Nas últimas semanas, Santana Lopes e Luís Filipe Menezes tiveram algumas divergências, o que foi aproveitado pelos cavaquistas para intervirem. Porém, esta semana, os dois homens fizeram declarações recíprocas de admiração e fidelidade, o que pode ter travado, para já, novas investidas dos adversários. Entretanto, caso o líder do PSD aceite a realização de directas antecipadas, antes das eleições legislativas de 2009, o SEMANÁRIO sabe que Ferreira Leite é o nome desejado pelos cavaquistas.
Nas últimas semanas, Santana Lopes e Luís Filipe Menezes tiveram algumas divergências, o que foi logo aproveitado pelos cavaquistas e barrosistas para intervirem. Porém, esta semana, ambos fizeram declarações recíprocas de admiração e fidelidade, o que pode ter travado, para já, novas investidas dos adversários desta direcção do PSD. Estas movimentações dos dois homens, fazendo prever um caminho e depois revelando-se outro, muito diferente, estão a deixar desconcertados, sabe o nosso jornal, muitos opositores de Menezes.
No fim-de-semana, em entrevista à TSF, Santana Lopes referiu que Menezes “tem sido irrepreensível” e que tem uma “relação exemplar” com o líder social-democrata.
Esta terça-feira, na SIC-Notícias, Luís Filipe Menezes correspondeu a esta declaração, de um modo semelhante, até com os mesmos termos. O líder laranja considerou que Santana “tem sido de uma lealdade irrepreensível, cumprindo “escrupulosamente” as decisões da direcção do partido, acrescentando que o líder parlamentar laranja “tem a minha confiança, a minha solidariedade, o meu respeito e o meu apoio. Tinha, tem e terá”. Saber se os dois homens têm sabido resistir a todas as pressões para se tornarem desavindos, conseguindo manter a unidade, ou se tudo não passa de uma encenação política de ambos, visando, precisamente, condicionar a accão política dos adversários, é a grande questão que se coloca. Levar os adversários a cometerem erros de avaliação, pode ser a principal motivação de Menezes e Santana. Refira-se que, nas últimas semanas, assistiu-se a um quase ambiente insurrecional no PSD, daqueles onde o partido tem sido fértil nos últimos anos e que parecem prenunciar movimentações com vista à mudança. Manuela Ferreira Leite multiplicou-se em declarações políticas, Paula Teixeira da Cruz criou o seu clube de reflexão, António Borges reapareceu mais uma vez, Nuno Morais Sarmento acordou da sua hibernação política, já esta semana, para criticar a proposta de Menezes de acabar com a publicidade na RTP 1 caso venha a ser primeiro-ministro. A possibilidade de existirem novas eleições directas no PSD, ainda antes das eleições legislativas de 2009, tornou-se o grande tema de discussão em vários sectores da oposição a Menezes, tendo como base o facto de, já com quatro meses de liderança, o actual líder laranja não ter revelado um programa e uma estratégia coerente para fazer uma oposição eficaz a José Sócrates. Nuno Morais Sarmento referiu, por exemplo, que Menezes não tem correspondido, sequer, como líder da oposição, quanto mais como candidato a primeiro-ministro. Recorde-se que este género de critícas foi o pão nosso de cada dia no tempo de Marques Mendes, inclusivé vindas de Menezes.
No caso de directas antecipadas, a importância de uma campanha junto das bases parece ser crucial. Foi, aliás, este um dos principais segredos da vitória de Menezes. Tendo presente esta realidade, alguns sectores menezistas não se têm cansado de acusar muitos dos críticos do actual líder de não representarem ninguém no partido, a não ser a si próprios, dando, assim, a entender, que teriam poucos votos caso fossem a directas. Porém, a perspectiva dos critícos é pouco sensível a este ataque. Entre os cavaquistas e os barrosistas há a noção de que as lógicas aparelhísticas podem de nada valer se, efectivamete, os militantes social-democratas perceberem que há uma real e forte hipótese de um nome credível e com uma política e estratégia coerente conduzir o PSD de regresso ao poder já nas legislativas de 2009, desfazendo uma meta com que Sócrates já conta. A verificar-se uma luta nestes termos, seria o confronto entre o apelo basista de Menezes e a jogada da cartada do poder, funcionando com uma das naturezas mais fortes do PSD, partido com vocação mais de governo do que de oposição.
Ferreira Leite podia ganhar a Sócrates
Caso o líder do PSD aceite a realização de directas antecipadas, antes das eleições legislativas de 2009 o SEMANÁRIO sabe que Ferreira Leite é o nome desejado pelos cavaquistas. De forma a que se diminuam os riscos e que a estratégia dê certo. Precisamente, combatendo áquela que pode ser a armadilha tecida por Santana e Menezes, levando os adversários a jogo quando já têm montado no terreno, nas distritais e concelhias, através das bases profundas, a cama em que se vão deitar. É aqui que surge o nome de Manuela Ferreira Leite. A ex-ministra das Finanças de Durão Barroso escreveu na semana passada, no “Expresso”, um pequeno artigo com grande fôlego político, começando por dizer que “governar não é um trabalho técnico que se esgota na produção legislativa e não transpõe as paredes do Conselho de Ministro”, numa alusão ao autismo do primeiro-ministro e às criticas de que é alvo de desfazamento da realidade do país, e terminando a dizer que de pouco vale a Sócrates remodelar o governo, diminuindo tensões, quando é o próprio primeiro-ministro que está na origem do problema. Os cavaquistas parecem estar convencidos que nenhum dos nomes que mais se têm agitado nos últimos meses para enfrentarem Menezes, casos de António Borges, Paula Teixeira da Cruz, Aguiar Branco ou mesmo Rui Rio, garante um sucesso fiável. Ferreira Leite tem a grande vantagem de ter mantido pontes com o menezismo e o santanismo, quer no Congresso pós-directas, quer em declarações equidistantes que fez, sempre com a preocupação do interesse do partido, quer, ainda recentemente, através da sua participação central nas últimas Jornadas Parlamentares do partido. Este estatuto de independência de Ferreira Leite poderia ter efeitos paralisantes na estratégia de Santana e Menezes. Por outro lado, segundo os cavaquistas, a ex-ministra teria fortes hipóteses de levar a melhor sobre Sócrates nas legislativas de 2009. Resta saber se Ferreira Leite está disponível para corresponder aos anseios dos opositores de Menezes e Santana.|