2025/11/11

Assembleia-geral define futuro leonino

Filipe Soares Franco decidiu não avançar para eleições antecipadas e irá colocar em votação o seu projecto, que passa pela alienação do património leonino, em assembleia-geral marcada para daqui a duas semanas. E de acordo com o actual presidente do clube de Alvalade, a venda do património sportinguista é a melhor solução para os leões.

Afinal não há eleições antecipadas e será realizada uma assembleia-geral. Depois de muito se ter especulado sobre o futuro do clube leonino, Filipe Soares Franco, presidente sportinguista, decidiu manter-se fiel às suas convicções e, apesar de aconselhado por colaboradores próximos a avançar para o acto eleitoral, irá colocar o seu projecto em votação em sede de assembleia-geral, marcada para o próximo dia 17 de Março, tal como estava há muito planeado. Entretanto, nos próximos dias 7, 8 e 9 de Março irão realizar-se sessões de esclarecimento e debate das medidas a propor à assembleia-geral, enquanto nos dias seguintes é feita a apresentação oficial do projecto.
Em relação à situação financeira do Sporting, de salientar que neste momento o passivo ascende os 277 milhões de euros, sendo o prejuízo anual avaliado entre os cinco e sete milhões de euros, enquanto os juros pagos nos últimos dez anos foram de aproximadamente 75 milhões de euros. O investimento em infra-estruturas foi de 185 milhões de euros, enquanto o património do Sporting está valorizado em 320 milhões de euros.

“O projecto é muito mais do que alienar património”

Perante a preocupante situação financeira do Sporting, de acordo com o presidente leonino, a alienação do património sportinguista é essencial para a reestruturação do clube. “Eu pertenço a um elenco directivo que foi eleito e que aprovou esta proposta por unanimidade, no Conselho Directivo, Conselho Fiscal e, no Conselho Leonino, teve apenas dois votos contra. O projecto é muito mais do que alienar património. Quando a alienação dos quatro edifícios (Alvaláxia, Visconde Alvalade, Clínica CUF e Health Club) for avalizada, mais a alienação de 27 por cento das acções da SAD, o Sporting poderá conseguir cerca de 70 milhões de euros”, afirmou Soares Franco, acrescentando ainda: “Perante este cenário, o Sporting pode, a muito curto prazo, ver reduzido o seu endividamento à banca em 90 a 105 milhões de euros. Isto permite outro tipo de abordagem, pois eu quero um Sporting no patamar europeu e, para isso, quero guardar os melhores talentos da equipa. Mas não posso tomar outra decisão, que não seja demitir-me, garantindo a gestão do clube até às eleições. Isto porque, caso este projecto não seja aprovado, o Sporting entra em incumprimento com aquilo que está acordado com os bancos”.
Entretanto, depois de muitos sócios questionarem o porquê de só agora, quase um ano depois da assinatura do “projecto de reestruturação financeira” com as entidades bancárias BES e Millennium bcp, é que se conhece a necessidade de alienar património, Soares Franco explica: “A obrigação de alienar o Alvaláxia até Junho de 2006, é uma obrigação da NEJA, que previa a alienação dos direitos de superfície. Contudo, em Portugal não há mercado para a alienação dos direitos de superfície, passando a ser necessário alienar a propriedade plena. Assim, foi necessário agendar uma assembleia-geral, para que seja autorizada a alienação da propriedade plena.”

“Críticas não construtivas”

Após ter confirmado que brevemente irá divulgar de forma pormenorizada e oficial os contornos da sua candidatura à presidência do Sporting, Filipe Soares Franco mostrou–se preocupado perante a existência daquilo que chama “críticas não construtivas” por parte dos outros candidatos. “Cada um tem o seu projecto. Ao aprovar-se este projecto há uma coisa que eu garanto: quando acabar o próximo mandato, o Sporting terá cumprido com todos os seus compromissos e terá dinheiro em caixa para viver. Isto é, não sou obrigado a vender jogadores durante o próximo mandato, o que não quer dizer que não venda, até porque há negócios irrecusáveis”, sublinhou o actual presidente leonino, adiantando ainda: “Com este projecto, a nossa capacidade negocial será maior. Por isso, será sempre preferível que aprovem este projecto e depois apresentem as respectivas candidaturas, do que simplesmente não aprovarem o projecto. Às críticas que têm sido feitas eu apenas respondo com a apresentação e explicação deste projecto. Agora, não escondo que gostava que as críticas fossem construtivas, pois ainda não vi ninguém apresentar alternativas a este projecto.”

