2025/11/18

Cavaco faz ultimato à maioria socialista

A intervenção inédita e inusitada de Cavaco Silva ontem à noite, em horário nobre televisivo, foi um verdadeiro ultimato à maioria socialista. O Presidente da República não gostou de ver os seus poderes ameaçados, referindo expressamente que os novos requisitos para a dissolução da Assembleia Legislativa dos Açores, colocados pelos socialistas no diploma agora devolvido à Assembleia da República põem “em causa o equilíbrio e a configuração de poderes do sistema político previsto na Constituição”, Cavaco avisou ainda que para além dos artigos identificados por Belém e que acabaram por suscitar a inconstitucionalidade do Tribunal Constitucional, há outras normas que lhe suscitam sérias reservas. Cavaco disse ainda que “semelhante prática desfiguraria o equilíbrio de poderes e afectaria o normal funcionamento das instituições da República”. Recorde-se que, nos termos constitucionais, o PR pode demitir o governo para assegurar o normal funcionamento das instituições democráticas. A cooperação estratégica entre Belém e S. Bento parece ter acabado ontem.

A intervenção inédita e inusitada de Cavaco Silva ontem à noite, em horário nobre televisivo, foi um verdadeiro ultimato à maioria socialista. O Presidente da República não gostou de ver os seus poderes ameaçados, referindo expressamente que os novos requisitos para a dissolução da Assembleia Legislativa dos Açores, colocados pelos socialistas no diploma agora devolvido à Assembleia da República põem “em causa o equilíbrio e a configuração de poderes do sistema político previsto na Constituição”, Cavaco avisou ainda que para além dos artigos identificados por Belém e que acabaram por suscitar a inconstitucionalidade do Tribunal Constitucional, há outras normas que lhe suscitam sérias reservas. Cavaco disse ainda que “semelhante prática desfiguraria o equilíbrio de poderes e afectaria o normal funcionamento das instituições da República”. Recorde-se que, nos termos constitucionais, o PR pode demitir o governo para assegurar o normal funcionamento das instituições democráticas. A cooperação estratégica entre Belém e S. Bento parece ter acabado ontem.
Esta intervenção de Cavaco surge na sequência de critícas directas da nova liderança do PSD à forma como o PS dirigiu o processo de aprovação do Estatuto dos Açores, com o envolvimento prioritário das maiorias parlamentares do PS, nas ilhas e no Continente, mas, naturalmente, com a centralização política em Carlos César e José Sócrates. Ainda no passado sábado, Ferreira Leite acusou o PS “de ter prosseguido com o estatuto sem corrigir o que não estava bem.” Por sua vez, Paulo Rangel, à sua maneira peculiar, lamentou o “imbróglio criado em torno de uma boa lei”. Depois destas intervenções, a crise política agora despoletada por Cavaco, não pode deixar de assumir contornos ainda mais amplos. Para todos os efeitos, a nova direcção de Ferreira Leite é muito próxima de Cavaco, dificilmente podendo ser interpretado como coincidência o facto de com Ferreira Leite na liderança, uma cavaquista pura, Cavaco ter em três anos de Presidente da República o seu gesto mais hostil para com o PS e o governo de José Sócrates. Perante a prestação pouco empolgante de Ferreira Leite, já sujeita a critícas no seio do PSD, designadamente de Passos Coelho, Cavaco, que sempre depositou enormes esperanças no devir do PSD com os seus apoiantes, poderá estar a tentar dar uma ajuda a Ferreira Leite. Noutra, perspectiva, perante as debilidades da líder laranja, Cavaco poderá estar, ele próprio, a protagonizar uma maior intervenção política, com ou sem Ferreira Leite.
O decreto sobre o Estatuto dos Açores terá agora de ser expurgado das suas normas inconstitucionais ou confirmado pelos deputados por maioria de dois terços, o que não deverá acontecer. Para além das normas a expurgar, a maioria socialista fica, porém, debaixo do cutelo de Belém em relação a outras normas que, como disse Cavaco, lhe suscitam dúvidas, jurídicas e políticas. O ultimato é flagrante. A pouco mais de um ano das eleições legislativas, a luta política vai aquecer, em pleno Verão, Um Verão quente com Cavaco a parecer dar razão às muitas vozes que, no PS, aconselharam cuidado com o PR e o seu intervencionismo.

Vai haver directas no PSD antes das legislativas de 2009?

