2023/06/01

Euro sobe com possível acção da Alemanha

A moeda única esteve esta semana em alta pela primeira vez em quatro sessões, devido à especulação de que a Alemanha vai agir para reduzir a turbulência financeira na Europa.
O governo da chanceler alemã, Angela Merkel, está a dar sinais finalmente que vai intervir para ajudar a reduzir a turbulência financeira na Europa.

Alemães vão apoiar economias de Leste e o euro

A moeda única esteve esta semana em alta pela primeira vez em quatro sessões, devido à especulação de que a Alemanha vai agir para reduzir a turbulência financeira na Europa.
O governo da chanceler alemã, Angela Merkel, está a dar sinais finalmente que vai intervir para ajudar a reduzir a turbulência financeira na Europa.
Já na quarta-feira o ministro das Finanças alemão, Peer Steinbrück, disse que a Alemanha vai “mostrar a sua capacidade de agir”, no âmbito das dificuldades financeiras sentidas por alguns países da Zona Euro.
“Os países da Zona Euro começaram a reconhecer a importância do sistema financeiro e estão a tomar medidas para lidar com a situação de modo apropriado”, disse um perito do Societe Generale Asset Management à Bloomberg.
Os problemas da falta de financiamento das dívidas de países como a Grécia colocaram em tensão a moeda europeia e a própria credibilidade da Europa política, mas foi depois da ameaça do colapso das economias de leste, a quinta alemã, que Berlim se sentiu pressionada a agir.

Obrigações europeias

A ideia de lançar um pacote de obrigações europeias, mesmo com um prémio elevado para socorrer estas situações, está em cima da mesa, para além da última possibilidade, descartada pelos alemães, do BCE poder avançar para a emissão de moeda.
Quando se fala de obrigações europeias frequentemente referem-se coisas distintas: emitir títulos para financiar projectos de investimento e criar mecanismos de gestão integrada da dívida pública na Zona Euro. Ambas as discussões têm raízes no passado. A actual crise poderá dar “fôlego” às duas.
A ideia de emitir obrigações em larga escala, secundadas pelo Orçamento da UE, marcou o debate nos anos 90, quando o presidente da Comissão, Jacques Delors, propôs no seu “Livro Branco” a construção de infra-estruturas pan-continentais.
A Europa estava, também então, em recessão, mas igualmente em contagem decrescente para a moeda única. E esta estratégia permitia relançar as economias sem comprometer o processo de ajustamento orçamental exigido a cada um dos países para a entrada no euro. A proposta nunca saiu da gaveta, devido à oposição da Alemanha (recentemente reunificada), que receava um aumento da sua “factura” europeia.
As obrigações europeias regressaram agora ao discurso político. Há quem as entenda como foram apresentadas por Delors. Mas há uma corrente cada vez mais forte a defender que têm de ser dados passos concretos para integrar o mercado da dívida pública da Zona Euro.

Banco Mundial defende acção coordenada europeia

No “Financial Times”, de quarta-feira, Robert Zoellick, presidente do Banco Mundial, colocava o dedo na ferida, afirmando que a Europa tinha de ter uma acção concertada para fazer face ao colapso das economias de Leste. O modelo seguido o ano passado para intervir na crise húngara pode ser repetido agora para o Leste, sem que isso signifique necessariamente esquecer o euro, conforme anteviram quarta-feira os mercados.
A Alemanha levou tempo a perceber que o euro estava ameaçado, mas está a ser rápida na percepção das dificuldades no leste.
Para salvar os bancos dos países de leste são necessários apenas 300 mil milhões de euros e provavelmente mais 150 mil milhões para apoio às balanças de pagamentos dos países, valores perfeitamente ao alcance dos alemães. A coordenação entre a Europa e os organismos multilaterais, como o BM e o FMI, pode ser a solução imediata para fazer face a uma crise desencadeada pela falta de crédito nos países de leste, por causa da saída dos bancos da Europa mais rica.

Ministro das Finanças alemão admite possibilidade de socorrer outros países da Zona Euro

O grande sinal veio de Berlim. As coisas estão a mudar e provavelmente a crise pode levar a uma maior coesão europeia. O ministro das Finanças alemão, Peer Steinbrueck, afirmou mesmo, abrindo o jogo, que alguns países da Zona Euro podem ser forçados a socorrer outros Estados-membros da região que estão com problemas em financiar a sua dívida.
“Alguns países estão a começar a ter dificuldades com os seus pagamentos”, alertou Peer Steinbrueck. “Os tratados da Zona Euro não prevêem nenhuma ajuda para países insolventes mas, na realidade, os outros Estados devem socorrer os que estão em dificuldade”, defendeu o responsável da pasta das Finanças da Alemanha.
Peer Steinbrueck recusou-se a nomear os países que estão com em dificuldades, mas adiantou que a Irlanda está “numa situação muito difícil”.

JuergeN Michels, economista do Citigroup, considera muito pouco provável que seja a Alemanha a ajudar os Estados-membros em dificuldades. “A opção mais provável é que o Banco Europeu de Investimento ou outra organização internacional comece a ajudar esses países, através da compra de obrigações públicas ou de ajuda directa”, refere o economista.

Portugal pode ser atingido

A queda das moedas das principais economias do Leste Europeu acentuou-se, ameaçando estes países com uma espiral semelhante à vivida pela Islândia, mas com um efeito potencial de contágio muito maior para a Zona Euro, incluindo Portugal.
O forint húngaro caiu 2,2 por cento face ao euro e registou um novo mínimo histórico. O zloty, a divisa polaca, caiu para um novo mínimo de cinco anos face ao euro, acumulando já uma perda de 36,8 por cento durante os últimos doze meses. E a coroa checa perdeu 2,2 por cento do seu valor para o euro, ficando no mínimo dos últimos cinco anos.
As divisas destes países do Leste europeu parecem cada vez mais frágeis, penalizadas pelo forte abrandamento das economias, o desequilíbrio externo acumulado ao longo dos anos, o elevado nível de endividamento dos agentes económicos em moeda estrangeira e a incapacidade dos respectivos governos para, sozinhos, enfrentarem estas pressões dos mercados. Um cenário que, embora de forma menos grave, faz recordar a espiral de depreciação da divisa em que entrou a Islândia em Setembro do ano passado.
Como afirmava quarta-feira na edição online do “Financial Times” uma analista do Commerzbank, “a capacidade dos bancos, empresas e particulares para fazer face aos empréstimos contraídos deteriora-se a cada depreciação das moedas, o que, por sua vez, reduz ainda mais a confiança nas divisas do Leste europeu”.

Zona Euro penalizada

Para os países da Zona Euro, a ocorrência de um colapso de uma divisa do Leste da Europa traria consequências muito mais graves do que as do caso islandês. Isto porque os bancos da Zona Euro entraram de forma agressiva nestes mercados durante os últimos anos. São elevados os montantes dos empréstimos concedidos em euros a húngaros, polacos e checos e que, a cada depreciação das divisas, ficam mais difíceis de amortizar.
Esta semana, a agência de notação financeira Moody’s alertou para a possibilidade de redução dos ratings atribuídos aos bancos da Zona Euro com uma presença forte nos mercados do Leste europeu. Estão em causa activos que ascendem a mais de 1000 milhões de euros. A Áustria é, de longe, o país mais exposto, já que, segundo a Moody’s, metade do seu negócio se realiza nos países do Leste europeu. Mas Portugal também não escapa aos efeitos de contágio, com destaque para a forte presença na Polónia da Jerónimo Martins e do BCP.
Recorde-se que esta ameaça já levou o Banco Central Europeu, no final de 2008, a dar uma ajuda à Hungria, quando o país passou por uma primeira ameaça de colapso da sua divisa. Agora, torna-se cada vez mais provável uma nova intervenção deste género.

“Spread” nacional no máximo

Se, nos países do Leste europeu, as pressões dos mercados se fazem sentir por via da depreciação das divisas, dentro dos países da Zona Euro os problemas surgem através da subida do custo da dívida pública.
Esta semana, os países em que o risco de incumprimento do Estado no pagamento da dívida pública é considerado maior – Grécia, Irlanda, Portugal, Itália e Espanha – viram o diferencial dos juros das suas obrigações subir de forma acentuada face à Alemanha.
No caso português, a diferença das emissões a 10 anos chegou aos 174,9 pontos base, constituindo novo máximo desde que o euro foi lançado.
É neste cenário que têm vindo a aumentar os apelos para a criação de uma emissão de obrigações pan-europeias, que permitissem a todos os países financiar-se no mercado ao mesmo preço. O problema é que, como assinalou ontem um analista da Standard & Poor’s, o risco atribuído a uma emissão desse tipo seria igual ao do país actualmente com o risco mais elevado. Ou seja, a Alemanha poderia ter de aceitar endividar-se a uma taxa semelhante à hoje suportada pela Grécia. Todas estas pressões, em conjunto com os riscos de contágio do Leste europeu, constituem uma ameaça à união monetária europeia e colocaram ontem o euro no seu valor mais baixo dos últimos três meses face ao dólar.
Mas este tipo de problemas é um exclusivo da Europa. Nos EUA, o estado da Califórnia, que se fosse um país teria a oitava maior economia do mundo, está cada vez mais sob a ameaça de um default na sua dívida. O governador Arnold Schwarzenegger já avisou que se o aumento de impostos que propõe não for aprovado terá de parar centenas de obras públicas e despedir milhares de funcionários.

UE encaminha processo contra países com alto défice orçamentário

Após avaliar programas de estabilidade de 17 países membros da UE, a Comissão Europeia encaminha processos contra seis por causa de défice orçamentário excessivo.
Nesta quarta-feira (18/02), a Comissão Europeia avaliou a política orçamentária de 17 países membros. Apesar da crise económica e financeira, a Comissão não pretende deixar de controlar o novo endividamento dos Estados-membros, limitado a 3% do Produto Interno Bruto (PIB) pelo Pacto de Estabilidade do euro.
Sobretudo quatro países estavam na mira da Comissão Europeia: França, Espanha, Irlanda e Grécia. No ano passado, o défice orçamentário das quatro nações já ultrapassou a taxa máxima permitida pelo Tratado de Maastricht. No ano corrente, o novo endividamento de tais países deverá ser ainda maior.
Por esse motivo, o espanhol Joaquín Almunia, comissário europeu de Assuntos Económicos e Monetários, encaminhou nesta quarta-feira processo por défice excessivo contra esses quatro países, além de Malta e Letónia. No final do processo, o Conselho de Ministros das Finanças da UE poderá aplicar multas de 0,2% a 0,5% do PIB aos infractores do Pacto de Estabilidade.

Saneamento das finanças estatais

As regras do Pacto de Estabilidade assinado pelos 27 países membros da UE são, em princípio, simples. Se um país ultrapassar por dois anos consecutivos o limite de novo endividamento, terá problemas com Bruxelas. Neste caso, a Comissão Europeia poderá processá-los e impor multas bilionárias. Para isso, no entanto, é necessária uma maioria de dois terços no Conselho de Ministros.
Em 2005, o pacto foi reformulado. Em situações como a actual crise económica, a marca de referência para novo endividamento pode ser levemente ultrapassada, de forma temporária. Almunia lembrou que, devido à difícil crise financeira e económica actual, os orçamentos públicos dos países membros da UE estão sobrecarregados.
Almunia argumenta que a aplicação do Pacto de Estabilidade ajuda a sanear as finanças estatais, para que as próximas gerações não sejam prejudicadas. O comissário ressaltou ainda que o pacto deve ser usado de forma flexível, sem colocar em risco a credibilidade da política fiscal.

