2023/06/01

Chávez referenda eternidade presidencial

Os venezuelanos irão às urnas no próximo domingo para se pronunciarem sobre uma emenda constitucional, num referendo que servirá para sondar o apoio ao presidente Hugo Chávez e o desejo do povo de mantê-lo no poder depois de 2012, ano em que acaba o seu segundo e último mandato, face as actuais leis.

Venezuelanos vão às urnas no domingo

O presidente venezuelano acha-se o garante máximo da Pátria venezuelana e como tal quer prolongar o seu mandato ad aeternum

Os venezuelanos irão às urnas no próximo domingo para se pronunciarem sobre uma emenda constitucional, num referendo que servirá para sondar o apoio ao presidente Hugo Chávez e o desejo do povo de mantê-lo no poder depois de 2012, ano em que acaba o seu segundo e último mandato, face as actuais leis.
“Todos às urnas, que não haja um homem honesto sem votar pelo ‘sim'”, é o apelo feito por Chávez, confiante numa vitória esmagadora, defendendo que a emenda “dá mais força à democracia venezuelana” e que a sua permanência no poder “garantirá a paz”.
Segundo especifica a Constituição, o presidente venezuelano, que chegou ao poder em 1999, deve deixar o cargo após as próximas eleições presidenciais, altura em que termina o segundo mandato.
Para dar a volta à situação que impossibilita o carismático líder venezuelano de se voltar a candidatar, irá ser feita uma modificação de cinco artigos do ordenamento jurídico do país, o que vai permitir que Chávez se volte a candidatar quantas vezes quiser, assim como os governadores, munícipes, vereadores e deputados da Venezuela.

Oposição manifesta-se

A poucos dias do tão aguardado referendo têm aumentado as manifestações contra Chávez e a sua ideia de prorrogação de mandato, contudo, apesar de muito participadas, estas têm sido altamente controladas pelas forças da ordem, agora muito próximas do Presidente, o que faz crescer o receio de possíveis perseguições àqueles que agora se apresentam na oposição. Em algumas localidades do país estão mesmo a ser preparadas milícias pró-Chavez que irão “obrigar” todos a exercerem os seu direito de voto.
“No domingo temos a oportunidade de fazer Chávez entender que tem um amplo período para governar e que depois tem que ceder o posto a alguém do seu próprio partido ou à oposição. Temos que derrotar essa ideia de permanência no poder, de que ele é imprescindível”, declarou a politóloga Maruja Tarre em declarações à AFP.
O governo rejeita o termo “reeleição indefinida” e ressalta que a emenda abre apenas a possibilidade de o povo manter os bons governantes no poder, se assim desejar.
“A cada seis ou quatro anos, o povo venezuelano avaliará a gestão do Presidente, governadores e deputados e decidirá se merecem continuar”, reiterou à imprensa o ministro da Informação, Jesse Chacón.

Incerteza nos resultados

Os principais centros de sondagens da Venezuela consideram, a dois dias do referendo, que é impossível fazer prognósticos sobre quem sairá vitorioso. Segundo eles, não há uma vantagem clara e as respostas dos consultados não são tão confiáveis como noutras ocasiões, “o medo faz com que muitos digam uma coisa e nas urnas optem por outra”, disse uma fonte da oposição ao SEMANÁRIO.
Os membros do governo asseguram que as sondagens são-lhes favoráveis e que a vitória do ‘sim’ é “irreversível”.
Por seu turno, a oposição, que conquistou um importante espaço nas eleições regionais de Novembro, confia na vitória do “não”, resultado que, manteria o princípio da alternância no poder.
Além disso, os críticos de Chávez afirmam que a questão da reeleição contínua já foi incluída num projecto de ampla reforma à Constituição, rejeitado num referendo em 2007.
“O povo não quer reeleição, é um mecanismo inconveniente para a democracia. A proposta de emenda não resolve os problemas. Queremos a unidade, a reconciliação e isso é o que podemos conseguir votando “não”, declarou recentemente o líder do partido de oposição Copei, Luis Ignacio Planas.
A campanha eleitoral foi curta, porém intensa. Apesar dos 14 plesbícitos nos últimos dez anos, espera-se que os venezuelanos participem massivamente nesta nova consulta.
“Não tenho dúvidas de que está em marcha o plano “derrubem o rei”, de me tirar o quanto antes (…) Estão se a preparar para não aceitar os resultados eleitorais no caso muito provável de favorecerem a revolução”, afirmou Chávez.
Mais uma vez, o presidente, que possui grande popularidade, esteve omnipresente na campanha, na qual percorreu o país pedindo apoio à emenda, ligou para militantes, jogou basebol, num jogo a favor do “sim” e comemorou os seus 10 anos no poder manifestando o desejo de permanecer por mais uma década.

Walesa atemoriza Chávez

O ex-presidente polaco, Lech Walesa, pretende deslocar-se, na sexta-feira, a Caracas no intuito de se encontrar com representantes da sociedade civil, mas o presidente Hugo Chávez deu a entender que pode vetar a entrada no país do dirigente europeu, de forma a proteger a “dignidade da Venezuela”.
Walesa, emblemático líder sindical e prémio Nobel da Paz, confirmou numa entrevista ao jornal El Nacional que chegará à Venezuela na sexta-feira para se encontrar com representantes do movimento estudantil e ONGs.
“Nós somos obrigados a fazer respeitar a dignidade da Venezuela. Ele pode dizer isto onde lhe der vontade fora da fronteira venezuelana, mas aqui, dentro da Venezuela, não”, declarou Chávez, referindo-se a declarações recentes de Walesa, que é muito crítico em relação ao governo de Chávez. O ex-presidente polaco afirmou várias vezes que é preciso apoiar a oposição venezuelana e acusou Chávez de ser “demagogo” e “populista”.

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