Desde 20 de Fevereiro que está na moda debater a refundação da direita e, dentro da moda geral, existe uma variante específica, que é proclamar que essa refundação se tem de fazer pela via liberal. Que temos uma direita atrasada, que temos uma direita antiquada e que a modernização dessa direita passa pela via liberal.
Desde 20 de Fevereiro que está na moda debater a refundação da direita e, dentro da moda geral, existe uma variante específica, que é proclamar que essa refundação se tem de fazer pela via liberal. Que temos uma direita atrasada, que temos uma direita antiquada e que a modernização dessa direita passa pela via liberal.
Convém desde já esclarecer que tanta preocupação com a direita é suspeita de ser uma preocupação interesseira por causa das suas duas últimas e, por sinal, maiores derrotas eleitorais de sempre. Apareça quem tenha os votos e suspeito que tanto afã refundacional se esfumará na noite eleitoral da reconquista…
Mas a suposta direita liberal tem vários problemas. O mais pequeno dos quais não é certamente o facto de não existirem por junto dois liberais que coincidam nos limites que devem ser impostos ao Estado na intervenção, na economia, na sociedade e na vida quotidiana de todos nós. É por isso que lhes é mais fácil o diagnóstico do que a terapêutica. Coincidem no queixume, mas falham rotundamente no programa.
Outro deles é a credibilidade. O País está cheio de liberais que vivem à conta do Estado. Bem se vê: é chique zurzir no que é público, mas é cómodo beneficiar disso. Ora como acreditar nas malfeitorias atribuídas ao Estado, se são os seus piores críticos que não ousam a vidinha livre e independente como forma de subsistência? Mau começo.
Todos sabemos de cor o nome de grandes empresários portugueses que, em louvor da iniciativa privada, sempre se acoitaram nos favores, se candidataram às benesses e receberam o dinheiro e não pouco, do Estado, para impulsionar a grande iniciativa privada.
Ora, o debate sobre a direita tem de percorrer três caminhos: o primeiro é o da verdade e o da credibilidade (não desejar para os outros o que achamos que é mau para nós…); o segundo é o das ideias e não das meras opiniões (uma crónica num jornal ou num blogue está longe de constituir uma teoria ou de consubstanciar uma ideologia…); por último, é o da coragem de fazer um programa (a vida é cheia destes pequenos nadas em que por vezes tropeçam as mais iluminadas cabeças…).
A não ir por aqui, resta à direita esperar pelo próximo socialista disfarçado que consiga ganhar umas eleiçõezitas à esquerda.