Entretanto, Pedro Passos Coelho avançou ontem com a criação de um grupo de debate e reflexão aberto a independentes, a Plataforma de Reflexão Estratégica, O antigo secretário de Estado de António Guterres, António Nogueira Leite é um dos activistas do novo grupo. Esta iniciativa parece ser o corolário da maior intervenção política de Passos Coelho nas últimas semanas, tendo chegado a criticar alguma passividade da nova líder laranja. Coincidência, ou não, a maior intervenção de Passos Coelho iniciou-se no mesmo momento em que alguns apoiantes de Ferreira Leite, como foi o caso de António Capucho, lançaram veladamente o nome de Passos Coelho para candidato do PSD à Câmara de Lisboa, uma iniciativa que foi vista pelo “inner circle” de Passos Coelho como um presente envenenado. Sem assumir que desenterrou o machado de guerra com Ferreira Leite, o facto de o primeiro debate da Plataforma ser sobre questões energéticas, propondo-se discutir tudo, sem tabus, inclusivé a eneregia nuclear, parece traduzir um afastamento político claro em relação a Ferreira Leite. Na semana passada, depois de o governador do Banco de Portugal, Vitor Constâncio, ter proposto que se avaliassem novas formas de energia, para combater a dependência do petróleo, abrindo a discussão também ao nuclear, Ferreira Leite desvalorizou a substância do assunto e chegou a dizer que as palavras de Constâncio traduziam uma manobra de diversão, para fazer esquecer os problemas reais do país.
Em alguns sectores políticos tem sido muito comentada a perspectiva de, face à prestação pouco empolgante de Ferreira Leite em dois meses de liderança, com sinais crescentes de que nada deverá mudar de substancial no futuro, ser possível que possam ter de haver novas eleições directas no PSD, ainda antes das eleições legislativas de 2009. Pedro Passos Coelho seria, então, de novo candidato, desta vez para ganhar o partido. Há, no entanto, observadores políticos que consideram que Passos Coelho nada tem a ganhar em ser ele o líder laranja e candidato a primeiro-ministro em 2009. A missão de ganhar a Sócrates é quase impossível. O contraponto destas opiniões é que, agudizando-se a crise económica e social, degradando bastante a imagem de Sócrates e fazendo o PS cair a pique nas sondagens, Passos Coelho, apresentando uma equipa sólida e dinâmica para o governo, poderia ter hipóteses de derrotar Sócrates já em 2009.
Refira-se que a Plataforma de Reflexão Estratégica, que tem como slogan “Construir Ideias”, será corporizada juridicamente por uma associação e terá um “pequeno núcleo” de direcção e dois conselhos, um consultivo e outro estratégico. O primeiro mais interventivo, ajudará nas metodologias de trabalho e a elencar os temas e as áreas de debate que se quer público e abrangente. O segundo funcionará como uma espécie de conselho de personalidades residentes independentes do PSD que ajudarão ao debate, à crítica e à controvérsia.|

A pobre estreia de Paulo Rangel

O novo líder parlamentar do PSD, Paulo Rangel, começou a sua intervenção a saudar os presentes e a lançar o repto pela manutenção do respeito entre os intervenientes e que os debates sejam de efectivamente “úteis” para o país.