Abrantes Mendes contra Soares Franco

No que diz respeito a Sérgio Abrantes Mendes, pré-candidato a presidente do Sporting, teceu duras críticas durante o dia de ontem ao posicionamento de Filipe Soares Franco. “Anuncia-se uma assembleia-geral para dia 17, mas não se revela nem local e hora, o que é espantoso. Soares Franco não tem condições para ser candidato e é óbvio que vai ser derrotado. Ele sujeitou-se a ser imolado, por imposição de alguém, não sei se dos bancos ou outras entidades. Está a ser sacrificado não para vir a ser candidato, porque lhe faltam condições. Depois de se demitir, vai aparecer outra pessoa como candidate”, referiu Abrantes Mendes.

Caneira negociado

Na vertente desportiva, o Sporting decidiu muito recentemente que irá tentar garantir a continuidade de Marco Caneira no plantel, após este ter demonstrado ser uma mais-valia para o conjunto orientado por Paulo Bento. E apesar de não existir nenhum direito de opção sobre os direitos desportivos do atleta, os leões vão estabelecer contactos com o Valência e tentar negociar a continuidade do defesa em Alvalade, seja ela através da renovação do empréstimo por mais uma temporada, ou até pela tentativa de garantir o jogador a título definitivo, sendo este um cenário mais complicado. Por outro lado, a possibilidade de continuar de leão ao peito agrada a Caneira, que se sente identificado com o clube mas é fundamental que o projecto desportivo dos leões seja aliciante. E isso passará sempre por uma presença na próxima edição da Liga dos Campeões.

A marca de uma geração

Está em palco no Toyota Box desde no início deste mês um dos mais arrojados projectos musicais dos últimos anos, “Sexta-Feira 13”. O musical tendo por base a música de uma das mais importantes bandas portuguesas, os Xutos e Pontapés, promete inflamar os ânimos de quem o for ver.

Tente pensar no panorama musical português nas últimas décadas sem pensar nos Xutos e Pontapés. Mesmo com excelentes contributos de outros grandes nomes do rock, os Xutos continuam a ser uma das imagens centrais do Rock português. A figura do Zé Pedro nos anos oitenta representa o estereótipo de uma geração de pessoas, agora nos seus trinta e quarenta, que viveram intensamente êxitos como a “Sexta-Feira 13”, “Eu Sou Bom” ou o “Circo das Feras”. É justamente na senda destas lendas vivas do Rock que surgiu pela mão de António Feio e Susana Félix, o musical que faz jus à mais controversa e marcante banda portuguesa.
Com um carisma muito próprio, “Sexta–Feira 13” nasce da vontade de várias pessoas, incluindo Eduardo Madeira, ao quem foi entregue o texto e Renato Júnior com a direcção musical. Neste campo foi preciosa a ajuda e colaboração dos próprios Xutos, que se mostraram muito entusiasmados com o projecto.
“Sexta-Feira 13” incorpora um elenco de luxo, no qual podemos destacar Bruno Cochat, Sérgio Lucas e Joana Furtado, numa estória que serve de espelho a uma geração de inconformados que viveram o amor, a morte e a juventude encontrando eco na música dos Xutos e Pontapés.
Os Xutos são indissociáveis da imagem de rebelde da geração de oitenta – um fora da lei, um inadaptado que responde apenas à suas regras, contra ao que a sociedade considerava como convencional. A música desta banda ainda hoje perdura, como prova temos em cena um dos mais arrojados musicais portugueses dos últimos tempos, sem cair no marasmo do cançotismo saudosista de tempos considerados áureos, como parece ser aliás a tendência dos musicais portugueses.
Este projecto é vivido intensamente tal como a banda que marcou uma geração. O Rock é uma forma de estar na vida, não um estilo musical. Os Xutos são Rock. Quem for ver não sairá indiferente perante a chuva de emoções e de música com que será confrontado. “Sexta-Feira 13”, a não perder no Toyota Box.

Benfica obrigado a vencer

Só a vitória interessa ao clube encarnado. Com oito pontos de desvantagem face ao FC Porto, líder da tabela classificativa, o Benfica está obrigado a vencer o clássico se pretender revalidar o título de campeão nacional. Já o FC Porto, mesmo que perca mantém o primeiro lugar da Liga Betandwin, embora não seja um resultado positivo para os dragões, uma vez que podem ver diminuir a vantagem sobre o Sporting, segundo classificado, para apenas dois pontos. Já em relação ao Estádio da Luz, após a vitória sobre o Liverpool, vai voltar a esgotar.

