2025/11/18

“O PSD deixou de existir no distrito de Lisboa”

Helena Lopes da Costa assume-se como muito crítica da anterior direcção da Distrital de Lisboa. Em entrevista ao SEMANÁRIO, a deputada depositou a responsabilidade pela “hecatombe” na autarquia em Paula Teixeira da Cruz, acusando-a de se “imiscuir, sistematicamente, na gestão da Câmara”. Na opinião da candidata, “o PSD deixou de existir
no distrito de Lisboa”.

O que a move, pessoal e politicamente, para se candidatar à Distrital de Lisboa do PSD?
Eu candidato-me à Distrital de Lisboa em nome de uma urgência e de um compromisso. Compromisso que é voltar a fazer do PSD um partido ganhador no distrito de Lisboa. Como sabe, parto para este combate numa situação muito difícil porque agora, em Lisboa, o PSD tem apenas três câmaras municipais: Mafra, Sintra e Cascais. Se me perguntar qual o contributo que o PSD deu para estas vitórias, tenho de lhe dizer, infelizmente, que foi um contributo muito pequeno. Estas vitórias devem-se, essencialmente, aos protagonistas. O meu objectivo é, exactamente, voltar a um PSD de vitórias, voltar a conquistar o distrito de Lisboa e voltar a conquistar a Câmara Municipal de Lisboa, que eu entendo que foi entregue ao Partido Socialista.

Pondera encabeçar a lista do PSD à capital nas eleições autárquicas de 2009?
Não. Neste momento não pondero. Nem falo agora em candidaturas à CML porque o presidente do partido disse, no último congresso, que o PSD iria ter um candidato nos primeiros seis meses de 2008. Como é evidente, quando for eleita presidente da Distrital de Lisboa, acordarei com a direcção do partido quem será o melhor candidato.

Mas manifesta disponibilidade para ser candidata?
Não. Neste momento não tenho uma grande apetência para ser candidata à CML. Estou disponível para ajudar um candidato, estou disponível para trabalhar muito para que, por exemplo, se ganhe a Câmara de Odivelas e para que se obtenham bons resultados em outras câmara municipais, que algumas não são fáceis de ganharmos de imediato. Penso que neste momento temos condições para trabalhar no sentido de conquistar, daqui a dois anos, algumas das câmaras que agora não seria possível fazê-lo. Até porque existem presidentes em exercício do PS que não se podem recandidatar. Portanto, o PSD deixou de existir no distrito de Lisboa. Entregámos a CML, que eu ajudei a ganhar e onde trabalhei durante quatro anos com espírito de missão, ao partido socialista, com um resultado miserável do PSD que esteve na origem da demissão do dr. Marques Mendes e da presidente da Distrital.

Uma das suas principais prioridades é reconquistar a capital. Qual a estratégia para ganhar a António Costa em 2009?
A estratégia é muito simples. A primeira vez que conquistámos a CML ao PS foi contra uma coligação de esquerda; contra o dr. Paulo Portas, que encabeçava a lista do CDS/PP; e contra Bloco de Esquerda de Miguel Portas e Garcia Pereira do MRPP. Foi uma vitória que nos deu muito trabalho, mas os lisboetas queriam mudar. E o PSD fez muita obra nos quatro anos em que eu estive na Câmara com o dr. Pedro Santana Lopes.

Gostaria que esse ciclo voltasse e ver outra vez Pedro Santana Lopes na CML?
Tenho saudades desse ciclo. Tive muita pena que se entregasse a câmara ao PS, que não a queria. O Partido Socialista nem sequer queria eleições. Nós trabalhamos com Pedro Santana Lopes com espírito de missão. Nas áreas sociais, na educação, na reabilitação urbana, nas grandes obras emblemáticas como o Túnel do Marquês, nas questões ambientais… Fizemos tanto trabalho em quatro anos que penso estar perfeitamente ao nosso alcance voltar a ganhar a CML. Aliás, a abstenção foi brutal. Tivemos, neste último acto eleitoral, uma abstenção que ficou nos 60%. Só 40% dos lisboetas é que entenderam que deveriam participar neste acto eleitoral. Os outros entenderam que poderia ser uma farsa, um misto de Carnaval e tragédia e não perceberam a necessidade de serem novamente chamados às urnas para votarem em algo que tinha votado há ano e meio.

Podemos imputar, directamente, as culpas desta crise a Paula Teixeira da Cruz?
Como é evidente. Esta hecatombe foi da responsabilidade integral da Distrital de Lisboa, que se imiscuía, sistematicamente, na gestão da Câmara.

Falou em algumas das autarquias que pretende reconquistar para o seu partido…
…Oeiras, por exemplo.

Exactamente. Em que termos pretende resolver a questão de Oeiras?
É muito fácil. Tenho muita experiência autárquica e conheço muito bem o partido. O problema em Oeiras não fui eu que o criei, mas tem de ser resolvido. Entendo que, dada a forte ligação que tenho aos militantes da secção de Algés e da secção de Oeiras, sou a pessoa que estou em melhores condições para poder resolver essa situação. Ouço os militantes das duas secções e aquilo que entenderem, em consonância com a distrital de Lisboa, resolverá a questão. E iremos ter, certamente, um candidato único à Câmara Municipal de Oeiras.

Está em cima da mesa o apoio a Isaltino Morais?
Neste momento não vou falar do apoio ou não apoio ao dr, Isaltino. Depois de estar eleita, quero ouvir os militantes de Algés e de Oeiras. Foi dito, pelo actual presidente do partido, que, neste momento, e eu sempre defendi isso, os militantes vão ter de se pronunciar sobre todas estas questões. Os militantes não existem para votar ou andar nos almoços e jantares.

Na sua opinião, Isaltino Morais seria um bom candidato?
Na minha opinião Isaltino Morais seria um bom candidato.

