2025/09/16

CDS/PP rejeita critica de manobra publicitária

O CDS/PP rejeitou as criticas por parte da oposição, que acusam o governo de estar a fazer um golpe publicitário traves de um encarte que saiu nos jornais . O deputado João Rebelo disse que os partidos da oposição tem “medo que os portugueses descubram onde e como o Orçamento esta a ser utilizado”.

Depois de Bagão Félix ter rejeitado as criticas de manobra publicitária, em relação ao encarte que saiu em alguns jornais de ontem, explicando onde estava a ser aplicado o Orçamento de Estado, foi a vez do CDS/PP responder às criticas da oposição.

Contactado pelo SEMANÁRIO, o deputado do CDS/PP, João Rebelo disse que ” se os partidos da oposição criticam este governo de fazer uma manobra publicitária através de um encarte, e acham que este Orçamento é mau, deviam estar satisfeitos, mas não, pelo contrário, sabem que é um bom orçamento e por isso tem medo que os portugueses saibam o que esta a ser feito com o seu dinheiro”, frisou.

Segundo este deputado, “o PS não se pode esquecer do estado em que deixou o pais quando abandonou o Governo, por isso, é que ainda não apresentaram nenhuma solução alternativa para resolver a situação do défice”, frisou.

Morais Saramento explicou ontem à tarde que o Governo gastou cerca de 100 mil euros para explicar aos portugueses como é utilizado o Orçamento de Estado. Ontem, Bagão Félix explicou ontem aos jornalistas em conferência de Imprensa a notificação para pagamento de dívidas feita à Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e à Liga de Clubes, Bagão Félix admitiu que “como ministro das Finanças e como contribuinte que paga os seus impostos” deve sugerir aos clubes que deixem de comprar jogadores para pagar ao Fisco.

“Os portugueses não percebem que os clubes tenham milhões de euros para comprar jogadores em Janeiro próximo e não tenham para pagar as dívidas ao Fisco”, completou o ministro.

O Ministro das Finanças sublinhou que no acordo assinado em 1998 pelo presidente da FPF, que se mantém em funções, e com o presidente da Liga de Clubes, actualmente com mandato suspenso, estava previsto que se as receitas cativadas do Totoloto não fossem suficientes para pagar metade da dívida até ao segundo semestre de 2004, a Liga e a Federação deveriam pagar a diferença.Este é um ponto importante porque “nesta altura toda a gente quer sacudir a água do capote”, acrescentou.

PP nega discurso crítico contra a Banca

O CDS/PP garantiu esta semana que não tem e não terá qualquer discurso de antagonismo face ao sector da banca – isto apesar das críticas que tem dirigido ao meio financeiro. Depois das afirmações do Presidente do Partido, Paulo Portas, que acusou este sector de ter pressionado a Presidência para conseguir a dissolução da Assembleia da República.

Na terça-feira, foi a vez de Bagão Félix vir afirmar que a banca inviabilizou a operação de venda do património, pretendida pelo Estado. “Não há qualquer posição do CDS contra o sector bancário”, assegurou o porta-voz do partido, Guilherme Magalhães, garantindo que o discurso eleitoral dos populares não passara por essa questão – ate porque o CDS quer fazer uma campanha pela positiva.

Quanto às declarações de Portas e Bagão, o porta-voz dos democratas-cristãos minimiza: O líder do CDS limitou-se a mostrar desagradado em relação ao comportamento do presidente da Associação Portuguesa de Bancos, João Salgueiro.

Segundo este porta-voz, ” o que o ministro das Finanças fez foi afirmar que a dissolução da Assembleia da República e, consequentemente, do Governo, lhes dificultou a acção. Em resposta às críticas da esquerda à operação de cedência de património -chumbado por Bruxelas- , António Pires de Lima, Vice-presidente do CDS, afirmou estar estranhar estas declarações.

A esquerda sempre desvalorizou o cumprimento do Pacto de Estabilidade e Crescimento e agora vem atacar o Governo por défice, sem receitas extraordinárias, se situar acima dos três por cento. Pires de Lima afirmou-se ainda solidário com Bagão Félix, sustentado que a “incerteza política” provocada pela dissolução da Assembleia “prejudicou a solução que o Governo tinha previsto”.