Neste domingo realiza-se mais um Benfica-FC Porto, num clássico decisivo para o plantel encarnado que, se perder, vê hipotecadas as hipóteses de revalidar o título de campeão nacional. Desta forma, a vitória é o único resultado que interessa ao conjunto orientado pelo holandês Ronald Koeman que, em caso de vitória, reduz para cinco pontos a diferença para os portistas, líderes da tabela classificativa.
Já a formação treinada por Co Adriaanse, vai para o clássico com menos pressão e mesmo que perca o encontro de domingo tem a garantia que mantém a primeira posição do campeonato. Porém, diminui a vantagem para os benfiquistas, assim como para o Sporting, segundo classificado, que, caso ganhe a Académica no sábado, fica a apenas dois pontos dos dragões. Desta forma, o empate é um resultado que não interessa a nenhum dos conjuntos e que se acontecer vem beneficiar os leões, que se afastam do Benfica e aproximam-se do FC Porto.

Benfica moralizado

Depois de ter vencido por uma bola a zero o Liverpool durante esta semana, num jogo a contar para a Liga dos Campeões, o plantel encarnado encontra-se moralizado para o desafio frente aos portistas. Desta forma, Ronald Koeman deverá fazer alinhar o mesmo “onze” que defrontou os “Reds”. Assim, Moretto deverá manter o lugar na baliza, enquanto Alcides, Anderson, Luisão e Léo formarão o quarteto defensivo. Petit e Manuel Fernandes deverão ser os médios mais defensivos, enquanto Beto deverá perder o lugar para Karagounis no “miolo” do terreno de jogo. Simão e Laurent Robert ficarão encarregues de ocupar as faixas, enquanto Nuno Gomes será o ponta-de-lança de serviço. Refira-se ainda que Geovanni e Miccoli não fazem parte das contas do técnico holandês, uma vez que ainda se encontram a recuperar de uma lesão. Já Moreira, que esteve afastado durante quatro meses após uma intervenção cirúrgica ao joelho, voltou aos treinos esta semana, só devendo voltar a competir daqui a aproximadamente duas semanas.

FC Porto com três centrais

Relativamente ao FC Porto, deverá manter o esquema de 3-5-2 adoptado por Co Adriaanse nos últimos jogos. A táctica, inicialmente contestada pelos adeptos, tem vindo a dar resultados positivos e nada indica que o técnico dos dragões mude no desafio frente aos rivais. Assim, os portistas deverão alinhar com Helton na baliza, que relegou Vítor Baía para o banco de suplentes, enquanto Bosingwa, Pepe e Pedro Emanuel deverão formar o tridente defensivo. Raul Meireles será o médio mais defensivo, enquanto Lucho González e Paulo Assunção completarão os lugares no meio-campo. Ricardo Quaresma e Ivanildo serão os extremos e Benny McCarthy e Adriano farão a dupla de avançados.

Contas à 23.ª jornada

Com 23 jogos realizados na principal competição nacional, os dragões lideram a tabela classificativa com 51 pontos conquistados, tendo vencido 15 jogos, empatado seis e perdido dois. Em relação aos golos, a equipa nortenha marcou 35 tentos e sofreu 13, sendo o conjunto menos batido da Liga Betandwin. Nos últimos três desafios a contar para o campeonato nacional, a equipa presidida por Jorge Nuno Pinto da Costa empatou frente ao Sp. Braga a uma bola, para depois, na penúltima e última jornada, ter ganho ao Belenenses e Marítimo, respectivamente.
Já as águias, ocupam o quarto posto com 43 pontos, tendo ganho 13 desafios, empatado quatro e perdido seis. Relativamente aos remates certeiros, o clube lisboeta é a formação mais concretizadora do campeonato nacional com 37 golos. 21 é o número de tentos sofridos. Refira-se ainda que nos últimos três jogos a contar para a Liga Betanwin, o clube presidido por Luís Filipe Vieira perdeu contra o União de Leiria, para depois ter vencido o Penafiel. Posteriormente, na última jornada, voltou a perder agora contra o Vitória de Guimarães.