Alemanha ainda não ultrapassou limite

Com um défice orçamentário de 2,9% neste ano, a Alemanha ainda não pertence aos países a serem advertidos por Bruxelas. Segundo prognóstico da UE, no entanto, o país poderá ultrapassar o limite de 3% em 2010.
A França, por outro lado, deverá apresentar, em 2009, um défice orçamentário de 4,4%; a Espanha, de 5,8% e a Irlanda, de 9,5%.
Almunia apresentará as suas avaliações ao Comité Económico e Financeiro da UE, além de um cronograma para redução do défice. Esse grémio, com representantes dos países membros, da Comissão Europeia e do Banco Central Europeu (BCE), tem um prazo de duas semanas para dar seu parecer.
Após isso, o comissário espanhol poderá dar entrada formal no processo por défice excessivo, algo ainda a ser votado pelo Conselho de Ministros.
Além dos 17 países membros submetidos a avaliação nesta quarta-feira, Bruxelas analisará os programas de estabilidade da Itália, Luxemburgo, Portugal e Lituânia em 25 de Fevereiro próximo.

Crise agrava quadro

Programas conjunturais bilionários e as sequelas da crise financeira fizeram com que o défice orçamentário voltasse a subir nos países da União Europeia.
Para evitar o pior – uma profunda recessão -, o Estado está implementando programas de ajuda conjuntural, suprindo a baixa da demanda privada, apoiando os bancos e evitando assim o colapso do sistema financeiro. Isso sobrecarrega ainda mais os orçamentos públicos. Resta saber se algum dia essas dívidas poderão ser pagas.
Aliás, segundo um membro do Banco Central Europeu (BCE), Lorenzo Bini Smaghi, a economia da Zona Euro enfrenta a “mais séria crise económica desde a II Grande Guerra Mundial”.
A recessão mundial “vai ter sérias repercussões nas nossas economias e na edificação das nossas sociedades”, afirmou Bini Smaghi, num evento em Berlim, citado pela Bloomberg, acrescentando que “eles vão estar expostos a constrangimentos e a um ‘stress’ severo”.
O Fundo Monetário Internacional, no dia 28 de Janeiro, reviu em baixa as suas estimativas para o crescimento económico a nível mundial para 0,5% dos anteriores 2,2%.
Isto, a acontecer, será a mais fraca expansão desde a II Grande Guerra Mundial.
A economia da Zona Euro contraiu-se o máximo no quarto trimestre, desde que há registos, ou seja, desde 1995, uma vez que a crise financeira prejudicou as exportações e as empresas reduziram o investimento.
“Tenho a sensação que alguns responsáveis políticos pensam que as suas economias vão regressar ao estado equilibrado que tinham antes do início da crise”, afirmou o responsável, acrescentando que “eles parecem não estar a perceber que isso já era, na verdade um estado de desequilíbrio, caracterizado pelo excesso de empréstimos ao sector privado. Esta percepção poderá conduzir a decisões políticas inadequadas”.
Uma lição que se retira da crise é a de que a política monetária deve permanecer orientada de forma estável e não “ceder a pressões”, sublinhou Bini.
Os responsáveis do BCE, nomeadamente o presidente do BCE, Jean-Claude Trichet disseram que estão relutantes em seguir o exemplo da Reserva Federal dos EUA em baixar os juros para perto de zero.
“O que é mais importante para nós é que os responsáveis políticos não se concentrem meramente em soluções de curto prazo e, em vez disso, adoptem uma perspectiva de longo prazo, com o objectivo de assegurar uma recuperação sustentada”, disse Trichet no Parlamento esta semana.
O responsável disse ainda que “também precisamos de nos assegurar que as decisões de hoje não provoquem desordens no futuro”.

Resultados em Portugal

Entretanto, o impacto dos pacotes de apoio começa a fazer-se sentir. O primeiro-ministro, José Sócrates, anunciou que as medidas de apoio ao emprego, que entraram em vigor no último dia de Janeiro, já envolveram 12 mil pessoas.
“São pessoas que estariam no desemprego se não fossem estas medidas”, disse José Sócrates à saída de uma reunião da Comissão Permanente de Concertação Social.
A reunião teve como objectivo dar a conhecer aos parceiros sociais os resultados das medidas de combate à crise que o governo tem vindo a pôr em prática, nomeadamente na área do emprego.
Por seu turno, o governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, considera que as medidas orçamentais já anunciadas pelo Governo ainda não produziram o seu efeito, mas ao longo de 2009 deverão contribuir para controlar “o ritmo de recessão.” Ao mesmo tempo o governador garante que os bancos estão a financiar a economia. Recorde-se que os bancos nacionais não têm problemas de activos tóxicos, estando inclusivamente a conseguir emitir dívida não garantida pelo Estado.
Vítor Constâncio, que falou à margem de um encontro que a CIP está a realizar com associações de empresários, salientou que o ano de 2009 vai ser de recessão mundial, “o que acontece pela primeira vez desde a II Guerra Mundial, com consequências que se prolongarão em 2010, onde pode já haver um crescimento positivo relativamente fraco”.
“No quarto trimestre houve um colapso do comércio mundial. Esperamos que não continue ao mesmo ritmo, até porque as medidas que foram tomadas pelos Governos e bancos centrais começam a produzir efeito”, salvaguardou o governador.
“As medidas orçamentais ainda não se concretizaram devidamente. Ao longo de 2009 esperamos que produzam os seus efeitos e controlem o ritmo de recessão”, acrescentou a mesma fonte.
Por outro lado, Vítor Constâncio avança ainda que actualmente não há um problema de financiamento às empresas e que a subida dos “spreads” está enquadrada num mercado “liberalizado” e onde há concorrência.

Juergen Stark
Membro do BCE afasta cortes agressivos dos juros perante ausência de risco de deflação
Juergen Stark, membro do conselho de governadores do Banco Central Europeu (BCE), considera que os “cortes agressivos nas taxas de juros aumentam a incerteza” e sublinhou que o BCE irá manter a sua política monetária, no combate à crise económica global, dado que a região não enfrenta riscos de deflação.
As afirmações foram feitas ao “Financial Times”, numa entrevista publicada na edição de ontem. Stark admitiu que o preço do dinheiro na Zona Euro poderá voltar a descer, mas salienta que não deve ser reduzido até níveis muito baixos, ou de uma forma muito rápida.
O BCE já efectuou quatro cortes na taxa de juro, desde Outubro. Dos 4,25%, a taxa directora foi descendo até aos actuais 2%. Na reunião deste mês Jean-Claude Trichet, presidente da autoridade monetária, manteve inalterada a taxa, admitindo efectuar uma nova redução do preço do dinheiro em Março.
Juergen Stark justifica a perspectiva de que não se deve reduzir as taxas de juro de uma forma muito agressiva, com o facto de acreditar que a economia da região, que está em contracção, não enfrentar o risco de deflação. Na mesma entrevista, sinalizou que o BCE poderá rever em baixa as previsões de crescimento e de inflação já no próximo mês.

Juros
Euribor regista primeira subida em 92 sessões

A taxa Euribor a doze meses registou ontem uma subida, interrompendo o ciclo de quedas que vinha a registar desde 10 de Outubro.
Assim, a Euribor a 12 meses avançou para os 2,085%, a primeira subida desde 10 de Outubro.
Já a Euribor a três meses, usada como referência sobretudo para os créditos às empresas, caiu para 1,888%, o valor mais baixo de sempre e inferior à taxa de referência do Banco Central Europeu (BCE), que é de 2%, enquanto a Euribor a seis meses, a taxa mais utilizada nos créditos à habitação do mercado português, desceu para 1,982%.
Os analistas são unânimes em esperar uma nova descida dos juros pelo BCE em Março, uma vez que é esperado agravamento das condições económicas na zona euro.
Os mercados aguardam por um sinal da Alemanha, que irá intervir para travar a turbulência financeira na Europa, depois do ministro das Finanças alemão ter afirmado que é altura da maior economia europeia mostrar o que pode fazer neste campo, disseram especialistas à Bloomberg.

Greenspan diz que os EUA podem não estar a fazer o suficiente para obter a recuperação
Nacionalizações na agenda americana

O choque entre os liberais americanos e os defensores das soluções europeias está a dividir a sociedade americana. As nacionalizações aparecem como solução para economistas próximos de Obama, que vão na linha das soluções socialistas da Europa, enquanto a grande maioria dos senadores republicanos continua reticente aos avanços socialistas da nova administração. Mas esta semana Greenspan veio também ele abrir a porta a uma maior intervenção pública.
Os Estados Unidos podem estar a fazer muito pouco para reparar o seu sistema financeiro e promover a desejada recuperação económica. Esta foi a opinião de Alan Greenspan, antigo presidente da Reserva Federal norte-americana, expressa esta semana.
O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, assinou esta semana a lei de aprovação do pacote de estímulo económico no valor de 787 mil milhões de dólares (622 mil milhões de euros). O estímulo económico será dado através de reduções de impostos e mais investimento federal.
Obama comprometeu-se também a consagrar a maioria dos 315 mil milhões de dólares que restam do fundo de resgate da banca, aprovado pelo Congresso em Outubro, à revitalização da indústria financeira.
Mas Greenspan declarou à Bloomberg, em entrevista antes de um discurso no Clube Económico de Nova Iorque, que “a quantidade de dinheiro de ambos os pacotes poderá não ser suficiente para solucionar o problema”.
No discurso em Nova Iorque, o antigo presidente da Fed afirmou que a actual crise é algo que acontece uma vez num século e que acabará por passar. Recorde-se que a economia norte-americana registou a mais forte contracção desde 1982, ao desacelerar 3,8%, em ritmo anual, no quarto trimestre de 2008.
Greenspan, que dirige agora a sua empresa de consultadoria em Washington, advertiu para o facto de o impacto positivo que poderá advir do pacote de estímulo poder eclipsar-se, se os EUA não conseguirem resolver os problemas do seu sistema financeiro. “À luz da experiência do Japão na década de 90, temos de garantir que a reparação do sistema financeiro precede qualquer grande estímulo orçamental”, comentou.
Aquele responsável considera também que, para se estabilizar o sistema bancário e restaurar os níveis habituais de concessão de crédito, são necessários mais fundos para o programa de compra de activos tóxicos (TARP).
Greenspan salientou igualmente a importância do reforço de capital na banca. “Os bancos não vão conceder mais crédito enquanto não se sentirem confortáveis com a quantidade de capital que detêm”, declarou.
Greenspan sublinhou também a importância de travar a queda dos preços das casas, situação que está a penalizar a banca. “Enquanto não conseguirmos estabilizar o segmento dos activos dos balanços da banca, esta crise não terminará”, disse.
Os bancos norte-americanos registaram 758 mil milhões de dólares de perdas com o crédito desde que a crise começou. Muitas dessas perdas estão relacionadas com investimentos hipotecários que perderam valor com o colapso do mercado imobiliário.
“Lamentavelmente, a perspectiva de preços estáveis das casas ainda está a muitos meses de se efectivar”, considerou Greenspan, adiantando que o declínio do mercado imobiliário e a forte queda dos mercados accionistas de todo o mundo já destruíram mais de 40 biliões de dólares de riqueza, o que equivale a dois terços do PIB mundial do ano passado.

