2025/06/25

Artur Santos Silva descarta fusões na banca nacional

Não é provável que o mercado bancário português venha a ser alvo de um processo de consolidação importante em 2003, disse Artur Santos Silva, presidente do Banco BPI.

Acrescentou, durante a conferência de imprensa de apresentação de resultados do BPI, que a instituição não é vulnerável a uma oferta, nem sequer vê algum interesse em avançar para um processo de consolidação.

“Não acho provavel que haja consolidação consideravel durante 2003”, disse Artur Santos Silva, realçando que “estamos muito entusiasmados com o sucesso do nosso projecto”, refere a agência a Reuters.

“Da nossa parte não vejo que haja condições ou interesse para avançar com um projecto desses (consolidação)”, concluiu Santos Silva.

O Semanário Económico revelava, na edição da passada sexta-feira, que o Santander, através do Totta, estava a estudar a aquisição do BPI. O SEMANÀRIO, em Dezembro, também já tinha avançado com este estudo.

Esta informação foi desmentida pelo Totta que disse ter apenas uma participação financeira no BPI, mas isso não impediu uma forte valorização do título, com os operadores a considerarem que se trata de uma instituição ‘opável’.

Artur Santos Silva referiu que o Itaú e a La Caixa detêm cerca de 15 por cento cada, enquanto a Allianz controla cerca de nove por cento, detendo três outros accionsitas, que estão presentes no conselho de administração do banco e que também estão ligados a um acordo de preferência, cerca de 7,5 por cento em conjunto.

O Totta controla 8,5 por cento, excluindo os cerca de 3,6 por cento do acordo de reporte feito com a Sonae.

Mota-Engil funde empresas e cria maior portuguesa na construção

A Mota-Engil decidiu proceder à fusão das suas empresas da área de construção — Mota & Companhia, Engil e Mota-Engil Internacional — que controlava a 100 por cento, dando origem à Mota-Engil Engenharia e Construções, a maior empresa portuguesa de construção.

Esta sub-holding deterá também as participações de outras participadas do sector da construção, integrando, juntamente com a Mota-Engil Concessões de Transportes, Mota-Engil Imobiliário e Turismo e Mota-Engil Ambiente e Serviços, o Grupo Mota-Engil.

“A sociedade resultante da fusão será, pela agregação dos volumes de negócios da Mota & Companhia, da Engil e da Mota-Engil Internacional, a maior construtora nacional, e com uma importante parcela desses negócios realizada em mercados externos em virtude da integração da última daquelas empresas e das suas subsidiárias e associadas”, revelou a Mota-Engil, citada pela Reuters.

Esta fusão vai permitir, segundo a Mota-Engil, “incrementar consideravelmente as economias de escala que já vinham sendo de algum modo obtidas, mas também gerar substanciais economias estruturais e operacionais, quer directas quer através do poderoso aumento de sinergias a que conduzirá no seio do grupo”.

UE quer avançar negociações agrícolas com OMC

Os Estados-Membros apoiaram unanimemente, no Conselho “Assuntos Gerais”, esta semana, as propostas da Comissão relativas às negociações agrícolas no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Nesta matéria, as reduções das ajudas às grandes explorações europeias vão ser apreciáveis, propondo Bruxelas a dissociação entre a ajuda e a produção, ou seja, a existência de “um pagamento agrícola único” independentemente da produção, a partir de 2004, baseado nas ajudas recebidas entre 2000 e 2002.

A proposta de reforma da Política Agrícola Comum (PAC) delíneada pela Comissão Europeia começa a assumir-se como penalizadora para o sector agrícola português. Efectivamente, a primeira versão do documento, datada de Julho de 2002, contemplava Portugal com um balanço positivo de 150 milhões de euros por ano. Agora, tudo indica que vai ser registado um prejuízo na ordem dos 65 milhões de euros anualmente.

