, será sempre um plano de recurso, depois do Parlamento de Ancara ter recusado ao tradicional aliado norte-americano, por duas vezes (1 e 20 de Março), o direito de passagem e estacionamento de 62 mil soldados norte-americanos.

Os deputados turcos, pressionados pela sua forte opinião pública contra a guerra, permitiram apenas a utilização por parte dos americanos do espaço aéreo da Turquia. Desta forma, de pouco valeram os apelos do primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, aos deputados da assembleia, que se viu numa situação periclitante, entre as exigências de Washington e os anseios da sua população.

Tendo como Bagdad em pano de fundo, tudo indica que os americanos vão tentar manter “adormecida” a região do norte do Iraque o mais tempo possível. Aqui as estratégias dividem-se entre Ancara, Damasco e Teerão. Relativamente à primeira, o Governo norte-americano tem tentado ao longo desta semana alcançar um compromisso com o Governo de Erdogan.

Na terça-feira, o enviado norte-americano a Ancara, Zalmay Khalilzad, anunciou que as negociações iriam prolongar-se até ao final desta semana, após um dia de conversações que não chegaram a conclusão alguma. “Este é um tema difícil e complexo”, disse Khalilzad.

Apesar dos Estados Unidos e da União Europeia terem apelado à Turquia para não enviar soldados para o norte do Iraque, o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Abdullah Gull, afirmou que o seu país pode mandar as suas tropas quando quiser para o norte iraquiano “por razões humanitárias ou para prevenir uma hipótese de terrorismo”, numa clara alusão ao movimento curdo.

Quanto à estratégia assumida com a Síria é ainda pouco clara quais os seus contornos, no entanto, no caso do Irão, sabe-se que os Estados Unidos, prometeram a Teerão combater os Mujahideen do Povo, grupo opositor ao regime iraniano e sediado no Iraque. Esta é claramente uma tentativa, por parte de Washington, de desencorajar qualquer iniciativa militar iraniana no norte do Iraque.

No entanto, as precauções estratégicas norte-americanas revelam-se infrutíferas quando aplicadas às próprias forças iraquianas que, com o falhanço de uma ofensiva terrestre anglo-americana no norte do Iraque, receberam uma “prenda preciosa de tempo”. De acordo com guerrilheiros e comandantes curdos ao “Los Angeles Times”, as tropas iraquianas estão a movimentar-se livremente no norte do Iraque, a cavar trincheiras, a expandir campos de minas e a minar pontes perto de Mosul, a terceira maior cidade do país.

Ainda as mesmas fontes curdas referem que o contingente militar iraquiano naquela região está a reforçar-se, tendo chegado novos comandantes, incluindo elementos da Guarda Republicana.
Estas movimentações estão a deixar nervosos os militares curdos, que estão igualmente preocupados com a possibilidade de virem a ser o último reduto de vingança das tropas leais a Saddam Hussein, depois deste ser removido poder em Bagdad.

“Estes são grupos (tropas fiéis a Saddam) que cometeram vários crimes, por isso, o destino deles está ligado ao destino de Saddam”, disse um oficial dos serviços de informação do KDP ao enviado especial do “Los Angeles Times” a Kalaq, norte do Iraque. “É por isso que eles poderão tentar fazer qualquer coisa”, depois do seu líder perder os desígnios do Iraque, acrescentou a mesma fonte.

“Sharon explorará conflito no Iraque para guerra contra Palestina”

O chefe negociador palestiniano, Sa’eb Erekat, mostra-se bastante preocupado com o impacto que a guerra no Iraque terá no Médio Oriente. Durante uma entrevista telefónica, em exclusivo ao SEMANÁRIO, o ministro palestiniano revela que “Sharon explorará o conflito no Iraque para uma escalada de guerra contra a Palestina” e, por isso, apela à comunidade internacional para travar os ímpetos belicistas do primeiro-ministro israelita.

Na sua opinião, como reagirá o povo palestiniano a uma ofensiva militar norte-americana no Iraque?

Nós somos contra a guerra. A guerra não deveria ser uma opção e eu acredito que esta disputa deveria ser resolvida por meios pacíficos. Além disso, estamos preocupados com o impacto que a guerra terá em nós, porque ao mesmo tempo que o mundo está focado no Iraque, as atrocidades vão-se sucedendo nos territórios ocupados.

Os palestinianos vão sendo mortos – como sucedeu ainda ontem (segunda-feira), com a morte de onze civis -, diariamente e a todas as horas são demolidas casas, confiscam-se terrenos, constroem-se colonatos, as forças de segurança israelitas fazem incursões, ataques, assassinatos. Por isso, estamos mesmo preocupados que com o início da guerra, e com as atenções do mundo viradas para o Iraque, que Sharon reocupe Gaza e destrua a Autoridade Palestiniana (AP), e por fim ocupe os territórios autónomos.

Como vê esta crise numa perspectiva palestiniana?

Uma guerra não é opção. A nossa região precisa de paz. Precisa da brisa da paz e não do vento da guerra. Precisamos de ensinar ao Médio Oriente como resolver disputas através de meios pacíficos a da diplomacia.


Pensa, assim, que esta guerra trará consequências nefastas para o povo palestiniano?

Eu espero que Sharon não se aproveite se da situação para uma escalada de guerra contra nós, e a comunidade internacional terá que assegurar que não permitirá a Sharon tirar proveito do conflito no Iraque.


Então na sua opinião, acha que Sharon irá aproveitar-se negativamente da crise iraquiana para atacar os palestinianos e as suas instituições?

Na minha opinião, acho que este Governo irá explorar o conflito no Iraque para uma escalada de guerra contra a Palestina.


O mundo deverá então tomar medidas para travar os ímpetos de Sharon?

Absolutamente. Apelamos aos americanos, apelamos aos europeus, apelamos à comunidade internacional para impedir que Israel explore a situação, para não fazer mais guerra aos palestinianos.


O que pensa sobre o anúncio feito por George W. Bush e Tony Blair sobre uma hipotética divulgação e implementação do “mapa da paz”?

Achamos bem, mas queremos que passem das palavras à acção. Queremos ver o “mapa da paz” implementado, queremos que Bush e Blair assumam aquilo que disseram. Acolhemos bem o que disseram e esperamos que transfiram aquilo que afirmaram para uma política realista para ser aplicada no terreno.


Mas acredita que Bush fará os esforços necessário para implementar este “mapa da paz”?

Vamos responsabilizá-lo por aquilo que ele disse, e o mundo devia fazer o mesmo, chamá-lo à responsabilidade para implementar o “mapa da paz”.


Acredita que a criação da figura do primeiro-ministro palestiniano e a nomeação de Mahmoud Abbas para ocupar o referido cargo poderá ser uma mais valia para o processo negocial?

Haverá um forte e credível primeiro-ministro da AP. Hoje (terça-feira) finalizámos o processo da sua nomeação. O Presidente Arafat assinou e ratificou a lei constitucional que define os poderes do novo cargo, e esperamos que o primeiro-ministro consiga relançar o processo de paz.