2025/07/19

Saddam vivo e tropas americanas avançam

Depois de uma nova onda de bombardeamentos à capital iraquiana, Saddam foi dado como ferido, o que foi desmentido pelo Governo. No terreno, as tropas da coligação continuam a avançar, ainda que com alguma resistência e já com perda de vidas.

Depois da casa familiar de Saddam Hussein ter sido atingida num dos bombardeamentos cirúrgicos a Bagdad, o estado de saúde do Presidente iraquiano é desconhecido, tendo sido, inclusivamente, avançado que teria sido ferido e até perdido a vida.

Para provar o contrário, o Governo iraquiano deu, esta manhã, uma conferência de imprensa em que foi dito que Saddam está bem e mostrada uma gravação alegadamente de um conselho de ministros realizada hoje. A CIA diz que a análise à gravação revela que a voz é mesmo de Saddam, mas que a data em foi feita não é clara.

Também Tony Blair decidiu quebrar o silêncio quanto ao início do conflito. Em Bruxelas, após o conselho europeu, o primeiro-ministro britânico reiterou a sua determinação em destituir Saddam Hussein do poder e confirmou a queda de um helicóptero britânico e a subsequente perda da vida de oito homens. O Iraque afirma ter feito cair um caça norte-americano, mas o Pentágono nega a alegação, confirmando, no entanto, a morte de um soldado em combate, mas sem adiantar pormenores.

Entretanto, a partir do Kuwait, veículos blindados norte-americanos estão a caminho de Bagdad. Na frente sul, os marines encontraram resistência inesperada ao tentarem tomar o controlo de uma cidade portuária. Também perto de Nassiria, uma importante passagem do rio Eufrates, os americanos depararam-se com uma bolsa de resistência que lhes deteve a marcha. No Qatar, as tropas da coligação estão a ter dificuldades em avançar devido à fortíssima tempestade de areia que se faz sentir.

Em Washington, o Presidente George W. Bush reúne-se hoje com os líderes do congresso para informá-los sobre as primeiras 36 horas do conflito no Iraque.
No mundo árabe, as reacções à acção militar contra o regime de Saddam Hussein dão conta de uma enorme revolta. Num dia que é santo, as orações evocam a paz, mas os apelos dos líderes religiosos em muitos locais dirigem-se para a vingança contra os americanos. No Cairo, uma das grandes cidades árabes, os cidadãos demonstram a sua oposição à guerra pelo segundo dia, manifestando-se em massa nas ruas – uma iniciativa marcada também marcada para outras capitais árabes.

Solbes diz Guerra justifica incumprimento dos défices orçamentais

A guerra no Iraque é um risco «excepcional» para a economia e pode justificar uma interrupção temporária nas restrições do Pacto de Estabilidade e Crescimento, que limita os países da Zona Euro a ter um défice orçamental abaixo dos 3 por cento do PIB, disse Pedro Solbes.

O Comissário Europeu para os Assuntos Monetários, em declarações ao jornal francês «Les Echos», afirma que a guerra é «claramente» uma das «circunstâncias excepcionais» que pode permitir aos Governos por de lado a obrigação de cumprir o limite de 3por cento no défice orçamental.

No PEC estão estabelecidas algumas ressalvas que desobrigam os países a cumprir as metas fixadas no documento, com o caso de ocorrer uma recessão prolongada ou a existência de uma guerra.

O ano passado Portugal conseguiu obter um défice orçamental abaixo dos 3por cento do PIB, depois de em 2001 ter sido o primeiro país a violar o PEC.
Este ano o Governo espera um défice de 2,4 por cento do PIB, mas os dados da execução orçamental e o abrandamento da economia parecem ameaçar este objectivo.

A existência de uma guerra e caso Bruxelas confirme o aliviar das regras do PEC, Portugal e os países da UE, a braços com um abrandamento da economia, podem assim abrandar as restrições orçamentais.

O ano passado a França e a Alemanha violaram as regras do PEC, ao apresentarem défices orçamentais acima dos 3 por cento.

António Chainho e Marta Dias “Ao vivo no CCB”

“AO VIVO NO CCB” é o título do álbum que resultou da gravação dos concertos que o guitarrista António Chainho e a cantora Marta Dias deram, nos dias 28 e 29 de Janeiro, no Pequeno Auditório do Centro Cultural de Belém.

Em ambos os concertos, António Chainho passou em revista alguns dos temas mais emblemáticos da sua carreira dos quais são exemplo, “Fadinho Simples”, “Gaivotas ao Amanhecer”, “Guitarra sem Fronteiras”, “Zanga das Comadres”, “Improviso em Mi Menor”, “Rotas Marítimas”, aproveitando também a ocasião para apresentar, em primeira mão, alguns temas novos como “Fado Alegre”, “Fado Tão Bom”, “Encontrei um Fadista”, “Fado Preto” e “Calha Bem”, cujas letras são da autoria de Marta Dias.