José Veiga confiante

José Veiga, director-geral do Benfica, deu durante esta semana uma entrevista à Antena 1 e demonstrou o seu optimismo para o desafio de Domingo. “Não vamos pensar no jogo da segunda mão com o Liverpool. O próximo jogo é contra o FC Porto, é esse que nos interessa”, afirmou o dirigente encarnado, acrescentando: “É o jogo mais importante, por ser o próximo. Acredito vivamente, com grande fé, que ainda há grande possibilidades de reconquistar o título de campeão. Neste momento, é isso que nos interessa e que o grupo quer”. Questionado sobre se era fundamental vencer o FC Porto para ainda poder lutar pela vitória no campeonato, José Veiga sublinhou: “É isso que este grupo de trabalho, os jogadores, têm no pensamento e mente: ganhar ao FC Porto. E tudo farão para conquistar essa vitória no domingo”, declarou, afastando um cenário pessimista: “Nem nos passa pela cabeça pensar nisso. Estamos concentrados na vitória e é esse pensamento positivo que vamos ter para o jogo com o FC Porto.” “Acreditem firmemente nestes jogadores, que eles ainda lhes irão dar muitas alegrias ao longo desta época”, rematou o dirigente benfiquista.
Em relação aos treinadores Ronald Koeman e Co Adriaanse, ambos estão em “black out” e ainda não prestaram qualquer tipo de declarações, assim como os jogadores de ambas as formações.

Estádio da Luz esgotado

O Estádio da Luz deverá registar nova enchente no encontro frente ao FC Porto. Neste momento restam apenas oito mil ingressos à venda para o público em geral e que indicam que, de facto, a Luz vai voltar a esgotar. Em todo o caso, refira-se que, apesar dos recentes desaires no campeonato, em que o Benfica em quantro jogos perdeu três, a vitória sobre o Liverpool devolveu esperança aos adeptos encarnados que marcarão presença no recinto do actual campeão nacional.

Paulo Portas visa regressar ao PP em dois tempos

Paulo Portas quer voltar a ser o homem forte do PP a médio prazo, sabe o SEMANÁRIO. No entanto, o modo de alcançar este objectivo será tudo menos directo e linear. O ex-ministro da Defesa, que começa a 7 de Março o seu programa de comentário político na SIC, não vai dar a cara contra Ribeiro e Castro, devendo ser António Pires de Lima ou Luís Nobre Guedes a fazê-lo no próximo Congresso do partido. O ex-ministro da Defesa só entraria em cena perto das eleições legislativas de 2009. O plano tem, no entanto, um ponto fraco. Pires de Lima e Luís Nobre Guedes sempre rivalizaram pela amizade com Portas e o ex-ministro da Defesa tem de optar por um em desfavor do outro. Entretanto, Maria José Nogueira Pinto, pode estar já a apostar na divisão no reino de Portas.

