Em final de campanha, o SEMANÁRIO entrevista um dos principais estrategas por detrás da “máquina laranja”, António Leitão Amaro. Depois de um resultado surpreendente nas Europeias, o candidato a deputado faz uma resenha da campanha e das expectativas do partido, para o dia 27 de Setembro.
Entrevista a António Leitão Amaro, secretário-geral da JSD
Em final de campanha, o SEMANÁRIO entrevista um dos principais estrategas por detrás da “máquina laranja”, António Leitão Amaro. Depois de um resultado surpreendente nas Europeias, o candidato a deputado faz uma resenha da campanha e das expectativas do partido, para o dia 27 de Setembro. Fala da “diferença de estilo” de Manuela Ferreira Leite em campanha. E depois da tão defendida asfixia democrática do PS, introduz, no léxico da campanha, um novo adjectivo: a “toxidade” do Primeiro-Ministro. É o sprint final às legislativas.
1 – Como é que se transforma, um partido que à partida – com MFL no poder – estava condenado à derrota num candidato à vitória?
Acho que basta olhar para trás! Hoje as pessoas não têm dúvidas que o PSD pode sair vencedor das eleições legislativas.
O PSD decidiu que iria fazer o seu caminho, que é diferente do escolhido pelos outros Partidos, e que era o que mais se adequava às características da sua líder e ao conteúdo da sua mensagem política.
A persistência na estratégia de verdade, proximidade e rigor, mesmo contra o ruído mediático e contra-opinião dos nossos adversários, foram a chave.
Claro que o contributo de Paulo Rangel nas Europeias foi importantíssimo, porque juntou energia, acutilância e galvanização a esse caminho de verdade, rigor, proximidade e excelência que o PSD tinha escolhido. O brilhantismo de Rangel, apoiado – deixe-me dizer-lhe – pela frescura, motivação e excelência da JSD, permitiram alcançar o único elemento que faltava a uma estratégia certa: a vitória!
2- E para as legislativas. A fórmula foi a mesma?
Sim, com certeza! Mais do que por ter sido bem sucedida, o PSD manteve a fórmula por acreditar que é verdadeiramente a correcta!
Acredito que o PSD está sintonizado com os portugueses em optar por uma Política de Verdade, proximidade e rigor.
3- Qual foi a estratégia adoptada pelo PSD?
O PSD apostou na verdade, proximidade e rigor. O Partido quis contrastar claramente com a maneira como Sócrates e o PS governaram e fazem política. A política socialista é a política da encenação e grandes aparatos para esconder a falta de resultados concretos e melhorias reais no Pais. É também a política das promessas repetidas e repetidas até à exaustão mas sem concretização.
O PSD preferiu optar pela verdade e no rigor.
Apostou também na proximidade e nas pessoas quer na campanha, quer nas suas propostas políticas. É que são as pessoas, as associações, as empresas, as instituições sociais que fazem e devem fazer o País andar para a frente. E o PSD é claramente o Partido das pessoas e da iniciativa privada e social, enquanto o PS aposta no gigantismo, mediatismo, espectáculo e controlo.
4- Qual tem sido o maior obstáculo do PSD, na conquista do eleitorado? A inaptidão da Dra. Manuela Ferreira Leite para discursos e comícios?
Não se deve confundir diferença com inaptidão. A política e a escolha do sentido de voto não são a “chuva de estrelas”, uma passagem de moda ou qualquer concurso mediático. Continuo a acreditar que a credibilidade do orador e a qualidade do conteúdo são mais importantes que a estética ou a forma.
O maior obstáculo para o PSD tem sido optar pelo caminho difícil, que é o de não jogar na espuma do mediatismo e na política dos casos que dão mais soundbytes e minutos de televisão, mas na política de proximidade, verdade e rigor.
5- Para além de candidato à Assembleia da República nas listas do PSD, o António é Secretário-Geral da JSD. Podemos saber qual foi o orçamento da Jota para as legislativas?
A JSD não tem Orçamento autónomo para a campanha. Vamos acordando com o PSD apoios individuais para cada iniciativa realizada e recursos empregues. O que gastamos sai do orçamento nacional do PSD que é público. Todos sabem o esforço de contenção que o PSD fez, tendo reduzido drasticamente as suas despesas compreendendo o momento difícil que vivem os portugueses. Uma coisa posso assegurar: na JSD, ao contrário do que se diz suceder com o PS, os jovens não são pagos para fazer campanha. É tudo voluntarismo e boa vontade!
6- Nos bastidores da campanha, quantas pessoas estão a tempo inteiro envolvidas na campanha da Jota?
A JSD tem uma equipa de 12 pessoas a trabalhar a tempo inteiro na campanha a partir da sede nacional. A estes somam-se as centenas que andam na rua com as campanhas distritais e nacionais do PSD e da JSD, que são autónomas.