O novo líder parlamentar do PSD, Paulo Rangel, começou a sua intervenção a saudar os presentes e a lançar o repto pela manutenção do respeito entre os intervenientes e que os debates sejam de efectivamente “úteis” para o país. O mesmo começou por salientar que “não tolera” o argumento da legitimidade moral do Governo, pois foi eleito pelo povo para “fazer oposição e fiscalizar o Governo”.
Ao inicio do debate, o líder parlamentar do PSD considerou que José Sócrates “não falou enquanto primeiro-ministro de Portugal, mas enquanto secretário-geral do PS”, ao criticar tão duramente a oposição.
No entanto, a principal crítica apontada por Rangel, encarou do estado do Governo como uma “doença bipolar” entre a euforia dos anúncios e as desculpas pela falta de resultados.
Posteriormente, Paulo Rangel lançou três perguntas para Sócrates responder. Em primeiro lugar, perguntou como era possível culpar a conjuntura internacional do mercado imobiliário, em segundo lugar, se será aceitável que os incentivos ao emprego previstos na reforma laboral só se activam em Junho de 2009, “será isto emergência social ou emergência eleitoral?” e em terceiro lugar, quanto aos investimentos públicos, Rangel afirmou que o PSD não está contra as obras públicas no geral, mas o PSD “exige saber qual é o encargo em cada obra e cada investimento”.
Em resposta, Sócrates criticou Paulo Rangel por não ter apresentado “nenhuma proposta” e que a nova liderança “é um regresso ao passado”.
O momento mais marcante do debate incidiu sobre a apresentação dos estudos que estão na base das obras públicas que Rangel não recebeu, mas que estão disponíveis na internet. Sócrates lidou com a situação de uma forma satírica presenteando a bancada do PSD com os estudos realizados enquanto eram governo, causando desconforto entre os “laranjas”. Alberto Martins do PS, começou a sua intervenção salientando a debanda dos parlamentares social-democratas, considerando que “não gostaram” da prestação da nova liderança parlamentar. Esperava-se mais de Paulo Rangel e as coisas não correram bem neste que foi o primeiro embate com o primeiro-ministro.
Paulo Rangel, 40 anos, professor universitário e jurisconsulto, é deputado pela primeira vez na actual legislatura, pelo círculo eleitoral do Porto. Entre 2004 e 2005, no executivo PSD/CDS-PP chefiado por Pedro Santana Lopes, foi secretário de Estado Adjunto do ministro da Justiça, José Pedro Aguiar Branco.
Enquanto deputado, Paulo Rangel destacou-se com uma intervenção em nome do PSD na sessão solene do 25 de Abril de 2007 em que afirmou que Portugal vivia em “claustrofobia democrática”.
Com o apoio da nova presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite, candidatou-se a líder parlamentar do PSD no final de Junho e foi eleito com 41 votos a favor, 23 contra, seis votos em branco e dois nulos, numa eleição em que participaram 72 dos 75 deputados do partido.
Na sua primeira declaração política em plenário como líder parlamentar do PSD, na semana passada, Paulo Rangel, criticou a postura do Governo para com a oposição e exigiu respeito, lembrando que o executivo depende do Parlamento segundo a Constituição e não o contrário.|

Notáveis do PS e PSD reúnem-se em megajantar e defendem Bloco Central

A homenagem a Fausto Correia, falecido há quase dois anos, homem que chegou a ser apontado para grão-
-mestre do Grande Oriente Lusitano, juntou esta terça-
-feira, no restaurante da antiga FIL alguns notáveis do PS e do PSD, como Dias Loureiro, Jorge Coelho, Almeida Santos, Pedro Santana Lopes, Luís Nazaré, Álvaro Amado, Arlindo de Carvalho e Paulo Mota Pinto, actual vice-presidente do PSD. Segundo apurou o SEMANÁRIO, um dos temas mais falados ao jantar foi a possibilidade de a realidade da crise económica, deste ano e do próximo, e de um resultado muito equilibrado entre o PS e o PSD nas legislativas de 2009, com nenhum partido a ter maioria absoluta, a obrigar, forçosamente, o país a um Bloco Central.

