2025/06/25

Semanário – Desporto 141por Manuel Lopo de Carvalho

1 – O Sporting atravessou um período delicado da sua vida neste final de época futebolística, dado que por um lado teve de enfrentar um processo sucessório ao nível da sua SAD e por outro viu-se na necessidade de reforçar a sua equipa de futebol que tinha entrado num declínio inquestionável.

A maneira como conseguiu lidar com estas questões saldou-se por um resultado francamente positivo. A forma serena, elevada e profissional como se processou a saída de Ribeiro Teles e a entrada de José Eduardo Bettencourt abonam muito a favor da organização instalada no Sporting e da qualidade dos dirigentes envolvidos.
O mandato de Ribeiro Teles caracterizou-se por um rigor na gestão e por um anti vedetismo que muito contrastou, para melhor, com o do seu antecessor. Os resultados obtidos foram excelentes. Um título de campeão, uma Taça de Portugal e uma Super-Taça, falam por si.
A entrada de Bettencourt tem o grande mérito de manter a linha de rumo que vem de trás e, como os primeiros indícios apontam, vai ser continuada a política de rigor cujos frutos começam a estar à vista.
O lucro apontado para o próximo exercício é da ordem de 12 milhões de euros sendo um desafio muito difícil para a gestão. A ser conseguido constituirá a consagração de uma gestão de rigor que devia servir de exemplo para outros que muito falam e gritam mas pouco fazem.
A forma como a equipa foi reforçada também é digna de nota. Primeiro trataram da venda de Ricardo Quaresma para realizar meios financeiros e depois aplicaram esses meios disponíveis de forma criteriosa, reforçando a equipa em sectores que se encontravam altamente carenciados.
É um facto que tudo isto foi feito socorrendo-se do brilhante “procurement” realizado pelo Benfica mas é bom que fique claro que as contratações só foram realizadas depois do Benfica ter desistido. Ou seja o Sporting não deu azo a qualquer desculpa de mau pagador por parte do Benfica. Limitou-se a comprar o que o seu rival não conseguiu fazer.
Entretanto e apesar destas contratações conseguiram baixar os custos operacionais do clube de forma significativa.
Para começo de mandato é caso para dizer que Bettencourt entra a matar.

2 – Entretanto do outro lado da segunda circular reina o total descontrolo emocional e o pânico ansioso.
Por um lado a equipa não foi reforçada, nem sequer retocada.
Decorreu mais um ano e alguns dos seus jogadores fulcrais, que já não eram novos, ficaram obviamente mais velhos e lentos. Zahovic, Helder e Argel são disso os exemplos mais flagrantes.
Por outro lado o sorteio da Liga dos Campeões não podia ter sido pior. Nem mesmo o Celta, apesar das sete más recordações, era tão desfavorável como a Lázio de Roma. O facto de esta equipa, há pouco mais de três meses, ter sido goleada e afastada da final da Taça UEFA pelo F.C.Porto, agravado com o conhecimento público da existência de problemas com os seus principais jogadores com repercussões negativas no seu rendimento, torna inevitável as comparações. Uma eliminação será seguramente muito mal recebida pelos sócios.
Por outro lado ainda, o sorteio da Super-Liga também não foi famoso devendo o Benfica defrontar o Boavista, Guimarães e F.C.Porto até à quinta jornada.
Sabendo-se, como se sabe, a influência que os resultados desportivos normalmente têm nos actos eleitorais do Benfica, percebe-se bem o pânico e a desorientação directiva.
Só isso, aliás, justifica a ressurreição do desaparecido e saudoso porta-voz João Malheiro que publicamente negou por duas vezes a evidência, ou seja que José Veiga tem praticamente o exclusivo dos jogadores do Benfica como resultado evidente de uma política da sua SAD. Ficou sem se perceber porque é que toda a gente sabe disto excepto, pelos vistos, a própria SAD e o seu porta-voz.
O aproximar do acto eleitoral e o medo de perder está, pois, a diminuir o discernimento dos dirigentes, não sendo, definitivamente, bom conselheiro.
Para enfrentar os próximos dois meses com calma e paz de espírito, sugere-se aos dirigentes benfiquistas que promovam a entrada imediata dos famosos 500.000 sócios que prometeram para este Verão. Assim ficará garantido que assegurarão uma sólida maioria de sócios atentos, veneradores e obrigados no próximo acto eleitoral, deixando consequentemente de ter preocupações e devolvendo alguma tranquilidade ao clube.

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