Já o documento a apresentar à OMC, conforme o que o SEMANÁRIO apurou, fixa a necessidade de aplicar um tratamento especial aos países em desenvolvimento, designadamente aqueles com uma economia alegadamente frágil e assegura que sejam tomadas em consideração as preocupações no domínio do ambiente, do desenvolvimento rural e do bem-estar dos animais.

Os elementos mais importantes das propostas da UE são a redução dos direitos de importação em 36 por cento, a redução drástica dos subsídios à exportação em 45 por cento e a redução em 55 por cento do apoio interno ao sector agrícola gerador de distorções comerciais, desde que os custos sejam equitativamente repartidos, em particular pelos países desenvolvidos.

A proposta inclui acções específicas para que os países em desenvolvimento possam beneficiar de melhores condições, ao mesmo tempo que reitera a importância dos aspectos de natureza não comercial, tais como o ambiente, o desenvolvimento rural e o bem-estar dos animais.

Franz Fischler, Membro da Comissão responsável pela Agricultura, congratulou-se com estes progressos, declarando em comunicado que a “União Europeia está determinada a fazer progredir o processo de Doha, tendo apresentado uma proposta que permite uma repartição equitativa dos custos e contém acções específicas destinadas a oferecer aos países em desenvolvimento possibilidades reais”.

Pascal Lamy, Membro da Comissão responsável pelo Comércio, acrescentou que “a proposta constitui uma resposta clara e assertiva aos que põem em dúvida o real empenhamento da União Europeia em negociar sobre a agricultura no âmbito da Agenda do Desenvolvimento de Doha. Espero que os debates em Genebra sejam construtivos, por forma a poder respeitar o prazo de 31 de Março e a tomar iniciativas decisivas que permitam concluir com sucesso a agenda para o desenvolvimento de Doha até ao final de 2004.”

Proposta sobre agricultura no âmbito da OMC

– Abertura dos mercados às importações de produtos agrícolas, através da redução drástica dos direitos em 36 por cento. A União Europeia é já o principal importador mundial de produtos agrícolas (60 mil milhões de dólares em 2001), o principal importador, a nível mundial, de produtos alimentares dos países em desenvolvimento (38 mil milhões de dólares em 2001) e
o principal importador de produtos provenientes dos países mais pobres.

– Redução de todas as formas de subsídios à exportação em 45 por cento.

Propõe uma redução média substancial do volume dos subsídios à exportação e um corte médio de 45 por cento do nível das despesas orçamentais, desde que todas as formas de subsídios à exportação sejam tratados em pé de igualdade. Além disso, a UE está disposta a eliminar progressivamente os subsídios à exportação para determinados produtos, sob condição de os outros Membros da OMC não concederem relativamente a esses produtos outras formas de subsídios à exportação, nomeadamente créditos à exportação e pagamentos compensatórios.

– Nova redução de 55 por cento do apoio interno ao sector agrícola causador de distorção comercial
Propõe esta redução da Medida Global do Apoio (MGA), a iniciar a partir do nível dos compromissos assumidos na última ronda de negociações. Para permitir progressos rápidos nos prazos acordados, a actual definição de apoio interno e o método de redução do Uruguay Round devem ser mantidos, já que garantem que todos os Membros sejam submetidos a disciplinas efectivas.

– Um regime especial para os países em desenvolvimento contempla um direito nulo para, no mínimo, 50 por cento das importações agrícolas nos países desenvolvidos provenientes de países em desenvolvimento. Bruxelas propões, também, o acesso com isenção de direitos e de contingentes pautais para todas as importações nos países desenvolvidos e nos países em desenvolvimento mais avançados de produtos provenientes de países menos desenvolvidos, assim como uma redução substancial da progressão dos direitos aplicáveis aos produtos de interesse especial para os países em desenvolvimento, mediante redução do nível de protecção pautal (direitos ad valorem e direitos específicos).