A homenagem a Fausto Correia, falecido há quase dois anos, homem que chegou a ser apontado pata grão-mestre do Grande Oriente Lusitano, juntou esta terça-feira, no restaurante da antiga FIL alguns notáveis do PS e do PSD, como Dias Loureiro, Jorge Coelho, Almeida Santos, Pedro Santana Lopes, Luís Nazaré, Álvaro Amado, Arlindo de Carvalho e Paulo Mota Pinto, actual vice-presidente do PSD. Segundo apurou o SEMANÁRIO, um dos temas mais falados ao jantar foi a possibilidade de a realidade da crise económica, deste ano e do próximo, e de um resultado muito equilibrado entre o PS e o PSD nas legislativas de 2009, com nenhum partido a ter maioria absoluta, a obrigar, forçosamente, o país a um Bloco Central. Curiosamente, ainda ontem, uma sondagem publicada no “Correio da Manhã”, dava o PS e o PSD praticamente empatados, com 32 por cento, projecção que, se se confirmasse, daria certamente origem a um governo do Bloco Central, até porque resultados nesta ordem para os dois maiores partidos portugueses podem pressupor que o PCP, o Bolo de Esquerda e o CDS-PP teriam boas votações. O pressuposto de que, com o sistema multipolarizado, o país entraria em grande instabilidade política é essencial nesta visão. Na verdade, com um governo minoritário, ou com um governo de coligação com o CDS-PP ou o Bloco de Esquerda, partidos que poderiam fazer pagar caro o preço se entenderem, ora com o PSD, ora com o PS, a instabilidade política poderia ser uma certeza e, num contexto de crise económica, essa
situação poderia ser catastrófica para os interesses do país. O facto de as elites do país terem receio, não só das fórmulas instáveis, mas também dos seus protagonistas, é, também um elemento a ter em conta. Um dos reversos de quem defende o Bloco Central pode ser a pouca confiança em Paulo Portas e Francisco Louçã, homens à demasiado tempo na vida política, com bastantes vícios de sistema e, sobretudo, com uma necessidade vital de agradarem às suas clientelas. Recorde-se que, em 1983, quando se formou o Bloco Central, com Mário Soares e Mota Pinto, curiosamente o pai do actual vice-presidente do PSD, Paulo Mota Pinto, PS e PSD saiam das eleições com 36 e 27 por cento, respectivamente. Por sua vez, os comunistas, tiveram 18 por cento e o CDS 12 por cento. Tanto José Sócrates como Manuela Ferreira Leite já afastaram a possibilidade de um Bloco Central. O primeiro-ministro foi, porém, mais cauteloso que Ferreira Leite. A líder do PS comentou que só se estivesse fora do juízo perfeito, faria uma coligação com o PS, o que não é de espantar face à necessidade de Ferreira Leite, agora chegada ao partido, ter de mostrar grande confiança e autonomia para granjear apoio do eleitorado.
Entre os dois grandes senadores do PS e do PSD, presentes no jantar, os cenários políticos para o futuro, parece que não estão assim tão fechados. Tudo depende daquilo a que a realidade obrigue, seguindo a máxima muito portuguesa de que o que tem que ser tem muita força. Os elogios que Dias Loureiro fez, na semana passada, a Sócrates e que desagradaram a muitos social-democratas têm, aliás, que ser lidos nesta óptica. Dias Loureiro acha que Sócrates faz bem ao país. O que não quer dizer que não, ache, também., que, por exemplo Ferreira Leite também não pudesse fazer bem ao país, ainda para mais se estivesse junta com Sócrates. Os dois, segundo algumas opiniões de observadores, até se poderiam complementar, aliando a modernidade à tradição. Jorge Coelho, agora afastado das lides políticas, CEO da Mota-Engil, também sabe hoje melhor do que ninguém a necessidade de estabilidade política, no interesse da actividade económica e do crescimento do país. No entanto, sendo ainda muito recente o tempo em que abandonou a política, é natural que Coelho tenha mais dificuldades do que Dias Loureiro em manifestar abertamente a sua opinião, de modo a não causar problemas ao PS e ao governo de Sócrates. A estratégia socialista para as legislativas de 2009 parece, aliás, já definida, com Sócrates a pedir, certamente, uma maioria absoluta para governar.
Outros presentes no jantar, Santana Lopes, Arlindo de Carvalho, Luis Nazaré, muito mais cépticos ao Bloco Central, terão, certamente, ouvido os mais entusiastas defensores de um entendimento entre o PS e o PSD com algum espanto e ironia. Há um mês, Santana Lopes fez, aliás, a sua campanha das Directas, agitando a bandeira contra o Bloco Central, de modo a fazer uma melhor oposição à sua concorrente Ferreira Leite. No entanto, Santana Lopes já deu alguns bons exemplos que não é homem para soluções fechadas, para além de estar muito mais realista e integrado no sistema do que o Santana que ganhou Lisboa em 2001. Até porque um Bloco Central em 2009 poderia abrir novas oportunidades de ruptura um pouco mais à frente, precisamente como aconteceu em 1983.
Segundo apurou o SEMANÁRIO coube a Dias Loureiro fazer um discurso de homenagem a Fausto Correia, salientando o homem fraterno e amigo, de crenças e valores, falecido em 9 de Outubro de 2007. Fausto de Sousa Correia, nasceu em Coimbra a 29 de Outubro de 1951 Licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra, Advogado e consultor de empresas, Jornalista do “República”, co-fundador de “A Luta” e chefe da Delegação Regional Centro da ANOP – Agência Noticiosa Portuguesa. Regeu a cadeira de “Iniciação ao Jornalismo” no Liceu D. Duarte, em Coimbra. Durante quase nove anos, de 1983 a 1992, fez parte dos sucessivos Conselhos de Administração da RDP – Radiodifusão Portuguesa. Desde Abril de 1992 e até Outubro de 1995, foi Vice-Presidente da Direcção-Geral da Agência LUSA de Informação. Deputado à Assembleia da República, eleito pelo Círculo de Coimbra, nas IV, VII, VIII e IX Legislaturas. De Outubro de 1995 e até Outubro de 1999, exerceu as funções de Secretário de Estado da Administração Pública do XIII Governo Constitucional. Entre Outubro de 1999 e Abril de 2002 foi, sucessivamente, Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Secretário de Estado Adjunto do Ministro de Estado e Secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro.|

