Na semana em que fez o seu último discurso como Presidente americano na Assembleia Geral das Nações Unidas, usando este palco para abordar a questão da grave crise económica, que parece alastrar-se a todo o mundo, o Presidente americano teve uma aparição inesperada e informou que o estado da economia dos Estados Unidos é grave e carece de uma intervenção rápida.
Numa aparição televisiva, anunciada em cima da hora, o Presidente norte-americano veio apresentar ao país e ao mundo a verdadeira crise que afecta o sector económico dos Estados Unidos e que já se alastrou ao resto do globo.
Afirmando que a América está no centro de uma grave crise crise financeira, o Presidente George W. Bush apresentou um retrato assustador de uma economia em risco e que poderá vir a atravessar uma “longa e dolorosa recessão”, caso não venham a ser tomadas rápidas medidas. Este ultimato deverá ter servido para convencer aqueles que se mostram mais cépticos de que pacote de “salvação económica”, apresentado pelo líder republicano, que ronda o valor dos de 700 biliões de dólares, é essencial.
O Presidente Bush lançou um repto a todos os cidadãos ao afirmar que “toda a economia americana está em perigo”, disse o republicano no pronunciamento, para todo o País, do seu discurso televisivo da noite de quarta-feira (madrugada de quinta-feira em Lisboa). “Se não houver uma acção imediata do Congresso, os Estados Unidos podem mergulhar num cenário de agonia e pânico financeiro.” Bush disse ainda que “mais bancos poderão falir e o mercado de acções poderá cair ainda mais”, advertiu.
Esta aparição, com um cariz de urgência, é o mais recente, devendo ser o último, dos esforços da administração republicana, para convencer o eleitorado e os congressistas dos dois partidos de que o pacote económico apresentado deverá ser aprovado o mais rapidamente possível na tentativa de melhorar a situação.
Presidente juntou McCain e Obama
Numa altura em que o plano estatal ainda não foi aprovado pelo Congresso, o que poderá vir a acontecer nos próximos dias, Bush pediu ajuda a Barack Obama e a John McCain. O Presidente reuniu-se, ontem, com os dois candidatos à Casa Branca, na sua residência oficial.
Como o SEMANÁRIO já defendera na passada semana, a crise económica passou a comandar a corrida eleitoral americana.
O candidato John McCain suspendeu, na quarta-feira, a sua campanha, tendo proposto ao Presidente Bush um encontro em que deveria marcar, também, presença do candidato democrata, o que já aconteceu, ontem, na tentativa de discutir o pacote de medidas extraordinárias para a salvação dos mercados.
O plano, apresentado e defendido por Bush na sua aparição televisiva, vai custar aos contribuintes americanos cerca de 700 mil milhões de dólares, mas, caso venha a ser chumbado pelo Congresso, terá um custo muito maior para os eleitores, afirmou o Presidente.
O candidato democrata, Barack Obama, que já antes tinha concordado com uma declaração conjunta sobre a presente crise financeira, acedeu ao convite feito pelo presidente Bush e, no dia de ontem, rumou também a Washington.
Democrata destacam-se nas sondagens
Na semana em que Obama voltou a ganhar uma grande margem nas sondagens apresentadas, fruto das críticas sobre as más decisões no plano económico da administração republicana, o democrata quer continuar a ganhar pontos, graças ao seu domínio neste campo, e deixar essa vantagem bem expressa perante o povo americano.
A passar uma fase menos boa, John McCain, propôs ao seu rival político, que se viesse a anular o debate televisivo, o primeiro que irá pôr frente-a-frente os dois candidatos, agendado para sexta-feira, mas Obama não aceitou a ideia. O democrata defende não existirem razões para que o confronto televisivo venha a ser cancelado.
Desta forma, temas “quentes” como a segurança, a imigração e a politica externa, Com são relegados para um segundo plano, devido à grande urgência da crise financeira.
Caso venham a comparecer os dois candidatos no estúdio onde se irá desenrolar o debate, o que é esperado, McCain deverá ter uma das suas últimas oportunidades para não deixar fugir os democratas nas sondagens, o que não deverá vir a ser fácil perante a actual conjuntura financeira e muito por culpa do tema em si, que não é, de todo, aquele em que o republicano mais se sente à vontade. Obama pode, assim, aumentar ainda mais a sua vantagem, que se cifra, agora, nos nove pontos percentuais.