Carlos Carreiras referiu que o PSD não pode ter regras do Burkina Faso, referindo-se à questão do pagamento de quotas e dos cadernos eleitorais. Em sua opinião, estão criadas as condições para no dia 8 de Novembro existirem eleições justas?
Claro. Quando vi que a convocatória para o acto eleitoral estava marcada para um período muito curto, tomei a iniciativa, junto do presidente da Mesa, eng. Ferreira do Amaral, de solicitar que o horário de votação fosse mais alargado. Porque entendo que a democraticidade interna é proporcional à participação dos militantes. Relativamente aos cadernos eleitorais, algumas centenas de militantes em Lisboa foram excluídos, num processo centralista, apesar de terem pago as suas quotas e não puderam votar para as eleições directas do presidente do partido. O compromisso que houve do dr. Luís Filipe Menezes foi que, com ele, iria existir democraticidade interna e os militantes que pagaram as quotas seriam inseridos nos cadernos eleitorais. Tanto quanto sei foi isso que aconteceu. As críticas do dr. Carlos Carreiras não têm, portanto, nenhum fundamento.

José Miguel Júdice é o nome adequado para gerir a frente ribeirinha de Lisboa?
José Miguel Júdice é uma pessoa com capacidade, Independentemente de ter saído do partido. Nestas coisas não sou maniqueísta, não estão de um lado os bons e do outro os maus. José Miguel Júdice é uma pessoa com muita capacidade para poder gerir a zona ribeirinha de Lisboa.

Aparelho do PS quer que Sócrates encontre número dois

Alguns sectores do aparelho socialista estão a pressionar José Sócrates a encontrar rapidamente um número dois de peso, no Governo e no PS, de modo a fortalecer politicamente o executivo e dar uma prova de força do partido, preparando-os para os embates eleitorais de 2009. Uma remodelação ministerial poderá surgir logo depois da presidência europeia.

Alguns sectores do aparelho socialista estão a pressionar José Sócrates a encontrar rapidamente um número dois de peso, no Governo e no PS, de modo a fortalecer politicamente o executivo e dar uma prova de força do partido, preparando-os para os embates eleitorais de 2009. Uma remodelação ministerial poderá surgir logo depois da presidência europeia.
É verdade que Sócrates tem chegado para as encomendas, sozinho, indo a todas, no governo, no país, na Europa, mesmo no partido, ainda que seja este o mais penalizado com a absorção do primeiro-ministro. Sócrates tem sido um autêntico one man show, aguentando o barco interno com boas projecções de voto e ganhando galões na Europa com o acordo alcançado no Tratado da União Europeia na quinta-feira passada. Porém, a convicção dos sectores do aparelho socialista, é que há que não abusar do esforço (e do desgaste) de Sócrates, encontrando rapidamente pesos pesados que estejam dispostos a entrar no Governo e a oferecer empenhamento ao partido.
No PS, desde que Jorge Coelho abandanou a presidência da Comissão Permanente que o partido nunca mais teve o mesmo fulgor. Como é sabido, Sócrates extinguiu simplesmente o órgão e quis que o Secretariado assumisse funções mais activas (numa posição muito criticada na altura por homens como Vieira da Silva). Só que o órgão executivo do PS não tem sabido cumprir o seu papel, com a maioria dos membros dedicados a tarefas muito absorventes, sobretudo de carácter executivo, principalmente no Governo. A machadada final foi a ida de Marcos Perestrello, um verdadeiro operacional que começou a tratar da organização do partido, para a vereação da Câmara de Lisboa, levado por António Costa. A necessidade de Sócrates dinamizar o partido ou voltar à velha fórmula da Comissão Permanente (ainda que com outra designação) parece, assim, premente. As vozes dentro do PS que denunciam a paralisia do partido têm aumentado. O presidente da Federação do PS de Setúbal, Vítor Ramalho, há muito que denuncia a letargia no interior do partido. Recentemente, na sua página pessoal, António José Seguro também colocou o dedo na ferida, referindo que “existe uma absoluta urgência na alteração da organização e do funcionamento dos partidos políticos.” O deputado socialista acrescenta que “os partidos políticos têm de abrir-se ao exterior e saber atrair para o seu seio o fundamental do debate político. Movimentos como os Estados Gerais ou as Novas Fronteiras são importantes, mas o nosso esforço tem que ir mais além e sabermos integrar esse espírito no quotidiano das formações partidárias. A dicotomia independentes/militantes ou os de fora/os de dentro empobrece a vida partidária, porque afasta da participação muitas pessoas de enorme qualidade e competência. O desafio, entre outros, reside na capacidade de refundar a vida partidária e, desse modo, dar razões aos cidadãos (sem obrigação de se inscreverem) para discutirem no interior dos partidos os problemas da actualidade e, daí, haver consequência para a qualidade da governação”. Seguro diz, ainda, que “durante os períodos de responsabilidade governativa, a discussão política no interior dos partidos políticos, deve ser incentivada e dinamizada, como contributo indispensável á boa governação e á renovação das propostas políticas. Caso contrário, os partidos políticos correm o risco de transformarem-se em exércitos eleitorais, dispensáveis durante os períodos da governação”.
Em relação ao governo, o panorama também não é animador para Sócrates. Depois da saída de António Costa, o primeiro-ministro ficou sem um verdadeiro nº 2 no Governo. Pedro Silva Pereira, assoberbado de trabalho, tem tido cada vez menos tempo para o trabalho político e mediático. Nos últimos meses, tem sido notório o facto de Silva Pereira não apagar alguns fogos políticos, como antes fazia. Por sua vez, o recém-empossado Rui Pereira, apesar do evidente mediatismo, não pertence ao PS, o que faz com que não tenha verdadeiro poder e, nessa medida, Sócrates não possa, verdadeiramente, contar com ele.
A entrada de um número dois no Governo com peso político no partido está porém, muito limitada a um lote muito restrito de personalidades. Jorge Coelho, que, sem nenhum cargo que desempenhe, tem feito a cobertura política nos piores momentos de Sócrates, fruto do seu mediatismo, é sempre uma hipótese de quem se fala no regresso ao governo. O outro nome incontornável como hipótese de homem forte do Governo é António Vitorino que, curiosamente, esteve sempre ao lado de Sócrates nas várias fases de negociação do Tratado de Lisboa. Depois de Sócrates provar, nestes quase três anos de governo, que é um caso sério da política, as circunstâncias que levaram Vitorino a dizer não a nenhum cargo governativo, podem ter-se alterado, sem que pareça existir qualquer risco de o ex-comissário europeu sair desvalorizado por ser um braço-direito de Sócrates. Precisamente face à envergadura adquirida por Sócrates, quer no plano interno, quer no plano externo.