“Paulo Rangel é uma aposta de algum risco”

António Capucho, num exercício especulativo, lança o nome de Pedro Passos Coelho como um possível candidato à Câmara de Lisboa, nas autárquicas em 2009. O histórico social-democrata considera, ainda, que Paulo Rangel, na liderança do Grupo Parlamentar do PSD, é “uma aposta de algum risco”.

Mantém a intenção de se recandidatar à presidência da Câmara de Cascais?
Sim. Já o anunciei publicamente em resposta a um desafio do PSD local. Portanto, disponho-me a um novo mandato de quatro anos.

Quais os principais desafios que antevê para o próximo mandato?
Creio que, à semelhança do que vai suceder a nível nacional, vamos ter um desafio muito importante no domínio social. Ou seja, no acompanhamento de situações drásticas decorrentes do agravamento da crise económica. Mas ao mesmo tempo continuarão os eixos fundamentais de desenvolvimento de Cascais: grande contenção no domínio do urbanismo, grande aposta na requalificação urbana, na habitação social e nas áreas da cultura, educação e desporto.

É essa a visão estratégica que tem para Cascais?
Sim, é a visão estratégica que tenho e que tem tido eco junto dos eleitores – a fazer fé nas sondagens, que apontam para um grau de satisfação bastante razoável.

Agora que a fortaleza de Cascais está nas mãos da autarquia, que futuro terá?
Turístico-cultural. A Câmara recebe-a com essa missão. Dentro da fortaleza temos o palácio do Presidente da República, que vai ser submetido a concurso público – já com projecto aprovado pelo IPPAR – no sentido da sua recuperação com a função de residência oficial do Presidente. A fortaleza dará lugar, também, a um espaço museológico muito importante, que oportunamente será divulgado. O resto do espaço, que representa oitenta a 90 por cento da área, dependerá dos promotores individuais. Mas a vocação fundamental será turismo, hotelaria, restauração… Tudo de elevado nível. E, ao mesmo tempo, iniciativas de carácter cultural. Este caderno de encargos, que foi aprovado na Câmara na segunda-feira passada, dá uma ampla liberdade de opções aos promotores privados.

Posso concluir que a restrição à construção vai continuar, não obstante o grande investimento público?
Restrição à construção ligada a nova habitação. Queremos substituir a construção pela requalificação dos centros urbanos, de alguma maneira desertificados – como acontece em todas as grandes urbes. No entanto, em matéria de obra municipal, temos, ainda, uma aposta importante a fazer, especialmente nas acessibilidades. Ou seja, houve algum atraso na construção das várias acessibilidades, resultante da dificuldade que temos em expropriar, e temos de incrementar essa tarefa no próximo mandato.

Para a semana vamos ter o debate sobre o estado da Nação. Revê-se mais nos elogios da OCDE às reformas levadas a cabo pelo Governo ou na visão mais pessimista traçada por Manuela Ferreira Leite?
Não me parece que a OCDE diga coisas com as quais eu discordo, nomeadamente o esforço que o Governo realizou para conter o défice, alguns sucessos que tive na parte da despesa, por exemplo na reforma da Segurança Social. Agora, em termos gerais, o País está de rastos.

Está de rastos em que aspectos?
No plano económico. Ou seja, na degradação social resultante da crise económica. Para além de determinados tipos de comportamentos autistas e autoritários do Governo, a questão fundamental é que todos os índices – e a realidade – apontam para uma pioria das condições e da qualidade de vida dos portugueses.