Calendário pode precipitar crise política

Depois das eleições regionais, Santana Lopes
poderá avançar com a remodelação do seu governo.
Vários ministros querem sair.
Santana não se deixa aconselhar por ninguém e, apenas, os barrosistas conseguem estar satisfeitos
no Governo. Porém, ontem, depois do debate parlamentar onde Sócrates apareceu pouco preparado e a permitir a vitória ao primeiro-ministro, sem aproveitar a vantagem de já conhecer a estratégia governamental, que precocemente Santana anunciou nos Açores e repetiu na comunicação
ao País, o PSD pode ter recuperado o “élan”.
O calendário prossegue com o debate do OE
para 2005 e com os Congressos do PSD e do PCP.
Talvez, agora que o Governo parece ter nova energia, Santana Lopes possa decidir arrumar a casa e fazer ajustamentos no Governo.

O maior acontecimento político da semana é o próprio calendário político. Santana Lopes está cada vez mais desacreditado, uma palavra do léxico político europeu, mas que ainda não tinha chegado a Lisboa. É ele que tem que justificar porque diverge ou não diverge dos ministros. Os ministros aparecem depois. Ninguém dá o nome por ele. Morais Sarmento restaura paulatinamente o barrosismo (volta Barroso que está perdoado!), enquanto a direita parece enterrar o fantasma santanista em dois meses e meio. Oferecido como bode expiatório, Rui Gomes da Silva, o único contacto do primeiro-ministro com a realidade partidária e seu verdadeiro amigo, poderia ser sacrificado proximamente, depois de um distanciamento imposto pelo primeiro-ministro.

A remodelação depois das regionais?
Santana Lopes inicialmente decidiu substituir os seus amigos tidos por inábeis pelos seus “inimigos competentes”. Tão competentes, que estão a acabar com ele mais rapidamente do que se previa. A ajudar à festa, o próprio primeiro-ministro que não se consegue conter no anúncio de medidas sem justificação aparente.
O Governo é hoje uma confederação de ministros, onde cada um faz o que quer. António Mexia deu cabo, num dia do trabalho, de vinte anos do PSD, que conseguiu virar a seu favor a maioria das câmaras do Algarve. Insensato e irresponsável politicamente, sem a menor noção do que é o interesse público e, sobretudo, do que representa estar na política, António Mexia (o mesmo que queria encerrar as refinarias da Galp e retirar a petrolífera nacional da exploração de petróleo, para nos tornar mais dependentes das vendas espanholas e italianas), dando assim comissões aos intermediários habituais, ao anunciar, a sete meses das eleições autárquicas, as portagens na Via do Infante, no âmbito do fim das Scuts, deu cabo ou prejudicou bastante o PSD no Algarve. Como um disparate não vem só, depois do ataque à Galp, feito por Nobre Guedes, este ministro do PSD parece não ter o menor senso político e ideia nenhuma de oportunidade: agora, numa altura em que se está a vender os quartos e os golfes do Algarve, o ministro vem falar em restrições de água, um cenário aliás que só em condições extraordinárias poderia acontecer, no Algarve, como em Espanha ou na Grécia. Acontece que os destinos concorrentes do Algarve não têm um insensato como ministro a dizer que não há água para golfes, ou se houver, não há água para a população, o que é irresponsável economicamente e estúpido socialmente.
Do ministro da Economia, que, aliás, até gosta de jogar golfe e do ministro do Turismo já não há palavra perante tamanho disparate.
No debate de ontem, Santana Lopes defendeu a verdade como método da sua política e veio anunciar a velocidade de crescimento dos encargos com a política de enganos feita pelos socialistas, atirando os encargos para as gerações futuras.

