2023/06/01

“Sharon explorará conflito no Iraque para guerra contra Palestina”

O chefe negociador palestiniano, Sa’eb Erekat, mostra-se bastante preocupado com o impacto que a guerra no Iraque terá no Médio Oriente. Durante uma entrevista telefónica, em exclusivo ao SEMANÁRIO, o ministro palestiniano revela que “Sharon explorará o conflito no Iraque para uma escalada de guerra contra a Palestina” e, por isso, apela à comunidade internacional para travar os ímpetos belicistas do primeiro-ministro israelita.

Na sua opinião, como reagirá o povo palestiniano a uma ofensiva militar norte-americana no Iraque?

Nós somos contra a guerra. A guerra não deveria ser uma opção e eu acredito que esta disputa deveria ser resolvida por meios pacíficos. Além disso, estamos preocupados com o impacto que a guerra terá em nós, porque ao mesmo tempo que o mundo está focado no Iraque, as atrocidades vão-se sucedendo nos territórios ocupados.

Os palestinianos vão sendo mortos – como sucedeu ainda ontem (segunda-feira), com a morte de onze civis -, diariamente e a todas as horas são demolidas casas, confiscam-se terrenos, constroem-se colonatos, as forças de segurança israelitas fazem incursões, ataques, assassinatos. Por isso, estamos mesmo preocupados que com o início da guerra, e com as atenções do mundo viradas para o Iraque, que Sharon reocupe Gaza e destrua a Autoridade Palestiniana (AP), e por fim ocupe os territórios autónomos.

Como vê esta crise numa perspectiva palestiniana?

Uma guerra não é opção. A nossa região precisa de paz. Precisa da brisa da paz e não do vento da guerra. Precisamos de ensinar ao Médio Oriente como resolver disputas através de meios pacíficos a da diplomacia.


Pensa, assim, que esta guerra trará consequências nefastas para o povo palestiniano?

Eu espero que Sharon não se aproveite se da situação para uma escalada de guerra contra nós, e a comunidade internacional terá que assegurar que não permitirá a Sharon tirar proveito do conflito no Iraque.


Então na sua opinião, acha que Sharon irá aproveitar-se negativamente da crise iraquiana para atacar os palestinianos e as suas instituições?

Na minha opinião, acho que este Governo irá explorar o conflito no Iraque para uma escalada de guerra contra a Palestina.


O mundo deverá então tomar medidas para travar os ímpetos de Sharon?

Absolutamente. Apelamos aos americanos, apelamos aos europeus, apelamos à comunidade internacional para impedir que Israel explore a situação, para não fazer mais guerra aos palestinianos.


O que pensa sobre o anúncio feito por George W. Bush e Tony Blair sobre uma hipotética divulgação e implementação do “mapa da paz”?

Achamos bem, mas queremos que passem das palavras à acção. Queremos ver o “mapa da paz” implementado, queremos que Bush e Blair assumam aquilo que disseram. Acolhemos bem o que disseram e esperamos que transfiram aquilo que afirmaram para uma política realista para ser aplicada no terreno.


Mas acredita que Bush fará os esforços necessário para implementar este “mapa da paz”?

Vamos responsabilizá-lo por aquilo que ele disse, e o mundo devia fazer o mesmo, chamá-lo à responsabilidade para implementar o “mapa da paz”.


Acredita que a criação da figura do primeiro-ministro palestiniano e a nomeação de Mahmoud Abbas para ocupar o referido cargo poderá ser uma mais valia para o processo negocial?

Haverá um forte e credível primeiro-ministro da AP. Hoje (terça-feira) finalizámos o processo da sua nomeação. O Presidente Arafat assinou e ratificou a lei constitucional que define os poderes do novo cargo, e esperamos que o primeiro-ministro consiga relançar o processo de paz.

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