Paulo Portas quer voltar a ser o homem forte do PP a médio prazo, sabe o SEMANÁRIO. No entanto, o modo de alcançar este objectivo será tudo menos directo e linear. O ex-ministro da Defesa, que começa a 7 de Março o seu programa de comentário político na SIC, não vai dar a cara contra Ribeiro e Castro, devendo ser António Pires de Lima ou Luís Nobre Guedes a fazê-lo no próximo Congresso do partido. O ex-ministro da Defesa só entraria em cena perto das eleições legislativas de 2009. Os contornos do regresso de Portas estão ainda por definir. Já com Pires de Lima ou Nobre Guedes na liderança, o partido poderia entrar numa dinâmica de grande abertura à sociedade civil, visando a refundação da direita, com um discurso novo, de “causas”. Com a constituição de um governo-sombra aberto aos mais competentes e que comunguem da ideia para Portugal defendida pelo PP. Portas, que entretanto se abre aos portugueses na SIC (rivalizando com o Marcelo Rebelo de Sousa) pode ser, no quadro desta estratégia, a cereja em cima do bolo. Talvez como candidato a primeiro-ministro apresentado pelo PP.
O plano tem, no entanto, um ponto fraco. Pires de Lima e Luís Nobre Guedes sempre rivalizaram pela amizade com Portas e o ex-ministro da Defesa tem de optar por um em desfavor do outro. Ainda por cima, o que torna mais difíceis as coisas, tanto Pires de Lima como Luís Nobre Guedes estão convencidos que podem desempenhar bem o lugar. Nobre Guedes foi essencial na ascensão de Portas à liderança do PP, sucedendo a Manuel Monteiro, e tem estado ao lado do ex-ministro da Defesa nos momentos mais difíceis da sua vida. António Pires de Lima é um “portista” mais recente (apesar de ser amigo de Portas há muito tempo). É, no entanto, esta “juventude” política o seu melhor trunfo. Quando Portas abandonou a liderança do PP, Pires de Lima ensaiou, aliás, a sua candidatura à chefia do partido. Hoje, sabe-se, que com vista a posicionar-se para o futuro. Em termos de imagem política, Pires de Lima também parece mais “fresco” que Nobre Guedes, há meses atormentado com o caso “Portucale”.
De qualquer forma, de uma ou outra maneira, parece estar definido que se vai fazer a guerra a Ribeiro e Castro. Nos últimos meses, foi sempre evidente a tensão entre a nova direcção e o grupo parlamentar do PP, onde têm assento todos os portistas. Numa entrevista recente, Ribeiro e Castro não conseguiu controlar o que lhe vai na alma e desabafou que os tempos têm sido difíceis. Aliás, há sinais de que o líder do PP poderia teria vontade de desculpar muitas faltas de consideração e fazer a paz com os deputados “portistas”. No entanto, do lado de Portas, a palavra de ordem é ignorar os cantos de sereia, não dando tréguas a Ribeiro e Castro no próximo Congressso popular. Uma reunião magna que Ribeiro e Castro quer adiar o mais possível, de modo a poder preparar-se para todas as eventualidades.
Entretanto, quem está também no terreno de confronto, é Maria José Nogueira Pinto. A hoje vereadora da Câmara Municipal de Lisboa tem uma posição modesta que num partido como o PP vale ouro. De facto, um dos grandes problemas actuais do partido é estar totalmente fora do aparelho de Estado central e autárquico. Nogueira Pinto tem mantido pontes com toda a gente no partido, dando uma no cravo e outra na ferradura. Ora pisca o olho a Ribeiro e Castro e à sua direcção, iludindo-os, ora pisca o olho a Portas e aos portistas. No fim, não se compromete com ninguém. Hoje, a vereadora na capital aguarda serenamente a evolução do confronto entre Ribeiro e Castro e os portistas e, no seio destes últimos, está atenta a melindres que possam dividir a “casa” entre Pires de Lima e Nobre Guedes. Ou seja, Nogueira Pinto parece atenta à necessidade de uma terceira via para o PP, que não seria nem a de Ribeiro e Castro nem a de Portas.

Crise no Sporting

Vender o património sportinguista. Esta é a solução encontrada por Soares Franco, actual presidente leonino, para reduzir as dívidas do clube de Alvalade, que ascendem a 300 milhões de euros. Uma proposta que será votada na próxima Assembleia Geral do Sporting, marcada para o dia 23 deste mês, e que já suscitou diversas opiniões.

300 milhões de euros. Esta é a dívida total do Sporting que atravessa, no ano do seu centenário, uma das maiores crises financeiras da sua história. E para combater esta situação, Filipe Soares Franco, actual presidente leonino, afirmou que a solução passa pela venda do património do clube lisboeta. Porém, de acordo com o dirigente verde e branco, só apresentará a sua candidatura à presidência do Sporting nas próximas eleições, marcadas para Junho, se os sócios aprovarem o projecto de venda de património, na assembleia geral marcada para o dia 23, na antiga FIL. Em causa está uma proposta de venda do Edifício Visconde de Alvalade, da Alvaláxia, do Health Club do estádio e da Clínica CUF de Alvalade. “É completamente determinante”, afirmou o presidente sportinguista, adiantando ainda que desiste da candidatura se a decisão de vender parte do património do clube não for aceite pelos sócios.