A falta de credibilidade da política
económica
Autista, também, Bagão Félix prossegue solitário o seu caminho de ataque à classe média. Dá o dito por não dito no novo orçamento para 2005. Inventa um crescimento fictício de 2,5%, uma irresponsabilidade que vai acabar, também, por prejudicar as empresas privadas, que terão que seguir os aumentos salariais do Estado. Vai avançar com a redução das taxas de IRS, abandonando a promessa de baixar o IRC. No final, obviamente, Bagão Félix acabará por se demitir, dizendo ter feito o possível e que a culpa até é do primeiro-ministro, que fala antes do tempo. Foi assim que fez na Segurança Social, com um Código do Trabalho, duas vezes declarado inconstitucional e que agora foi multado por Bruxelas, e com o buraco de cerca de 400 milhões que ninguém responde.
Discretamente, Paulo Portas eclipsou-se: para o ministro de Estado e da Defesa interessa desaparecer agora. A questão política para o CDS agora é se Sócrates vai ter uma maioria absoluta, ficando refém da esquerda do PS, como aconteceu a Guterres que se entregou na mãos de Pina Moura, Santos Silva e Ferro Rodrigues, ou se o PS tem uma maioria relativa e precisará do CDS para formar Governo, assegurando pelo menos dois mandatos de estabilidade política.
Agora o CDS nem quer falar. O novo vice-presidente já começou a marcar o terreno: o Plano B prevê uma solução futura de continuidade governativa para o CDS, um cenário que o barrosismo nunca equacionou e que Santana Lopes não contava antes da eleição de José Sócrates. Por outro lado, Portas percebe que a jogada de Morais Sarmento e Santana de valorizarem Bagão Félix contra ele, o líder do partido, acabou por lhes sair pela culatra. Bagão não só não tem preparação técnica para estar à frente das Finanças Públicas, como ainda por cima, sendo um católico de esquerda, fará sempre uma perseguição à classe média sem perceber o alcance político e, ainda por cima, como Portas bem sabe, nunca assumirá culpas ou responsabilidades. Bagão joga dos dois lados: cai aturando Santana Lopes e o PSD, mas como Paulo Portas já percebeu também que o futuro pode passar por um acordo de incidência governamental com o PS de José Sócrates. E neste caso convém não assumir publicamente muitos compromissos.
Quem Paulo Portas não controla é o ministro do Ambiente, Nobre Guedes: inconsistente e sem capacidade política, Nobre Guedes soube rodear-se do melhor que o sector tem para se aconselhar. Tecnicamente não dirá nunca disparates, mas politicamente já se espalhou duas vezes, sem que Portas ou o ministro da Economia, o seu amigo Álvaro Barreto, lhe pudessem chamar a atenção.

O episódio de Marcelo
Depois do episódio de Marcelo Rebelo de Sousa, o Governo entrou em desregulação total, como se tivesse culpas no cartório. Em vez de desvalorizar a ocorrência, Santana Lopes saiu a terreiro a reivindicar transparência de comportamento. Bastava ler a imprensa e ouvir as televisões para ninguém ter dúvidas sobre o facto de em Portugal não existir censura, ou de fracassar qualquer tentativa por parte de qualquer Governo. Nunca um primeiro-ministro foi tão desmentido, desautorizado e até desrespeitado pelos media, como durante esta semana em Portugal. Nem mesmo Vasco Gonçalves foi tão desautorizado, o que coloca Santana Lopes numa situação difícil. O primeiro-ministro, contido, não soube ler os sinais que lhes estavam a ser enviados. Não tomou nenhuma iniciativa e prosseguiu em frente como se nada se tivesse passado, sem perceber que cada anúncio que fazia ainda o prejudicava e descreditava mais. A questão não era Gomes da Silva ou sequer Sarmento, cujo gabinete de comunicação parece mesmo funcionar contra Santana Lopes (ainda que Santana tenha para já chamado a si o controlo da Central de Informação do Governo). Tudo corre mal: há aqueles períodos na vida de uma pessoa em que tudo o que se faz parecer correr mal e talvez por isso Santana Lopes tivesse que se resguardar.
Como contraponto, o Presidente da República também não se calava: primeiro, vinha à comunicação social justificar porque estava a receber Marcelo Rebelo de Sousa, como se o Presidente da República, eleito por todos os portugueses para assegurar o regular funcionamento das instituições democráticas, tivesse que justificar nos jornais porque recebia alguém em audiência. Mas o ridículo ia mais longe, na pressão sobre os acontecimentos, quando, concorrendo com o silêncio de Marcelo Rebelo de Sousa, a que Mário Soares chamaria de “cobarde”, o Presidente da República falava em Espanha que devia ficar calado, quando Saramago propunha que reeditasse D. Afonso Henriques.