Quanto às taxas de redução mais baixas e um período de execução mais longo. A UE propõe que os novos compromissos sejam executados ao longo de um período de seis anos no caso dos países desenvolvidos e de dez anos no caso dos países em desenvolvimento, a começar em 2006.

Eliminar lacunas para proporcionar um tratamento equitativo a todos os países desenvolvidos
ao abrigo da denominada cláusula “de minimis”, a EU considera que os subsídios à agricultura dos países desenvolvidos inferiores a 5 por cento do valor de produção não têm efeitos de distorção do comércio; esses subsídios não são incluídos no cálculo do montante total do apoio autorizado pelas regras da OMC (total da medida média do apoio actual).

A Comissão propõe que os novos compromissos sejam cumpridos ao longo de seis anos no que respeita aos países desenvolvidos e dez anos no que se refere aos países em desenvolvimento, a partir de 2006.

As negociações relativas à agricultura no âmbito da OMC iniciaram-se no princípio de 2000 a título do artigo 20º do Acordo sobre a Agricultura, tendo sido objecto de orientações claras definidas na Declaração Ministerial de Doha de Novembro de 2001. Desde então, os Membros apresentaram um grande número de propostas de negociação que permitiram uma melhor compreensão das várias posições quanto ao processo de reforma multilateral.

A fase actual deve terminar em 31 de Março de 2003, o que corresponde ao prazo fixado em Doha para o estabelecimento da metodologia (ou seja, das regras) a seguir durante as negociações.

O presidente da sessão especial do Comité da Agricultura deve preparar um projecto de documento a distribuir antes da sessão especial de 25-31 de Março. O documento deve incluir propostas relativas às partes do Acordo sobre a Agricultura a alterar, assim como as orientações que devem conduzir aos novos compromissos.

UE prepara segurança aduaneira com EUA

A Comissão propôs ao Conselho de Ministros da União Europeia a adopção dum mandato que a autorize a iniciar negociações com os Estados Unidos, em nome da UE, com vista a introduzir a fiscalização aduaneira de mercadorias realizada segundo modalidades aceites pelas duas partes.

A fiscalização incidiria predominantemente nas mercadorias transportadas em contentores, a fim de enfrentar a ameaça de ataques terroristas.

Esta proposta insere-se no âmbito das actividades empreendidas pelos Estados Unidos após os ataques de 11 de Setembro de 2001 e visa instituir uma cooperação com as autoridades americanas para que haja, na fiscalização aduaneira habitual, controlos de segurança das mercadorias antes da sua saída do território.

A Comissão apoia inteiramente a vontade americana de reforçar a segurança e considera que a cooperação com os Estados Unidos ao nível comunitário é a melhor forma de alcançar este objectivo. Além disso, esta abordagem comunitária permite evitar os riscos de tratamento diferenciado dos Estados membros e de distorção das trocas comerciais na União Europeia.

Outro objectivo da negociação consiste em assegurar que estes acordos de reforço da segurança não entravem as trocas comerciais transatlânticas legitimas e que sejam uniformes as normas em matéria de fiscalização para os operadores americanos e comunitários. As negociações com os Estados membros da UE com vista à adopção do mandato de negociação irão começar o mais tardar no início do mês de Fevereiro.

Estimativa para a Balança Comercial comunitária

Segundo o Eurostat, a primeira estimativa para a balança comercial da zona euro com o resto do mundo, em Novembro de 2002, aponta para um excedente de 9 900 milhões de euros, contra +6 400 milhões em Novembro de 2001.

A balança comercial revista para Outubro de 2002 foi de mais 9 400 milhões de euros, contra mais 10 100 milhões em Outubro de 2001. Nos primeiros onze meses de 2002, a balança comercial da zona euro registou um excedente recorde de 95 200 milhões de euros, contra +40 700 milhões em 2001.

A primeira estimativa para a balança comercial da UE (15 Estados membros) em Novembro de 2002 aponta para 800 milhões de euros, contra um défice de 400 milhões de euros em Novembro de 2001.