A JSD tem, quer a nível distrital, quer a nível nacional, voltas autónomas das do PSD porque acredita que se deve dirigir especificamente aos jovens que falam e pensam de maneira diferente, convivem em locais diferentes e têm preocupações diferentes do resto da população.
7 -A Volta Nacional da JSD termina este fim-de-semana. A campanha passou por vários pontos do País. Sentiu durante a Volta que o partido mobilizou um número substancial de cidadãos dispostos a acredita na “Nova Geração de Políticos” como se assumem?
Sim, sim! Quer o Partido quer a JSD tiveram mobilizações enormes de pessoas. E os eventos com a Dra. Manuela Ferreira Leite foram só um exemplo disso. E aí posso garantir-lhe que em muitos sítios houve mobilizações que o Partido há muito tempo não tinha.
Mas houve muito mais mobilização para além da volta da Dra Manuela. Só a JSD teve eventos da volta nacional, e nas suas campanhas distritais que contavam com mais de 200 jovens sem haver sequer qualquer figura do Partido presente.
Foi uma mobilização nacional, em larga escala, mas de proximidade e pulverizada por todo o País ao mesmo tempo. A chamada “máquina” da JSD funcionou muito, e foram muitos mais do que os militantes que se juntaram a nós!
8 – Qual é o segredo para que a JSD tenha nestas legislativas a possibilidade de vir a eleger um número de deputados que pode vir a constituir a terceira maior bancada parlamentar?
Esta forte aposta do PSD em tantos candidatos jovens é sinal quer de clarividência do Partido, quer da grande qualidade que têm hoje os quadros da JSD.
A JSD têm vindo a realizar um trabalho muito interessante de renovação na forma de fazer política, conta com quadros excepcionais e com provas dadas na sociedade civil. Estamos na Política com uma genuína intenção de ajudar a mudar o País para melhor.
O PSD compreendeu isso, e por também acreditar na importância da renovação dos quadros políticos e de apostar nos melhores, decidiu convictamente apostar nesta geração de jovens.
9 – O Presidente da JSD, Pedro Rodrigues, já afirmou que a principal preocupação da Jota na AR serão os jovens. Pode explicar-nos, recorrendo a alguma smedidas concretas, de que forma é que a JSD procurará defender os interesses da juventude portuguesa?
O Grupo Parlamentar da JSD dará sobretudo atencao especial as questões relacionadas com o desemprego, propondo medidas de desagravamento fiscal das empresas e dos trabalhadores e de apoio ao empreendedorismo. Da habitacao propondo medidas de incentivo aos senhorios para colocarem no mercado de arrendamento imóveis a rendas cotroladas para jovens. Da educacao com a imediata alteracao do Estatuto do aluno, de forma a instalar no sistema de educacao princípios de rigor, excelência e mérito.
10 – O PSD é um partido com forte tradição autárquica. Acredita que a próximidade dos actos eleitorais pode, a favor do PSD, melhorar a votação?
Com certeza! Provavelmente uma das qualidades que os eleitores mais apreciam nos políticos é a proximidade. Vejam-se a ligação que têm com os autarcas, e a contrastante desconfiança com que muitos olham os deputados.
O PSD, sendo o Partido mais autárquico de Portugal, com milhares de dirigentes que vivem diariamente experiências de proximidade vai com certeza capitalizar essa experiência e realidade de proximidade.
11 – Se voltasse atrás, mudava alguma coisa na abordagem do partido às legislativas?
Como responsável da JSD estou sobretudo preocupado em avaliar o desempenho da JSD. Há com certeza coisas a melhorar, mas acredito sinceramente que a nossa abordagem foi a correcta: mostrámos uma Nova Atitude e uma nova maneira de fazer Política. Com aposta na proximidade, muito contacto com as pessoas, aposta na elaboração colaborativa do nosso programa eleitoral, credibilização das nossas candidaturas pela assinatura de um contrato eleitoral com os portugueses que é eticamente muito exigente.
12 – E o que é que correu francamente mal na campanha?
Termos que viver diariamente com um adversário (José Sócrates e s seus delegados de propaganda) que optou por uma estratégia de fuga à verdade e aos assuntos importantes. Não é fácil querer discutir seriamente os problemas do País e as suas soluções, e do outro lado encontrar um adversário interessado em intoxicar o debate político de modo a evitar que o seu desempenho passado seja fiscalizado e as propostas em alternativa sejam discutidas.
13- Amanhã é dia de eleições, poderá revelar-nos se nas sondagens do partido, o PSD é vencedor?
Sondagens há muitas e os respectivos resultados divergem bastante. As eleições recentes mostram a imprudência de fazermos balanços com base nas sondagens. O que lhe posso assegurar é que estive na estrada quer nesta campanha, quer na das Europeias. E sinceramente noto uma grande diferença, para melhor, na reacção das pessoas ao PSD.