2025/06/26

28 mil professores ficam no desemprego

Este ano lectivo o número de professores sem emprego aumentou de forma significativa, rondando os 28 mil, de acordo com os resultados da segunda fase do concurso que o Secretário de Estado da Administração Interna divulgou.

Cerca de 28 mil professores e licenciados habilitados a dar aulas ao 2º e 3º ciclos do ensino básico e secundário ficam sem emprego este ano.
Os dados avançados pelo Secretário de Estado da Administração Educativa, Abílio Morgado, sobre os resultados da segunda fase do concurso, demonstram que apenas 8 mil professores, num universo de 36.390 candidatos externos, vão ficar colocados. Houve um aumento de 40% no número de candidatos sem emprego.
Segunda a edição desta quarta-feira do Diário de Notícias, registou-se uma descida no número de vagas existentes. Em 2002/2003 havia 17.289 horários disponíveis (completos e incompletos). Neste ano lectivo apenas existem 13.373 horários, o que corresponde a menos quatro mil vagas.
Verifica-se um aumento na procura de 20%, especialmente na segunda fase, que incluiu este ano, pela primeira vez, os horários incompletos, que antes eram atribuídos nos miniconcursos de Setembro. Abílio Morgado afirma, no Diário de Notícias, que esta medida (acabar com os miniconcursos em Setembro) permite um maior rigor, pois “muitos horários ficavam guardados para a última fase, reservados a professores que já tinham uma relação com a respectiva escola”.

ABIC criticou cortes para atribuição de bolsas científicas

A Associação dos Bolseiros de Investigação Científica (ABIC) criticou os resultados do concurso para atribuição de bolsas de formação avançada de recursos humanos pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia.

A ABIC criticou os resultados do concurso para atribuição de bolsas de formação avançada de recursos humanos pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
Entre Janeiro e Maio de 2003 houve um corte de 23% no número de bolsas atribuídas, o mais baixo dos últimos seis anos. A percentagem de bolsas concedidas em relação ao total de candidatos foi a mais baixa desde 1998, passando de 44% para 32%. Para além destas reduções, está confirmada a intenção de acabar com um dos concursos anuais para atribuição de bolsas.
A ABIC considera que os cortes efectuados não significam poupar, mas abdicar da formação avançada de recursos humanos e, portanto, de uma política científica estável e sustentada de crescimento de meios e recursos.

1200 trabalhadores dispensados da Carris até 2005

A Carris vai dispensar cerca de 1200 trabalhadores até 2005, estando previsto que 500 funcionários abandonem a empresa ainda este ano, outros 500 em 2004 e os restantes no ano seguinte, como noticia esta quarta-feira o Diário de Notícias.

De acordo com a Federação dos Sindicatos de Transportes Rodoviários (FESTRU) “até agora, já rescindiram os contratos de trabalho de 420 empregados, o que nos leva a crer que até ao final do ano sejam ultrapassados os 500 despedimentos previstos pela Carris”. “Os trabalhadores estão a ser fortemente pressionados para rescindirem os contratos. No mês passado, o concelho de administração enviou uma carta a todos os trabalhadores dizendo-lhes para não perderem a oportunidade de venderem o seu posto de trabalho, uma vez que os bancos concediam empréstimos à Carris para fazer rescisões, mas não para pagar salários”, afirma Luísa Bota da FESTRU.

Acidentes nas estradas portuguesas causaram 22 mortos na última semana

Segundo informou, esta segunda-feira, a Brigada de Trânsito (BT) da GNR, os 2301 acidentes ocorridos na estradas portuguesas de 18 a 24 de Agosto causaram a morte a 22 pessoas.

Os 2301 acidentes ocorridos nesta última semana provocaram ainda 68 feridos graves e 815 ligeiros. De acordo com a BT, foram detectadas nessa semana 3457 infracções graves e 609 muito graves.
No mesmo período, 3130 condutores excederam o limite de velocidade e 778 circulavam com álcool no sangue, dos quais 231 foram detidos. A BT da GNR refere ainda no comunicado que 42 condutores não estavam habilitados legalmente para conduzir.

José Tribolet: A crise de Portugal não é económica, é moral e cultural

José Tribolet, professor do Instituto Superior Técnico, considera que, na educação e formação, pais, professores e Estado parecem “ter medo de insistir que é preciso ser disciplinado e saber disciplinar”. Para ele, a crise do nosso país “não é económica, mas, sim, uma crise moral e cultural”.

O Instituto de Defesa Nacional (IDN) destinou três dias em Outubro próximo (7, 8 e 9) para fazer um seminário sobre “Educação da Juventude: Carácter, Liderança e Cidadania”, que tem o patrocínio do Presidente da República. A comissão de honra incluirá os ministros da Defesa, da Economia, da Educação e da Ciência.
Abriu uma página na Internet, já online, http://idnjuventude.tagus.ist.utl.pt para envolver e obter o contributo de particulares, instituições educativas do básico, secundário e superior, associações de pais, professores, estudantes, patronais e laborais, para se obterem “conclusões plurais sobre resultados práticos da introdução, no processo educativo, daqueles três vectores”.
José Tribolet, professor do Instituto Superior Técnico, faz parte da Comissão Executiva do evento e acedeu a responder a perguntas sobre o tema base das seis sessões do seminário de Outubro.

