2025/09/15

Aparelho detector de notas falsas comercializado em Portugal

O mais desenvolvido aparelho detector de notas de euro falsas vai ser comercializado em Portugal pela Cotaserv e Investrónica. Chama-se Secureuro e é capaz de detectar, com precisão, todo o tipo de falsificações da moeda europeia. Trata-se de um dispositivo de segurança desenvolvido em colaboração com o Banco Central Europeu.

O aparelho constitui um sistema de identificação que, através de sinais analógicos e digitais inter-relacionados, analisa as notas e distingue se são falsas ou não. A policia Judiciaria (PJ) já considerou a tentação dos contrafactores pela falsificação do euro, um problema transnacional. Recorde-se que o euro é cada vez mais o alvo dos contrafactores que tinham o dólar-americano como a moeda mais apetecível.
Esta preocupação foi manifestada pelo próprio director-geral da PJ, Adelino Salvado, num seminário realizado em Lisboa no inicio deste mês sobre ” A protecção do euro relativamente ao crime de contrafacção”, uma iniciativa que realizou em conjunto com o Organismo Europeu de Luta Anti-fraude.

As várias vidas de Duras

“Marguerite D.” de Manuel Sardinha, estreou ontem no Teatro Nacional D. Maria II. Com interpretação de Daniela Feio e Fernando Landeira, este é um projecto construído a partir do “Amante da China do Norte”, “O Amor”, “Hiroshima Meu Amor”, “Doença da Morte e “É Tudo”, da escritora Duras.

Marguerite Duras, a “escritora gato”, a mulher de várias vidas inventadas, autora respeitada por muitos e contestada por mais alguns, vê agora alguns dos seus textos adaptados ao teatro, por Manuel Sardinha. A Sala Estúdio Amélia Rey Colaço/Robles Monteiro, do Teatro Nacional D. Maria II, acolhe este projecto que prende constituir-se como viagem nas memórias pessoais de Duras, construído a partir do “Amante da China do Norte”, “O Amor”, “Hiroshima Meu Amor”, “Doença da Morte e “É Tudo”, da escritora Duras.
Ela é especialista em “reiventar” as vidas e as mortes, em processo de eterna reescrita, como que desdém à memória e ao registo. “A mesma loucura que na vida”, a errância como ponto de poucas certezas iniciais, são o plano que fará mover os jogos de representação, com interpretações de Daniela Feio e Fernando Landeira.
Segundo Manuel Sardinha, “a vida e a obra de Marguerite Duras encantaram/apaixonaram os intervenientes deste projecto que procuram a sua transmutação (em parte) para o teatro sob a designação de Marguerite D.” Até 26 de Julho é possível ver esta incursão teatral ambiciosa.

400 hectares de campos de milho destruídos em Itália

Cerca de 400 hectares de campos de milho deverão ser destruídos no noroeste da Itália,
após terem sido encontrados vestígios de organismos geneticamente modificados.

A decisão, por parte das autoridades regionais de Piemonte, de destruir quase 400 hectares de campos de milho em Itália está a enfurecer os agricultores desta região.
Após várias análises, os resultados revelaram que duas em cada mil sementes provinham de materiais geneticamente modificados. Entretanto, ainda não foi divulgado se os agricultores, que viram as suas culturas destruídas, irão receber alguma compensação.

China: explosão faz cinco mortos e nove feridos

Uma explosão num mercado da cidade chinesa de Xian (noroeste) fez, esta segunda-feira, cinco mortos e nove feridos.

De acordo com a agência noticiosa Xinhua, a explosão ocorreu por volta das 11h 30m (hora local), hora de maior movimento no mercado, que se situa no centro da antiga capital imperial chinesa. As autoridades chinesas selaram o mercado e foi imposta a lei marcial nas áreas circundantes.
A explosão desta segunda-feira ocorreu no mesmo dia em que a polícia anunciou a explosão de uma bomba, neste sábado, num autocarro que circulava no distrito de Yingjing, que matou duas pessoas e feriu seis

Como vamos financiar o Plano de Investimentos Europeu?por Manuel dos Santos

2003-07-10

Depois da controvérsia lançada pelas desajustadas e inadmissíveis afirmações do presidente em exercicio do Conselho, em Estrasburgo na semana passada, a União Europeia procura agora a imprescindível normalidade.

Semanário
Esta semana foi particularmente concorrida pois correspondeu à apresentação no Parlamento Europeu, por parte dos ministros italianos, dos programas de acção para os próximos 6 meses.

Aguardava-se com particular interesse a reunião do Ministro da Economia e Finanças junto da correspondente comissão parlamentar, porque estava em causa desenvolver e compreender melhor o programa de trabalho da presidência para o importante Conselho de Ministros da Economia e Finanças (ECOFIN).

Recorde-se que, em matéria económica e financeira, a Itália anunciara que pretende combater a situação de estagnação da Europa através de um generoso plano de investimentos em infraestruturas e transportes, propondo-se, de igual modo, reabrir o debate sobre a flexibilidade para a aplicação dos critérios de política fiscal que constam do Programa de Estabilidade e Crescimento.

