2025/07/03

Iraque nega ligações a grupos terroristas

O ministério dos Negócios Estrangeiros iraquiano rejeitou, hoje, qualquer ligação com a Al-Qaeda, e com a organização Ansar al-Islam, que Colin Powell acusou de ter conexões com Bagdad.

O Iraque rejeitou, hoje, as acusações que o secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, fez na quarta-feira no Conselho de Segurança, indiciando ligações entre o regime de Bagdad e um grupo terrorista, chamado Ansar al-Islam, com conexões a rede Al- Qaeda de Osama bin Laden.

A organização referida por Powell é supostamente chefiada por Abu Musab al-Zarqawi, alegadamente o responsável pela morte de um diplomata americano na Jordânia no ano passado.

“Nós não conhecemos Abu al-Zarqawi, não sabemos do seu paradeiro, e continuamos a cooperar com as autoridades da jordanas para pôr um término às actividades desta organização no Iraque”, disse numa conferência de imprensa, Saeed al-Mousawi, um oficial iraquiano do ministério dos Negócios Estrangeiros.

Este acrescentou ainda que a organização Ansar al-Islam ocupa uma pequena bolsa de terreno no nordeste do Iraque, fora do controlo do Governo de Bagdad.
Mousawi aproveitou a ocasião para dizer que o Iraque não tem ligações à Al-Qaeda, e que a presença da Ansar al-Islam em território iraquiano se deve à situação anormal criada pelos Estados Unidos e Reino Unido.

Powell apresenta provas

O secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, apresentou no Conselho de Segurança das Nações Unidas as tão esperadas provas de violação do regime iraquiano à resolução 1441. Conversas telefónicas e imagens aéreas foram as provas reveladas.

O secretário de Estado, Colin Powell, apresentou no Conselho de Segurança das Nações Unidas, há minutos, as tão esperadas provas contra o Iraque. Powell voltou a criticar o regime de Bagdad pelas constantes violações da resolução 1441, apresentando uma serie de gravações, nas quais se podiam ouvir conversas entre oficiais de alta patente do quartel-general iraquiano com vários funcionários, presentes em complexos que seriam alvos de inspecções.

Esta conversas teriam como objectivo erradicar todas as provas que pudessem incriminar o regime de Saddam Hussein, quando os inspectores da ONU se fizessem deslocar àqueles locais. Nesta perspectiva, Powell não tem dúvidas ao afirmar que Bagdad está a condicionar e a prejudicar os trabalhos dos técnicos da UNMOVIC, fazendo exactamente o oposto do que está previsto na resolução 1441.

O secretário de Estado norte-americano disse ainda que existem vários complexos suspeitos de terem armas químicas, tendo mostrado algumas fotografias aéreas, alegadamente deste tipo de local, sendo que num deles (Taji) foram encontradas há umas semanas algumas ogivas vazias. De acordo com as imagens reveladas e com a interpretação de Powell, constatou-se uma actividade anormal dias antes dos inspectores se terem deslocado ao complexo de Taji. De acordo com Washington, terão sido camiões a retirar substâncias proibidas. Powell disse que este procedimento foi repetido pelo menos em 30 locais diferentes.

Chirac e Blair “de acordo” quanto ao Iraque

Apesar das divergências quanto à questão do Iraque, Chirac e Blair declararam concordar inteiramente quanto à necessidade de desarmar aquele país, através das Nações Unidas.

O Presidente francês, Jacques Chirac, disse, na terça-feira, que, apesar de existirem algumas divergências com a posição britânica quanto à questão do Iraque, concorda com o primeiro-ministro britânico Tony Blair no que respeita à necessidade daquele país ser desarmado através do Conselho de Segurança da ONU.

“No que respeita ao Iraque, temos diferentes abordagens mas, antes de mais e sobretudo, temos duas convicções que são fundamentais e partilhadas: a primeira é que temos de desarmar o Iraque, e a segunda é que isto tem de ser levado a cabo através do conselho de Segurança das Nações Unidas. Quanto a isso, estamos inteiramente de acordo”, afirmou Chirac.
O Reino Unido e a França acordaram, também, num plano para pressionar a União Europeia a adoptar políticas de defesa e segurança comuns.

Numa cimeira em Le Touquet, dominada pelo Iraque, Tony Blair e Jacques Chirac apoiaram fortemente o desenvolvimento da há muito discutida Força de Reacção Rápida.

Também concordaram em partilhar equipamento militar, como aero-cargueiros, destinado a missões humanitárias ou de manutenção de paz. “A França e o Reino Unido concordam que esta é a altura para a União Europeia aceitar novas responsabilidades no âmbito da gestão de crise”, disseram numa declaração conjunta. Blair e Chirac declararam, ainda, o seu apoio à iminente tomada do controlo das operações da NATO na Macedónia por tropas da União e revelaram que apresentarão propostas conjuntas para o destacamento de mais forças europeias para a Bósnia, na cimeira de ministros de negócios estrangeiros da União, no próximo mês. Finalmente, os líderes apelaram aos parceiros europeus que aumentem a sua despesa na defesa.

Jospin não se recandidata

Lionel Jospin anunciou que não voltará ao cenário político francês, mas advertiu que continuará a ser útil ao país através da crítica.

Lionel Jospin, ex-primeiro ministro francês, batido na eleição presidencial de Abril passado, quebrou nove meses de silêncio e revelou que não liderará os socialistas na próxima corrida legislativa. Num artigo publicado no Le Monde, Jospin afirma que não pretende voltar à vida política activa, mas que quer ser útil aos franceses, através das suas críticas. As primeiras dirigiram-se para a actual coligação de Governo e para o antigo parceiro político Jean-Pierre Chevènement, que acusa de ter fragmentado o voto de esquerda de tal forma que permitiu a Jean-Marie le Pen passar à segunda volta. A saída imediata de Jospin da política a seguir à derrota nas presidenciais deixou a esquerda sem liderança ou orientação. A presença de Jospin numa festa do partido, em Dezembro, reanimou as esperanças de um regresso, mas o artigo veio deitá-las por terra.

União Europeia inicia negociações com Albânia

A UE encetou negociações com a Albânia no sentido de uma futura integração. Neste momento, a parceria entre as duas rege-se por um Acordo de Estabilização e Associação.

A União Europeia iniciou, na quinta feira, negociações com a Albânia, um dos países mais pobres da Europa, em vista de uma possível entrada para o bloco dos Quinze. As conversações sobre o Acordo de Estabilização e Associação são prova do reconhecimento de uma relativa estabilidade política neste país ex-comunista. Aliás, o ano passado, os líderes políticos albaneses decidiram por de lado as suas profundas divergências e levar a cabo reformas essenciais.
O acordo prevê o estabelecimento de comércio livre entre a Albânia e a União Europeia e o reforço da cooperação regional, sobretudo no âmbito do combate ao crime e ao tráfico de pessoas. Apesar do início das negociações, ainda demorará anos até que Albânia seja membro da UE. Os próximos países a integrar a família europeia fá-lo-ão em 2004, e depois em 2007.