2025/06/26

Regeneração do futebol precisa-sepor Manuel Lopo de Carvalho

Esta semana fui agradavelmente surpreendido com uma proposta do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol referente à reorganização do quadro competitivo do futebol profissional em Portugal.

Nesta proposta aponta-se para uma redução drástica do número de equipas na SuperLiga, a qual teria um máximo de 12 equipas. Além disso a prova seria disputada a dois tempos. Num primeiro tempo jogariam todos contra todos, o que se traduziria em 22 jogos. Num segundo tempo seriam constituídos dois grupos de 6 equipas, sendo que as primeiras seis disputariam o título de campeão e as restantes seis disputariam a permanência na SuperLiga. Teríamos assim mais 10 jogos para cada equipa, o que totalizaria no final 32 jogos, ou seja, apenas menos dois jogos do que actualmente.
A proposta citada tem o principal mérito de aumentar grandemente a competitividade do futebol em Portugal. Todos os anos veríamos, por exemplo, 4 jogos entre Benfica e Sporting, em alternativa aos actuais 2 jogos. O aumento do interesse pelos jogos cresceria de forma evidente e as receitas teriam um comportamento semelhante. É bom ter sempre presente a situação de falência mascarada, ou de pré-falência, da maioria dos clubes portugueses, para perceber bem a necessidade absoluta de fazer crescer as receitas dos clubes.
Estando os profissionais de futebol conscientes da necessidade de fazer melhorar as condições económicas do futebol no nosso país, o que muito abona a favor da liderança do respectivo sindicato, e sendo certo que os grandes clubes concordam com a proposta apresentada, então por que não pô-la em prática?
Pois aqui é que começa o problema! A grande oposição vem dos clubes pequenos que, com um esquema como o referido, consideram que passam a ter reduzidíssimas hipóteses de ascender à SuperLiga. É verdade que isso passará a acontecer. Será mais difícil pertencer a uma elite de 12 clubes, que a uma de 18 clubes.
Os esquemas decisórios na Liga de Clubes e na Federação Portuguesa de Futebol, por seu lado, estabelecem que as decisões são tomadas por maioria de votos, sendo que todos os clubes têm o mesmo número de votos independentemente da sua dimensão e implantação nacional.
A consequência deste facto é que as decisões são tomadas de acordo com o interesse de uma maioria de pequenos clubes e não em função do interesse dos grandes e mais representativos clubes, mesmo que este último coincida com o interesse do futebol em geral. É a situação normal neste tipo de organizações corporativas e que, reconheça-se, é difícil de alterar.
Como forma de corrigir situações de manifesta distorção do interesse geral deverão, no meu entendimento, existir, ou ser criados, mecanismos de intervenção por parte de organismos independentes ou, em última análise, por parte do Governo, para salvaguardar o interesse nacional. Trata-se de uma função supletiva do Governo, que provavelmente levantará grandes reticências junto dos poderes instalados, mas que é inevitável para evitar a ditadura dos pequenos interesses, sejam eles individuais ou mesmo regionais.
O caso vertente é por demais evidente, não oferecendo quaisquer dúvidas. Num dos pratos da balança encontra-se a sobrevivência do futebol nacional, enquanto no outro se vê apenas o desejo legítimo de um qualquer pequeno clube, por exemplo e sem desprimor, o Estrela da Amadora, o Leixões, o Chaves, jogar com os grandes clubes nacionais. Para quê mais palavras ou argumentos, apetece perguntar.
Julgo, pois, que obtido o acordo dos jogadores, dos maiores clubes portugueses e da grande maioria do público, apenas resta aos dirigentes do futebol português agir em conformidade, ou seja, ir de encontro às necessidades e desejos dos principais intérpretes desta actividade económica.
O argumento de que não têm meios legais de intervenção, por isto ou por aquilo, já não cola. Se não têm, consigam obtê-los. Proponham a quem nos governa as alterações legislativas que se mostrem pertinentes. Mas façam qualquer coisa. Não se limitem a arranjar desculpas para tudo ficar na mesma ou, pior, para conseguir eventuais reconduções nos cargos em que estão investidos.
Se não o fizerem assumirão a responsabilidade pela permanência do arcaísmo e pela continuação da decadência do nosso futebol, numa altura em que até os jogadores de futebol, que reconhecidamente terão menor formação académica e capacidade intelectual, lhes dão cartas em termos de lucidez e de disponibilidade para a mudança e regeneração do futebol.