O pior já passou
O pior já tinha passado. Já não temos a depressão do tempo de Barroso, a sensação que tudo está perdido e acabado e que todos os dias isto fica um pouco pior. Agora é mais interessante, mais divertido. Uma “opereta bufa”, onde os portugueses ficam sempre mais pobres, onde o Estado não funciona e onde os ministros não sabem o que é o interesse de Estado e o Presidente da República não sabe qual é a sua posição institucional. Mas interessante é com certeza.
Nos Açores, o primeiro-ministro não se conteve e anunciou as medidas do Orçamento do Estado. O autismo evidente do primeiro-ministro cercado pelos tapetes encarnados, pelas mordomias e pelos acontecimentos internacionais não anularam esse seu gosto pelas boas notícias. Depois, no dia seguinte, já em Lisboa, marcava um tempo de antena para a RTP e RDP, que acabou por sair uma hora antes na SIC e na TVI, dando a ideia de falta de profissionalismo e competência. O Governo parecia não saber o que eram assessores de imagem. Santana estava mal enterrado numa cadeira maior que ele, com os retratos dos filhos e do Papa com flores cor-de-laranja e um quadro para esquecer de Resende ou de Noronha da Costa. Tudo muito mau e com muito mau gosto, a pesar no ambiente pesado de um primeiro-ministro a falar doze minutos ao País, sem ter nada de novo para dizer. O erro político estava à vista. Para mais, Santana estava a dar trunfos ao inimigo: Sócrates passaria a contar com três dias para preparar o confronto de ontem no Parlamento. O primeiro debate parlamentar com Santana a não ter grandes novidades e Sócrates a ter do seu lado a credibilidade das organizações internacionais, que não acreditam nas taxas de crescimento para 2005 inventadas por Bagão Félix. Calado o governador do Banco de Portugal, não diz nada: não fala sobre as taxas de juro, sobre a evolução do euro e do dólar, sobre o preço do petróleo e o consumo privado. Enfim, daquilo que os portugueses, as empresas gostavam de ouvir para saber o que fazer no próximo ano, à falta de credibilidade do Governo e em face da ausência significativa do ministro da Economia. Ninguém sabe o que vai acontecer e ninguém acredita no que diz o Governo, uma situação que já não pode ser invertida antes das eleições regionais, onde tudo ficará na mesma.
Percebendo o erro, Santana voa para a Madeira, para aparecer ao lado de Jardim, reivindicando para o PSD uma vitória, já que Sócrates parece ter tudo do seu lado, iniciando a sua liderança com a vitória nos Açores, depois do PSD ter estado quase à frente nas sondagens. Mas a emenda foi pior que o soneto: João Jardim apresentou a factura a Santana Lopes do apoio, e o próximo OE vai reflectir o ajustamento desta semana, feito no Funchal. Um negócio que dá aos madeirenses mais crédito e que ainda limita mais o nosso OE.
Chegado a Lisboa, a grande discussão. O PSD está em pé de guerra: com eleições locais à porta, os ministros parecem baratas tontas concorrendo para destruir, ou pelo menos dificultar as maiorias social-democratas. São os próprios autarcas do PSD os mais críticos. Filipe Menezes faz o papel do psiquiatra: também Sá Carneiro teve o psiquiatra que mereceu e acabou esquecido. Gomes da Silva, o contacto do partido com o líder, estava em queda e a discussão com o primeiro-ministro era inevitável. Até Nuno Morais Sarmento que, depois do encontro de Barroso com Santana, apareceu soberano na Madeira, ao lado do primeiro-ministro, como se fosse o único com lugar garantido no futuro. Combinara chamar a atenção do primeiro-ministro para os erros da governação, mas, à última da hora, traía o acordo e fazia-se de desentendido. Santana ficava mais isolado, com alguns dos seus mais próximos a ponderarem sair do Governo, na primeira oportunidade, logo depois das eleições regionais.

