Paulo Portas quer voltar a ser o homem forte do PP a médio prazo, sabe o SEMANÁRIO. No entanto, o modo de alcançar este objectivo será tudo menos directo e linear. O ex-ministro da Defesa, que começa a 7 de Março o seu programa de comentário político na SIC, não vai dar a cara contra Ribeiro e Castro, devendo ser António Pires de Lima ou Luís Nobre Guedes a fazê-lo no próximo Congresso do partido. O ex-ministro da Defesa só entraria em cena perto das eleições legislativas de 2009. O plano tem, no entanto, um ponto fraco. Pires de Lima e Luís Nobre Guedes sempre rivalizaram pela amizade com Portas e o ex-ministro da Defesa tem de optar por um em desfavor do outro. Entretanto, Maria José Nogueira Pinto, pode estar já a apostar na divisão no reino de Portas.
Paulo Portas quer voltar a ser o homem forte do PP a médio prazo, sabe o SEMANÁRIO. No entanto, o modo de alcançar este objectivo será tudo menos directo e linear. O ex-ministro da Defesa, que começa a 7 de Março o seu programa de comentário político na SIC, não vai dar a cara contra Ribeiro e Castro, devendo ser António Pires de Lima ou Luís Nobre Guedes a fazê-lo no próximo Congresso do partido. O ex-ministro da Defesa só entraria em cena perto das eleições legislativas de 2009. Os contornos do regresso de Portas estão ainda por definir. Já com Pires de Lima ou Nobre Guedes na liderança, o partido poderia entrar numa dinâmica de grande abertura à sociedade civil, visando a refundação da direita, com um discurso novo, de “causas”. Com a constituição de um governo-sombra aberto aos mais competentes e que comunguem da ideia para Portugal defendida pelo PP. Portas, que entretanto se abre aos portugueses na SIC (rivalizando com o Marcelo Rebelo de Sousa) pode ser, no quadro desta estratégia, a cereja em cima do bolo. Talvez como candidato a primeiro-ministro apresentado pelo PP.
O plano tem, no entanto, um ponto fraco. Pires de Lima e Luís Nobre Guedes sempre rivalizaram pela amizade com Portas e o ex-ministro da Defesa tem de optar por um em desfavor do outro. Ainda por cima, o que torna mais difíceis as coisas, tanto Pires de Lima como Luís Nobre Guedes estão convencidos que podem desempenhar bem o lugar. Nobre Guedes foi essencial na ascensão de Portas à liderança do PP, sucedendo a Manuel Monteiro, e tem estado ao lado do ex-ministro da Defesa nos momentos mais difíceis da sua vida. António Pires de Lima é um “portista” mais recente (apesar de ser amigo de Portas há muito tempo). É, no entanto, esta “juventude” política o seu melhor trunfo. Quando Portas abandonou a liderança do PP, Pires de Lima ensaiou, aliás, a sua candidatura à chefia do partido. Hoje, sabe-se, que com vista a posicionar-se para o futuro. Em termos de imagem política, Pires de Lima também parece mais “fresco” que Nobre Guedes, há meses atormentado com o caso “Portucale”.
De qualquer forma, de uma ou outra maneira, parece estar definido que se vai fazer a guerra a Ribeiro e Castro. Nos últimos meses, foi sempre evidente a tensão entre a nova direcção e o grupo parlamentar do PP, onde têm assento todos os portistas. Numa entrevista recente, Ribeiro e Castro não conseguiu controlar o que lhe vai na alma e desabafou que os tempos têm sido difíceis. Aliás, há sinais de que o líder do PP poderia teria vontade de desculpar muitas faltas de consideração e fazer a paz com os deputados “portistas”. No entanto, do lado de Portas, a palavra de ordem é ignorar os cantos de sereia, não dando tréguas a Ribeiro e Castro no próximo Congressso popular. Uma reunião magna que Ribeiro e Castro quer adiar o mais possível, de modo a poder preparar-se para todas as eventualidades.
Entretanto, quem está também no terreno de confronto, é Maria José Nogueira Pinto. A hoje vereadora da Câmara Municipal de Lisboa tem uma posição modesta que num partido como o PP vale ouro. De facto, um dos grandes problemas actuais do partido é estar totalmente fora do aparelho de Estado central e autárquico. Nogueira Pinto tem mantido pontes com toda a gente no partido, dando uma no cravo e outra na ferradura. Ora pisca o olho a Ribeiro e Castro e à sua direcção, iludindo-os, ora pisca o olho a Portas e aos portistas. No fim, não se compromete com ninguém. Hoje, a vereadora na capital aguarda serenamente a evolução do confronto entre Ribeiro e Castro e os portistas e, no seio destes últimos, está atenta a melindres que possam dividir a “casa” entre Pires de Lima e Nobre Guedes. Ou seja, Nogueira Pinto parece atenta à necessidade de uma terceira via para o PP, que não seria nem a de Ribeiro e Castro nem a de Portas.