Enquanto os rumores de uma venda do Finibanco alimentaram ontem a especulação no mercado bolsista, o mercado começa a interiorizar que Belmiro de Azevedo vai mesmo subir o preço que oferece pela PT. Quanto à OPA do BPI, o BCP não dá quaisquer sinais novos enquanto a AdC não se pronunciar.
A bolsa nacional encerrou ontem a valorizar, contrariando a tendência de queda das congéneres europeias, impulsionada pelos ganhos do BCP e da EDP. O PSI-20 ganhou 0,37%, num dia em que o Finibanco e a Gescartão dispararam mais de 5% e renovaram máximos históricos.
O principal índice da bolsa nacional encerrou a subir para os 11.143,10 pontos, com nove acções a subir, sete a cair e quatro inalteradas. Durante o dia foram negociados mais de 185 milhões de euros. O Banco Comercial Português (BCP) valorizou 0,72% para os 2,78 euros e a Energias de Portugal (EDP) [Cot] cresceu 0,8% para os 3,80 euros.
As acções do Finibanco dispararam mais de 7% para os 3,76 euros, tendo chegado a tocar nos 3,85 euros, renovando assim o máximo histórico, uma tendência que o banco tem registados nas últimas sessões, beneficiando da especulação em torno de fusões e aquisições no sector bancário. O Finibanco tem sido apontado como um dos alvos dos interesses espanhol, podendo a operação estar em vias de concretização. Ontem, havia mesmo a especulação que a operação poderia fazer-se com o fecho do ano.
Europac lançou OPT sobre Gescartão
A Gescartão também se destacou pelos ganhos ao disparar mais de 5% para os 25,80 euros, o que representa o valor mais elevado de sempre. A empresa acompanhou a tendência de subida da Europac, companhia que lançou uma oferta pública de troca (OPT) sobre a companhia portuguesa.
A Altri também disparou mais de 3% para os 3,94 euros, no dia em que o Governo anunciou que aprovou em Conselho de Ministros as minutas do contrato de investimento com a Celbi no valor de 320 milhões de euros.
Por seu lado a Galp Energia apreciou 0,14% para os 6,93 euros, depois da Espírito Santo Research divulgou ter iniciado a cobertura das acções da petrolífera com uma recomendação de “neutral” e um preço-alvo de 6,60 euros, que se encontra abaixo da actual cotação da empresa.
Mercado acredita que SONAE vai subir oferta na PT
A Portugal Telecom (PT) também contribuiu para os ganhos da bolsa ao somar 0,41% para os 9,81 euros, no dia em que a Reuters noticiou que a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários já está a analisar informalmente o prospecto de registo definitivo da oferta pública de aquisição (OPA) da Sonaecom sobre a PT. Basicamente o mercado começa a acreditar na subida da oferta da Sonae.
Ontem, também, o mercado ficou a saber que a Autoridade da Concorrência, a Anacom e a Sonaecom deverão, caso a OPA sobre a PT tenha sucesso, irão reunir-se bimestralmente de modo a que os reguladores se mantenham a par do cumprimento dos compromissos a que a empresa nortenha se sujeitou para ver a operação aprovada por Abel Mateus. Ainda ontem o regulador colocou no seu site a versão não confidencial da decisão final sobre a OPA da Sonaecom sobre a Portugal Telecom, operação à qual não se opôs.
Relatório Mateus na Internet
No documento, de 849 páginas, Abel Mateus, líder da AdC, explica entre outros pontos, que optou por não dividir o mercado móvel em residencial e não residencial ou, noutro exemplo, que não considerou as ofertas da Uzo, Rede4 ou Vodafone Live como um “sub-mercado” móvel.
Na descrição de um dos “remédios”, nomeadamente no que toca à separação horizontal da rede fixa de cobre da rede fixa de cabo, o documento da AdC revela que como estas duas redes partilham em várias zonas a mesma infra-estrutura, a Sonaecom irá ter que “propor as condições essenciais dos acordos que (…) podem ser celebrados com o propósito de assegurar ao adquirente a disponibilidade desses mesmos recursos durante um período transitório, a definir caso a caso” lê-se na versão não-confidencial divulgada pela AdC.
Estes “acordos transitórios devem ser de mercado” e terão uma duração pré-definida que, caso o adquirente demonstre não existirem alternativas viáveis, será prorrogada.
Caso a Sonaecom e a empresa adquirente de uma das redes fixas não cheguem a acordo, então uma terceira entidade – que a AdC optou por não esclarecer qual – deverá intermediar a negociação.
Ainda no documento a Autoridade da Concorrência refere que o acesso às condutas da PT “tem importância fulcral para a prestação dos serviços telefónicos fixos, de internet e de televisão por subscrição, entre outros” e que “os operadores de rede e prestadores de serviço de comunicações electrónicas dependem, em grande medida, da aquisição de serviços ao nível grossista [à PT] para poderem, por seu turno, oferecer serviços aos utilizadores finais, ao nível retalhista”. A impossibilidade “prática, técnica e financeira de duplicação” da rede da PT é uma das razões desta dependência.
A Sonaecom terá que elaborar um relatório a cada dois meses contendo “uma descrição escrita de todas as diligências por si efectuadas com vista ao cumprimento dos compopmissos relativos ao negócio de rede fixa”, assim como “uma declaração atestando o cumprimento de todas e de cada uma das obrigações acessórias” ligadas à OPA, refere a decisão final da AdC, hoje dada a conhecer.
A reunião da Sonaecom com os reguladores poderá acontecer também, “extraordinariamente”, sempre que a Concorrência o solicitar. Esta situação reflectiu-se ontem no mercado. As acções da Sonaecom desvalorizaram 1,35% para os 5,12 euros enquanto a Sonae SGPS subiu 0,67% para os 1,50 euros.
AdC decide em meados de Janeiro BCP/BPI
A evitar maiores ganhos esteve o Banco BPI [Cot] que desceu 0,5% para os 5,95 euros. O mercado ainda não tem sinais claros da posição do BCP, que não abrirá para já o jogo relativamente a qualquer aumento do preço. A Autoridade da Concorrência empurrou a sua decisão para depois do dia oito de Janeiro tendo entretanto solicitado novos elementos ao BCP no passado dia 19 de Dezembro. O BCP garantiu responder no prazo à AdC, mas o prazo entretanto inicialmente previsto para o parecer definitivo de Abel Mateus foi alargado.