O calendário para o congresso
Esta semana, o barrosismo volta ao PSD, com a eleição dos delegados para o congresso de 12 de Novembro. Será o Congresso de Pedro Santana Lopes, ainda que o Presidente da República, aparentemente, esteja a dramatizar a situação para poder provocar eleições antecipadas. Foi, aliás, para isso que, ontem, Sócrates chamou a atenção do Parlamento.
Toda a gente tem consciência que Santana Lopes e o PSD estão a destruir a oportunidade política que Sampaio lhes deu. Até parece que Barroso e Sampaio combinaram destruir Santana Lopes, o fantasma de todos os líderes da direita desde 1995, e o campeão que ganha eleições à esquerda, como aconteceu na Figueira e em Lisboa. Acabar com ele, parece o propósito e, daí, Sampaio a dizer que não diz e Morais Sarmento e Arnaut, sempre próximos, a marcarem-lhe o passo.
Santana não acredita, e sabe que o próximo Congresso do PSD será seu, ainda que essa vitória possa ser de “Pirro”. No momento ocorrer-lhe-á outra melhor. Para já hesita: se remodelar, será que Sampaio não precipita os acontecimentos e as eleições são marcadas já para Janeiro?. A vitória, ontem no Parlamento, no debate mensal, dá-lhe contudo uma nova margem que na terça-feira nem o próprio previa.|

Caça-vampiros começaram a atacar sistema

O que é que o regime pós 25 de Abril, a direcção cessante de Luis Francisco Rebello na Sociedade Portuguesa de Autores e o “Expresso” têm em comum?

Os três poderes, institucionais, de referência, curiosamente qualquer deles com 30 anos de vida, ou já ruíram, como aconteceu esta semana na SPA, onde uma Santa Aliança entre Vasco Graça Moura e José Saramago, foi humilhantemente derrotada por Manuel Freire, ou dão sinais de grande fadiga, como acontece com a III República onde vivemos, oriunda de 74 — com uma Constituição ainda anquisolada à revolução e dois partidos que a têm governado, sem líderes e sem soluções, responsáveis pela “décalage” do país em relação aos países mais ricos da Europa, como esta semana se referia no relatório da Mckinsey – e, algo insolitamente, mas sem surpresa, com o “Expresso”, que viu esta semana mais uma das suas manchetes sobre a Casa Pia ser desmentida pela Procuradoria-Geral da República.

São demasiados sinais de que o mundo velho está a ruir e que alguma coisa nova pode surgir em Portugal. O quê e com quem é o que SEMANÁRIO se propõe explicar. Quem são os caça-vampiros do sistema português?

Foi uma eleição repleta de significados, apesar do colégio eleitoral ser restrito e do sector dos direitos de autor ser muito específico. A vitória de Manuel Freire na Sociedade Portuguesa de Autores, contra favoritismos e interesses instalados, veio lembrar que qualquer eleitorado é sempre soberano, o que não é uma lembrança muito cómoda para todos aqueles que há muito tempo se alimentam do sistema, quase vampirescos no seu “modus vivendi”, verdadeiros sugadores do regime em que vivem.

Manuel Freire pode, aliás, ser considerado como um dos primeiros caça-vampiros bem sucedidos, porque um vampiro implica sempre um caça-vampiro, derrotando os bicharocos que se alimentam do poder de décadas e gostam de comer tudo. Ironicamente, Manuel Freire, o cançonetista, mais conhecido como o cantor da “Pedra Filosofal”, de António Gedeão, também costuma cantar, nas suas deslocações pelo país profundo, a canção original de José Afonso que tem como letra, “Eles comem tudo e não deixam nada”, falando de vampiros do antigo regime salazarista mas hoje com letra perfeitamente actual.