Statuspor Francisco Moraes Sarmento

A utilização de e-mail pode trazer inúmeras vantagens para a motivação dos colaboradores e o bom ambiente geral da organização.

Uma forma simples de todos “vestirem” a camisola é a possibilidade de possuírem um endereço de correio electrónico que associa as duas identidades: a pessoal e a organizacional. Não custa e pode ser importante para o “status” individual.

Se tiverem orgulho na sua organização, os colaboradores divulgam o seu e-mail profissional pelas pessoas das suas relações. Não raro, essa difusão excede o estrito âmbito profissional. O e-mail é, também, uma vertente do “status” social.

Esta presença das marcas e das organizações, muito semelhante ao “passa a palavra”, é uma via útil para o posicionamento social da empresa. Uma organização amiga dos seus colaboradores, que reconhecem nela uma parte importante da sua vida, é uma óptima orientação para se perceber como actua no mercado. Afinal, os colaboradores são, também, clientes.

Para que o e-mail seja reconhecido como um aspecto da identidade individual, a sua definição deve ser cuidada. O nome integra a identidade pessoal e o e-mail faz parte da imagem individual. Se os colaboradores não se reconhecerem no endereço de correio electrónico que lhes é atribuído, evitam a sua difusão. Não raras vezes, a atribuição de nomes para o e-mail é entregue à responsabilidade do sector informático, cuja primeira acção é percorrer a lista telefónica interna para deduzir expressões que, muitas vezes, semelhantes às da programação.

O resultado é, muitas vezes, este: os colaboradores só aderem porque não têm alternativas. Este e-mail circunscreve-se a essa obrigação, não desempenhando qualquer outra função social, com prejuízo da organização que não retira todas as virtualidades do e-mail. A atitude mais correcta é perguntar aos visados por que nome preferem ser tratados, ou então, recorrer aos nomes profissionais.

Esta atitude promove o interesse e a participação num aspecto decisivo para a cultura da organização e para a própria vida dos colaboradores: a comunicação aumenta e todos passam a ser abrangidos pelo mesmo padrão.

Do ponto de vista das organizações, a forma de apresentação do e-mail também não deve ser descurada.

Regras para a construção do endereço de correio electrónico devem ser elaboradas de forma a ser intuitivas para os clientes. Desta forma, quando não tivermos presente o e-mail da pessoa que pretendemos contactar, basta sabermos a regra de construção para depressa chegarmos a conclusões. As organizações amigáveis facilitam o relacionamento com os clientes, transmitindo os seus padrões de comunicação.

Riscospor Francisco Moraes Sarmento

A segurança é, também, um hábito e uma atitude que assume maior pertinência no novo estilo de vida.

Uma certa obsessão pela segurança é desmentida e contrariada em pequenos pormenores da nossa vida diária que efectivamente representam riscos para segurança pessoal e para a dos que nos rodeiam e, nem por isso, deixamos de fazer o que determina o desafio, a preguiça, a comodidade, o conformismo e, por vezes, a falta de civismo e educação. Acontece no modo como se guia um automóvel, se atravessa uma rua, se entrega o cartão ao empregado de mesa, se fala da nossa vida sem cuidar da privacidade e sujeitos a todo o tipo de intriga e, por fim, quando se cospe para o chão (um hábito que na China poderia resultar na pena de morte se for considerado um acto contra a saúde pública). A maioria dos casos diários não são mediáticos e não passam de episódios contados entre os nossos amigos e familiares, no café ou no trabalho. Enfim, se tudo o que representa risco fosse encarado como atentado à segurança individual e social, o mundo teria de ser outro, não obstante ser este aspecto uma das razões pelas quais é natural ao homem viver em sociedade. As utopias adivinham as tendências totalitárias das sociedades que não permitem aos seres humanos serem originais, vários e felizes.
Através da Internet, a exposição individual é maior o que implica maior risco para as pessoas. A novidade e a notoriedade das vítimas depressa fazem notícia fácil e de garantido sucesso para as suas tubas. Trata-se de um meio excelente para os que pretendem fazer intriga, promover o erro e agenciar o mal nas sociedades.
A liberdade de expressão, característica muito própria do novo estilo de vida, não é isenta de riscos. Só o ensino e, sobretudo, a educação faz depender essa liberdade da verdade, valor que adequa interesse próprio ao interesse geral.
A liberdade individual tem outro limite: o direito, ou se preferirmos, o Estado. A regulação da vida social, sem a qual não poderíamos viver, demora a adaptar-se aos novos hábitos. Não anda só atrás da técnica: anda atrás da vida. E tem uma dificuldade: a conversa particular entre pessoas. A Internet promove uma conversa de café com milhões de ouvintes e participante que, muitas vezes, tem consequências sociais. O crime surge neste trânsito. Na sua afirmação contra o indivíduo, o direito encontra-se face a desafios, cujas características depressa tentam o ideal moral da justiça para um totalitarismo pragmático e insuportável para os homens e o novo estilo de vida.