Qual o papel do Estado para cuidar, apostar e investir na formação dos jovens?

A forma como a Nação cuida, aposta e investe na formação dos seus jovens determina, em larga medida, o nosso futuro colectivo. Pensar nela é muito mais do que discutir os conteúdos das disciplinas, a carreira dos professores e funcionários, o estatuto das instituições educativas, os regulamentos e os procedimentos administrativos! É, em primeiro lugar, decidir que tipo de cidadãos queremos que os nossos filhos sejam; qual o quadro de valores que queremos promover na nossa sociedade; que comportamentos e atitudes de liderança, cooperação e solidariedade queremos instituir. O processo educativo de um jovem, só com intervenções múltiplas da família, escola, trabalho e sociedade. E tem de ser desenhado para promover estes atributos éticos e, depois, avaliado em termos dos resultados alcançados nestes domínios.

Que políticas públicas para co-responsabilizar pais e professores?

Há que conciliar, na educação, os objectivos para promover: a excelência individual, apostando no desenvolvimento máximo de cada indivíduo e com o objectivo de valorizar/optimizar o todo social; a capacidade de trabalho em grupo; a solidariedade; e o sacrifício individual em prol do colectivo. Disciplina, rigor, trabalho, método, persistência, lealdade, sacrifício, honra, amizade, competição, liderança, cooperação, coragem e autocontrole são atributos que têm de ser experimentados no dia-a-dia de cada jovem. O processo educativo deve concentrar-se na formação de cada pessoa, na sua integralidade física e espiritual e não ser apenas como receptáculo de conteúdos. Importa, pois, tornar explícito, no processo educativo (nomeadamente no âmbito dos Projectos Educativos) de cada escola e demais instituições formativas, as formas concretas como aqueles atributos são vivenciados e avaliar os resultados finais alcançados.

Em que falha o nosso sistema educativo?

O estado actual do nosso sistema educativo está muito desprovido deste tipo de preocupações e, sobretudo, de práticas concretas neste domínio. Parece que temos medo de insistir que é preciso ser disciplinado e saber disciplinar. Que para ter resultados é preciso trabalhar. Que o esforço, o rigor, a competência e o conhecimento são fontes de realização pessoal, de prazer e de alegria. Que contribuir para o desenvolvimento dos outros, ser solidário e saber ser ajudado nos enriquece pessoal e colectivamente. Que a competição leal é fonte de progresso e não é incompatível com a cooperação. Que há que assumir as consequências das nossas acções. Que há que promover a diferença. Que cada um tem o seu nicho de excelência. Que há vocações!

Se isso tem valor para a pessoa, tê-lo-á também para uma sociedade virada para a economia e as finanças?

Todos estes atributos da pessoa humana têm hoje um valor económico, social e cultural cada vez maior. A formação do capital humano de uma sociedade não é matéria que compete apenas ao Estado, ao Ministério da Educação, aos seus agentes. É, sim, o cerne da aposta do futuro de uma Nação. É, sim, a possibilidade de cada um dos actuais adultos (pais, professores, patrões, gestores, profissionais) moldarem o nosso País, a nossa realidade daqui a umas gerações. A educação dos jovens é uma responsabilidade de cada um de nós, adultos.

Será que os adultos acreditam nesse motor de mudança?

O estado do País deriva, directamente, do laxismo comportamental dos actuais adultos, da nossa descrença no valor da educação, como o tal motor de transformação social. Se é verdade que as nossas capacidades, como indivíduos, não ficam a dever nada em comparação com a dos de outras nacionalidades, também é um facto, lamentável, que o nosso comportamento colectivo — nas estradas, no trabalho, nas obrigações sociais e fiscais, no nosso gozo da violação das leis mais elementares, na nossa inveja endémica perante o progresso e o sucesso dos outros, na nossa defesa da igualdade na mediocridade — explica e perpetua, todos os dias, o nosso atraso social e cultural.

Está a dizer que a crise não é económica…

A crise da nossa Nação não é económica. Não é uma questão política, de esquerda ou de direita. É, sim, uma crise moral. É uma crise cultural!

Então…

… então é imperativo romper com este estado de coisas. Há que debater, frontalmente, este tipo de atitudes e problemas e não nos refugiarmos na culpabilização dos outros, do Estado, do ministério, dos professores, dos jovens, de todos menos de nós próprios.

No segmento educativo, o que fazer?

Há que defender e promover toda a excelência. Há que preservar e multiplicar todos os modelos educativos de sucesso. Estatais ou privados. E assim se deve entender a organização desse debate nacional sobre “Educação da Juventude: Carácter, Liderança e Cidadania”, que agora começa e que culmina em Outubro. É isso que o seminário de Outubro e, agora, o debate, propõe.