Seguro propõe que Congresso anteceda directas

António José Seguro fez esta semana, na sua página pessoal da Internet, uma reflexão pessoal sobre as eleições internas e os Congressos dos partidos. Tendo como mote as recentes directas no PSD e a polémica que as envolveu, num processo bem distinto do que aconteceu no PS que, como Seguro salienta, foi o primeiro partido a realizar eleições directas em Portugal, o deputado socialista propõe um novo modelo de eleição dos líderes partidários em geral e, em particular, para o PS. Com o Congresso a anteceder as directas, com o objectivo de incentivar a discussão interna e aumentar a vitalidade dos partidos. Escreve António José Seguro: “Como contributo para a reflexão, talvez seja de ponderar a possibilidade de criar um sistema misto que mantenha a eleição directa do líder (assente no principio: um militante, um voto), mas que essa eleição seja precedida de um Congresso onde os candidatos se apresentam, e aí se trave a primeira discussão das respectivas propostas políticas alternativas. Após essa reunião, os candidatos realizam as suas campanhas eleitorais (por um período determinado), após as quais se procede à eleição do líder.
Este processo, ao permitir a discussão política interna e a eleição directa, incorpora, em minha opinião, os aspectos mais positivos dos congressos e das directas. Não será decerto um processo perfeito, nem eliminará todos os inconvenientes, mas promove um ajustamento mais equilibrado nas diferentes componentes que integram, ou deveriam integrar, qualquer processo de escolha democrática. Este processo, que designamos de sistema misto, deve garantir a discussão política das propostas alternativas em todas as estruturas locais e regionais dos partidos políticos, com a presença dos candidatos (por exemplo, nas regionais) ou dos seus representantes (por exemplo, nas locais). Ou seja, a discussão política não pode ser um exclusivo das estações de televisão. É muito importante a realização de debates televisivos para que os eleitores acompanhem a vida partidária, mas será um erro limitar a discussão política aos debates entre os candidatos. A discussão política para a eleição de um líder partidário tem que envolver a participação activa dos militantes com os próprios candidatos. Essa é a riqueza da vida partidária democrática que não pode ser alienada. A discussão política é a essência dos partidos políticos, caso contrário serão facilmente dispensáveis. Outro aspecto a ter presente é a necessidade de introdução de regras de transparência no financiamento dessas campanhas eleitorais internas que, em 2002, tive oportunidade de propor na Comissão Eventual para a Reforma do Sistema Político da Assembleia da República, assunto sobre o qual em breve apresentarei publicamente a minha reflexão.

César posiciona-se para suceder a Sócrates

Com as críticas duras que fez ao executivo, considerando que o país está a ser governado por um subsistema de ministros sem peso político, Carlos César pode estar a posicionar-se para suceder a Sócrates. Tomando o lugar a António Costa, cada vez mais fragilizado com a gestão da capital.

Com as críticas duras que fez ao executivo, considerando que o país está a ser governado por um subsistema de ministros sem peso político, Carlos César pode estar a posicionar-se para suceder a Sócrates. Tomando o lugar a António Costa, cada vez mais fragilizado com a gestão da capital, envolvendo-se mesmo em desentendimentos com o primeiro-ministro por causa da gestão do porto de cruzeiros.
Curiosamente, César nunca põs em causa, nas suas palavras, o seu apoio a Sócrates mas sim a composição do executivo, cada vez mais depauperada de pesos pesados depois das saídas de Campos e Cunha, Freitas do Amaral e António Costa (sem que tenha havido nenhuma remodelação), o que acaba por ser muito ingrato para um homem da envergadura de José Sócrates. Sócrates já provou que, apesar da sua fama de arrogância, encaixa bem as críticas. Só depende delas serem construtivas e, sobretudo, virem de alguém que lhe merece consideração pessoal e política. Como é o caso de Carlos César, um homem ainda novo, com uma longa carreira política, que tem sabido administrar muito bem o seu posicionamento no interior do partido, sem se comprometer com qualquer família política.
Não espantaria, assim, que Carlos César pudesse, antes de se lançar na corrida à liderança do PS, integrar um futuro executivo PS, depois de 2009, exactamente para contribuir para que o governo tenha mais peso político. O facto de ter regionais em 2008 e de as dever ganhar, não é impeditivo a esta situação. Até porque 2008 deve marcar a última eleição regional de César. Quanto a António Costa, dificilmente António deverá voltar a um executivo de Sócrates. Se ganhar Lisboa em 2009, gere a capital até 2013. Se perder, pode comprometer a sua carreira política.
Carlos César nasceu a 30 de Outubro de 1956, em Ponta Delgada. Em 1973, com apenas 17 anos de idade, integrou a Comissão Dinamizadora da C.D.E. em Ponta Delgada. A 26 de Abril de 1974, um dia depois da “Revolução dos Cravos”, fundou a Associação de Estudantes do Liceu Antero de Quental, e, um mês mais tarde, a Juventude Socialista nos Açores. Foi membro do primeiro Secretariado eleito da Secção de Ponta Delgada do Partido Socialista e da delegação dos Açores ao I Congresso Nacional do P.S. na legalidade e ao I Congresso Nacional da Juventude Socialista. Em 1977 ingressou na Faculdade de Direito de Lisboa, tendo sido eleito para a Direcção da Associação de Estudantes e para os órgãos de gestão daquela instituição universitária. Até 1980 foi, também, coordenador nacional da J. S. para o ensino superior.
Foi Adjunto do Secretário de Estado da Administração Pública do II Governo Constitucional. De regresso aos Açores ingressa, como deputado, na Assembleia Regional em Janeiro de 1981. Integrou, pouco tempo depois, a Direcção do Grupo Parlamentar do P.S. e várias comissões parlamentares, presidindo à Comissão dos Assuntos Económicos. Mais tarde foi eleito Vice-Presidente da Assembleia Regional, sendo, ainda hoje, o deputado que mais tempo ocupou essas funções.
De 1983 a 1985 foi líder do P.S. nos Açores. Entre Dezembro de 1988 e Dezembro de 1989 é deputado na Assembleia da República, para que fora eleito em Julho de 1987. Faz, então, parte da Direcção do Grupo Parlamentar, a convite de António Guterres, e das comissões de Defesa Nacional, da Juventude e dos Direitos, Liberdades e Garantias.
A 30 de Outubro de 1994 é eleito Presidente do P.S./Açores, com 92% dos votos expressos em escrutínio secreto, no Congresso Regional. No ano seguinte acrescenta à sua qualidade de membro da Comissão Nacional e da Comissão Política Nacional do P.S. a sua eleição para o Secretariado Nacional, de que continua a fazer parte.
Nas eleições regionais de 13 de Outubro de 1996, como candidato dos socialistas açoreanos à Presidência do Governo Regional, anula uma diferença de mais de 20% que separava o P.S. do P.S.D., vencendo com 46% dos votos expressos.
A 9 de Novembro de 1996 tomou posse como Presidente do VII Governo Regional dos Açores.
É membro do Conselho de Estado, do Conselho Superior de Defesa Nacional, do Conselho Superior de Segurança Interna e do Conselho Superior de Protecção Civil.