Males que podem vir por bempor G. d’Oliveira Martins

Eduardo Lourenço, que completa esta semana uma bonita idade, tem-nos alertado, profeticamente, para a actual situação europeia, no momento em que a Convenção para o Futuro da Europa está a chegar ao fim dos seus trabalhos.

Como “continente das nações”, a Europa está confrontada com a necessidade de se unir – fazendo um esforço concreto para se constituir num factor de equilíbrio no mundo globalizado.

A “desastrosa peripécia” do Iraque revelou um continente fragilizado e desarticulado. Houve quem do lado americano tivesse apostado na revelação das fraquezas europeias – talvez cedo de mais. Mas a verdade é que o sentimento de divisão e de impotência tornou-se evidente.

E se dúvidas houvesse, a posição dos países do centro e do leste veio, pelo menos na aparência, confirmar a necessidade de usar instrumentos de análise que não podem ficar-se pela superfície das coisas. Tem de se compreender que a posição sentida a leste não tem o sentido de um apoio incondicional a George W. Bush como alguns julgam. Trata-se, sim, de uma atitude ditada pela história recente – em que as feridas e as sombras do velho império soviético ainda se fazem sentir. No entanto, como ficou claro nas afirmações de Adam Michnik o que as correntes mais abertas e democráticas desejam é um reforço a prazo da Europa política.

Eis por que motivo alguns neoconservadores e antieuropeístas estão a embandeirar em arco cedo de mais, até porque desconhecem, de facto, o peso da história europeia, que vai prevalecer, num sentido diferente do que julgam. Por razões de sobrevivência, a Europa vai ter de reforçar os laços de entreajuda – sob pena de ficar à mercê de estranhas vontades e de estranhos acontecimentos.

E se falo da Europa, insisto na ideia de que, a prazo, os Estados Unidos vão necessitar de uma Europa solidária, com vontade política própria. Um parceiro essencial não terá de ser dócil. Deverá, sim, ter um sentido de futuro claro.

Lourenço tem razão – esta “é a maior crise” que a Europa do pós-1945 já atravessou. Mas há males que podem vir por bem. E os últimos sinais parecem demonstrar que há movimentos num sentido positivo – que demonstram a tomada de consciência de que mais Europa política é essencial para todos, de um lado e do outro do Atlântico.

É preciso haver uma vontade compartilhada para reconstruir os elos fragilizados ou destruídos. Perante o projecto imperial dos Estados Unidos, o que fazer? Antes de mais, há que compreender que a globalização traz problemas novos que não podem ser resolvidos com as receitas tradicionais ou com um conceito estático de uma democracia formal exportável para toda a parte, sem cuidar das diferenças culturais.

Está à vista o maior erro da estratégia de afrontamento da actual administração norte-americana – na radicalização dos fundamentalismos religiosos e na multiplicação dos focos terroristas. Só um profundo desconhecimento da história permitiu esta tentação pueril.

E a Europa tem obrigação de ter memória – recusando a um tempo as simplificações do Senhor Jacques Chirac e o voluntarismo do senhor Aznar… E se uns pensam que estamos condenados colectivamente a uma existência medíocre, há razões para desejarmos uma autonomia estratégica centrada na defesa dos valores e interesses comuns e na compreensão de que será mau para o mundo uma Europa dividida ou entretida com as vaidades nacionais, tendo do outro lado do Atlântico os Estados Unidos embalados na ilusão pueril de que poderão contrariar um movimento inexorável e imperial de decadência cultivando a cizânia e o método da sobranceria, contra a velha ideia de Kennedy da “parceria entre iguais”.

