É o debate do ano. A líder do PSD, Manuela Ferreira Leite, e o líder do PS, José Sócrates, têm amanhã, encontro marcado, com todos os portugueses, na SIC. O país vai parar. Espera-se uma audiência superior a três milhões de espectadores.
Será o tudo ou nada, na corrida a São Bento.
É o debate do ano. A líder do PSD, Manuela Ferreira Leite, e o líder do PS, José Sócrates, têm amanhã, encontro marcado, com todos os portugueses, na SIC. O país vai parar. Espera-se uma audiência superior a três milhões de espectadores.
Será o tudo ou nada, na corrida a São Bento. Com o eleitorado de centro indeciso, quanto ao seu sentido de voto, amanhã não se discutirá apenas medidas e políticas governativas. Joga-se sim a vitória ou a derrota nas legislativas de 27 de Setembro.
Para o PS, Sócrates não pode perder. Se perder, poderá comprometer definitivamente, a reviravolta no marcador dos votos, dissipando para o BE, à esquerda, e para o PSD, à direita, os votos dos indecisos.
Para o PSD, o paradigma é outro. Ferreira Leite tem, obrigatoriamente, de ganhar o debate se pretender manter a curva global ascendente nas intenções de voto, e claro, as aspirações à vitória.
José Sócrates e Ferreira Leite não vão, definitivamente, deixar munições nos bolsos por gastar. Amanhã estará em jogo, a vitória nas legislativas. E os líderes dos dois maiores partidos nacionais, PS e PSD, sabem disso.
Sabem também, que durante 60 minutos, mais que nunca, vão estar sob o escrutínio, e em directo, de seguramente, mais de três milhões de espectadores (ver caixa).
Cabe agora saber o que é cada um dos líderes prepararam para a noite de Sábado.
Conhecidos os programas dos dois partidos será possível fazer uma antevisão, aproximada, daquilo que será o debate de amanhã.
Os temas mais quentes serão, certamente, as obras públicas e o controlo da despesa pública.
De um lado, José Sócrates, apostado em levar adiante obras públicas como o TGV e o novo aeroporto de Lisboa, de modo a dinamizar a economia. Do outro, Ferreira Leite, com uma visão oposta, defendendo o abandono de obras públicas “faraónicas”, e apontando, como caminho, o apoio às PME’S como forma de dinamizar a economia. Este será, ao que tudo indica, o cavalo de batalha da máquina laranja: A despesa pública.
Esta semana, de todo o modo, Ferreira Leite já deu sinais disso mesmo, ao prometer um “combate tenaz à despesa pública” com o objectivo de conseguir “margem para baixar os impostos”, caso ganhe as eleições legislativas e forme Governo. “O objectivo fundamental do combate à despesa pública só pode ser a possibilidade de baixar os impostos. Eu digo isto há muitos anos, há muito tempo. O meu combate à despesa não é para ter margem para fazer mais despesa, é para ter margem para baixar os impostos”, frisou a ex-ministra das Finanças. De resto, Manuela Ferreira Leite deverá confrontar o primeiro-ministro, com os números do aumento da carga fiscal e da manutenção da despesa pública.
Na réplica, José Sócrates fará certamente, questão de relembrar a Ferreira Leite – da mesma forma que fez com Paulo Portas – daquilo que a então, ministra das finanças, “fez no Verão passado”. Esperando-se, da parte do líder socialista, a marcação de várias comparações entre a actual governação socialista e a anterior governação social-democrata. A criação do imposto especial por conta, o aumento do iva e os números do défice serão uma herança, do governo do PSD ao país, que Sócrates não deixará de lembrar.
Saúde será tema fracturante
Na parte reservada à saúde também se espera forte discussão. Com Sócrates e Ferreira Leite a defenderem visões diferentes quanto ao Sistema Nacional de Saúde. A actual ministra da saúde, Ana Jorge, já afirmou mesmo que a pasta da saúde deverá ser, actualmente, o que mais distingue PS e PSD.
De acordo com o PS, o PSD quer passar para a mão dos privados “a prestação dos cuidados de saúde”, limitando “o acesso universal”. Na resposta, a estes argumentos que certamente serão recuperados por Sócrates, Ferreira Leite deverá voltar a insistir o que está em jogo é a “sustentabilidade financeira” do SNS e uma “maior acessibilidade aos serviços de saúde”. Uma maior de liberdade de escolha entre cuidados públicos e privados, o fim das taxas moderadoras e o aumento da comparticipação e o incentivo do consumo de genéricos passando a prescrição a ser feita por “denominação comum internacional” são outras das ideias do PSD.
Ferreira Leite irá “seduzir” os professores
A FENPROF é muito clara: Irá pôr em cima da mesa as propostas dos partidos e decidir qual é a melhor. E, com a força sem precedentes, que os sindicatos de professores granjeiam presentemente junto da classe, é de admitir um voto em massa, no partido que apresentar a melhor proposta para a educação, à luz da valoração da FENPROF e suas congéneres. Ferreira Leite irá certamente tentar “seduzir” a classe, ao passo que José Sócrates não o poderá fazer, soará a falso e portanto irá manter a mesma postura: gestão de danos. Sem tocar nos pontos que geraram discórdia – isso caberá a Ferreira Leite – José Sócrates irá por ênfase nas medidas que trouxeram benefícios à classe, como é o caso dos concursos de quatro em quatro anos.
Caso “TVI” será tema quente
A contestação unânime, gerada pela extinção do jornal de sexta-feira, na TVI, apresentado por Manuela Moura Guedes promete fazer subir o tom. Manuela Ferreira Leite já admitiu haver “asfixia democrática”, e o facto de ter havido uma tentativa de compra da TVI pela PT – denunciada pelo PSD – são momentos que prometem aquecer o debate. Manuela Ferreira Leite é dura nas palavras e amanhã não se auguram melhoras. “Quem ousa dizer alguma coisa que não está de acordo com o Governo de Sócrates sofre retaliações” afirmou a líder laranja relativamente ao clima que se vive no país.
Na resposta, Sócrates não deixará de lembrar o caso que envolveu o PSD e os comentários de Marcelo Rebelo de Sousa na TVI. Isto num debate, que como já se disse, poderá decidir o voto de milhões de eleitores indecisos.