INE
Economia afunda mas emprego resiste

Apesar de a economia portuguesa ter afundado no último trimestre de 2008, a taxa de desemprego manteve-se, durante esse período, praticamente inalterada, ao subir uma décima face ao trimestre anterior, mas permanecendo nos mesmos 7,8% que haviam sido registados no último trimestre de 2007.
Segundo o INE, a população desempregada – estimada em 437,6 mil indivíduos – sofreu mesmo um decréscimo de 0,4% face ao trimestre homólogo de 2007, ainda que tenha aumentado 0,9% em relação ao trimestre anterior.
Feitas as contas para o conjunto do ano de 2008, a taxa de desemprego média foi de 7,6%, o que traduz uma descida de 0,4 pontos percentuais por comparação com 2007. Em termos absolutos, a população desempregada situou-se em 427,1 mil indivíduos, tendo diminuído 4,8% em relação ao ano anterior. A população empregada, por seu turno, registou um acréscimo anual de 0,5%.
Este desfasamento entre a evolução da actividade e do mercado de trabalho é um fenómeno normal, em especial na economia portuguesa, mas a maioria dos analistas antecipava que, em face da profunda retracção do PIB observada na recta final do ano, os números do desemprego fossem já mais sombrios.
A economia nacional registou uma contracção de 2,1% no quarto trimestre do ano passado, em termos homólogos, e “encolheu” 2% em relação a trimestre anterior, deixando, no conjunto do ano, a taxa de crescimento em zero.

Fortes quebras no investimento e exportações explicam contracção portuguesa

Por outro lado, a contracção da economia portuguesa no quarto trimestre do ano ficou a dever-se sobretudo “às reduções significativas do investimento e das exportações”, assinala o Instituto Nacional de Estatística na síntese económica e de conjuntura. O INE tinha já revelado que o PIB português recuou 2,1% no quarto trimestre do ano passado, face ao mesmo período de 2007, embora não avançasse na altura com a evolução das componentes do PIB.
Na síntese económica e de conjuntura, o INE adianta que a quebra do PIB ficou a dever-se sobretudo “à forte contracção do investimento e das exportações”.
Segundo a mesma fonte, o indicador de clima económico e o indicador de actividade económica voltaram agravar-se do terceiro para o quarto trimestre, sendo que “em Janeiro, o indicador de clima económico atingiu o mínimo histórico da série iniciada em 1989”.

Eurostat aponta para 32,1 mil milhões de euros
Zona Euro teve um défice comercial recorde em 2008
A Zona Euro registou o pior défice comercial da sua história em 2008, tendo atingido os 32,1 mil milhões de euros, segundo os dados do Eurostat, o gabinete de estatísticas europeu, que apresentou hoje a sua primeira estimativa para a balança comercial da UE e da Zona Euro de Dezembro de 2008.
Em 2007, a Zona Euro registara um excedente comercial de 15,8 mil milhões de euros. Desde a sua criação em 1999, a Zona Euro já conhecera dois anos de défice comercial, mas nunca tinha ultrapassado os 30 mil milhões de euros.
A União Europeia no seu conjunto registou também em 2008 o pior resultado desde 1999. O défice comercial dos 27 países da UE agravou-se cifrando-se em 241,3 mil milhões de euros, contra um saldo negativo de 192,4 mil milhões em 2007, o que representa uma subida de 25,4 por cento.
É a primeira vez desde 1999 que o défice comercial da UE ultrapassa os 200 mil milhões de euros, precisa o Eurostat.
No mês de Dezembro, a Zona Euro registou um défice do seu comércio exterior de 700 milhões de euros, quando em Novembro tinha sido de 5,8 mil milhões em Novembro. As exportações caíram 0,9 por cento face a Novembro, enquanto as importações recuavam 3,9 por cento face ao mês anterior.

Bancos pagam 47 milhões pelas garantias pedidas

Em face das novas exigências de capital dos bancos para garantir uma taxa de solvabilidade de 9%, o Banco Espírito Santo deverá avançar com um aumento de capital da ordem dos mil milhões de euros. Este aumento de capital poderá já estar garantido, embora fique para o próximo ano, soube o SEMANÁRIO de fonte bancária.

BES já tem condições para o aumento de capital e vai evitar entrada do Estado

Em face das novas exigências de capital dos bancos para garantir uma taxa de solvabilidade de 9%, o Banco Espírito Santo deverá avançar com um aumento de capital da ordem dos mil milhões de euros. Este aumento de capital poderá já estar garantido, embora fique para o próximo ano, soube o SEMANÁRIO de fonte bancária. O BES acaba por evitar deste modo o recurso à nacionalização parcial que as autoridades iriam exigir, caso Ricardo Salgado não avançasse com o aumento de capital.
Por seu lado, o Espírito Santo Financial Group anunciou que planeia realizar um aumento de capital, devido às actuais condições do mercado, no valor de aproximadamente 200 milhões de euros, através da venda de acções comuns a investidores institucionais.
Num comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o Espírito Santo Financial Group (ESFG) nota que, devido às condições do mercado, ficar-se-á a saber o preço a que serão vendidas as acções comuns durante esta semana.
O grupo financeiro avança ainda que a compra destas acções, se concretizada efectivamente, será usada para aumentar o core Tier I do ESFG, numa base consolidada, financiar potenciais oportunidades de investimento e para fins corporativos gerais e de financiamento.
Igualmente o Banif deverá conseguir manter a sua autonomia sem entrada de capitais públicos. Sendo o primeiro banco dos Açores e da Madeira, o Banif, presidido por Horácio Roque, tem uma gestão executiva profissional e da confiança das autoridades chefiada há muitos anos por Marques dos Santos, um dos gestores de referência da banca comercial.
O comendador Horácio Roque confirmou, entretanto, que em Janeiro deverá recorra aos avales do Estado para aceder ao desconto no BCE. Em declarações aos jornalistas, Horário Roque admitiu que o aval do Estado, a concretizar-se, poderá rondar uma verba entre os “800 a 900 milhões de euros”.

Apoio estatal para a emissão de dívida custa vários milhões aos bancos

Por seu lado, os quatro bancos – CGD, BCP, BES e BPP – que pediram ao Banco de Portugal a concessão da garantia do Estado para emitir dívida nos mercados internacionais pagarão 47,3 milhões de euros ao Estado em comissões. Esse é o cálculo a que chegou a Optimize Investment Partners com base nas regras de cálculo das comissões fixadas pelo Ministério das Finanças.
Há regras distintas para as emissões de dívida de curto prazo e para as de médio e longo prazo. No primeiro caso, para o qual não houve qualquer pedido, a comissão são 50 pontos base (0,5%). No médio e longo prazo, a comissão a pagar ao Estado é indexada à cotação dos “credit default swaps” (CDS) relevante, acrescido de 50 pontos base. Os CDS são instrumentos financeiros que protegem os eventuais incumprimentos o crédito, quanto maior o risco maior a sua cotação. Cada banco tem a sua cotação de CDS, pelo que as comissões a pagar pelo mesmo montante de garantias difere de banco para banco, dependendo do risco da sua carteira de crédito.
Pelo que a Optimize calculou que a CGD pagará 18 milhões de euros por ano, para uma garantia de emissão de dívida de 2.000 milhões. O BES pagará 14,4 milhões ao ano por uma garantia de 1,5 mil milhões. Já o BCP pagará 13,8 milhões por ano por garantias do Estado para uma emissão do mesmo volume (1,5 mil milhões).
Para o Banco Privado, a consultora estima que a mediana do “spread” dos CDS a 5 anos nas datas estipuladas pelo Governo (de 1 de Janeiro de 2007 a 31 de Agosto de 2008) seja de 60 pontos-base. Pelo que a comissão a pagar por uma emissão de 100 milhões de euros – uma vez que o BPP dificilmente conseguirá garantias de 750 milhões de euros por causa da sua reduzida quota de crédito à economia portuguesa – é de 1,1 milhões de euros ao ano.

Finibanco avança com aumento de capital aberto a novo accionista

Fusão Finibanco/Banif pode estar no horizonte

O Banco de Portugal exigiu ao Finibanco um aumento de capital e Costa Leite vai avançar, abrindo o capital a um novo parceiro. Mas o Finibanco não se coloca de fora de uma eventual consolidação no mercado nacional. A hipótese de fusão com o Banif, cujo principal accionista com a instituição já terá cerca de 20% da instituição, chegou a ser equacionada, mas nesta altura ainda nada parece resolvido. Mas pode estar no horizonte. Nestes termos, o Finibanco deverá beneficiar do apoio do aval estatal, seguindo o eventual figurino da solução Constâncio para o banco de João Rendeiro.

Novo accionista no Finibanco

O Finibanco abriu as portas a que o aumento de capital possa levar à entrada de novo accionista, que poderia ser o próprio Banif, ao deliberar em Assembleia Geral a “renúncia, pelos accionistas, ao seu direito de preferência relativamente à tranche destinada à subscrição pública”.
Em comunicado à CMVM, aquela instituição financeira refere que decidiu também não fixar desde já o montante exacto do aumento do capital social, de 115 milhões de euros até 165 milhões de euros.
O Finibanco salienta que o aumento do capital social, por uma ou mais vezes, será realizado através da emissão e subscrição, reservada a accionistas e ao público em geral, de até 50 milhões de novas acções escriturais, com o valor nominal de um euro cada.
O valor de subscrição de cada acção será o que vier a ser determinado pelo conselho de administração em função das condições do mercado, “o qual igualmente deliberará sobre as tranches a atribuir aos accionistas e ao público em geral, e consequentemente os direitos de subscrição de cada accionista em função das acções detidas, na tranche reservada aos accionistas, estabelecendo-se o dia 31 de Março de 2009 como data limite para a efectivação das novas entradas”, adianta o comunicado.

Eventual consolidação em análise

O Finibanco admite vir a estudar uma eventual operação de consolidação, caso esse cenário se coloque à instituição. “De momento não existe nada de concreto. Se esses cenários se colocarem, iremos analisá-los e apresentá-los aos accionistas”, adiantou Humberto da Costa Leite, presidente executivo da instituição, em declarações escritas ao jornal “Negócios”.
O gestor não quis comentar a possibilidade de a crise financeira poder justificar uma aproximação ao Banif, que tem 8,68% do banco. Mas sublinhou que “existem relações institucionais que são cordiais e também relações pessoais de amizade entre os accionistas. É sempre positivo ter entre os accionistas outras instituições de crédito de relevo”.

Barroso avança com choque fiscal europeu e BCE vai baixar os juros

José Sócrates poderá avançar com novos cortes fiscais atendendo à margem quem por um anom a Comissão Europeia dá ao Governo. Em causa estão disponibilidades para aumentar o défice em 2009 até 3,3% do PIB, o que pode representar mais de mil milhões de euros, para além do previsto no OE/2009.

Esta margem poderá nãos ser usada no IVA, mas o primeiro-ministro deverá tomar a decisão atendendo às necessidades de emprego, nomeadamente a Taxa Social Única e o fim do Pagamento Especial por Conta. José Sócrates não desmentiu essa estratégia.

Merckel contra “choque Barroso” na Alemanha

O pacote de 200 bilhões de euros que a Comissão Europeia apresentou nessa quarta-feira em Bruxelas foi bem recebido pelo governo alemão, mas foram feitas ressalvas. Segundo o porta-voz Thomas Steg, Berlim avalia que o já anunciado pacote alemão, de 32 bilhões de euros ou 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha, excede a contribuição esperada por Bruxelas.
O presidente da Comissão, José Manuel Durão Barroso, assegurou que o pacote do governo alemão foi incorporado ao pacote europeu. Mas, sem citar nomes, disse que a crise pode obrigar alguns países a colaborar com mais recursos do que eles supõem necessários. “Estamos falando de uma contribuição média de 1,2% do PIB. Alguns países terão que contribuir mais, outros menos”, disse Barroso.
Uma outra proposta apresentada nesta quarta-feira pela Comissão Europeia deixa entrever quais os países que deveriam contribuir mais. Bruxelas sugere que o pacto de estabilidade do euro seja flexibilizado em 2009 e 2010, a fim de garantir um maior campo de acção aos governos na disponibilização de recursos contra a crise.