Manuel Freire pode ter sido o primeiro caça-vampiro a ter sucesso, vencendo Vasco Graça Moura e José Saramago. Mas não está sozinho, havendo outras promessas. O juiz Rui Teixeira está a mexer com as coisas e pode abrir caminho à mudança de mentalidades na magistratura, com menos vicíos e, sobretudo, muito menos vaidades. Rui Teixeira não é hoje, apenas, o juiz do povo, é o anti-herói português, na linha dos homens simples e humildes que fizeram grandes feitos em Portugal.

Como se vê, há sinais de mudança, muito positivos, no país. É um dado de grande importância, Rui Teixeira não ser um Baltazar Gárzon ou um António Di Pietro, demasiado vaidosos, muito compenetrados do seu poder e cientes de que um juiz tem sempre razão.

À escala nacional, é importante que Rui Teixeira, um juiz detentor do crucial caso da Casa Pia, seja quem é e não, por exemplo, Eurico Reis ou Ricardo Cardoso. O primeiro, no dia em que se soube que Rui Teixeira ia manter o processo Casa Pia, fez questão de dar a entender que o juiz do TIC não deve ser endeusado e que qualquer magistrado teria competência para estar no seu lugar.

Na verdade, o que pareceu traduziu, para quem o conhece bem, foi a frustração por não estar no lugar de Rui Teixeira, de modo a ser o centro das atenções da imprensa e poder exercer o seu poder judicial, alterando como da noite para o dia a vida dos famosos presos.

Quanto ao segundo, o facto de ser Rui Teixeira o herói nacional mas ter sido ele, Ricardo Cardoso, o juiz do lacinho, quem se prestou a estar ontem na RTP numa entrevista com Judite de Sousa, diz tudo. Vanitas, vanitatum, et omnia vanitas (Vaidade das Vaidades, é tudo Vaidade, Eclesiastes).

Souto Moura não se deixa intimidar

Continuando no mundo judicial, o Procurador-Geral da República também pode ser considerado um caça-vampiros. Desde o início do caso Casa Pia que nunca se deixou intimidar pelas pressões dos políticos ou da comunicação social.

Ainda esta semana veio desmentir mais uma manchete do “Expresso”, quase uma semana depois de ter sido publicada, o que confima que a PGR não anda a toque de caixa de ninguém.

Ainda no campo judicial, o vice-presidente do Conselho Superior de Magistratura, Noronha do Nascimento, com as críticas que desferiu esta semana à ministra da Justiça, Celeste Cardona também pode ter começado a navegar em águas anti-sistémicas, o que pode representar um regresso aos tempos truculentos em que desancou Almeida Santos, que, recorde-se, foi para um Congresso de juízes dizer que os magistrados eram corporativistas, o que não é mentira nenhuma mas que, na altura, caiu mal e foi deselegante.

Noronha do Nascimento referiu, esta semana, numa entrevista radiofónica que Celeste Cardona era pouco eficaz e que eram impressinantes as diferenças entre o trabalho qualitativo do actual ministério da Justiça e o anterior de António Costa.

O facto de, por via das funções destacadas que exerce, já ter denotado que é um fã da accão de Rui Teixeira no caso Casa Pia, até porque não gosta de juízes que aparecem muito nas televisões, como prova o seu desaguizado com Conceição Oliveira, também faz dele uma figura a ter em conta na luta que hoje se trava na magistratura.

Santana cada vez mais táctico

Fora do mundo judicial, entrando na política, Santana Lopes continua a lutar, no PSD e no país, para romper contra o Velho do Restelo, Cavaco Silva, que, tudo indica, quer reaparecer em 2006 na corrida das presidencias.

Nas últimas semanas têm-se multiplicado as declarações de homens próximos de Santana de que Cavaco representaria o velho sistema.

Para além dos apoios importantes ao autarca de Lisboa, também surgidos recentemente, como foi o caso de Fernando Ruas. Contra Cavaco. Estas intervenções e apoios permitiram, aliás, a Santana mostrar um discurso moderado no passado sábado, declarando ser um corredor de fundo que quer ganhar mas não quer dividir o partido.

O nº 2 do PSD não deixou, no entanto, de dar alguns recados a Barroso, na forma de críticas a vários ministros e políticas ministeriais. Será que Santana quis dizer a Barrroso que se não for para Belém ainda pode pensar em S. Bento?