As elites de Menezes

Com a vitória nas eleições directas de Luís Filipe Menezes, chegam ao PSD novas figuras de topo. O SEMANÁRIO falou com Ângelo Correia, Rui Gomes da Silva e Ribau Esteves no sentido de perceber como serão os primeiros meses da liderança do novo Presidente do partido. O relacionamento com Belém, o futuro da liderança parlamentar e a reunificação interna estarão, seguramente, na agenda de Menezes.

As eleições directas no PSD ditaram o fim de um ciclo e o principiar de outro no seio do partido. Com o actual líder, Luís Filipe Menezes, chegam aos cargos de topo dos social-democratas novas figuras. Ângelo Correia, José Ribau Esteves, Martins da Cruz, Rui Gomes da Silva e Nuno Delarue terão, certamente, lugar no círculo privilegiado e restrito de “homens fortes” do líder agora eleito. Para ambos, o objectivo fundamental é vencer o PS em 2009 e será essa, com toda a convicção, a meta por todos traçada. Porém, até lá, existe um longo e sinuoso caminho a percorrer.
Ângelo Correia, mandatário nacional do candidato Menezes, declarou ao SEMANÁRIO não existir uma segmentação social entre as duas candidaturas que foram a votos. Na opinião do histórico do PSD, “havia dois contendores e haviam grupos de pessoas de diferentes matizes que os apoiaram. Não se pode falar em barões de um lado e povo do outro. A expressão numérica que assumiu o resultado duma candidatura e de outra não permite tirar essa elação”, rematou.
De modo a aproximar os militantes social-democratas, divididos por um dos confrontos mais crispados na história do partido, Ângelo Correia sugere o “trabalho”. Segundo o antigo ministro da Administração Interna, “o dr. Luís Filipe Menezes, para unir o PSD, deve pôr todo o partido a trabalhar. Para esquecer as clivagens emocionais e adquirir clivagens sobre um programa de acção. No trabalho podem acontecer clivagens, mas eu essas desejo-as. Desejo-as e são de salutar porque significam pontos de vista diferenciados sobre as mesmas questões. Isso é de salutar. Divisões meramente temperamentais ou de métodos de associação ao poder não são de salutar”, realçou.
José Ribau Esteves preside actualmente à Câmara Municipal de Ílhavo. O autarca foi o porta-voz da candidatura de Menezes. Sempre junto ao actual líder, Ribau mostrou uma enorme capacidade de trabalho e de lealdade. Seguramente, verá o seu esforço recompensado com um cargo executivo no partido, segundo algumas vozes, o de secretário-geral.
Em declarações ao SEMANÁRIO, José Ribau Esteves salientou o significado político da vitória de Luís Filipe Menezes. “A vitória significa a materialização de uma vontade de mudança que o partido vinha sentindo ao longo deste tempo”. O autarca acrescentou que durante a campanha interna assistiu-se a um “crescendo na adesão à candidatura e a uma grande vontade de mudança na militância. Esta vitória diz bem desse sentimento”, finalizou.
Na opinião de Ribau Esteves, o PSD vai, a partir de agora, entrar numa nova vida. “O Partido vai enveredar por um caminho seguramente diferente, na sua substância e forma, daquele que vinha percorrendo. Significa isto”, continuou, “que a vitória de Luís Filipe Menezes materializa um novo caminho no partido, que acreditamos seja de crescimento, de vitória, de capacidade de luta, de fortalecimento interno… Para que o PSD se afirme como um verdadeiro líder de oposição e que se vá construindo, cada vez mais, como uma alternativa credível e capaz aos olhos dos portugueses”.
O porta-voz do candidato Menezes nas eleições internas frisou a importância de se trabalhar no sentido da unificação do partido, independentemente do voto ou do apoio publicamente manifestado a um ou outro candidato. “Neste momento a postura é de convidar toda a gente ao trabalho”, realçou Ribau Esteves. Acrescentando que “o apelo à unidade é um apelo permanente, mas no sentido de que toda a gente está permanentemente convidada a ser parte de um trabalho de fortalecimento do PSD”. Segundo o Presidente da Câmara Municipal de Ílhavo, Menezes deve trabalhar “com aqueles que entender que são os mais disponíveis, os mais capazes e aqueles que estarão em melhores condições para assumir a responsabilidade dessas tarefas, tendo sempre presente os objectivos claros que estão definidos na moção que apresentou com a sua candidatura”. Ribau Esteves referiu, ainda, estar certo que Luís Filipe Menezes vai, “obviamente, saber respeitar e saber conviver democraticamente com aqueles que tiveram uma atitude diferente dessa”. Mas deixou um aviso: “esta vai ser uma caminhada com uma liderança forte e determinada, subjugada ao seu rumo e aos seus objectivos”.
Rui Gomes da Silva, deputado e antigo ministro dos Assuntos Parlamentares do Governo de Santana Lopes, é um dos nomes falados para ocupar uma das vice-presidências do PSD. Durante a campanha interna, assumiu grande protagonismo nas reuniões do Conselho de Jurisdição Nacional. Membro proeminente da ala santanista e advogado, foi Gomes da Silva que preparou os recursos para a justiça que, afinal, não chegaram a ser necessários.
Ao SEMANÁRIO, Rui Gomes da Silva destacou a importância e o simbolismo da vitória de Menezes sobre Marques Mendes. Para o antigo ministro, “o resultado das eleições directas simboliza a vitória da determinação, a vitória das convicções e a vitória das bases do PSD sobre as pretensas elites iluminadas que julgavam que o partido era uma coutada privada”.
Gomes da Silva manifestou plena convicção numa mudança, num novo rumo para o partido. “O PSD não será mais o mesmo”, expressou o representante de Luís Filipe Menezes no Conselho de Jurisdição. “Com o dr. Menezes, estas pessoas que apareciam ciclicamente a apoiar os líderes em funções não terão mais nenhuma capacidade de intervenção no partido. Essas pessoas somente eram militantes porque tinham sido governantes e, portanto, nunca foram capazes de militar activamente no partido. Ou seja, descer às bases, falar com elas e ser parte dessas mesmas bases. São pessoas que estavam disponíveis para governar, mas indisponíveis para trabalhar. São pessoas que quando o partido está na oposição ficam à espera que volte ao Governo, mas nunca fazem nada para que isso aconteça, antes pelo contrário. Cada vez que falavam, faziam-no contra o sistema partidário, contra o trabalho partidário, contra a militância activa… Portanto, o que aconteceu, desta vez, foi um ponto final nessas pseudo-importâncias que, algumas delas, já se arrastavam há quase 17, 18 anos. Esta mudança era inevitável.”
Relativamente a Manuela Ferreira Leite, o deputado considera que o seu apoio à candidatura de Luís Filipe Menezes seria “rigorosamente indiferente”. Para Gomes da Silva, a vontade dos militantes numa mudança de rumo era muito forte e, portanto, indiferente ao apoio dos chamados “barões” do partido. O antigo ministro salientou o mau caminho seguido pelo PSD durante a direcção de Mendes, fundamentando o descontentamento geral dos militantes com tais erros de percurso. A título de exemplo, Gomes da Silva nomeia a incapacidade de, no parlamento, Marques Mendes sair vencedor dos debates mensais com o primeiro-ministro.
Ângelo Correia considerou que existia “no país e no partido uma necessidade de mudar”. Para o social-democrata era notório, junto dos militantes, “um desejo de uma mudança radical”.

