O CDS vai delinear um programa eleitoral, que será apresentado em meados de 2009, com base nas propostas por si formuladas ao longo do último ano no âmbito da “agenda focada” do partido. A rentrée política dos democratas-cristãos será feita com um comício de rua em Aveiro, no dia 13 de Setembro
O CDS vai delinear um programa eleitoral, que será tornado público pouco antes do início do calendário eleitoral, com base nas propostas apresentadas ao longo do último ano no âmbito da agenda focada do partido. João Almeida, secretário-geral dos democratas-cristãos, avançou ao SEMANÁRIO que, a partir de Setembro, o objectivo será o da “consolidação de tudo aquilo que se fez ao longo do último ano e, a partir daí, começar a desenvolver um programa eleitoral alternativo”. Segundo o dirigente, “o que CDS foi fazendo tema a tema e proposta a proposta começará a surgir mais consolidado”.
A apresentação do programa eleitoral deverá ser levada a cabo perto do início do calendário eleitoral. O ex-líder da Juventude Popular frisou que “ninguém apresenta um programa eleitoral com um ano de antecedência”. “Estamos a um ano das eleições e é preciso que, próximo das eleições, as pessoas possam avaliar quem é que tem maior capacidade para apresentar soluções alternativas”, destacou Almeida.
Críticas internas desvalorizadas
O fraco crescimento eleitoral que o CDS tem demonstrado nas sondagens tem dado azo a muitas críticas internas à actual cúpula dirigente do partido, designadamente ao líder. Desde a estratégia política do partido à ausência de renovação de quadros, tudo tem servido para despontar um clima de alguma crispação. Narana Coissoró já veio dizer que o grupo de deputados do CDS “está transformado numa tribuna parlamentar que não colhe votos” e “não marcam a agenda”. Por seu lado, Anacoreta Correia, outro histórico democrata-cristão e dissidente de Paulo Portas, critica uma oposição “pouco polarizada e generalizada”, acrescentando que o líder, na altura própria, “ocupará o palco todo”.
João Almeida desvaloriza as críticas que têm vindo a lume, fundamentando que “é natural que haja divergências de opinião”, visto que o partido “tem o seu debate interno”. O secretário-geral faz questão de sublinhar o esforço da actual direcção na promoção de novos quadros e de novos protagonistas. “Se há coisa que o CDS fez foi trazer novas pessoas”, realça.
Outro aspecto que João Almeida qualifica como positivo e como uma marca louvável da direcção de Paulo Portas é a introdução na agenda política nacional de novos temas, desde a área da saúde às finanças. O responsável refere o exemplo da vacina do colo do útero como uma matéria em que o PS, numa primeira fase, não se mostrou favorável à proposta do CDS, mas que, depois, veio a aceitar. A outro nível, o antigo líder da jota sublinha o papel do seu partido na defesa do contribuinte dos abusos da administração fiscal.
CDS tem 17500 militantes
O CDS-PP atingiu os 17 500 militantes no final do processo de actualização de ficheiros, que apurou cerca de mil óbitos e 281 desfiliações, disse o secretário-geral democrata-cristão. Para João Almeida, os 17 500 filiados com “militância activa” apurados “superaram as expectativas” da direcção, que deu por terminado o processo de actualização de ficheiros iniciado em Outubro passado. A direcção está a analisar os dados apurados para “fazer um perfil” do militante do CDS-PP, que será posteriormente divulgado, disse.
João Almeida adiantou que o congresso organizativo com o novo caderno de militantes deverá realizar-se na primeira quinzena de Novembro. “Superou as expectativas tendo em conta que nas eleições directas de Abril votaram 7600 militantes”, afirmou. No processo, que incluiu o contacto com os militantes via telefone e carta, 600 militantes manifestaram a vontade de sair do partido, mas apenas 281 se desfiliaram. No mesmo período, o CDS apurou cerca de mil óbitos, adiantou. No final do processo, disse João Almeida, os militantes que contam estatutariamente são “os activos, que pagam as quotas e têm direito a votar nos actos eleitorais internos e a ser eleitos”. Os inactivos, aqueles que não foi possível contactar, terão os seus direitos e deveres suspensos até que seja regularizado o respectivo processo, acrescentou.
Antes da actualização, o CDS-PP contava com 35 mil nomes nos ficheiros partidários, que nunca tinham sido actualizados desde há 30 anos, como o SEMANÁRIO noticiou em primeira mão.
CDS vai voltar aos comícios de rua
O CDS-PP vai voltar aos comícios de rua no dia 13 de Setembro em Aveiro, após ter desistido desse modelo em 2003, assinalando desde essa data a “rentrée” política com um dia de debates temáticos. “O CDS volta à rua, com um comício de rua em Aveiro no dia 13 de Setembro. É uma forma de assinalar simbolicamente não só a `rentrée´ política mas também o ano eleitoral exigente que se aproxima”, João Almeida.
Nos últimos anos, o CDS-PP, tal como outros partidos e à excepção do PCP que mantém a tradicional Festa do Avante!, desistiu de marcar a reabertura do ano parlamentar, em Setembro, com festas e comícios de rua, optando por iniciativas dentro de portas como workshops, universidades de Verão ou sessões públicas.
Agora, referiu João Almeida, “justifica-se voltar à rua porque se aproxima um ano eleitoral exigente com quatro eleições, para mostrar a mobilização do partido e também a adesão popular”. “O último que tivemos foi nas autarquias, há quatro anos. Mas não vai ser uma festa folclórica, vamos continuar a ter, durante o dia, sessões de debates e workshops mas no encerramento faremos um comício de rua e não uma sessão plenária”, disse.
Paulo Portas, que regressará de férias na segunda quinzena de Agosto, será o principal orador no comício que culmina um dia de debates e “workshops” dirigidos aos quadros do partido, ainda sem temas definidos.|