As recentes declarações de Manuel Monteiro em relação à enventualidade de sair e formar um novo partido estão a levar a uma crescente desmobilização dos seus apoiantes. Portas poderá ficar “sozinho” no PP.
O actual líder popular, Paulo Portas, não terá oposição de relevo no próximo Congresso do CDS-PP. A garantia é dada por uma fonte próxima de Manuel Monteiro que afirma que, para juntar à já anunciada ausência do ex-presidente popular, os monteiristas apenas marcarão presença para “cumprir calendário”.
Do lado de Portas a preocupação não é grande e a estratégia passa por não dar grande importância à possibilidade crescente de uma demissão em massa dos monteiristas.
O Congresso do CDS-PP, a realizar nos próximos dias 22 e 23 de Março, no Porto, poderá rezumir-se a dois pontos: primeiro, a consagração do líder, Paulo Portas, devido à chegada do partido ao poder; e, segundo, o primeiro passo para os monteiristas abandonarem o barco popular. Portas poderá, nos próximos tempos, assistir a uma deserção em massa dos monteiristas.
Segundo fonte próxima do ex-líder popular, a oposição a Portas está “apenas à espera do sinal” de Manuel Monteiro para o seguir rumo a outras águas.
O primeiro sinal dado pelos monteiristas em relação a uma estratégia de desmobilização aconteceu quando o próprio Manuel Monteiro fez questão de garantir que não iria ao próximo conclave dos democratas-cristãos.
A juntar a esta ausência, os monteiristas não apresentaram qualquer alternativa a Luís Nobre Guedes para a distrital de Lisboa do CDS-PP. Na semana passada, Monteiro falou de um assunto que lhe tem sido caro e que frequentemente era abordado nos bastidores monteiristas: a possibilidade de bater com a porta e formar um novo partido político.
Logo após a clara vitória de Portas no último Congresso, em Lisboa, há precisamente um ano, foram várias as vozes que aconselharam Monteiro a sair e a aproveitar a brecha criada pelo desaire do partido nas autárquicas. Contudo, Monteiro não quis avançar com uma nova formação partidária e manteve-se de pedra e cal no partido ao qual aderiu com apenas 14 anos.
No entanto, não conseguiu evitar a primeira vaga de monteiristas a abandonar o partido. Fernades Thomaz e Diogo Pacheco de Amorim, indignados com a condução dos trabalhos do congresso e desiludidos em relação ao rumo que Portas estava a dar ao partido, apresentaram a sua demissão.
Agora, os monteiristas dependem apenas da saida de Monteiro para, também eles, baterem em retirada. Monteiro quer ainda esperar pelos resultados políticos do congresso do Porto e alinhar estratégias com os seus mais próximos colaboradores.
Espera-se ainda que Manuel Monteiro aproveite o movimento Nova Europa, que recentemente criou, para construir uma eventual plataforma política que o lance para um novo projecto partidário.
Portas fica com meio partido
O congresso do Porto servirá também para Paulo Portas arrumar a casa. Portas aproveitará para beneficiar aqueles que sempre estiveram a seu lado e tentará dar um sinal positivo aos portugueses quanto à saúde que o seu partido vive.
Mas o problema do CDS-PP poderá residir exactamente no facto de ser cada vez mais o partido de Portas. Apesar de nenhum militante portista querer falar de uma eventual saída de Monteiro para a formação de um novo partido, o que é facto é que os apoiantes de Portas continuam à espera das movimentações na oposição.
Mas o problema é que os monteiristas não se “mexem”, preferindo continuar a perder, por falta de comparência, as batalhas que se vão dando. O único receio para os portistas parece ser o de ficarem com meio partido nas mãos e perderem o eleitorado mais à direita para um eventual novo partido de monteiristas.