Manuel Maria Carrilho também pode ser considerado um caça-vampiros, ainda que as suas motivações sejam sempre consideradas espúrias por muitos, não traduzindo os seus escritos e as suas intervenções televisivas um verdadeiro espírito anti-sistémico.

Há quem diga que tudo não visa promover-se a si próprio para um alto cargo na Nação, S. Bento ou Belém tanto faz. Está hoje, aliás, a começar a fazer com Ferro Rodrigues o que fez com António Guterres há quase quatro anos, precisamente com vista, segundo os detractores, a preparar a sua hora. Que não chegou em Dezembro de 2001 por que ainda era cedo de mais.

Um caça-vampiro travestido de vampiro

Outro caça-vampiro do sistema, pelo menos auto-intitulando-se como tal, é Manuel Monteiro. De facto, apesar de muita gente não o achar indicado para romper, podendo ser hoje visto como um caça-vampiro travestido de vampiro, carregando todos os vicíos do sistema e do regime, também tenta a sua sorte com a Nova Democracia.

Monteiro escreveu, aliás, no sábado passado, uma carta aberta a Durão Barroso, muito actual, onde escreve que “o sistema faliu, não tem recuperação. Tenhamos, pois, a coragem de o enterrar, se queremos salvar o regime. Está V. Exa. interessado nisso.

Se está, conte comigo e com a nova democracia. Se não está, prepare-se para enfrentrar a nossa firme e determinada oposição.” É esta possibilidade, aberta por Monteiro, de que nem tudo está perdido, sendo possível dar a mão ao sistema em vez de o varrer, que torna Monteiro suspeito.

No fundo, tornando-o muito semelhante a Paulo Portas, também um homem com um discurso anti-sistémico que lhe está no sangue mas que o congelou por um lugar no Governo para si e para os seus. Por outro lado, Monteiro quer acabar com o sistema mas não com o regime, como se lê na sua carta aberta.

A pergunta, talvez a ser feita por Barroso, é mais do que pertinente. “O que quer ele”, como dizia Fontes Pereira de Melo no final do século XIX, para se juntar a nós. Se calhar Durão só não faz mesmo a pergunta porque não precisa de pagar preço nenhum para se ver livre de Monteiro.

O próprio líder da Nova Democracia se poderá encarregar de fazer o seu “hara-kiri” político. Monteiro é, aliás, um bom exemplo para ilustrar a perigosidade do terreno que se pisa e a luta de morte que está a ser travada. Nos caça-vampiros há, de facto, que distinguir, várias categorias, havendo quem esteja a fazer o jogo do sistema sob a forma de caça-vampiro e quem seja um genuíno caça-vampiros mas já tenha pouca utilidade, acabando por fazer o jogo do sistema vampiresco.

Alberto João Jardim é um bom exemplo para ilustrar esta última situação, sem dúvida um original caça-vampiros mas com uma imagem cansada, tendo abusado das estacadas que pregou em vida a muito vampiro do sistema. João Jardim está hoje em queda-livre, já pouca gente lhe ligando. Para os homens do sistema é uma benção ser ele e não outro quem está a lutar contra o sistema, acabando por adiar a sua morte e até fortalecê-lo.

O sistema tenta sobreviver

Ferro Rodrigues e Dias Loureiro casaram esta semana os seus filhos, numa união dinástica de sentido quase medieval onde acorreu todo o regime, parecendo trazer a mensagem de que é inevitavel, fortalecer, no futuro, o Bloco Central que governa o país, em alternância, há três décadas.

O que está na forja podem ser mais trinta anos de cores laranjas e rosas, sempre cultivando a aparência de uma guerriilha entre os dois partidos que é a táctica para se perpetuarem no poder e irem enchendo, à vez, o Estado de boys rosas e laranjas.

Há muita coisa em jogo, como provou, esta semana, uma notícia do “Público”, que referia que quatro dos cinco fabricantes mundiais de telecomunicações, convidados pelo governo para concorrer ao meganegócio do fornecimento e gestão do Sistema Integrado das Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP), desistiram de o fazer, considerando que o consórcio formado pela Motorola e financiado pelo BPN, de Dias Loureiro e Oliveira e Costa tem sido beneficiado e que nem valia a pena concorrer.