Clara divergência com Bruxelas
Como explicou o comissário europeu para os Assuntos Económicos e Monetários, Joaquín Almunia, algumas “casas depois da vírgula” seriam toleradas sem que o país “infractor” fosse punido. O pacto de estabilidade prevê que cada país da União Europeia limite o seu défice público a no máximo 3% do Produto Interno Bruto, uma forma de garantir a estabilidade da moeda comum.
A Comissão deixou claro que países membros em melhor situação financeira deveriam fazer mais para combater a crise do que outros, o que favorecia todo o bloco. Com um défice previsto de 0,2% em 2009, a Alemanha é um dos países em melhor situação.
Almunia afirmou que se deve levar em conta a situação actual das economias europeias e não exigir esforços idênticos, mas coordenados, de todos os países. “O plano não implica uniformidade, mas coordenação”, ressaltou Barroso.
Steg deixou claro que o governo alemão recusa a proposta de Bruxelas. Segundo ele, o limite actual previsto no pacto de estabilidade do euro deve ser respeitado. Neste ponto, há uma clara divergência em relação à sugestão da Comissão Europeia, afirmou o porta-voz.

Redução de impostos

Outro ponto divergente é a proposta de redução do Imposto sobre o Valor Agregado (IVA), também prevista no pacote da Comissão Europeia. A medida já foi anunciada pelo governo do Reino Unido e é descartada com veemência pela Alemanha.
O governo alemão rejeita tanto uma redução generalizada do IVA como reduções pontuais, direccionadas para determinados produtos e serviços.
Com o pacote de 200 bilhões de euros de incentivos fiscais – ou 1,5% do PIB da União Europeia -, Bruxelas pretende impulsionar o consumo, os investimentos e a geração de empregos na UE. Do total previsto, 170 bilhões de euros vêm dos pacotes conjunturais dos governos dos países membros, 14,4 bilhões vêm do orçamento comunitário e 15,6 bilhões são oriundos do Banco Europeu de Investimentos.
Entre as diversas sugestões apresentadas pela equipa de Barroso está também uma linha de crédito de 5 bilhões de euros do Banco Europeu de Investimentos para a indústria automobilística. A maior parte do dinheiro deverá ser utilizada para o desenvolvimento de motores que agridam menos o meio ambiente.
Os líderes do bloco irão agora avaliar as sugestões num encontro de cúpula nos dias 11 e 12 de Dezembro.

Comissão Europeia propõe estímulos fiscais de 200 mil milhões de euros

A Comissão Europeia aprovou quarta-feira uma proposta de estímulos fiscais, avaliada em 200 mil milhões de euros, para reanimar as economias da União Europeia, que, na sua maioria, estarão em recessão no próximo ano.
Destes 1,5 por cento do PIB da União, 1,2 pontos percentuais são provenientes dos orçamentos de cada Estado-membro e os restantes 0,3 pontos percentuais serão financiados pela Comissão Europeia.
Este programa, apresentado por Durão Barroso, que inclui ainda um apoio de cinco mil milhões de euros à indústria automóvel, será submetido à aprovação dos Estados-membros que irão participar na cimeira da União Europeia prevista para o próximo mês.
Tal como já fez o Reino Unido, o presidente da Comissão Europeia sugeriu a baixa temporária do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) e de incentivos fiscais dirigidos aos consumidores e a sectores económicos mais vulneráveis ao actual período de recessão económica.
O esboço da proposta inclui o aumento temporário dos benefícios públicos às famílias de mais baixos rendimentos e aos desempregados.
Para Durão Barroso, o pacote de medidas proposto “é a melhor forma de devolver a confiança aos cidadãos” e “protegê-los”, recolocando a Europa “no trilho do crescimento e emprego”.

OCDE não aprova apoio estatal ao sector automóvel

Por seu turno, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) defendeu que os governos devem evitar dar auxílios especiais à indústria automóvel, quando as medidas de apoio ao sector se multiplicam e os fabricantes continuam a reduzir a produção.
“Os governos devem evitar dar apoios especiais aos sectores afectados pela recessão, particularmente à indústria transformadora ou dos serviços”, afirmou o economista chefe da OCDE, Klaus Schmidt-Hebbel.
Segundo este responsável, os apoios devem ser “limitados em grande medida ao sector financeiro, devido ao risco de contágio e ao efeito sistémico”, acrescentando que “mesmo que uma grande empresa abra falência, isto não significa que as pessoas vão deixar de comprar”, por exemplo, automóveis.
Apesar da posição do responsável da OCDE, os anúncios de medidas de apoio ao sector, que enfrenta graves dificuldades devido à crise no mercado do crédito, por parte dos vários governos, multiplicam-se.
Em França, o primeiro-ministro anunciou terça-feira “medidas muito ambiciosas” para relançar o sector, que incluem medidas fiscais, enquanto em Espanha, o chefe de Governo José Luís Zapatero garantiu que o executivo irá “fazer o que é juridicamente possível” para preservar o sector. Tudo no âmbito já do pacote europeu.
Nos EUA, onde as três principais empresas da indústria automóvel enfrentam graves dificuldades e arriscam mesmo a falência, o Presidente eleito, Barack Obama, afirmou na segunda-feira que os Estados Unidos “não podem permitir que a indústria automóvel simplesmente desapareça”.
As fabricantes continuam a reduzir custos e a produção, com os despedimentos e os anúncios de suspensões de trabalho em várias fábricas a sucederem-se.
A alemã Volkswagen prevê uma suspensão de três semanas na produção na sua principal fábrica de Wolfsburg, na altura do Natal, a Porsche vai suspender a produção durante sete dias, até ao final de Janeiro, na sua fábrica de Zuffenhausen (podendo estar comprometida a aquisição da VW) e a Ford irá parar os seus cinco mil empregados em Espanha durante 21 dias, no primeiro semestre de 2009.
A Toyota também anunciou paragens na produção em França, com a sua fábrica de Onnaing a fechar portas durante duas semanas em Dezembro e uma em Março.
O apoio ao sector automóvel deverá incidir sobretudo na redução do imposto de circulação e de bonificações no abate de veículos mais antigos, num sector que enfrenta graves dificuldades e representa um em cada sete postos de trabalho existentes.
Em Portugal, o ministro da Economia Manuel Pinho esteve reunido com os industriais do sector, mas ainda não avançou com medidas concretas.

Programa para dois anos

A iniciativa da CE “está prevista para um período máximo de dois anos (2009-2010), após o qual os Orçamentos dos Estados-membros devem comprometer-se a corrigir a deterioração orçamental e voltar a médio prazo aos objectivos” de equilíbrio das contas públicas.
O executivo europeu sublinha que o Pacto de Estabilidade e Crescimento, que prevê um limite de três por cento para o défice público nos países da Zona Euro, não deve ser esquecido durante este período, mas deixa perceber que não irá punir os Estados que ultrapassarem estes valores no próximo ano, tendo em conta “as excepcionais circunstâncias” económicas. Em concreto, os Governos deverão dispor de um prazo mais alargado para corrigir os seus défices.
Bruxelas propõe ainda que os países avancem com medidas individuais, a par de um reforço dos fundos europeus, e lança algumas pistas sobre quais devem ser a prioridades dos Estados, seguidas já por alguns Governos.
Concretamente, a Comissão recomenda em particular medidas associadas à despesa pública, “que tem um impacto a curto prazo sobre a procura”, e aconselha os Estados a investirem em projectos de apoio às pequenas e médias empresas ou para as famílias “mais afectadas pela desaceleração económica”. A este propósito sugere “transferências reforçadas para as famílias desempregadas ou de baixo rendimento”, ou ainda “um prolongamento temporário dos subsídios de desemprego”.
Bruxelas defende a redução de impostos indirectos, como é o caso do IVA, a fim de “dar um impulso forte ao consumo”. O Reino Unido já anunciou que vai reduzir a sua taxa máxima de IVA de 17,5 para o mínimo europeu de 15 por cento, mas a Espanha, a Alemanha e França contestam uma baixa generalizada dos impostos. Portugal também não deverá baixar o IVA.
Noutras frentes, a Comissão propõe a redução dos impostos sobre os rendimentos, em particular para os salários mais baixos, e incentivos fiscais às empresas em energias alternativas. São igualmente apontadas medidas específicas para os sectores automóvel e da construção, entre os mais afectados pela desaceleração da economia.
A acompanhar este plano, surge um apelo ao Banco Central Europeu para que reveja em baixa a sua taxa directora, sublinhando que existe “margem para novas reduções”, consideradas essenciais para favorecer o crescimento.

Ferreira Leite promete suspensão dos megaprojectos

Na sequência do programa de Bruxelas, a presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite, declarou que, caso seja eleita primeira-ministra, irá proceder a uma avaliação dos grandes projectos de investimento, sendo certo que suspenderia todos os que não fossem rentáveis, conseguindo uma poupança que permitiria baixar os impostos.
Segundo Manuela Ferreira Leite, os projectos que o Governo de Sócrates se encontra a assumir são “encargos tremendos” e que, a menos que sejam suspensos, deixarão o Estado endividado de tal modo, que os impostos não descerão durante os próximos 30 anos, a menos que seja encontrada “uma almofada segura em termos de orçamentos públicos”.
“Tudo o que fossem megaprojectos de investimento cuja rentabilidade e melhoria da competitividade para o país é nula, eu não tenho dúvida nenhuma de que suspendia”, declarou a presidente do PSD, adiantando que, com estas decisões, “ficaria com meios mais do que suficientes para provavelmente poder baixar com algum significado os impostos”.
Anteriormente Manuela Ferreira Leite disse que, com a política do actual Governo, se houver uma decisão de baixar impostos “o défice lá virá novamente”, porque “o nível da despesa [pública] não se reduziu”.
“O défice público está melhor, mas não nos esqueçamos que foi feito à custa de um brutal aumento de impostos. Agora todos dizem que [os impostos] deverão baixar para aliviar a actual crise, ou seja, é uma melhoria transitória porque o défice lá virá novamente, dado que o nível de despesa não se reduziu”, declarou.
A presidente social-democrata alertou para o facto de que, a menos que o País arranje “uma almofada segura em termos de orçamentos públicos para o futuro, aquilo que o futuro nos reservaria seriam encargos tremendos – que têm estado a ser assumidos e que se perspectiva que possam ser assumidos ainda em maior volume -, que conduzem a que a partir de 2013 até 2040 e tal, os encargos a que o Estado está comprometido são de tal ordem que não se vislumbra a forma de baixar impostos, bem pelo contrário”.

Governo diz que programa económico de Bruxelas contraria posições do PSD

Depois do primeiro-ministro José Sócrates se ter congratulado com o plano Barroso e reafirmado a sua opção pelas obras públicas e respondendo ao PSD, o ministro dos Assuntos Parlamentares considerou que o Governo português está confortável face ao plano económico da Comissão Europeia, adiantando, em contrapartida, que este programa de Bruxelas contraria as posições da direcção do PSD.
“Perante o programa da Comissão Europeia, lembro-me instintivamente que a baixa da taxa normal do IVA de 21 para 20%, em Junho passado, não teve os votos favoráveis do PSD”, disse Augusto Santos Silva.
Ainda de acordo com o ministro dos Assuntos Parlamentares, também ao contrário do plano agora proposto por Bruxelas, “o PSD criticou a decisão do Governo de baixar o IRC”.
“O PSD prepara-se para votar contra [na sexta-feira] uma proposta de Orçamento do Estado para 2009, que prevê uma descida dos impostos para as empresas, aumenta as deduções fiscais das famílias e sobre os apoios sociais destinados às famílias”, criticou ainda.
O ministro dos Assuntos Parlamentares referiu em seguida que a proposta da Comissão Europeia “chama uma vez mais a atenção para a importância dos investimentos públicos como resposta à crise e condição favorável ao crescimento da riqueza e do emprego”.
“Ora todos nós sabemos o que pensa o PSD do investimento público. O PSD até queria reduzir em mais de metade o valor do PIDDAC (Programa de Investimentos e de Despesas de Desenvolvimento da Administração Central) no orçamento do próximo ano”, apontou.