Quando o Governo diminui o IVA, aumenta os abonos de família, congela os passes sociais… Não está a tomar as medidas acertadas para melhorar a vida dos portugueses?
Os exemplos que deu são peanuts. São questões pontuais que não escamoteiam o essencial: a situação geral do País. Nomeadamente os passes sociais, onde o Governo se esqueceu de Coimbra e de outras cidades que têm transportes públicos. A verdade é que o agravamento dos preços é generalizado e a capacidade de compra dos portugueses, e da classe média em particular, desceu abruptamente. Portanto, não é com obra pública faraónica que se resolve o problema, é com corte na despesa e incentivo à produção – coisa que o Governo não faz.

Esse será o grande cavalo de batalha do PSD até às eleições?
Isso perguntará à Manuela Ferreira Leite. Mas tudo indicara que sim. Resultou da entrevista de terça-feira que, finalmente, alguém mostra que “o rei vai nu”. Ou seja, que estamos a gastar com o dinheiro dos outros, a endividar o País, sem saber como é que pagamos e sem conhecer a envolvente dessas despesas. Algumas delas aparentemente faraónicas e secundárias. Quando a prioridade deve ser lançada ao relançamento da economia, por um lado, e ao apoio aos mais desfavorecidos.

Mas isso não é o regresso do discurso da “tanga”?
O País precisa de obras públicas. Não precisa de obras públicas que não sejam necessárias, que sejam supérfluas e para as quais não tem a capacidade de pagar. O Governo não tem o direito de atirar para as gerações futuras encargos de obras que são supérfluas, nomeadamente o TGV – isso é mais do que evidente. Chegar ao Porto um quarto de hora antes ou depois daquilo que está previsto é relativamente irrelevante. Chegar depois do que está previsto no TGV significa poupar centenas de milhões de Euros. Não tem nada que ver com o discurso da “tanga”, tem que ver com o discurso da realidade.

E, na sua opinião, quando é que o PSD deve começar a apresentar as suas propostas alternativas?
O PSD, para já, tem de apresentar as orientações de carácter geral, que é o que está a fazer. Progressivamente – não está aberto um calendário eleitoral iminente e a líder do partido ainda está a assumir as suas funções -, sector a sector, o PSD irá detalhando as suas propostas.

Posso concluir que é favorável à gestão do silêncio que tem sido feita?
Não há silêncio nenhum. O que não há é a resposta às interpelações da comunicação social e da oposição, que estão sintonizadas nessa angústia, a Manuela Ferreira Leite, para que ela diga, exactamente, aproximado às centésimas, o que é que pretende fazer em cada um dos sectores da actividade. Manuela Ferreira Leite não tem, muito especialmente, de responder ao Governo. Como ela disse na entrevista à TVI, com grande oportunidade, o Governo não pode pretender ser a oposição da oposição.

Já foi líder do Grupo Parlamentar do PSD. Sentir-se-ia suficientemente legitimado se quase metade da Bancada não tivesse votado em si?
Se fosse no seguimento das eleições anteriores e da escolha de deputados nas eleições anteriores, sentir-me-ia perfeitamente legitimado.

Este Grupo Parlamentar, que parece pouco unido, não vai enfraquecer a liderança de Paulo Rangel?
Estou convencido que a aproximação ao calendário eleitoral e a própria personalidade do Paulo Rangel conduzirão a que a generalidade dos deputados cerrem fileiras em volta da liderança parlamentar. Não podemos é escamotear aquilo que a comunicação social está a escamotear: o Paulo Rangel foi eleito por um Grupo Parlamentar hostil. Ou seja, maioritariamente derrotado no congresso.

O partido, se calhar, também não os soube acolher. Os santanistas, por exemplo, ficaram excluídos deste PSD.
Não me estava a referir, sequer, aos santanistas. Julgava que essa espécie já não tinha tanta relevância como isso. Tem uma representação dentro do partido, depois do congresso, residual. Agora, de facto, há pessoas que estiveram na direcção do Pedro Santana Lopes que estão na direcção do Paulo Rangel.

Hugo Velosa.
E também o José Eduardo Martins. Um por estar ligado à Madeira, outro às áreas do ambiente. Ambos são competentes, estiveram disponíveis e foram convidados. Portanto, não é verdade que haja qualquer exclusão.

Paulo Rangel é a solução ideal ou a possível?
É uma solução arriscada. Na justa medida em que ele é um militante de filiação relativamente recente, por ventura sem o conhecimento tão aprofundado do partido como outros líder parlamentares poderiam ter. Mas a verdade é que já revelou qualidades que o apontam como uma aposta – insisto, de algum risco – extremamente interessante na renovação e na capacidade de confronto com o senhor primeiro-ministro.