Coabitação com Belém

Um tema que vai marcar, certamente, a agenda de Luís Filipe Menezes enquanto líder do maior partido da oposição é coabitação com Belém. É importante referir que a animosidade entre Menezes e Cavaco Silva é um facto. Para Ribau Esteves a solução é muito simples. “A coabitação vai ser feita desta maneira: o dr. Luís Filipe Menezes é o presidente do PSD, que vai governá-lo com a sua equipa, com a sua estratégia e com os seus objectivos; o professor Cavaco Silva é o Presidente da República da Nação e vai seguramente continuar a gerir a Presidência da República com a sua equipa e com a sua estratégia”.
Na mesma linha de simplicidade, o autarca concluiu “que é desta forma que o dr. Menezes olha para essa coabitação. Pertencemos ao mesmo país, temos bons objectivos ao nível de querermos o bem da Nação. Agora, cada um fará o seu trabalho, não há ai nada de mau nem nada de bom. Há tudo de normalidade naquilo que vai ser um partido com uma dinâmica nova e diferente e naquilo que é uma Presidência da República que já deixou claro qual é o seu estilo e qual é a forma como materializa os seus objectivos”.
Rui Gomes da Silva, por seu turno, defende que as relações entre Menzes e Cavaco se devem pautar pelo respeito, “pelos cargos e pelas competências”. “O Presidente da República”, continuou o deputado, “merece todo o respeito institucional. Agora, o PSD tem autonomia estratégica e não depende de ninguém”, avisou o ex-ministro de Santana Lopes.
Ângelo Correia afasta na totalidade a existência de qualquer tipo de animosidade entre o Presidente da República e o líder do maior partido da oposição. Relativamente ao futuro das relações entre Menezes e Cavaco, o histórico do PSD antevê que “a coabitação entre Luís Filipe Menezes e o presidente da República seja respeitável, respeitadora, percebendo qual o papel de cada um deles e tentando cooperar o mais possível para a realização de um bom desígnio português”.

Regresso do santanismo

As vozes mais críticas de Menezes salientam que a sua vitória representa o regresso do santanismo, com todas as respectivas consequências. Dando ênfase, inclusivamente, à hipótese de o próprio Pedro Santana Lopes vir a liderar a bancada parlamentar, que expectavelmente ficará órfã de Luís Marques Guedes. A par da epifania do antigo primeiro-ministro, as acusações de populismo a Menezes foram uma constante durante o período de campanha.
Ângelo Correia não quis nomear o nome de um deputado que gostasse de ver a liderar a bancada do PSD na Assembleia da República, salientando que não faz “comentários sobre pessoas, na exacta medida em que essa é uma apreciação que tem de ser feita pelos senhores deputados”. No entanto, avançou dois critérios que, no seu entender, devem pesar decisivamente na escolha do futuro líder parlamentar: “primeiro, a vontade livre e soberana do grupo parlamentar. Segundo; um critério adicional dentro dessa escolha, que tenha em conta um critério unificador dos senhores deputados”.
Rui Gomes da Silva, membro proeminente da ala santanista, apelidou de “lamentáveis e indecorosas” as criticas desferidas a Menezes. Chegando mesmo a referir que são uma “falta de respeito para com próprio partido e para com os militantes”. Gomes da Silva deixou um desafio: “era bom que as pessoas, que andam agora a dizer o que dizem, vão ao congresso dizê-lo. Acho que era bom e ninguém lhes vai bater. Irem lá e irem a votos”.
Porém, o deputado não acredita que o seu repto seja aceite pelos críticos. “As pessoas que fazem essas acusações ao dr. Luís Filipe Menezes são cobardes, não têm coragem para, em sede própria, dizerem o que afirmam agora”, destaca Rui Gomes da Silva.