Foi com elevadas expectativas que se organizou o debate com o Sr. Tremonti na Comissão Parlamentar de Assuntos Económicos e Monetários do Parlamento Europeu.

É incontestável que nos últimos 3 anos a Europa teve um crescimento económico significativamente mais baixo que o seu potencial.

Esta situação coexistiu com políticas fiscais (orçamentais) fortemente controladas pelas regras do PEC (que favoreceram contudo indiscutivelmente a sustentabilidade das finanças públicas) e com uma política monetária do Banco Central Europeu, junto dos países que integram a zona euro (moeda única), que assegurou uma continuada sustentabilidade dos preços.

O nível de inflação atingiu de resto, na Europa e nos últimos anos, o seu nível histórico mais baixo.

Acresce que foi precisamente há 3 anos que se fixou em Lisboa um objectivo extremamente ambicioso ou seja o de promover, no espaço de uma década, a economia europeia à condição de economia com maior crescimento e maior competitividade no Mundo.

Verifica-se, portanto, sem margem para dúvidas que, quer as regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento (responsáveis, apesar do seu recente aligeiramento, por dificuldades enormes no plano do investimento público) quer a natureza da política monetária do Banco Central (excessivamente restritiva e pouco ajustada ao crescimento potencial da economia europeia) sendo necessárias, foram manifestamente insuficientes para promover o desenvolvimento da Europa.

Uma conclusão parece, desde já, possível e incontornável e essa é a de que se para haver crescimento é preciso estabilidade, também é certo que a estabilidade só se mantém e consolida se houver crescimento.

Este é um momento chave para a Europa e para os decisores em matéria de política económica.

Importa restaurar a confiança dos investidores, lançar as bases de um comércio mais activo, desenvolvido e justo e, sobretudo, olhar para o espaço europeu, como um verdadeiro espaço único do ponto de vista económico, reforçando a coordenação dos instrumentos e a harmonização das políticas que se orientem para a oferta de bens e serviços.

Talvez tenha sido isto, de resto, que quis dizer o Sr. Duisenberg (actual Presidente do Banco Central Europeu) que, naquela que pode ser interpretada como a sua intervenção de despedida do cargo que ocupa (será substituído a curto prazo nas suas funções pelo francês Trichet), afirmou que a política monetária já tinha feito o seu trabalho, competindo agora aos Governos a sua (significativa) parte nas responsabilidades pela recuperação.

É, assim, neste quadro, que a Presidência italiana vai lançar uma nova fase na condução da política económica acentuado enfaticamente a prioridade do crescimento.

Nos últimos 10 anos o investimento público na Europa, em infraestruturas e transportes, diminuiu cerca de 0,5% do PIB, passando de 1,5% para 1%. Nos Estados Unidos (a pátria do liberalismo e da iniciativa privada) a percentagem de investimento público manteve-se inalterável e representava cerca de 6% do PIB, em média, na última década.

Existe ainda um grande espaço para a intervenção pública e uma almofada significativa para o apoio ao crescimento económico e ao desenvolvimento.

O objectivo italiano é precisamente esse; mas ao lançar a proposta de um ambicioso Programa de Acção para o Crescimento, mais não faz do que retomar o Plano Delors de 1993 que, infelizmente, os governos europeus não souberam ou não puderam concretizar.

Temos, portanto, de novo, uma proposta para um plano “europeu”, ou seja um plano de investimentos que encara todos os países da União, como um espaço único, que pode contribuir para o crescimento económico de imediato e, sobretudo, traduzirá uma forte e positiva mensagem de confiança junto dos europeus e, nomeadamente, junto dos agentes económicos.

Só que, tal como em 1993, não são claras as condições de financiamento do Plano.

Recentemente a presidência italiana recuou da sua posição de partida e já não fala na possibilidade de propor a aceitação de “regra de ouro” que, como sucede na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos, exclui do cálculo do défice, os investimentos públicos. A esperança dirige-se agora para a capacidade do Banco Europeu de Investimentos em alocar os recursos financeiros necessários à concretização do objectivo, ainda que tenha que recorrer aos mercados europeus.

Mas isto não será suficiente, nem se adivinha como podendo ser eficaz, até porque o BEI mantém uma dimensão reduzida para as funções que já exerce e para a ambição que agora se lhe atribui.

Os bons propósitos da Presidência da União correm, pois, o risco de esbarrar na intransigência financeira da Comissão e do Conselho quanto às políticas fiscais dos Estados-membros, conduzindo a uma nova frustração e a um acrescido desalento.

A direcção política europeia tarda a perceber que não se pode ter “chuva no nabal e sol na eira” e que, bem vistas as coisas, o actual Pacto de Estabilidade e Crescimento já está morto e só falta que apareça alguém com força e vontade para lhe fazer o enterro.