2025/09/06

Turquia prepara-se para abrir portos e bases a soldados americanos

Ancara disse hoje que se prepara para abrir os portos e bases para alguns dos 62 mil soldados que Washington pretende fazer transitar por aquele país, mal as negociações entre os dois Estados estejam concluídas. Entretanto, hoje, foi apresentada no parlamento turco a moção com os planos da Casa Branca.

O impasse relativamente à Turquia e à eventual cedência do seu território à passagem de milhares de soldados americanos para o Iraque num eventual conflito parece estar desbloqueado.

Ancara disse hoje que se prepara para abrir os portos e bases para alguns dos 62 mil soldados que Washington pretende fazer transitar por aquele país. No entanto, esta medida só será finalizada quando estiverem concluídas as negociações com a administração Bush a propósito das contrapartidas financeiras exigidas pelo Governo turco.

Esta decisão surgiu logo após o Partido para o Desenvolvimento e Justiça (AKP), vencedor das eleições legislativas no passado mês de Novembro, ter submetido ao Parlamento uma moção, na qual estão expressos os planos de Washington. A votação final deverão ser amanhã ou na quinta-feira, no entanto, a maioria parlamentar detida pelo AKP faz antever o resultado.

Mas, o Executivo tem ainda que contar com a forte oposição da opinião pública (95 por cento), que está contra uma intervenção militar no Iraque.
A moção apresentada hoje no Parlamento, de acordo com a agência Reuters, prevê o acantonamento durante seis meses de 62 mil soldados americanos e o direito de passagem para o norte do Iraque, através da região curda. Permite também a deslocação de mais 255 aviões e 65 helicópteros norte-americanos para a Turquia.

Proposta francesa pode adiar intervenção no Iraque

Mantém-se a expectativa face a uma intervenção no Iraque, depois da França ter apresentado uma proposta que pretende dar mais tempo aos inspectores da ONU. Proposta essa, que no caso de ser aprovada, poderá adiar uma nova resolução e, consequentemente, uma guerra contra o regime de Bagdad.

O embaixador norte-americano em Paris, Howard Leach mostrou-se, hoje, muito preocupado com a posição francesa, apesar da Rússia já ter descartado a proposta vinda de Paris, que visa prolongar as inspecções por mais quatro meses. A China continua céptica em relação a uma nova resolução, alertando para a necessidade de envidar todos os esforços diplomáticos para forçar o Iraque a desarmar sem ser necessário o recurso à guerra.

Entretanto, norte-americanos, ingleses e espanhóis tentam obter apoios, porém esta tarefa adivinha-se difícil, depois da Síria, único país árabe com assento no Conselho de Segurança, ter anunciado que irá votar contra a nova resolução. Perante este cenário, a administração Bush aponta baterias ao Paquistão, numa tentativa de obter apoios. Porém, este país encontra-se reticente perante a posição americana, uma vez que é uma nação com um grande número de militantes islâmicos. Na verdade esta situação poderá ser um foco de instabilidade interna, caso o Governo de Musharraf apoie a guerra. Assim sendo, o Paquistão deverá tentar evitar tomar qualquer tipo de decisão, enquanto não for estritamente necessário.

De qualquer forma, os votos cruciais estão nas mãos do Paquistão, Angola, Guiné, Chile e México, sendo este último a maior dor de cabeça para a admnistração americana, razão pela qual o primeiro-ministro espanhol, José Maria Aznar, se deslocou a este país de forma a persuadir os representantes mexicanos a alinharem pela posição americana.

Numa altura em que a frente diplomática está muito activa, Washington anunciou a destruição de uma bateria anti-aérea das forças iraquianas.
Segundo a administração americana, aviões norte-americanos e ingleses que procediam à patrulha da zona de exclusão aérea no sul do iraque, atacaram uma bateria antiáerea perto de Basra a cerca de 400 Km da capital Bagadade, tendo este ataque sido bem sucedido, causando danos na posição iraquiana, sem que tenha sido registada qualquer baixa nos aparelhos anglo-americanos.

Este foi apenas mais um ataque a posições iraquianas. Recorde-se que aviões americanos e ingleses têm atacado baterias de misséis e centros de comunicações das forças de Saddam, preparando o terreno para uma invasão terrestre, facto comprovado pela deslocação para o Golfo Pérsico de 200 mil soldados americanos e ingleses.

Turquia e EUA em acordo nos próximos dias

O primeiro ministro turco, Abdullah Gul, anunciou, hoje, que um acordo com os Estados Unidos acerca do uso do seu território no âmbito da ofensiva ao Iraque será alcançado nos próximos dias.

“Eles compreendem as nossas preocupações, nós compreendemos as deles, portanto, um resultado será atingido nos próximos dias”, afirmou, em Istambul.

A Turquia e os Estados Unidos têm vindo a negociar um acordo, nos últimos dias, para se poder concretizar o lançamento da ofensiva a partir de uma frente na Turquia. Segundo o Pentágono, esta possibilidade diminui as potenciais baixas norte-americanas.

Croácia apresenta candidatura formal à UE

A Croácia apresentou, hoje, a sua candidatura formal à União Europeia, esperando aderir ao bloco ainda esta década.

A candidatura foi entregue em mão por Ivica Racan, chefe de Governo da Croácia, ao seu homólogo grego, Costas Simitis. A Grécia é a actual predidente da União.

A Croácia, cuja população é de 4,4 milhões de habitantes, conseguiu a independência da Jugoslávia em 1991, mas depois travou uma guerra brutal com a sua minoria sérvia, apoiada pelo Governo jugoslavo, durante quatro anos.

Não alinhados contra a guerra

Vários países em desenvolvimento opuseram-se, hoje, à guerra contra o Iraque, mas recusaram o pedido iraquiano de proibir os aliados de utilizarem os seus territórios no combate.

A questão das armas de destruição maciça dominou a sessão preparatória da cimeira do movimento dos não alinhados (NAM), a decorrer na próxima semana, em Kuala Lumpur, a capital da Malásia.

A Coreia do Norte, também não alinhada, rejeitou falar sobre a sua própria situação, reiterando que só o fará com os Estados Unidos, apesar dos apelos dos outros Estados no sentido de rever a sua decisão de abandonar o acordo de não proliferação de armas nucleares.

Num projecto de resolução, as 114 nações afirmam que o uso de força contra o Iraque seria contraditória ao consenso global que “rejeita categoricamente a actual ameaça de guerra”.

Esta resolução será aprovada no sábado, pelos ministros dos negócios estrangeiros, e depois pelos chefes de Estado, no início da cimeira, na segunda feira. Os três países do “eixo do mal” de George W. Bush – Irão, Iraque e Coreia do Norte – fazem parte do NAM.