Marcelo Rebelo de Sousa

O comentador não é bem visto nas hostes menezistas. Rui Gomes da Silva criticou explicitamente Marcelo Rebelo de Sousa, apelidando de “triste espectáculo” os comentários que o professor de direito manifestou no seu último programa semanal na televisão pública. O antigo ministro concluiu que o comentador e antigo presidente do partido tenta fazer análises objectivas mas, na prática, “tudo aquilo é uma enorme insensatez, um enorme desconhecimento”. Para o representante da candidatura de Menezes no Conselho de Jurisdição do PSD, Marcelo é “uma pessoa que tem desejo de intervenção política, travestido de analista político”. Gomes da Silva acusa, nesse sentido, o professor de confundir “desejos pessoais com análise objectiva”.
Ribau Esteves escusa-se a comentar as afirmações de Marcelo acerca de um alegado favorecimento de Manuela Ferreira Leite a Luís Filipe Menezes, em detrimento de Mendes. Na opinião do porta-voz da candidatura de Menezes nas eleições directas, “o mérito desta vitória, por mais que haja comentadores que não o queiram, é do dr. Menezes. O mérito é dele, o trabalho é dele. Portanto, não vale a pena estarmos com outras dissertações. Especificamente, o comentário não me merece qualquer comentário”, concluiu Ribau.

Cargos executivos

No congresso agendado para os dias 12, 13 e 14 de Outubro, um dos temas que estará em cima da mesa será a eleição dos órgãos nacionais do partido. Ângelo Correia, José Ribau Esteves, Martins da Cruz, Rui Gomes da Silva e Nuno Delarue são nomes ventilados entre os social-democratas e na comunicação social para ocuparem cargos executivos na direcção de Menezes.
Os potenciais membros da direcção liderada por Menezes escusaram-se a confirmar as informações que têm vindo a lume. Porém, sem nunca pôr em causa a respectiva disponibilidade, salientaram que a sua escolha será exclusivamente da opção do actual presidente, sem pressões de índole alguma. Ângelo Correia, porém, afasta definitivamente a hipótese de vir a ocupar um cargo executivo na direcção do PSD. Justifica a sua posição com base em razões pessoais, que já as enunciou a Luís Filipe Menezes. “Não tenho tempo, nem capacidade, nem possibilidades, nem desejo exercer funções executivas de regresso à vida partidária”, frisou o mandatário nacional. Ângelo Correia avançou que “gostaria de desempenhar funções discretas e nunca permanentes”.
Ribau Esteves assegura que Luís Filipe Menezes está a “reflectir” sobre a composição da sua futura equipa. “O dr. Menezes”, acrescenta o autarca social-democrata, “vai escolher a sua equipa debaixo daquilo que sei que são os seus critérios de qualidade e de exigência. Portanto, espero que ele escolha muito bem. Aquilo que ele quiser fazer comigo pertencerá, em primeira instância, ao seu critério e em segunda instância às minhas decisões. Mas isso não é relevante nesta altura. É só relevante, depois no fim, sabermos quais foram as suas decisões e qual a equipa que ele pretende apresentar. Quando for o momento tudo se saberá, com a normalidade democrática”.
Rui Gomes da Silva mostra-se disponível para ocupar funções executivas no PSD, “as funções que o dr. Luís Filipe Menezes entender”, acrescenta. . O social-democrata ressalva, no entanto, que há funções que estão à margem da sua vontade e outras, pelo contrário, que ficaria “honrado com um convite. Essas dependerão só de um convite do dr. Luís Filipe Menezes e da conversa que possamos ter. Mas não será por causa do meu lugar que o partido entrará em convulsões”, assegura.

Socialistas: rentrée depois das férias de Verão na Madeira e sem …

No regresso à actividade politica depois das férias de Verão, os partidos multiplicam a forma de remarcarem a sua presença no panorama político nacional. O PS é a força que menos se preocupou com o evento, o PSD repete anos anteriores com a Universidade de Verão, assim como o PCP com a Festa do Avante. Por outro lado, o CDS inova com a intervenção do líder através das novas tecnologias, enquanto o Bloco institui o fórum de debates “Socialismo 2007”.

Partido Socialista

Os socialistas este ano não assinalam a sua “rentrée” politica depois das férias do Verão com alguma actividade ou comício que são comuns entre os partidos nesta altura. Estando no exercício de responsabilidades governativas, não surgiu até ao momento nenhum acontecimento por parte do PS que “marque” o recomeço da actividade partidária, sendo por sua vez, apenas relevante salientar a realização pelo PS/Madeira da Festa da Liberdade este domingo, na Fonte do Bispo e que mais uma vez não conta com a presença de José Sócrates.
Esta festa será “uma tentativa de reanimar” os militantes e apoiantes, depois da derrota eleitoral em Maio, onde o PS/Madeira passou de dezanove para sete deputados. Sobre o número de pessoas esperado no local, em 2006, estiveram reunidas cerca de 17 mil pessoas, pelo qual esperam que não haja muita diferença este ano.
Mais uma vez a festa anual dos socialistas madeirenses não conta com a presença do secretário-geral do partido, José Sócrates, que pelo quarto ano consecutivo falta a este evento, tendo invocado dificuldades de agenda relacionadas com a presidência portuguesa da União Europeia. O último secretário-geral a estar presente foi Ferro Rodrigues, em 2003. O PS/Madeira reitera no entanto, que como o convite era dirigido ao secretário-geral, que não pode ir devido a compromissos de agenda, não irá mais ninguém.
Sobre o teor das intervenções políticas, o novo presidente do partido, João Carlos Gouveia, eleito em finais de Julho, apontará baterias contra o governo do PSD na Madeira, realçará a polémica em torno das alegadas “negociatas” na Câmara Municipal do Funchal que motivou uma auditoria, do problema do poder dos “lobbies” económicos e da promiscuidade.
Sendo uma festa-comício, foram montadas no local mais de 50 barracas que disponibilizarão, entre outras coisas, os comes-e-bebes tradicionais deste tipo de iniciativas, estando a animação musical centrada nas cantoras Ruth Marlene, Micaela e os Canta Brasil.