Para a realização de ambos os concertos, António Chainho contou ainda com a participação especial de Fernando Alvim (viola), Rão Kyao (flauta, em “Voando Sobre o Alentejo” e “Quase Fado”), Eduardo Miranda (bandolim e viola) e Tuniko Goulart (viola).

Todavia e enquanto o álbum não chega às prateleiras das principais lojas de música, o single de apresentação “Fado Tão Bom” está já disponível no site do guitarrista português.

Bomtempo na alma de Gabriela

A música de câmara é o seu repertório de eleição, pela sua vertente intimista, explanada nos recantos do quarteto “Capela”. Gabriela Canavilhas, pianista, professora, e até radialista, percorre no seu novo álbum “Quintetos com piano” a trilha desenhada por João Domingos Bomtempo nas pautas do século XIX, e acompanhada do SEMANÁRIO viaja pelas suas paixões, as suas origens que lhe moldaram um percurso, por entre a música de hoje e de sempre.

Açoriana enamorada pelo adiado retorno às raízes africanas que lhe foram berço, agradecida pela experiência vivida ao longo de dois anos nos Estados Unidos, hoje professora no Conservatório Nacional de Lisboa e colaboradora da Antena2 no programa “O despertar dos músicos”.
Fiel intérprete do conceito de música de câmara que advém da ideia de um pequeno grupo de instrumentistas funcionando como solistas, num “género de repertórios que exploram a depuração da linguagem e procuram diferentes texturas sonoras”.
O inevitável relacionamento entre as instituições governamentais e o meio cultural Português mereceu referência por parte da pianista “o estado tem a obrigação de criar meios e condições para os artistas se expressarem nas áreas artísticas em que a lógica de mercado não funciona” acrescentando que “não se pode continuar a olhar a cultura como algo que necessita de ser subsidiado totalmente, mas como qualquer coisa com potencialidade para ser lucrativa no balanço económico do país”, concluindo, “o estado deve estar atento às vanguardas, às novas criações e ao estabelecimento e afirmação de novas linguagens”.
Situando a música erudita como tendo “tantas nuances de mercado como qualquer outra”, com o exemplo de um dos seus álbuns “Vocalizos”, totalmente construído com base em obras de compositores contemporâneos Portugueses e que atingiu um substancial número de vendas, situação que encaminha o rumo do seu discurso para o facto das editoras discográficas não apostarem ainda fortemente neste segmento do mercado musical como algo rentável.
A ” pluralização de repertórios apresentados, como se afere do grande êxito alcançado pelos três tenores, que se traduziu numa clara estratégia visando a massificação da venda, vem na sequência de uma lógica de mercado que começa a ser explorada na área da música erudita”.
Gabriela Canavilhas prossegue neste âmbito, mas introspectivamente colocada perante a questão da comercialização da sua própria obra revela “o reconhecimento de um aluno, uma carta de um ouvinte valem mais que os concertos e os discos pois são mera expressão da nossa actividade. O que realmente importa para um artista é tocar em alguém ao longo da sua vida”.
No fecho da conversa Gabriela, amante da música como arte indissociável da cultura que a molda em todas as suas cambiantes, traça para os leitores do SEMANÁRIO um pequeno esboço da sua visão em relação à música Portuguesa, nomeadamente quanto à questão da formação ” onde a qualidade do ensino tem melhorado substancialmente nos últimos anos, situação consubstanciada pelo surgimento de novos instrumentistas”.
Também o fenómeno gerado em torno da denominada música “pimba” mereceu um comentário, ” o ar de superioridade com que músicos credenciados observam este tipo de sonoridade traduz-se por um certo basismo latente, que faz desvanecer a verdadeira e natural essência tradicional de onde provém este tipo de canções”.

Explosões e sirenes marcam início da Guerra

Um “alvo de oportunidade” justificou o estrondo sentido em Bagdade, às 2h35m GMT. Noventa minutos após o fim do prazo para que Saddam Hussein e os seus dois filhos abandonassem o Iraque, os EUA iniciaram os bombardeamentos de precisão. Ás 3h15m o presidente norte-americano falou ao mundo.

O míssil lançado no centro da capital iraquiana visou um alvo onde, alegadamente, estavam reunidos diversos lideres do regime de Saddam. As baterias anti-aéreas iraquianas responderam minutos depois, pintando ligeiramente o céu, embora em muito menor escala do que o verificado na Guerra do Golfo.

O presidente dos Estados Unidos da América, George W. Bush, alertou, em conferência de imprensa, que esta guerra pode ser mais “difícil e demorada do que muitos pensam”. Bush garante que a operação concertada dos EUA com os seus aliados vai “evitar danos colaterais”, ou seja, vitimar muitos cívis.