Entretanto, como mostrou esta semana o relatório da McKinsey, o país, depois de trinta anos, está quase tão atrasado como estava há 30 anos.

Pedido e apresentado pelo governo, o relatório é, aliás, o exemplo provado de que o PSD não se preocupa com o facto de poder ser responsabilizado pelos maus resultados do passado, do tempo em que foi governo desde 1974, no fundo a prova vergonhosa de que os partidos do regime, porque se fosse o PS certamente que não faria diferente, têm tanta confiança no sistema e na sua perpetuação no poder que não se importam de apresentar relatórios contra si e as políticas que já executaram.

Têm a certeza de que nada lhes vai acontecer. No fundo a mesma certeza que Vasco Graça Moura tinha de que iam ganhar as eleições na SPA.

Felizmente houve luar na SPA. E um dia destes, quando menos se espera, também pode haver luar no país.

Arafat diz que «o roteiro para a paz está morto»

O dirigente da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), Yasser Arafat, afirmou numa entrevista à CNN, que o roteiro para a paz morreu devido às últimas agressões militares israelitas. O representante da ONU no Iraque, Ramiro Lopes Silva, admite a possibilidade de uma guerra civil.

Yasser Arafat afirmou na madrugada de quarta-feira que o roteiro para a paz chegou ao fim. O líder da ANP, Yasser Arafat, afirmou numa entrevista à CNN em Ramallah, Cijordânia, que «o roteiro para a paz está morto, devido, exclusivamente, às agressões militares de Israel nas últimas semanas».
As recentes agressões militares israelitas contra grupos militares palestinianos põem de parte, segundo Yasser Arafat, a possibilidade de um cessar-fogo com o Hamas e a Jihad Islâmica. O plano de paz, levado a cabo pelos EUA, Nações Unidas, União Europeia e Rússia está assim ameaçado.
O líder da ANP acusou também os EUA de não se terem empenhado a fundo na aplicação do plano de paz devido a uma excessiva preocupação com as eleições presidenciais norte-americanas, que se realizam no início do próximo ano.
Confinado já há 20 meses ao seu quartel-general de Ramallah pelo exército israelita, Yasser Arafat negou qualquer ruptura com o primeiro-ministro Mahmoud Abbas. Considera que os desentendimentos existentes foram exagerados por Israel com o objectivo de provocar distúrbios na liderança palestiniana.
Estas declarações de Arafat foram feitas no mesmo dia em que Israel, através de Shaul Mofaz, ministro da Defesa, voltou novamente a ameaçar expulsar o dirigente palestiniano, acusando-o de ser um obstáculo para alcançar a paz.
O actual representante da ONU no Iraque, Ramiro Lopes Silva, em entrevista publicada esta quarta-feira no Diário de Notícias, afirma que é essencial «repor o sistema de justiça, recriar a polícia iraquiana com nova identidade, nova forma de se posicionar e relacionar com as populações». Se isto não acontecer, o sucessor de Sérgio Vieira de Melo, acredita na possibilidade de ocorrer uma guerra civil no país.

Alvalade XXI elogiado por Ernie Walker

O estádio Alvalade XXI, um dos 10 palcos do Euro 2004, recebeu, esta quarta-feira, a visita do presidente do Comité de Estádios da UEFA, o escocês Ernie Walker, o qual teceu grande elogios à nova “casa” do Sporting.

De visita ao Alvalade XXI, Walker promete voltar a Portugal para presenciar um encontro no novo estádio, um recinto com 52.000 lugares e custos de 80 milhões de euros, que vai acolher cinco encontros do Euro 2004, o último dos quais referente às meias-finais.
Em conferência de imprensa, realizada no auditório do estádio, o escocês falou em nome da UEFA considerando o projecto como “bem conseguido” e um motivo para “todos se congratularem”.
Esta visita da Comissão de Estádios da UEFA ao Alvalade XXI insere-se num conjunto de visitas previstas aos 10 estádios que vão receber o Euro 2004.