Partido Social-Democrata

Depois do período de férias, o PSD regressa à actividade politica, à semelhança de anos anteriores com a Universidade de Verão que arrancou esta segunda-feira. Desta forma, cerca de uma centena de jovens, com idades compreendidas entre os 17 e os 30 anos e oriundos de todos os distritos do continente e regiões autónomas da Madeira e dos Açores iniciaram uma semana de estudo, com “professores” como Marcelo Rebelo de Sousa e Leonor Beleza, terminando com o discurso de “rentrée” do líder do partido.
A Universidade de Verão de 2007 teve início em Castelo de Vide e é uma iniciativa conjunta do PSD, da JSD e do Instituto Francisco Sá Carneiro. Intervieram na sessão de abertura, Joana Barata Lopes, Carlos Coelho, na qualidade de Director da Universidade de Verão, Pedro Rodrigues, Presidente da JSD, e Miguel Macedo, Secretário-Geral do PSD. O último, saudou os presentes na sessão de abertura, referindo que “foi o PSD que recuperou a formação dentro dos partidos, ao lançar a Universidade de Verão, em 2003”. Num segundo momento da sua intervenção, Miguel Macedo abordou um conjunto de questões dirigidas não só aos jovens, mas ao país em geral, acusando o governo do PS de ter “desistido da política de juventude”.
A primeira “aula” da Universidade de Verão, deu-se na terça-feira de manhã, com a participação do economista Vítor Gaspar, que falou sobre “Ajustamento à participação na zona Euro”. No primeiro jantar-conferência da Universidade de Verão, a convidada foi a ex-ministra da Saúde Leonor Beleza, que falou sobre a sua experiência como presidente da Fundação Champalimaud.
Na quarta-feira de manhã, o deputado social-democrata, Luís Marques Guedes versou o tema sobre “O Estado visto por dentro”, enquanto à noite, a jurista Teresa Morais falou sobre a questão da adopção e das crianças em risco.
Quinta-feira de manhã, o tema “Globalização” esteve ao cargo do eurodeputado Carlos Coelho, enquanto à noite, o convidado do jantar-conferência é o antigo juiz conselheiro do Tribunal Constitucional, Paulo Mota Pinto.
No penúltimo dia de aulas, será discutido o tema “Paixão e Razão no Processo de Construção Europeia” com o “professor” Miguel Maduro. O deputado do PSD Miguel Frasquilho e o eurodeputado socialista Joel Hasse Ferreira discutirão no mesmo dia, a questão “Baixar os impostos: Sim ou Não”. Logo a seguir, Marcelo Rebelo de Sousa dará uma “aula” sobre “Os dez mandamentos em Democracia” e no jantar-conferência, o professor Luís Valadares Tavares falará sobre Educação.
A última “aula”, será no sábado de manhã, com Rodrigo Moita de Deus, que falará sobre a Comunicação e, à noite, o convidado será Vasco Graça Moura.
No domingo, a encerrar uma semana de “aulas” na Universidade de Verão e a assinalar a “rentrée” social-democrata, o líder do PSD, Luís Marques Mendes, fará uma intervenção antes do almoço.

CDS-PP

O CDS para a sua rentrée politica que se realiza domingo no Porto, vai apostar nas novas tecnologias, arrancando hoje com a colocação de um vídeo de Paulo Portas no “YouTube” e no “Sapo”, onde o presidente do partido fará uma análise do que se passou até à abertura do ano político.
Deste modo, o CDS quer ser o primeiro partido em Portugal com canais próprios no maior operador nacional e no maior operador internacional de partilha de vídeos.
No domingo, o líder dos centristas encerrará a rentrée do partido numa intervenção também apoiada em tecnologias multimédia, mas mais virada para o futuro, onde traçará a agenda do CDS para o próximo ano. O recomeço da actividade politica terá também para os centristas uma vertente mais tradicional, arrancando às 14.30, com uma reunião da comissão política nacional alargada aos dirigentes distritais e concelhios do partido. A partir das 17:00, e durante duas horas, realizar-se-ão sete “workshops” em simultâneo, vários deles coordenados por novos membros da comissão política nacional.
As várias sessões de trabalho abordarão temas como a “Demografia, o desafio português” que será coordenada por Assunção Cristas, doutorada em Direito, um dos rostos do não na campanha do aborto e que entrou para a comissão política do CDS-PP no último Congresso do partido. O deputado Diogo Feio irá coordenar também um “workshop” sobre “Crítica geral sobre o sistema de ensino”, enquanto Manuel Castelo-Branco, director-geral da Media Capital e outra novidade da comissão política, coordenará uma sessão sobre “Televisão digital, mais uma escolha ou mais concentração?”. O painel sobre “Leis eleitorais, desmistificação de uma mudança anunciada” ficará a cargo de Filipe Lobo d`Ávila, outro novo membro da comissão política, enquanto o “workshop” dedicado à “Rússia, Kosovo, Turquia, Magreb: posições e interesses numa Europa mais à direita” será coordenado por Bernardo Pires de Lima, mestre em Relações Internacionais e também estreante no órgão directivo do CDS-PP. Será também dada atenção aos últimos acontecimentos, através do painel “Transgénicos, o caso de Silves: uma leitura científica, ideológica e jurídica de um precedente grave” e que terá três oradores, o engenheiro Luís Bulhão Martins, vice-presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal, o deputado Nuno Magalhães e o advogado e novo membro da comissão política do CDS, Francisco Mendes da Silva. O último painel será coordenado pelo presidente do Conselho Nacional do CDS-PP e gestor António Pires de Lima e dedicado a debater a questão “Porque é que a economia portuguesa cresce tão pouco?”.
O site do CDS-PP será também renovado devendo a nova versão estar disponível entre hoje e sábado e terá, entre as novidades, a possibilidade de os visitantes colocarem questões por e-mail, que semanalmente serão respondidas em vídeo por um dirigente do partido. Pretendem também que o site tenha um espaço para o comentário da situação nacional e internacional, com o objectivo de tornar a comunicação do partido mais interactiva.