Por que razão diz que é uma aposta de algum risco?
Por ser uma pessoa sem grande acolhimento dentro do partido, pois é um militante relativamente recente. Sem uma experiência extraordinária, como outros poderão ter. Mas tem um valor indiscutivelmente elevadíssimo. Já vi três ou quatro prestações dele na televisão em que bateu aos pontos os adversários todos. Paulo Rangel argumenta muito bem porque está muito bem apetrechado.

Falou em renovação. Há quem diga que este PSD é um regresso ao passado. Concorda?
Talvez. Mas acho que a Manuela Ferreira Leite, na Comissão Política, conseguiu dosear os consagrados, que são factores de grande credibilização do PSD, especialmente num momento em que o partido estava de rastos perante a opinião pública, e um conjunto de pessoas que aparece agora – que alguns eu nem sei quem são.

Quem é que falta neste PSD? Isto é, quem é que deveria ter avançado para a primeira linha e não o fez?
Não faço a mínima ideia. Tem de lhe perguntar sobre alguma recusa que possa ter tido.

Manuel Dias Loureiro?
Não sei se foi convidado. Mas se calhar está mais ligado à vida económica e menos disponível para a vida política.

As declarações elogiosas de Dias Loureiro a José Sócrates causaram-lhe espanto?
Não. Não me espantou. Dias Loureiro assumiu uma postura na sua vida virada para a actividade económica e empresarial. Tem todo o direito e tem todo o meu respeito. É, de facto, uma pessoa muito inteligente e assumiu, naturalmente, uma posição simpática para com o primeiro-ministro a propósito da apresentação de uma biografia.

Que posição é que Manuela Ferreira Leite deve reservar dentro do PSD para Pedro Passos Coelho?
Quando o Pedro Passos Coelho faz um discurso no congresso de grande abertura e de grande disponibilidade para colaborar, evidentemente que a Manuela Ferreira Leite é suficientemente inteligente para aproveitar essa disponibilidade. Como? Não me cabe a mim dizer. Não sei se ele está disponível para uma candidatura autárquica.

Falou-se de Pedro Santana Lopes em Lisboa. Em seu entender seria uma boa solução?
Quem falou foi o Marcelo Rebelo de Sousa. É uma hipótese… Depende das circunstâncias na altura. Eleitoralmente, o Pedro Santana Lopes é do melhor que o partido tem. A prova é que ganhou desafios impossíveis. Se é ele o melhor candidato? Imagine que Manuel Ferreira Leite tem outra ideia. Imagine que Manuela Ferreira Leite acha que o Pedro Passos Coelho é melhor candidato. Imagine que o Pedro Passos Coelho até está disponível. O Passos Coelho teve muito melhor impacto no congresso, em termos de votos, do que Pedro Santana Lopes. Estou a especular. Eu acho que deve haver um esforço por parte da direcção nacional, como houve quando eu me candidatei (com o Carlos Encarnação em Coimbra, o Rui Rio no Porto, o Santana Lopes na Figueira, o José Vitorino em Faro, o Fernando Seara em Sintra) para que nomes do PSD com projecção nacional se candidatassem a municípios em relação aos quais tinham alguma ligação.

E espera que haja, outra vez, esse empenho autárquico?
A Manuela Ferreira Leite sabe que a eleição autárquica tem enorme relevância. A direcção nacional do partido deve fazer um esforço junto dos militantes que podem prosseguir a carreira política, no sentido de quando têm capacidade eleitoral e competência técnica se possam candidatar às câmaras.

Poderá existir alguma falta de modernidade na nova liderança do PSD? Ferreira Leite, na terça-feira, referiu que “a família tem como objectivo a procriação”. Os ventos que sopram da Europa não são já outros?
E a família não tem como objectivo a procriação? Eu estou-me nas tintas para os ventos que sopram na Europa. Nós temos as nossas convicções. Assino por baixo o que disse Manuela Ferreira Leite. Total respeito pelas ligações homossexuais, recusa determinante em equiparar as relações homossexuais às relações heterossexuais. Para mim é mais uma questão de denominação do que outra coisa. Irrita-me que chamem casamento a uma relação entre homossexuais.

