Os encarnados não se conformam com a decisão da UEFA e com o comportamento da FPF. Como tal, a SAD benfiquista irá avançar com um processo cível contra a federação presidida por Gilberto Madaíl e, na Suíça, com uma providência cautelar e recurso para o Tribunal do Arbitral do Desporto. Já o FC Porto tem-se mantido em silêncio e tem optado por não reagir à posição tomada pelo Benfica
O Benfica não se conforma com a admissão do FC Porto na próxima edição da Liga dos Campeões. A garantia da presença dos dragões na “Champions” partiu da própria UEFA que adiantou: “O inquérito disciplinar relativo do F.C. Porto e à sua participação na Liga dos Campeões 2008/09 foi devolvido ao Comité de Controlo e Disciplina da UEFA. No entanto, tendo em conta o parecer do Comité de Apelo, é confirmado que o FC Porto será admitido na Liga dos Campeões, na época 2008/09. Isso acontece, essencialmente, porque os procedimentos legais ainda não foram concluídos em Portugal.”
Entretanto, o Benfica já fez saber que vai recorrer aos tribunais para a “reparação integral dos danos sofridos” pela “conduta negligente” da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), que terá permitido que o FC Porto fosse readmitido na Liga dos Campeões. “A SL Benfica-Futebol, SAD em consequência dos factos descritos, da sua ilicitude e gravidade, já deu conhecimento dos mesmos à UEFA e irá promover de imediato todas as diligências judiciais a fim de ser reposta a verdade desportiva, punindo-se desde logo a conduta negligente da FPF e de forma concomitante a reparação integral dos danos sofridos”, pode ler-se no comunicado divulgado pela SAD encarnada que, de acordo com algumas fontes, irá avançar com um processo cível contra a FPF e, na Suíça, com uma providência cautelar e recurso para o Tribunal do Arbitral do Desporto.
Clube da Luz acusa João Leal
O clube presidido por Luís Filipe Vieira enviou no início desta semana à FPF um “protesto veemente” devido às declarações que João Leal, assessor jurídico da federação, prestou em Nyon, aquando das audiências para decidir sobre o recurso do F.C. Porto à exclusão da Liga dos Campeões. Recorde-se que João Leal disse à UEFA ter dúvidas que a decisão da Comissão Disciplinar da Liga já tivesse transitado em julgado. Neste protesto, o Benfica acusa João Leal de actuação “dolosa” e de ter prestado “falsas declarações” e “informações dolosamente impregnadas de reserva mental”. “Toda a sua conduta foi adoptada com o intuito deliberado de induzir em erro de julgamento o Comité de Apelo da UEFA, o que se veio a verificar”, defendem os encarnados, acrescentando ainda que João Leal “confessou expressamente a sua ignorância sobre a matéria de facto sobre a qual ia depor e cujo conhecimento era obrigatório, atentas as qualidades em que interveio”. Paralelamente, João Correia, advogado do Benfica, afirmou que a “obviamente que a decisão (da Comissão Disciplinar da Liga) já tinha transitado em julgado”. Uma das provas que é apresentada pelas águias é, entre outras, o facto dos terem aceite tacitamente a decisão ao colocar no seu sítio de internet a classificação final da Liga Bwin em que o FC Porto surgir com os menos seis pontos de penalização. Seja como for, o emblema azul e branco tem-se mantido em silêncio desde que foi conhecida a decisão da UEFA e ainda não se manifestou relativamente à posição do Benfica.
Troca de acusações
Durante a presente semana, o Benfica e FPF tem trocado acusações. De acordo com o director de comunicação do emblema da águia, João Gabriel, “convém que a nossa selecção ganhe o título europeu, de forma a que a FPF passe a ter crédito para suportar a indemnização a que vai ser condenada”, numa clara alusão ao processo cível que o departamento jurídico encarnado está já a preparar. Ainda segundo este dirigente do conjunto lisboeta, “o Benfica recorre aos tribunais para ser reposta a verdade desportiva e reparação integral dos danos sofridos pela conduta negligente da FPF neste caso”, acusando ainda Gilberto Madaíl, presidente da federação que rege o futebol nacional. Como resposta, a FPF emitiu um comunicado a “repudiar veementemente as acusações de negligência ou qualquer outra forma de influência” na decisão da UEFA de admitir o F.C. Porto na próxima edição da Liga dos Campeões. “É incompreensível que se acuse a F.P.F. ou o seu presidente de terem influência na decisão agora tornada pública. É injusto e descabido fazer qualquer tipo de ligação com o alegado silêncio ensurdecedor do Dr. Gilberto Madaíl”, adianta o comunicado da FPF que, entretanto, acusou o Benfica de estar a desestabilizar a selecção nacional numa altura em que decorre o Euro 2008. Um comentário que irritou o Benfica que respondeu, mais uma vez, através de João Correia: “Nem Gilberto Madail, nem Amândio de Carvalho, integram o plantel da Selecção, nem o seu corpo técnico. Esta ideia – demagógica – de que a Federação vive num limbo a coberto da Selecção e de que não pode ser denunciada, nem atacada por ninguém, é de um disparate de todo o tamanho.” “Alguém da FPF devia explicar ao Dr. Madaíl que o presidente da Federação não serve apenas para acompanhar a selecção nacional, serve para garantir a transparência e a verdade desportiva do futebol português, coisa da qual, manifestamente, ele já se demitiu”, sublinhou o director de comunicação dos encarnados, sublinhando ainda “o arrojo que a FPF teve para reagir ao comunicado do Sport Lisboa e Benfica”, ao contrário do “silêncio total a que se remeteu há duas semanas depois das gravíssimas acusações de que foi alvo por parte do presidente do FC Porto”.|