Trichet sugere nova descida de juros na próxima quinta-feira

Por seu lado, respondendo ao apelo dos ministro europeus e da CE, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean Claude Trichet, anunciou ainda na quarta-feira que a autoridade monetária europeia vai voltar a reduzir as suas taxas de juro dos actuais 3,25% já na próxima reunião de Conselho da instituição, agendada para o dia 4 de Dezembro.
No seguimento dos anteriores cortes nos juros, as taxas Euribor continuam em queda pela trigésima sessão consecutiva, situando-se actualmente nos 4,004%, fixando-se a média mensal nos 4,393%. Este é o maior ciclo de descidas das taxas interbancárias em quase dez anos de história.
Recorde-se que o BCE tem condições para baixar os juros ate 2,25% – para ter grande significado – e deste modo a tempo do Natal facilitar a vida às empresas e família e não deixar instalar o receio e o medo nos consumidores, como aconteceu no Japão, onde a inacção do Governo e do banco central empurrou o país para dez anos de depressão. O desafio agora é não deixar instalar-se o medo e a desconfiança, numa altura em que é certo que a quebra dos preços das matérias-primas está a fazer cair os índices de preços ao consumidor. A descida dos juros, acompanhada de aumento da liquidez, permitirá a recuperação do valor dos activos e a solução do problema dos balanços das empresas e da confiança nas contas dos bancos. Por outro lado, uma eventual desvalorização do euro ajudará às exportações.

Juros na China registam maior descida em 11 anos

Mas o movimento de mexida nas taxas de juro é global. O banco central da China baixou por seu lado também a sua taxa de referência dos juros em 1,08 pontos percentuais, o que representa a maior descida dos últimos 11 anos. É uma medida que vem apoiar o plano no valor de 4 biliões de yuan (450,122 mil milhões de euros), concebido para estimular o crescimento da quarta maior economia do mundo.
A taxa de juro para empréstimos a um ano recuou dos 6,66% para os 5,58%, e a taxa de remuneração dos depósitos vai descer 1,08 pontos percentuais para os 2,52%, com efeitos a partir de ontem, conforme anunciou o Banco Popular da China.
Esta é mais uma medida das autoridades chinesas para estimular o crescimento da economia do país, depois de o PIB chinês ter crescido 9% no terceiro trimestre, ao ritmo mais lento dos últimos cinco anos, e de as exportações terem recuado para o nível mais baixo desde 2003, no mês passado.
Os peritos notam que os esforços da China para evitar o colapso económico também podem ajudar a atenuar os efeitos de uma forte recessão à escala global, uma vez que a economia chinesa representa uma importante fatia do Produto Interno Bruto mundial, tendo contribuído no ano passado, com 27%.

EUA avançam com mais 617 mil milhões de euros

O secretário de Estado Paulson, depois de avançarem um segundo plano de apoio ao crédito bancário de 800 milhões de dólares, afirmou que o programa de crédito anunciado pela Reserva Federal (Fed) iria permitir aos bancos conceder mais crédito aos consumidores e às empresas.
Ao falar durante uma conferência de imprensa em Washington, citado pela agência Bloomberg, Henry Paulson afirmou que “eu e os meus colegas das autoridades reguladoras estamos empenhados em utilizar todas as ferramentas à nossa disposição para preservar a força das nossas instituições financeiras, de modo a minimizar os efeitos de contágio [da crise financeira] ao resto da economia”.
Esta semana, o Tesouro dos EUA empenhou 20 mil milhões de dólares (15,35 mil milhões de euros) do seu plano destinado originalmente à compra de activos “tóxicos” dos bancos como parte de um novo plano de 200 mil milhões de dólares (153,5 mil milhões de euros) destinado a apoiar o consumo pessoal e o crédito às pequenas empresas. Ao mesmo tempo, a Reserva Federal (Fed) anunciou que irá comprar até 600 mil milhões de dólares (460,5 mil milhões de euros) em dívida emitida ou garantida por empresas de financiamento imobiliárias patrocinadas pelo Governo, como é o caso da Fannie Mae e da Freddie Mac.
Para Paulson, o programa anunciado “sublinha o nosso apoio ao mercado imobiliário.” “Nada é mais importante para conseguir ultrapassar esta correcção imobiliária do que a disponibilidade de financiamento de hipotecas”, adiantou o secretário do Tesouro, que adiantou que “vai levar algum tempo a superar as dificuldades existentes nos nossos mercados e na nossa economia, e novos desafios irão continuar a surgir.”
Com o plano, Paulson já utilizou 330 mil milhões de dólares (253,8 mil milhões de euros) da primeira tranche do plano de resgate da banca aprovado pelo Congresso no valor total de 700 mil milhões de dólares (538,6 mil milhões de euros), faltando menos de dois meses para o fim da administração Bush.

Citigroup consegue garantia de 306 mil milhões de dólares do Governo

Reino Unido poderá nacionalizar mais bancos

Depois dos EUA terem avançado com 360 biliões de dólares para salvar o Citibank, evitando assim o colapso do segundo maior banco americano, o governador do Banco de Inglaterra, Mervyn King, afirmou também que não descarta a hipótese de virem a ser efectuadas mais nacionalizações de instituições bancárias no país, devido à crise financeira mundial.
“Eu acredito que, tendo em conta o que temos visto [no que respeita a efeitos da crise], seria demasiado atrevido descartar qualquer hipótese”, disse Mervyn King, citado pela Efe, durante uma intervenção perante a Comissão de Economia da Câmara Baixa do Parlamento britânico.
No entanto, o presidente da autoridade monetária do Reino Unido frisou que “é muito pouco provável” que a nacionalização seja a “primeira opção” para solucionar casos de instituições com graves problemas financeiros.
O Governo britânico viu-se obrigado a nacionalizar os bancos Northern Rock e o Bradford & Bingley, em que parte deste último foi vendido ao espanhol Santander, como consequência das turbulências financeiras dos últimos meses.
Ainda neste contexto, o Estado converteu-se no maior accionista do Royal Bank of Scotland e do grupo resultante da fusão entre o Lloyds TSB e o Halifax Bank of Scotland (HBOS), no âmbito do plano de resgate do Governo.
O governador do Banco de Inglaterra colocou ainda a hipótese de, no futuro, os bancos britânicos poderem vir a requerer fundos públicos adicionais caso enfrentem dificuldades financeiras.
Por outro lado, Mervyn King alertou que a economia do Reino Unido entrará numa “brusca recessão”, caso os bancos não voltem a conceder empréstimos “de uma maneira normal”, sublinhando que “isto é mais importante que qualquer outra coisa neste momento”.
O presidente do banco central aproveitou ainda a ocasião para manifestar o seu apoio ao plano de estímulo económico lançado esta segunda-feira pelo Governo britânico.
Recorde-se que o Governo norte-americano vai garantir 306 mil milhões de dólares (242,94 mil milhões de euros) de activos relacionados com hipotecas e com activos tóxicos do Citigroup, através de um plano federal para estabilizar a situação do banco, depois de as suas acções terem tombado 60% na semana passada.
Em troca do capital e das garantias recebidas pelo banco, o Governo dos Estados Unidos vai passar a deter acções preferenciais, no valor de 27 mil milhões de dólares (21,43 mil milhões de euros), com direito a receber um dividendo de 8%.

Segundo a previsão da OCDE

Recessão em Portugal será menos acentuada do que na Zona Euro

A recessão económica que irá afectar Portugal no próximo ano será menos acentuada do que a média da Zona Euro, penalizada essencialmente pela contracção da Alemanha, França e Espanha, concluem as previsões económicas de Novembro da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
A economia portuguesa deverá contrair-se 0,2 por cento no próximo ano, depois de um crescimento moderado de meio por cento este ano. A Zona Euro terá uma contracção do Produto Interno Bruto de 0,6 por cento, pressionada pelas quedas do produto na Alemanha (0,8 por cento), França (0,4 por cento) e Espanha (0,9 por cento).
Associado à recessão em Portugal, haverá mais desemprego nos dois anos seguintes – 8,5 por cento em 2009 e 8,8 por cento em 2010, depois de 7,6 por cento este ano – e um défice público a subir – 2,9 por cento em 2009, contra 2,2 por cento este ano.
O investimento irá cair 1,2 por cento no próximo ano e recuperar meio por cento no ano seguinte, admitem os técnicos da OCDE. O ambiente depressivo que se irá instalar fará com que as famílias gastem menos (0,2 por cento) em 2009, as exportações caiam (meio por cento) e as importações acompanhem essa tendência (recuo de 0,9 por cento).
A queda das exportações é explicada pelo momento de recessão que irão viver os principais mercados que compram os produtos e os serviços portugueses, em particular a Espanha, a Alemanha e a França.
Por causa da contracção do investimento, do consumo, das exportações e das importações haverá menos inflação harmonizada (compara com a União Europeia) em 2009 (desce para 1,3 por cento) e em 2010 recupera ligeiramente para 1,6 por cento. Entre este e o próximo ano a inflação harmonizada sofre uma queda abrupta, passando de 2,8 por cento este ano para 1,3 por cento no próximo ano.

Merrill Lynch prevê que barril do petróleo custe 50 dólares em 2009

A ajudar a situação de economias como a portuguesa está a queda do preço do petróleo, cujo preço médio no Orçamento do Estado para 2009 é de 95 euros. Porém, a Merrill Lynch cortou as suas previsões para o preço do petróleo em 40 dólares para 50 dólares o barril em 2009, devido ao abrandamento da economia global e à incapacidade da OPEP em sustentar os preços em alta.
Para 2010, a Merrill Lynch baixou as estimativas para o preço do crude negociado em Nova Iorque em 30 dólares para 70 dólares o barril. Já as previsões para o barril do petróleo brent são de 43 dólares para o primeiro trimestre de 2009, de 45 dólares para o segundo trimestre, subindo para os 61 dólares no último trimestre do próximo ano.

OE2009

Divorciados vão pagar mais impostos

Os contribuintes separados vão ter IRS agravado em 2009. O PS propõe ainda que os exportadores deixem de pagar IVA e os carros importados vão passar a ser penalizados, além dos proprietários dos veículos a gasóleo terem um aumento de 250 euros de imposto
A maioria parlamentar apresentou na sexta-feira passada uma série de alterações fiscais para o Orçamento: o IRS para os divorciados aumenta, agrava-se a fiscalidade na importação de carros usados e, no próximo ano, o Governo cobra mais 250 euros aos proprietários de veículos a gasóleo.
A proposta socialista elimina a actual dedução da pensão de alimentos no imposto sobre salários e rendimentos, feita pela totalidade. Se a maioria aprovar esta medida, em 2009 serão possíveis deduzir à colecta apenas 20% da pensão.
O Governo aproxima-se, assim, das pretensões da Associação de Famílias Numerosas que contestava a dedução em IRS, na totalidade das pensões de alimentos, no caso dos divorciados.