Roquette defende Soares Franco

Entretanto, José Roquette, ex-presidente leonino, deu o seu total apoio a Soares Franco, no que diz respeito à venda do património sportinguista e que configuram uma alteração de estratégia em relação ao projecto inicial por si elaborado. “Estou de acordo com Soares Franco. Se a instabilidade financeira existe, então devem ser estudadas soluções”, afirmou Roquette, sublinhando ainda que a Academia de Alcochete é o único bem que não se poderá negociar: “Este projecto é viável e espero vê-lo aprovado, até porque as infra-estruturas anexas ao estádio não têm a importância que tem, por exemplo, a Academia.”
“O Sporting assumiu já um compromisso há bastante tempo de reduzir o seu passivo através da venda de património não desportivo. Esse compromisso foi assumido ainda durante a gestão do dr. Dias da Cunha”, confirmou José Roquette, sublinhando ainda que o cenário de falência é uma realidade: “O Sporting tem um problema de equilíbrio financeiro, situação que se reflecte mensalmente. E neste caso é urgente estancar essa hemorragia”, destacou. “Não podemos meter a cabeça na areia e fingir que não sabemos o que aconteceu com clubes como Farense, Campomaiorense ou Estoril, e não pensar que é possível que isto possa aparecer em posições mais cimeiras”, concluiu o ex-presidente verde e branco.
Entretanto, refira-se ainda que o facto de a equipa de futebol sportinguista não ter conseguido o apuramento para a Liga dos Campeões, bem como a compra de jogadores acima do que estava autorizado pelo “project finance”, e ainda as modalidades amadoras terem gasto mais do que deveriam são outras das razões que explicam a projecção de um passivo de 16,8 milhões de euros para a corrente época desportiva. Matéria que também será abordada na próxima Assembleia Geral do clube.

Ruptura entre Dias da Cunha e Soares Franco

Perante este cenário, Dias da Cunha, último presidente leonino antes de Soares Franco, acabou por oficializar a ruptura com o actual dirigente leonino durante esta semana em entrevista ao jornal “A Bola”, garantindo total desacordo com as propostas apresentadas, recusando a ideia da necessidade da venda de património, bem como a do desequilíbrio financeiro. Segundo o antigo presidente do Sporting, a solução para a tesouraria do clube passaria pela “colocação do património em fundos imobiliários”. “Esses fundos incluiriam uma cláusula de recompra, que não permitiria aos fundos a venda do património”, disse Dias da Cunha, adiantando que o entendimento entre as partes estipulava já prazos para a recompra do património pelo Sporting, quando o clube “voltasse a uma situação de poder amortizar o endividamento por meios próprios, ou através de outras formas”. Relativamente à posição de José Roquette, Dias da Cunha disse estar a “prestar um mau serviço ao clube, visto que, sem fundamento, põem o seu bom nome em causa”. “Ao procederem assim, José Roquette, em particular, esquecem ou fingem ignorar que o Sporting ficou a partir do fecho da negociação com os Bancos em muito melhor situação económico-financeira do que alguma vez esteve nos últimos dez anos”, argumenta. “Rigor e transparência permitiram os acordos com os bancos. Rigor e transparência continuam a ser o único remédio para resolver eventuais inesperados problemas de tesouraria”, concluiu Dias da Cunha.

Roquette processa João Rocha

José Roquette não gostou das declarações de João Rocha, ao “Record”, e vai processar o antigo presidente verde e branco. Na entrevista em questão, João Rocha disse que “foi o projecto Roquette que liquidou o Sporting”, acrescentando ainda que, “quando José Roquette entrou, o clube estava numa situação caótica, mas ele aceitou um passivo de 4 milhões de contos e, actualmente, ascende a 60 milhões de contos. É uma diferença enorme”. “José Roquette julgava que o Sporting era uma operação tão fácil com a do Totta, em que ele, numa operação ilegal, ganhou 20 milhões de contos sem pagar um tostão de impostos e, ainda por cima, acabou por comprometer aquele que foi recentemente eleito Presidente da República, Cavaco Silva”, afirmou João rocha.

Ribeiro Telles e Bettencourt poderão regressar

Ainda não está nada decidido, mas está iminente o regresso de Miguel Ribeiro Telles e José Eduardo Bettencourt para voltar a gerir o futebol do Sporting e ocupar o cargo de administrador executivo da SAD, respectivamente. O convite foi feito por Soares Franco e poderá consumar-se caso este vença as eleições em Junho. Em todo o caso, ainda falta delinear alguns aspectos mas o regresso desta “dupla” muito apreciada pelos dirigentes e sócios leoninos poderá vir a confirmar-se brevemente.

Liedson até 2010

Entretanto, no plano desportivo, refira-se que o Sporting renovou o contrato com Liedson num investimento que, conforme comunicação feita à CMVM, ascende a 8,5 milhões de euros. Desta forma, o goleador brasileiro representará os leões até 2010, tornando-se num dos jogadores mais bem pagos no plantel verde e branco. Já o defesa direito Abel, emprestado pelo Sp. Braga, “convenceu” o treinador Paulo Bento e o conjunto de Alvalade deverá accionar a cláusula de opção estipulada em aproximadamente 750 mil euros.