Já referiu que se vai recandidatar à Câmara de Cascais em 2009. Para além desse desafio, está disponível para mais algum?
Não. Eu já fui líder parlamentar duas vezes, ministro duas vezes, membro do Conselho de Estado, secretário-geral do PSD duas vezes, vice-presidente da Comissão Política duas vezes e três vezes presidente de câmara. Esta última função é onde melhor e mais me realizo pessoal e profissionalmente. Não tenho nenhum desejo, nenhuma vontade e nenhuma disponibilidade para voltar à vida política activa em Lisboa.|

António Costa começa a preparar autárquicas de 2009

O PS/Lisboa Começa a mobilizar os militantes e a preparar as eleições autárquicas de 2009, tendo em vista uma renovação do mandato à Câmara Municipal de Lisboa, desta vez acompanhado pela Assembleia Municipal. Para tal, num curto espaço de tempo, haverá lugar a actividades como desde logo, este fim-de-semana, a II Universidade de Verão na universidade Lusófona, a reunião da Comissão Política Concelhia e no dia 15, um Jantar de comemoração do primeiro ano desde a eleição de António Costa na CML.

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, o seu executivo camarário e o PS/Lisboa começam a preparar as eleições autárquicas de 2009, tendo em vista uma nova vitória e uma possível maioria absoluta do PS na Câmara e na Assembleia Municipal, que neste momento se encontra orientada pela maioria do PSD.
Para tal, arrancam já este mês com três grandes iniciativas, as quais em primeiro lugar a II Universidade de Verão, depois haverá lugar à reunião da comissão política da concelhia de Lisboa e por fim um Jantar de comemoração do primeiro aniversário de António Costa como presidente da CML.
É assim o encadear de acções que visam mobilizar e começar a preparar o caminho para 2009 que se figura difícil.
A II Universidade de Verão do PS/Lisboa, é já esta sexta-feira e sábado na Universidade Lusófona. Sexta-feira começa com o tema “o novo relacionamento com os Munícipes” sendo o moderador, José Manuel Mesquita, seguido do painel subordinado ao tema “a Simplificação Administrativa” com os oradores Maria Manuel Leitão Marques e António Gameiro, sendo o último painel do dia subordinado ao tema “o Simplis – Lisboa” com Marcos Perestrello, o vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa. No Sábado, a discussão começará logo de manhã e será sobre “as Formas de Participação dos Munícipes”, com a moderação de Teresa Damásio, passando-se aos temas da “Cidadania e os Decisores” com a participação de José Fialho e “Os Mecanismos de Participação” com Manuel Meirinho. Da parte da tarde, o debate será subordinada ao tema “o Orçamento Participativo” e “Os Modelos Europeus” com a participação de Pere Alcober e “a Proposta para Lisboa” com o próprio António Costa.
Quanto ao segundo momento, a reunião da Comissão Política Concelhia do PS/Lisboa, este é o órgão máximo da estrutura Concelhia, e vai contar com a presença do Presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, podendo neste dia começar a desenhar-se a estratégia autárquica Lisboeta para 2009, visto que este órgão cumpre mandato até Março de 2010.
Por fim, haverá ainda um jantar de comemoração do primeiro aniversário da eleição de António Costa enquanto presidente da CML. Este jantar irá ocorrer no dia 15 deste mês na FIl da Junqueira, em agradecimento à união gerada à volta da sua candidatura, aproveitando para mobilizar para lutas futuras.
Surgiu apenas recentemente como ponto negativo as declarações de Joaquim Raposo, presidente da Federação da Área Urbana de Lisboa e da Câmara Municipal de Lisboa ao considerar “estranho” o anúncio feito quarta-feira por José Sócrates sobre a redução do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), defendendo que o Governo “não se pode demitir das suas responsabilidades”.
Em entrevista à RTP, o primeiro-ministro classificou como “inadmissível” o aumento de 15 por cento que o IMI registou em 2007 e adiantou que o Governo vai alterar os limites máximos daquele imposto para reduzir o encargo fiscal dos proprietários de casas, contando com a compreensão das autarquias. O autarca da Amadora referiu que o poder central “não pode criar problemas aos outros para resolver os seus próprios problemas” e contestou os argumentos apresentados José Sócrates para justificar a medida. António Costa, por seu lado já deu o seu acordo às medidas anunciadas pelo primeiro–ministro.|