Fisco
Tribunal Constitucional aponta práticas ilegais na cobrança de impostos
A decisão do Tribunal Constitucional aponta que o Fisco não esgota todos os prazos de defesa dos contribuintes, conforme revelou ontem Lígia Simões do DE.
O Tribunal Constitucional (TC) acaba de considerar ilegal uma das práticas de cobrança de dívidas usada recorrentemente pelo Fisco: usar o dinheiro dos reembolsos, a que os contribuintes têm direito, para abater às suas dívidas fiscais, sem que tenham sido esgotados todos os prazos de defesa.
Já este ano o Supremo Tribunal Administrativo (STA) tinha alertado o Fisco para o facto de não consentir as garantias mínimas de defesa. Agora, o acórdão do Tribunal Constitucional, datado de 7 de Outubro, vem reforçar a interpretação do Supremo. Num acórdão de 23 Abril deste ano, o STA tinha já concluído pela “inadmissibilidade de compensação de dívidas fiscais antes de esgotado o prazo de impugnação judicial, sob pena de violação dos princípios constitucionais da igualdade e do acesso ao direito”.
Após esta leitura, é agora a vez do TC considerar “improcedente” uma reclamação da Fazenda Pública, reforçando que a lei prevê a compensação de dívidas após esgotado o prazo de 90 dias para impugnação. Logo, é ilegal fazê-lo antes desse prazo.

Cimentos
Lucros da Cimpor caem 30% para 150,3 milhões

Os lucros da Cimpor caíram 30% nos primeiros nove meses do ano para 150,3 milhões de euros, revelou a empresa em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Estes resultados ficaram abaixo dos 156,3 milhões de euros esperados pelos analistas.
Segundo a mesma fonte, os lucros do período em análise comparam os 214,5 milhões de euros obtidos em igual período do ano anterior e ficaram abaixo do esperado pelos analistas consultados pela Reuters, que apontavam para uma queda de 27% para uma média de 156,3 milhões de euros.
A nível operacional, “e apesar da conjuntura altamente desfavorável que alguns dos seus principais mercados vêm atravessando”, o EBITDA do grupo atingiu cerca de 444 milhões de euros, apresentando um decréscimo de 4,9%.
“A qualidade e o grau de diversificação geográfica do portefólio da Cimpor, associados ao bom desempenho de algumas áreas de negócios, permitiram anular grande parte das quedas deste indicador nos mercados de Espanha e Turquia, muito afectados por uma descida acentuada dos preços de venda e, no caso espanhol, pela forte contracção do sector imobiliário”, sublinha a empresa.
O volume de negócios cresceu 7,9% para os 1,6 mil milhões de euros contra 1,5 milhões de euros dos primeiros nove meses de 2007.
Os Resultados Financeiros – “afectados em aproximadamente 60 milhões de euros pelo reconhecimento de uma perda por imparidade no valor da participação detida no Banco Comercial Português por uma associada do Grupo” – atingiram perto de 134 milhões de euros negativos.
Sem consideração desta perda, meramente contabilística, o agravamento dos referidos resultados cifrou-se em cerca de 32 milhões de euros, justificados, no essencial, pela subida acentuada das taxas de juro, o aumento da Dívida Financeira Líquida e o prejuízo registado por algumas empresas associadas, conclui a mesma fonte.

Automóveis
Lucros da SAG caem 52,3% para 6,8 milhões nos primeiros nove meses

Os lucros da SAG caíram 52,3% para os 6,8 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, o que compara com os 14,2 milhões de euros de igual período do ano anterior, revelou a empresa em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Segundo a mesma fonte, depois de ajustado para excluir a contribuição do BSCP/Interbanco para o resultado consolidado dos três primeiros trimestres de 2007, a SAG registou um resultado líquido consolidado de 6,8 milhões de euros, o que representa uma redução de 27% em relação ao resultado alcançado no mesmo período do ano anterior.
“Apesar do enquadramento macroeconómico adverso, que afectou globalmente os mercados onde a SAG desenvolve as suas actividades, é de assinalar a contribuição positiva dos resultados obtidos no terceiro trimestre”, explica a empresa.
O EBITDA, ou “cash flow” operacional, que atingiu 57,5 milhões de euros, um crescimento de 7% em relação ao verificado em igual período do ano transacto, “merecendo particular destaque o crescimento da contribuição da Unidas, no Brasil”.
O volume de negócios consolidado ascendeu no trimestre a 599 milhões de euros, um crescimento de 10,4% em relação a igual período no ano anterior, impulsionado pelas contribuições positivas da SIVA, da Unidas e da Ecometais.
O EBIT registou um crescimento de quase 3% em relação ao valor atingido no mesmo período de 2007 para os 43,8 milhões de euros.
O resultado financeiro consolidado representou, no total, um aumento homólogo de custos no valor de cerca de 8,9 milhões de euros resultante de dois factores.
Em primeiro lugar da contribuição do Santander Consumer/Interbanco que, durante o período homólogo de 2007, havia contribuído com um resultado positivo de cerca de 4,9 milhões de euros. E, depois, do “aumento do endividamento da Unidas, decorrente do forte crescimento da sua frota, que foi, em parte muito substancial, financiado através de fundos originados em Portugal”.

Pequenos bancos sem “funding” poderão entrar em colapso

Crise chega à banca portuguesa
A economia parou. Não há liquidez no sistema, os bancos estão sem liquidez e a venda de activos é lenta. Por outro lado, não há poupança para substituir o endividamento externo dos bancos nacionais. E a banca praticamente depende da liquidez cedida pelo banco central, que este ano é 23 vezes superior à do ano passado.

A economia parou. Não há liquidez no sistema, os bancos estão sem liquidez e a venda de activos é lenta. Por outro lado, não há poupança para substituir o endividamento externo dos bancos nacionais. E a banca praticamente depende da liquidez cedida pelo banco central, que este ano é 23 vezes superior à do ano passado. Mas as condições de crédito do banco central estão a agravar-se e, em face da rigidez do crédito concedido, os pequenos bancos estão a ficar em grande dificuldade, sendo previsível que em Portugal se repitam as cenas que se viram em Londres, com o Northern Rock, caso o Banco de Portugal e o tesouro não intervenham.
Em toda a Europa a situação está a agravar-se, contaminada pelo exemplo americano. Mas o Banco Central Europeu já advertiu que não vai fazer gestão dos activos bancários – competência dos gestores dos bancos – pelo que será impossível uma situação de compra generalizada dos maus créditos.
Para já, a administração do BCE não quer sequer equacionar a possibilidade de um plano parecido com os dos americanos, até porque essa competência cai fora das suas atribuições estatutárias.
Por outro lado, os mais críticos do pacote americano consideram que ele apenas está a adiar o problema. Por um lado, os bancos vendem activos abaixo do preço pelo que vão depois precisar de capital novo e, neste particular, ou são os fundos soberanos árabes ou os bancos chineses a comprar, ou a situação volta a degradar-se e, por outro, os valores envolvidos estão longe de resolver em definitivo os buracos criados pela desvalorização dos activos imobiliários e das acções em carteira.
Relativamente a Portugal, Ricardo Salgado mostrou-se, no início da semana, muito cauteloso na reunião de accionistas da Financial Holding no Luxemburgo, dando, contudo, sinais que o País está a parar e que os bancos não vão continuar a ter os mesmos lucros. Pior ainda, a situação pode prolongar-se porque os activos não descem e nestas alturas quem tem liquidez preserva-a. É, aliás, essa a grande lição dada por Warren Buffett no negócio da Berkshire, ao meter 5 biliões em opções de acções com uma remuneração acima do mercado na Goldman Sachs.
Com efeito, a Berkshire Hathaway, empresa de investimentos do bilionário Warren Buffett, vai aplicar US$ 5 bilhões no banco Goldman Sachs. A instituição, que, no domingo, recebeu a aprovação da Federal Reserve (Fed, o banco central americano) para ser holding financeira (antes era apenas banco de investimento), é uma das que mais vêm sofrendo pressão dos investidores na Bolsa de Nova Iorque. Os seus papéis já perderam mais de 40% nos últimos 12 meses, encerrados ontem. Além do aporte de Buffett, o Goldman pretende captar US$ 2,5 bilhões com a emissão de novas acções. O Berkshire Hathaway vai receber acções preferenciais (PN) perpétuas do Goldman Sachs em troca do seu investimento. As acções preferenciais perpétuas vão pagar um dividendo de 10% e poderão ser resgatadas a qualquer momento, com um prémio de 10%. A empresa de Buffet também terá direito de comprar outros US$ 5 bilhões em acções ordinárias (ON), com um preço de exercício de US$ 115,00 cada. A Berkshire poderá exercer aquele direito em qualquer momento ao longo de cinco anos, segundo o Goldman Sachs. Buffett classificou o Goldman como um banco “sem rivais” globalmente. “É uma instituição excepcional.” E, passou recentemente a banco comercial, podendo captar fundos directamente. Por outro lado, o grande negócio destes ex-bancos de investimento vai passar a ser a reestruturação dos passivos e o deleverage dos balanços dos grandes grupos e bancos.
Em Portugal esta pode ser a galinha dos ovos de ouro do BPI, do BES e da Caixa Investimento, começando por reestruturar os balanços das suas operações comerciais.

Taxas Euribor batem novos recordes

É neste contexto que as taxas do mercado monetário interbancário europeu renovaram esta semana máximos históricos, numa altura em que os mercados continuam na expectativa em relação ao plano do Governo norte-americano, no valor de 700 mil milhões de dólares (477 mil milhões de euros), para travar a actual crise financeira.
As taxas Euribor, utilizadas no cálculo dos juros do crédito à habitação, têm vindo a mostrar uma tendência de subida, desde o início da crise do mercado do crédito de alto risco norte-americano (“subprime”), em Agosto do ano passado, mas agravaram-se com o colapso do banco de investimento Lehman Brothers, assim como com a venda de outros gigantes financeiros como o Merrill Lynch e o HBOS, e também com a nacionalização de urgência da seguradora American International Group (AIG).
Note-se que o acentuar da crise de liquidez que se vive actualmente, tem feito com que os bancos receiem conceder empréstimos entre si, o que tem provocado um aumento significativo nos pedidos de empréstimos efectuados ao Banco Central Europeu (BCE).

“Toda a nossa economia está em risco” – George W. Bush

O dramatismo da situação está bem patente na intervenção pública do Presidente americano, vista por uns como uma tentativa de segurar o seu candidato, mas entendida nas sondagens como a capitulação dos republicanos diante Obama, tendo em vista salvar o sistema financeiro e os bancos de Nova Iorque.
Com efeito, George W. Bush, que ontem se reuniu com Obama e McCain e com os lideres do Congresso, assegurando assim a passagem do seu pacote de medidas de emergência, fez na quarta-feira uma dramática comunicação televisiva sobre a actual crise financeira, afirmando que toda a economia norte-americana “está em risco” e apelou a um consenso bipartidário para a solução.
“Toda a nossa economia está em risco”, disse o Presidente dos EUA, considerando que “o mercado não está a funcionar correctamente”.
Por seu lado, o presidente da Reserva Federal (Fed) dos Estados Unidos, Ben Bernanke, dramatizou no mesmo sentido, afirmando que os Estados Unidos enfrentam “graves ameaças” à estabilidade do seu sector financeiro, tendo alertado que a crise de crédito já começou a afectar o consumo das famílias e o investimento das empresas.
Em declarações ao Comité Económico do Congresso dos EUA, Bernanke disse que “a actividade económica parece ter desacelerado de modo geral”, sendo que “a estabilização do nosso sistema financeiro é uma pré-condição essencial para a recuperação económica”.
O presidente da Fed reiterou ainda o seu apelo ao Congresso para que aprove o plano do secretário do Tesouro, Henry Paulson, que prevê o uso de 700 mil milhões de dólares do dinheiro dos contribuintes para a compra de activos ilíquidos aos bancos, sem que este esteja sujeito a qualquer espécie de supervisão ou responsabilidade judicial pelas decisões que tomar. Bernanke precisou que as recentes pressões financeiras “vão tornar as instituições financeiras ainda mais cautelosas sobre a extensõa do crédito às famílias e às empresas (…). Os riscos negativos para o crescimento permanecem assim como uma preocupação significativa.”

