“Temos sido nós quem mais tem tratado os temas europeus, quem tem participado em debates sectoriais, quem tem realçado os poderes e as competências do Parlamento Europeu, quem tem chamado a atenção dos cidadãos para a importância destas eleições…”
“É natural que o BE capitalize alguns votos de protesto”
As eleições europeias são já neste domingo e Edite Estrela mostra-se confiante numa vitória do seu partido, “que será a primeira deste ciclo de três eleições”. Porém, apesar de considerar inútil o voto na CDU e no Bloco de Esquerda porque estes partidos “não contam para o projecto europeu”, teme que o BE possa capitalizar alguns votos de protesto.
A campanha eleitoral para as eleições europeias foi suficientemente motivadora para combater a abstenção?
Todos nós dispomos de um dado objectivo. Em Abril, o eurobarómetro indicava que a abstenção iria ser elevada nos 27 Estados-membros e que, em relação a Portugal, só 24 por cento dos cidadãos eleitores tinham a certeza que iriam votar. Acontece que, agora, os números divulgados por um novo estudo do eurobarómetro revelam que, no nosso País, aumentaram para 40 por cento as intenções de voto nas eleições europeias. Considero que esta evolução é resultado da campanha que tem sido feita, principalmente pelo Partido Socialista. Temos sido nós quem mais tem tratado os temas europeus, quem tem participado em debates sectoriais, quem tem realçado os poderes e as competências do Parlamento Europeu, quem tem chamado a atenção dos cidadãos para a importância destas eleições… Tenho verificado na campanha que há uma adesão crescente por parte das pessoas à nossa candidatura e estou muito convicta que iremos conseguir combater a abstenção.
Há quem diga que Vital Moreira não tem jeito para a campanha e que teve de vir José Sócrates salvar a situação. Concorda?
Não é verdade. Isso é o que dizem os nossos adversários, que não estão disponíveis nem interessados para debater os temas europeus e que arranjam esses faits divers que não valorizam o debate político e não combatem a abstenção.
Uma vitória no domingo representa um passo importante para, em Outubro, ganhar as legislativas?
Estamos confiantes de que o Partido Socialista vai ganhar as eleições europeias e que esta será a primeira vitória deste ciclo de três eleições. Mas não é o PS que precisa de ganhar as eleições legislativas, é o País que precisa que o PS ganhe as eleições legislativas. Neste contexto de grave crise global que estamos a viver, Portugal precisa de estabilidade política para continuarem a ser feitas as reformas que estão em curso e que, com muita coragem, este Governo tem estado a pôr em prática. Precisamos de alguém que saiba qual é o caminho que o País deve seguir para sair desta crise, para criar mais emprego e para que a nossa economia ganhe novo alento e podermos dar mais bem-estar aos nossos cidadãos. E acho que está claro para os portugueses que é o PS que dá essas garantias e que tem provas dadas, não há outro partido que o possa fazer.
Teme, depois de amanhã, o voto de protesto?
Os portugueses sabem que quem os defende na Europa, tal como em Portugal, e quem se preocupa com a crise internacional e em encontrar soluções para os graves problemas que vivemos a nível nacional e internacional são os socialistas. No Parlamento Europeu demos provas de estar na linha da frente no impulso do modelo social europeu, na valorização dos serviços públicos, no combate a todo o tipo de desigualdades, nas propostas sobre a preservação ambiental, a valorização patrimonial… Participámos no debate de todas as grandes questões e influenciámos, na medida do possível, a agenda política. Se o grupo socialista europeu fosse maioritário no Parlamento Europeu, teria condições para influenciar mais. Espero que os eleitores percebam que quanto mais socialistas portugueses elegerem e quanto maior for o grupo socialista no Parlamento Europeu daí só advirão benefícios. O CDS e o PSD, que integram o grupo da direita, são os grandes responsáveis pela crise que estamos a viver porque têm defendido as teorias neo-liberais. Por outro lado, a CDU e o BE são partidos que não contam para o projecto europeu e votar neles é o voto inútil. Confio na capacidade de análise dos portugueses para perceberem que o voto que representa uma Europa mais social, mais justa, mais próxima dos cidadãos é no Partido Socialista.
Preocupa-a o BE como terceira força política em Portugal, que, a fazer fé nas sondagens, as eleições de domingo vão confirmar?
Como sabe, é natural que o Bloco de Esquerda possa capitalizar alguns votos de protesto. Mas é um voto inútil, uma vez que a nível europeu não conta. Porque o BE está integrado no mesmo grupo político a que pertence o PCP e é minoritário, não tem força política nem está empenhado na progressão europeia. E em Portugal acaba por ser, também, um voto inútil, uma vez que eles não têm como prioridade apresentar uma solução governativa que possa ser uma ajuda para construir uma maioria.
Quando o PE votar o nome de Barroso como presidente da CE, tenciona votar de acordo com a posição que José Sócrates expressou no Conselho ou ao lado do seu actual cabeça-de-lista, Vital Moreira?
Isso é um falso problema. Essa divergência não existe. No momento oportuno e perante candidatos concretos, que neste momento ainda não existem, tomaremos uma decisão. Tenho dito, e repito, que preferiria eleger um presidente da Comissão da minha área política. Mas quem indica o candidato é o Conselho, dirigido por uma maioria de direita que apoia o dr. Durão Barroso. E entre um qualquer candidato da direita que não conheço e o dr. Durão Barroso, prefiro o dr. Barroso, que já conheço e, sendo português, dá-me mais garantias. É evidente que se for o candidato, estarei disponível para votar nele.