Partido Comunista

O Partido Comunista Português regressará aos trabalhos após as férias de Verão já na próxima Festa do Avante, nos dias 7/8/9 de Setembro, no Seixal, marcando o imperativo de contra-atacar na “guerra”, que acusa o Governo de estar a preparar contra os trabalhadores com as alterações às leis laborais.
Os comunistas definiram o “trabalho e os direitos laborais” como um dos três temas políticos a que o PCP vai dar mais notoriedade na Festa do Avante, com debates e exposições que antecipam a resposta à “violenta ofensiva contra os trabalhadores”.
A Festa do Avante abre ao final da tarde de 7 de Setembro e por volta das 18 horas, conta com uma pequena intervenção do secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, que apresentará as principais linhas de resposta, acção e intervenção politica do PCP para os próximos meses.
A violenta ofensiva aos direitos dos trabalhadores, a “versão portuguesa da flexisegurança” para facilitar os despedimentos sem justa causa, a desregulamentação dos horários de trabalho, o “ataque às remunerações” e a “lei da selva” nas relações laborais são as razões que o PCP invoca para mobilizar os trabalhadores contra a “autêntica declaração de guerra” do Governo, que tem sido alvo de fortes criticas por parte do Partido Comunista Português. Além da questão laboral, os comunistas concentram-se ainda durante os três dias, nas críticas à “tentativa de imposição” da futura Constituição Europeia, acusando o governo de querer aprovar sem consulta popular um tratado que reforça “o federalismo, o neoliberalismo e o militarismo”.
Durante a festa, que decorre na Quinta da Atalaia, no Seixal, realizam-se cerca de 50 debates por onde passará a discussão, a reflexão e a denúncia da politica de direita encetada pelo PS, assim como também estarão centrados em temas como o desemprego, grupos económicos, direitos, Constituição Europeia e imigração. Os debates servirão para preparar a Conferência Nacional sobre questões económicas e sociais que o PCP realiza em Novembro e onde serão apresentadas as propostas do PCP para uma “ruptura democrática e de esquerda que o País precisa”, começando pela “valorização dos direitos dos trabalhadores”.
No Pavilhão Central estará patente a exposição “Com o PCP, por um Portugal de futuro”, apostada em afirmar a ideia de que o País “não está condenado a um rumo de injustiça e declínio nacional”. Outra exposição celebrará os 90 anos da Revolução de Outubro e a criação do “primeiro estado proletário do mundo”, a União Soviética.
A Festa do Avante Conta ainda com a apresentação de vários livros, entre os quais, “85 Momentos de vida e luta do PCP”. No que diz respeito aos espectáculos, o Avante conta com bandas como os “Blasted Mechanism”, Sérgio Godinho, “Sam the Kid”, concertos Jazz, e tributos a Adriano Correia de Oliveira e José Afonso.

Bloco de Esquerda

O Bloco de Esquerda promove entre 31 de Agosto e 2 de Setembro um fórum político e cultural denominado “Socialismo 2007”, que marcará a “rentrée” bloquista e onde a Europa, o Socialismo e o Trabalho serão temas centrais.
O regresso à actividade politica do BE, depois das férias de Verão, concretiza-se assim no primeiro fim-de-semana de Setembro, em Lisboa e inclui debates e conferências sobre temas políticos e económicos, mas também “momentos de convívio e festa”. O eurodeputado Miguel Portas afirma que este fórum é uma iniciativa que “marcará o reencontro político” do BE.
A abertura será hoje à noite, pelos dirigentes Ana Drago e João Teixeira Lopes, seguida de um espectáculo de “danças tradicionais europeias”.
Miguel Portas falará sobre a “Europa e o neoliberalismo” no primeiro dia, enquanto o líder parlamentar do BE, Luís Fazenda, e a deputada Mariana Aiveca intervirão sobre a “Flexi-segurança e os direitos do trabalho” no dia 1 de Setembro. Por fim, o coordenador da comissão política, Francisco Louçã, encerrará a iniciativa com o tema “Actualidade das ideias socialistas”.
Para além destes temas centrais, haverá módulos para debater desde “Darwin e o evolucionismo”, por Vítor Almada, e a “Inquisição”, pelo historiador António Borges Coelho, até à “Breve história do futebol: de Leninegrado ao Jamor” por José Neves.
Eduardo Prado Coelho abordará a obra da escritora Marguerite Duras, o sociólogo André Freire dará uma palestra sobre “sistemas eleitorais comparados” e Fernando Rosas sobre “Problemas no acesso à modernidade: Salazar”. Da parte da manhã, os bloquistas que se inscreverem podem ainda participar num “Atelier de Confiança e Expressão Corporal”, ou optar pelos de Vídeo ou Internet.
Entre os convidados internacionais, Miguel Portas destacou a presença do investigador François Georgeon, que falará sobre “A Turquia e a União Europeia”, e Gregor Gysi, líder do novo partido da esquerda alemão, no qual se reúnem outros ex-comunistas e sindicalistas sociais-democratas.
A mistura entre a “festa das ideias” e “os momentos de convívio” presentes na iniciativa do Bloco de Esquerda, de acordo com Miguel Portas “não se podem comparar à Festa do Avante, que o PCP promove há mais de 30 anos”, e que este ano se realiza no fim-de-semana seguinte. Segundo este, o Socialismo 2007, “Não tem nenhuma semelhança com a Festa do Avante, porque o centro são os debates e não os espectáculos”, frisando ainda que a iniciativa é “aberta a toda a esquerda”, sendo que “mais de metade dos oradores convidados não são militantes do Bloco de Esquerda”.

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