Economia irlandesa entra em recessão

Na Europa a derrapagem também está à vista e só em Portugal é que o governo persiste em garantir que a crise não nos afectará, apesar do próprio Presidente Cavaco Silva já ter alertado para as dificuldades que esperam o País. Com efeito, ontem soube-se que a economia irlandesa entrou em recessão no segundo trimestre do ano, tornando-se, assim, o primeiro país da Zona Euro a entrar em recessão. O mesmo poderá acontecer com a Alemanha e com a Espanha, de acordo com previsões da Comissão Europeia (CE). O mesmo poderá acontecer com a Alemanha e com a Espanha, de acordo com previsões da Comissão Europeia (CE). Mas o resto da Europa e mesmo o resto do mundo deverão seguir o abrandamento.
Após dois trimestres consecutivos de contracção económica, a Irlanda entrou em recessão técnica, definida como dois trimestres consecutivos de contracção do PIB em cadeia. No segundo trimestre, a Irlanda contraiu-se 0,5% face aos primeiros três meses do ano, altura em que já tinha registado uma contracção de 0,3%.
Esta recessão coloca um ponto final em mais de uma década de expansão económica iniciada em meados dos anos 90 e impulsionada pelo sector exportador. Na última década, a economia irlandesa cresceu a uma média 7% ao ano, três vezes a média da Zona Euro.

Alemanha, Espanha e Reino Unido poderão entrar este ano numa recessão técnica

A Irlanda é assim a primeira economia da Zona Euro a entrar em recessão, mas poderá não ser a única. Segundo as últimas previsões da CE, Alemanha, Espanha e Reino Unido poderão entrar este ano numa recessão técnica.
Segundo as previsões intercalares da Comissão Europeia, apresentadas no passado dia 10 de Setembro, depois de ter sofrido um recuo de 0,5% no segundo trimestre, a Alemanha permanecerá em terreno negativo no terceiro (- 0,2%), mas conseguirá, ainda assim, terminar o ano com um crescimento médio de 1,8%, igual ao que Bruxelas previa em Abril.
Já Espanha e Reino Unido entrarão no “vermelho” mais no final do ano – terceiro e quatro trimestres – com contracções do PIB da ordem de 0,1% e 0,3%, no caso espanhol, e de 0,2% nos dois trimestres, no caso britânico.
Esta semana o Bundesbank (autoridade monetária alemã) prevê que este ano os efeitos das turbulências dos mercados financeiros se intensifiquem nos resultados dos bancos alemães.
No seu boletim mensal de Setembro, citado pela Efe, o Bundesbank destaca também que “a fraqueza das bolsas e o baixo número de entradas em bolsa e aquisições de empresas poderá ter efeitos negativos nas provisões e investimentos próprios”.
Ao mesmo tempo, os institutos de crédito alemães poderão beneficiar da força da economia do país, que poderá contribuir para estabilizar as provisões para riscos e as actividades que dependem das taxas de juros, segundo o Bundesbank.

Europa hesita na resposta à crise internacional

Sarkozy quer romper o imobilismo europeu e prepara resposta “digna” à crise. Mas, na Comissão Europeia, não há nenhum movimento favorável. O próprio presidente do BCE veio dizer que o BCE tinha apenas competência em matéria de liquidez e nada mais.
Não! – é a resposta europeia ao repto intervencionista contra a crise, lançado pelos Estados Unidos.
Enquanto do outro lado do Atlântico se debate politicamente um megaplano para salvar o sector financeiro da crise e se convidam outras economias a seguir o caminho, na União Europeia a resposta é pouco mais do que “business as usual”. O Pacto de Estabilidade e Crescimento limita a resposta orçamental de muitos países, a política monetária permanece de olho na inflação e o aperto na regulação prossegue com muita prudência e a passo de caracol. O mercado é global, mas a amplitude da crise na Europa é menor do que nos EUA, lembram ainda os responsáveis europeus.
A atitude discreta da Europa face à crise financeira, que alguns reputam de imobilista, está a irritar o actual presidente em funções do conselho, Nicolas Sarkozy, que, segundo disseram fontes comunitárias ao “Diário Económico”, quer aprovar na próxima cimeira europeia de líderes – em Bruxelas, no dia 17 de Outubro – uma reacção “digna” da Europa à crise.
A iniciativa francesa poderá ficar por um apanhado de todas as medidas nacionais de resposta: juntando as várias reduções de impostos às derrapagens na despesa social, apresentadas num pacote comum. Isto ao lado das propostas de maior regulação dos mercados financeiros (para os bancos e agências de “rating”) que a Comissão se prepara para adoptar no próximo mês. A arquitectura institucional europeia impede qualquer plano mais ambicioso, que encontraria muitos detractores entre os líderes europeus.
Aliás, a Europa continua a ser gerida de acordo com os interesses alemães – tantas vezes errados e perigosos ao longo da história -, que são os principais opositores a um grande plano europeu. Esta semana, mesmo, a Alemanha que rejeitou o repto do secretário do Tesouro norte-americano, Henry Paulson. “A Alemanha não precisa de tomar uma medida idêntica à que tomaram os Estados Unidos”, disse, em Berlim, o porta-voz da chancelaria alemã, Ulrich Wilhelm. Paulson havia sido claro: “Vou pedir aos nossos homólogos em todo o mundo para fazerem programas semelhantes para os seus bancos e as suas instituições financeiras, quando isso for oportuno.”
Na reunião das sete economias mais industrializadas do mundo (G7), os restantes países preparavam-se para seguir o exemplo da Alemanha, conforme anunciou o ministro das Finanças, Peer Steinbrück. Ou seja, elogiar o pacote de Paulson, mas descartar qualquer iniciativa de o acompanhar. “É um programa notável, mas a situação nos EUA não pode ser comparada com a dos outros países do G-7, porque é muito mais aguda”, frisou Steinbrück. Bruxelas alinhou pela mesma bitola. O comissário Joaquin Almunia afirmou que “a iniciativa é muito bem-vinda, todos apreciamos o impacto postivo (…) nos mercados. Estou desejoso que esta iniciativa permita recuperar a confiança”. No entanto, na UE “cabe aos governos considerar se podem seguir esta iniciativa, a situação não é a mesma na Europa”.

Melhor regulação é a resposta mais forte

Mas, a nível de regulação pan-europeia, a Comissão Europeia é a única com poder de iniciativa. O comissário Charlie McCreevy sempre demonstrou prurido em endurecer a regulação, mas prepara-se para lançar nas próximas semanas uma directiva para aumentar os requisitos mínimos de capital exigidos aos bancos (prevista para 1 de Outubro) e apertar o cerco de supervisão às agências de “rating”. São os próximos capítulos do roteiro redigido na reunião informal de ministros das Finanças europeus, no Porto, em 2007, após o eclodir da crise. O porta-voz de McCreevy explica que “devem existir regras quando se revelam necessárias e não para se parecer activo”.
Na próxima semana poderão ser anunciadas novas regras de capital para as instituições europeias e o eventual reforço da supervisão. A ideia de criar uma supervisão europeia está em cima da mesa, dando claramente mais poder aos alemães e retirando totalmente a possibilidade dos Estados-membros poderem gerir os seus bancos.

HSBC diz que plano de Paulson não evita um “sério abrandamento” económico

Apesar do plano americano, ninguém acredita que existam situações definitivamente resolvidas. Os estrategas do HSBC Holdings recomendam mesmo aos investidores a venda de acções dos mercados desenvolvidos, porque o plano norte-americano para repor a ordem no mercado financeiro não vai evitar um “sério abrandamento” económico.
Os analistas do maior banco da Europa reduziram a recomendação para as acções de “neutral” para “underweight”, segundo uma nota divulgada pela Bloomberg. E recomendam comprar obrigações do tesouro de longo prazo.
Apesar do plano do secretário do Tesouro norte-americano poder conseguir estabilizar o sistema bancário “parece improvável que consiga prevenir um sério abrandamento pela simples razão que tanto o sistema financeiro como a economia real vão continuar a desalavancagem”, refere a equipa de estrategas liderada por Richard Cookson, de acordo com a Bloomberg.
O problema continua a ser o da solvência do sistema e enquanto os bancos não emprestarem uns aos outros a crise não está resolvida. Por outro lado, a crise financeira está a contaminar a economia real e, nesta altura, os débeis começam a ceder. Problemas de liquidez e eventuais corridas aos depósitos têm que ser acautelados pelas autoridades nas próximas semanas, admite-se no sector financeiro.

Teixeira dos Santos

Medidas para reforço da supervisão dos mercados não são de emergência

O ministro das Finanças recusou ontem atribuir carácter de emergência às medidas para reforçar em Portugal a transparência dos mercados e salientou a capacidade de resistência das instituições nacionais no quadro de crise financeira internacional.

A posição do ministro de Estado e das Finanças, Teixeira dos Santos, foi assumida no final do Conselho de Ministros, em que anunciou as cinco principais linhas do Governo para reforçar os poderes de supervisão e a transparência dos mercados financeiros.
Apesar de Teixeira dos Santos sublinhar que, no quadro da União Europeia, já estão a ser tomadas medidas com idênticos objectivos para evitar o contágio a partir da crise financeira dos Estados Unidos, referiu que Portugal “pode desde já começar a fazer o seu trabalho”.
“Estas medidas visam prevenir dificuldades que possam surgir. É fundamental assegurar que as nossas instituições financeiras continuam ao serviço da economia portuguesa, gozando de condições de solvabilidade, que assegurem a sua robustez e a sua capacidade de financiar a actividade económica e o esforço produtivo do País”, justificou Teixeira dos Santos.
Interrogado sobre o “timing” para a adopção destas medidas, o titular da pasta da Finanças frisou que as mudanças a introduzir “não serão de curto prazo ou de emergência”.
“Sejamos claros: Portugal não está numa situação de emergência; quem está numa situação de emergência são os Estados Unidos”, vincou.
No entanto, Teixeira dos Santos referiu que a experiência resultante dos episódios ocorridos no último ano permitiu ao Governo concluir que “há áreas em que é essencial reforçar a transparência, a informação e a qualidade da informação”.
“Sabemos que é importante reforçar-se os instrumentos preventivos e dissuasores de algumas práticas de gestão por parte de instituições financeiras, que se encontram agora em dificuldades nos Estados Unidos. Nesse sentido, as medidas a adoptar não são para responder a dificuldades imediatas, mas criar um sistema de futuro melhor preparado para prevenir e enfrentar situações como aquelas que foram originadas nos Estados Unidos”, justificou o membro do Governo.
Em relação ao horizonte temporal para a aplicação destas medidas preventivas em Portugal, Teixeira dos Santos disse apenas que “deverão ser concretizadas tão cedo quanto possível”.
“Queremos que as novas medidas permaneçam. Não serão medidas transitórias”, reforçou.
Na sua intervenção inicial, o ministro de Estado e das Finanças referiu que a crise financeira nos Estados Unidos “prolongou-se no tempo para além do esperado” e considerou importante que as autoridades norte-americanas tomem medidas para ultrapassar o actual quadro de crise.
Neste quadro, que caracterizou como sendo de “turbulência” ao nível internacional, o ministro de Estado e das Finanças considerou que o sistema financeiro português “tem vindo a revelar uma capacidade de resistência”.
“O nosso sistema financeiro confronta-se com as dificuldades desta turbulência financeira que se espalhou um pouco por todo o mundo, designadamente nas condições de financiamento. As taxas de juro têm reflectido estes desenvolvimentos. Mas as instituições financeiras têm sido capazes de enfrentar estas dificuldades e de se ajustarem à nova realidade”, sustentou o ministro de Estado e das Finanças.
Ainda de acordo com o membro do Governo, em Portugal, “as autoridades de regulação e de supervisão têm vindo a acompanhar de forma atenta a evolução do sistema financeiro português e a evolução das instituições que compõem esse sistema, de forma a prevenir eventuais riscos”.
“Confiamos que o nosso sistema financeiro e que as nossas instituições encarregadas da supervisão desse sistema continuam a desempenhar de forma capaz a sua missão num contexto de dificuldades”, frisou o ministro de Estado e das Finanças.
Teixeira dos Santos referiu ainda que, desde o ano passado, durante a presidência portuguesa da UE, que os Estados-membros da União Europeia estão envolvidos num trabalho para o “aperfeiçoamento” dos poderes de regulação e dos instrumentos de supervisão dos mercados financeiros.