Ora, com o fim do antigo mundo bipolar, tornámo-nos nómadas de uma história difícil de decifrar, em que os instrumentos se confundem permanentemente com os fins. Vem à memória a Cacânia de Musil ou o sonambulismo de Broch. Viveremos um novo “apocalipse alegre”?

A globalização, os meios de comunicação de massa e as sociedades em rede tornam essa sombra inquietante, porque se projecta globalmente. Os aprendizes de feiticeiro atiçam os fundamentalismos e o terror, sob pretexto de os combater… As nações fecham-se, em lugar de buscar novos modos de partilhar vontades e destinos…

Precisamos de mais Europa, sob pena de definharmos sem projecto e sob os ventos da fragmentação e do salve-se quem puder. Os que julgam que esse cenário preserva a autonomia estratégica nacional estão rotundamente enganados. Eis porque o cenário do reforço do intergovernamentalismo europeu só reforça a desordem estabelecida.

Daí que as posições defensivas tomadas no seio da Convenção se arrisquem a descontentar todos e a enfraquecer o projecto comum europeu e os Estados europeus. Com afirmei há dias no plenário da Convenção, não podemos cair na armadilha de escolher os piores aspectos de cada uma das propostas que estão sobre a mesa. Eis porque é indispensável dar passos corajosos no sentido do reforço da democracia supranacional europeia – quer na componente do poder legislativo representativa dos Estados, através do Conselho Legislativo, autêntico embrião de uma Câmara dos Estados, quer dando ao presidente da Comissão uma proeminência especial, em nome do método comunitário e dos interesses e valores comuns.

Estes dois pontos são fundamentais. Em torno deles se encontrará ou não uma porta de saída. E essa porta estreita constituirá a oportunidade de que necessitamos todos. Quem quiser ouvir que oiça… Só assim começaremos a ultrapassar a actual fase de desencantamento e de vazio…

Comunicaçãopor Francisco Moraes Sarmento

No mundo digital, a gestão do negócio é gerir informação e conteúdos. Este foco impõe que se considere o design e a tecnologia como suportes da comunicação.

Não obstante, estes aspectos são sobrevalorizados no negócio electrónico. Esta última perspectiva obstrui a ergonomia perceptiva da informação e confunde utilizadores e clientes.

A obsessão em apresentar elementos dinâmicos nas páginas prejudica o negócio que essencialmente vive de dois verbos: informar e comunicar. O uso mais comum das tecnologias impõe ao utilizador uma atitude passiva, contraditória às características dos novos hábitos dos consumidores, agora acostumados a assumir um papel activo na cadeia de valor das organizações e, ao mesmo tempo, fazerem valer o exercício da sua liberdade individual.

A perspectiva dinâmica das tecnologias não oferece uma coisa, nem outra. Por si, a tecnologia não garante o sucesso do negócio. A adopção de soluções técnicas tem que atender aos produtos e serviços que se propõem e, neste aspecto, é um importante auxiliar para desenvolver a criatividade das pessoas e a inovação das organizações.

Tratando-se de informação, é decisivo que a tecnologia permita ao utilizador e cliente aceder ao que pretende de forma rápida. Para isso, é preciso segmentar a informação de forma a criar mais valias na comunicação da mensagem. Só a interactividade se traduz em contactos com os clientes, envolvendo-os e apelando para a acção. E pode incrementar resultados para os negócios on-line.

A rapidez, factor determinante para a emergência de qualidade do ponto de vista de quem acede ao negócio on-line, contribui para a satisfação de quem acede ao negócio. Salienta o interesse e a utilidade da informação do ponto de vista do utilizador.

Não nos referimos às questões, mais ou menos conjunturais, da velocidade da linha de acesso, da capacidade dos computadores pessoais, ou outros aspectos que depressa se alteram e melhoram.
O nosso foco é na “rapidez de percepção”, objectivo mais difícil de atingir e para o qual os gestores dos negócios on-line nem sempre estão despertos.

Não basta pensar no outro, neste caso no leitor. É preciso saber que só a frase expressa pensamento; que um problema bem enunciado contém, em si, parte da resolução do problema; ser preciso e conciso; e, por fim, que a palavra tanto nomeia o real como pode matar.

Um dos problemas da introdução das organizações portuguesas na economia digital é o português. È preciso escrever correctamente e, desde há gerações, que a língua pátria vive na clandestinidade.