Accionistas portugueses sem dinheiro para novos aumentos de capital ..

O Banco de Portugal está atento aos activos dos bancos que estão a ter menos-valias recordes derivadas da queda das bolsas. BPI, BES e BCP estão em mínimos, apesar das correcções de ontem. O BCP já perdeu em seis meses mais de sete mil milhões de euros na sua capitalização bolsista, tendo esta semana, depois do aumento de capital de 1,3 mil milhões, ficado a valer menos de 5 mil milhões em capitalização bolsista. Em conjunto, os três maiores bancos portugueses valem menos 13,2 mil milhões de euros, do que no final de 2007.

A banca está no centro dos problemas. O sector derrapou esta semana nos Estados Unidos e na Europa, apesar das correcções de ontem. Em Lisboa, o BCP, o BES e o BPI chagaram a perder mais de 700 milhões de euros num só dia. E, o governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, avisou: assim, serão necessários novos aumentos de capital. Caso “a progressão negativa dos mercados de acções” continue, o governador admite claramente a necessidade de novas operações de financiamento junto dos accionistas, mesmo tendo em conta os recentes reforços feitos, nomeadamente, por dois dos principais bancos nacionais. O BCP terminou em Abril o seu maior aumento de capital de sempre, de 1,3 mil milhões de euros. Já o BPI fez um reforço em Junho de 350 milhões de euros. Sob o olhar atento do governador do Banco de Portugal estão agora, precisamente, as grandes instituições. “Estamos atentos aos principais bancos portugueses”, garantiu Constâncio.
Por seu lado, a CGD já tinha admitido, em Junho, a possibilidade de vir a fazer um aumento de capital este ano, sem revelar montantes nem data para a operação. O BES fez o seu último aumento de capital em 2006 e tem garantido não necessitar de novo reforço, apesar da situação dos mercados. Para além do BCP e BPI, também o Banif fez recentemente um aumento de capital de 100 milhões, para repor os seus rácios de capital.
As quedas no sector arrastam-se desde o ano passado, mas intensificaram-se nos últimos dias com a possível falência da Fannie Mae e Freedie Mac, duas importantes concessionárias de crédito nos Estados Unidos.
Neste caso estão em causa instituições que representam cerca de 4 triliões de dólares, ou seja, maiores que a soma dos PIB da Alemanha e da China juntos e que representam cerca de 30% do PIB americano.
Acresce que estas instituições eram entidades emitentes de obrigações e que essas obrigações foram vendidas no mundo inteiro, constituindo hoje parte significativa das reservas dos bancos centrais, nomeadamente da China e do Japão. O seu colapso poderia arrastar o descrédito do dólar e acentuar a fuga à moeda americana, o que provocaria imediatamente o colapso do sistema financeiro do dólar e forçaria a maior recessão da história da humanidade.
Tentando passar uma imagem rosa dentro do não descrédito, como se pede aos bancos centrais, ainda durante a sua audição desta semana no Parlamento, Constâncio traçou um quadro razoavelmente negro de estado da banca internacional. O responsável disse que a situação nos mercados financeiros internacionais é “de grande delicadeza e preocupação” e que, desde Maio, “aumentou a aversão ao risco, houve uma aproximação ao pânico e cresceu a desconfiança entre bancos”, tanto na Europa como nos EUA. O governador lembrou que “os bancos têm estado no centro desta turbulência internacional”, com os custos de financiamento a agravarem-se “muito mais do que para as empresas financeiras”.
Mas estas palavras prudentes do governador não têm nada que ver com a realidade, num cenário eventual de colapso do sistema financeiro. A possibilidade do governo dos Estados Unidos nacionalizar as duas instituições para garantir a solvabilidade do sistema não é pacífica e esta semana no Congresso americano defendia-se que o melhor seria deixar mesmo tudo rebentar para poder começar de novo. Esta posição radical atiraria a China para uma recessão colossal, pois o seu banco central veria evaporarem-se as suas reservas, o que significaria que ficaria sem condições para exportar capitais. O ajustamento permitiria também aliviar a pressão da dívida externa americana, que representa cerca de quatro vezes o PIB (mais de 45 triliões) e sobretudo reavaliaria em dólares os activos americanos e criava novas condições de competitividade externa à maior economia do mundo. A recessão na China provocaria uma imediata descida do preço do petróleo e isso imediatamente colocaria a economia ocidental a crescer.
Mas trata-se de um verdadeiro cenário de guerra financeira, que só pode ser academicamente considerado e que para já os políticos apenas temem. Mas não é nada que, por exemplo, o economista maldito Galbraith não tenha já previsto há mais de trinta anos.

Accionistas sem dinheiro

O problema é que se a crise se agravar, os actuais accionistas portugueses não vão ter disponibilidade financeira para fazer aumentos de capital, o que não deixa grande espaço de manobra para a pressão do banco central. Se Constâncio exigir aumentos de capital, provavelmente estará a entregar o capital dos bancos nacionais aos espanhóis ou aos alemães que, conforme denunciava o “Financial Times”, estão a aproveitar as condições especialmente favoráveis do BCE, que já injectou quase 30 biliões de euros nos bancos do país vizinho.
A alternativa da nacionalização, como aconteceu em Inglaterra e nos Estados Unidos, sendo sem dúvida a que mantém a soberania nacional no sistema financeiro local, não é possível em face das regras da União Económica e Monetária. As regras da eurozona não permitem as nacionalizações e a própria Caixa Geral de Depósitos está descapitalizada e sem capacidade para acorrer ao aumento de capitais necessários. Entregar o resto da banca nacional aos angolanos também não pode ser o caminho, apesar do reforço do relacionamento entre Lisboa e Luanda, com a visita de ontem do primeiro-ministro português a Angola.
A solução terá que ser acreditar que os valores estão lá, apesar da queda dos mercados e que se houver prudência e se esperar um pouco – ou seja, vista grossa por parte do Banco de Portugal -, tudo pode ser tranquilamente aguentado como está e depois da crise passar então os problemas ficarão resolvidos.
O que há que assegurar é que os bancos prejudicados pela crise financeira não passem para a economia real, nomeadamente para as famílias e para as PME, o pânico em que vivem, aumentando os spreads e exigindo mais garantias.
Com efeito, os indicadores gerais não pioraram muito no primeiro trimestre. O crédito malparado sobre o total subiu de 1,27%, em Dezembro, para 1,31% em Março e, desde aí, continuou a subir. Quanto ao crescimento da actividade, adiantou que o crédito a particulares desacelerou, tendo subido 7,9% em Maio, face a 9,9% em Dezembro. Também a margem financeira tem caído, “fruto da subida das taxas de juro e da forte concorrência”. O governador recordou ainda o peso cada vez maior da actividade internacional nos lucros dos grupos portugueses e salientou que, sem esta contribuição, “os resultados líquidos em 2007 teriam sofrido uma ligeira diminuição”.
Mas, apesar disso, o SEMANÁRIO sabe que alguns bancos, nomeadamente o BCP, já estão a exigir spreads de 1,5% a 2% aos seus clientes, verdadeira usura que provocará a falência do já magro tecido empresarial nacional e a travagem ainda mais acentuada do investimento.|

Barroso propõe redução dos impostos nos combustíveis

A Comissão Europeia propõe medidas para beneficiar pessoas de classes desfavorecidas nos estados membros da UE, para fazer face aos altos preços do petróleo e combustíveis derivados. “Justamente quem ganha menos é atingido mais fortemente”, disse o presidente da comissão, José Manuel Durão Barroso, que avança também com medidas fiscais.

Num documento a ser apresentado durante o próximo Conselho Europeu, nos dias 19 e 20 de Junho, a Comissão sugere mudanças fiscais no sector de combustíveis.
Ontem, no Parlamento, José Sócrates adiantou não ter margem de manobra para descer já o impostos sobre os combustíveis e adiantou que irá propor medidas no Conselho Europeu, nomeadamente de apoio e incentivo as energias alternativas, nomeadamente aos carros eléctricos ou a hidrogénio.
Ângelo Correia do PSD entretanto, defendendo a redução do ISP, criticou o governo português por não ter avançado com mais auto-estradas que não são necessarias em vez de apostar na renovação da linha férrea para o Porto e para o Algarve.
Ontem os preços atingiram um novo recorde em Portugal com a galp a aumentar o preço da gasolina em mais um cêntimo.
Na Alemanha, os preços dos combustíveis atingiram um novo recorde nesta quarta-feira (11/06). Segundo o automóvel clube ADAC, o litro da gasolina aditivada está custando em média 1,52 euro, o que representa um aumento de 2,5 cents em relação à semana passada. O litro de diesel está custando em média 1,49 euro.
As companhias aéreas europeis e nomeadmeneet a TAP e as alemãs Lufthansa e Air Berlin anunciaram que, devido à alta dos combustíveis, irão aumentar mais uma vez a taxa adicional cobrada dos passageiros. (rw)

Impostos orientados para os lucros das petrolíferas

Seguindo o exemplo francês, onde as empresas de petróleo se preparam para financiar o aquecimento no próximo inverno a 700 000 habitações com residentes de baixos recursos. A EU pode no próximo conselho europeu discutir medidas orientadas a taxar os lucros extraordinários das petrolíferas. O ministro das Finanças de berlusconi fala mesmo na possibilidade de se estudar uma taxa Robin dos Bosques” para tirar á petrolíferas e dar aos mas carecidos.

Tolerância zero de Zapatero

Entretanto, ontem o Governo Zapatero disse que os Espannhois vão ter tolerancia zero em materia de piquetes nas estradas. Tal como acionteceiu em portiugal onde José Socrates teve medo de usar a força para impor a ordem e acabpoiu mesmo por ser desuatorizado pela GNR que não escoltou os camiões dos Hipermercados, em Espanha o governo fragilizado de Zapatero não tem cionseguido manter a ordem. Mas ontem ameaçou os camionistas e mandpou prender 71 membros do piquetes. Com medo dos piquetes o gobverno espanhol admite que estejam envolvidas apenas pequenas e medias empresas de transportes que não representarão mais de 12 por cento do mercado.

Galp aumenta combustíveis

Ontem, a Galp decidiu aumentar o preço dos combustíveis em mais de um cêntimo, quer na gasolina quer no gasóleo. Esta subida surgiu no mesmo dia em que o protesto das transportadoras de mercadorias foi desmobilizado. Na noite anterior muitos portugueses não conseguiram abastecer os automóveis, devido à falta de combustível nos postos de abastecimento, provocada pela paralisação dos camionistas. De acordo com a TSF, a Galp decidiu aumentar os preços do gasóleo e da gasolina em mais de um cêntimo, no dia em que terminou a paralisação das empresas de transporte de mercadorias que se prolongava desde segunda-feira.
O gasóleo subiu 1,3 cêntimos para os 1,423 euros, ao passo que a gasolina 95 e 98 sofreu um aumento de 1,2 cêntimos para os 1,513 euros e os 1,653 euros, respectivamente.
Os combustíveis voltam assim a valores recorde, num dia em que o petróleo está a negociar em queda, com o barril de crude em Nova Iorque nos 135,55 dólares e o brent nos 134,17 dólares.|