2025/11/18

Bloco Central pode “salvar” Sócrates e Ferreira Leite

O Bloco Central voltou a estar esta semana na ordem do dia, depois de uma grande sondagem ter dado o PS mais longe da maioria absoluta, bem como o PSD a crescer, e de Jorge Sampaio também ter apadrinhado a ideia. Esta quarta-feira, o Presidente da República voltou a não fechar a porta a esta solução.

Cavaco continua a não excluir solução

O Bloco Central voltou a estar esta semana na ordem do dia, depois de uma grande sondagem ter dado o PS mais longe da maioria absoluta, bem como o PSD a crescer, e de Jorge Sampaio também ter apadrinhado a ideia. Esta quarta-feira, o Presidente da República voltou a não fechar a porta a esta solução. Ontem, Santana Lopes defendeu que o Bloco Central só é possível sem Sócrates ou Ferreira Leite, em face do antagonismo programático dos dois, nomeadamente, em termos de política de investimentos públicos. No entanto, caso as sondagens se confirmem, a derrota de Sócrates ao não conseguir repetir a maioria absoluta de 2005 e a vitória de Pirro de Ferreira Leite ao não superar o PS podem representar a “salvação” de um e de outro. Sócrates mantendo o poder e Ferreira Leite ganhando o lugar de n.º 2 do Governo.

O Bloco Central é possível? Há quem o dê como garantido, até face às pressões de grandes individualidades nesse sentido. A defesa desta solução por Jorge Sampaio, contra a opinião maioritária do seu partido, é um bom exemplo da sua possível inevitabilidade. Outras altas figuras no PS também podem ter pouco espaço para rejeitar a solução. Mário Soares foi protagonista do Bloco Central, entre 1983 e 1985, e António Guterres foi um homem que teve a sua vida marcada pela necessidade do compromisso político, quando chefiou dois governos minoritários.
No PSD, também são cada vez mais as vozes que abrem as portas a esta solução, ainda que com fortes condicionantes. O presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, defendeu esta semana que só admitia um governo do Bloco Central se fosse para fazer reformas profundas no País, designadamente no campo da reforma do sistema político. Nesta edição do SEMANÁRIO, Ângelo Correia também diz que se não for para rever a Constituição, o Bloco Central não vale a pena. Refira-se na próxima legislatura, a Assembleia da República assume poderes de revisão constitucional. No entanto, a maioria das figuras do PSD rejeita liminarmente esta hipótese, ainda que por vezes pareça notório que há razões tácticas e estratégicas que podem estar por detrás destas declarações. A começar logo na própria Ferreira Leite. Na entrevista que deu há duas semanas a Mário Crespo, foi notório que a líder do PSD colocou a hipótese de um Bloco Central. Curiosamente, Ferreira Leite utilizou um registo muito próximo do de Cavaco Silva. O Presidente da República tem feito dos problemas nacionais e das soluções que eles exigem uma tónica nas suas últimas intervenções. Ainda esta quarta-feira, Cavaco voltou a não excluir a hipótese do Bloco Central, isto depois de Ferreira Leite ter rejeitado a ideia, desmentido o sentido que foi dado às suas palavras na entrevista à SIC-Notícias. A líder do PSD sabe bem que, mesmo podendo ter um pensamento próximo do de Cavaco, numa perspectiva de defesa do interesse nacional, não está, porém, em posição de o dizer como líder de um partido que quer tentar ganhar as eleições. Recorde-se que o Presidente da República renovou, esta quarta-feira, o pedido de serenidade na campanha eleitoral, tendo pedido “bom senso” aos partidos, numa altura em que se discutem os cenários pós-legislativas, apelos que caracterizaram a sua intervenção nas comemorações do 25 de Abril. Mas Cavaco foi mais longe, falando do quadro de soluções futuras: “Vivemos um tempo muito difícil no nosso país e os tempos que se aproximam não serão com certeza mais fáceis. Por isso, entendo que nenhuma força política deve ficar de fora na procura de soluções para passar as dificuldades que Portugal vive”, acrescentou o Presidente da República.
Curiosamente, ontem, Santana Lopes, defendeu que o Bloco Central só é possível sem Sócrates ou Ferreira Leite, em face do antagonismo programático dos dois, nomeadamente em termos de política de investimentos públicos. No entanto, caso as sondagens se confirmem, a derrota de Sócrates ao não conseguir repetir a maioria absoluta de 2005 e a vitória de Pirro de Ferreira Leite ao não superar o PS podem representar a “salvação” de um e de outro. Sócrates mantendo o poder e Ferreira Leite ganhando o lugar de n.º 2 do governo. Aliás, no PSD, tal como o SEMANÁRIO referiu na sua última edição, há grande agitação nalguns sectores pelo facto de o PSD de Ferreira Leite aparecer cada vez melhor posicionado eleitoralmente nas projecções de voto. No que se refere às europeias, a última sondagem deu mesmo o PSD a escassos três pontos de diferença de Ferreira Leite. No que se refere às legislativas, a sondagem que foi publicada esta semana dava o PS com 41 por cento, sensivelmente a quatro pontos da maioria absoluta, e o PSD com 34 por cento, em grande recuperação face aos indicadores catastróficos de há dois meses, quando as sondagens davam 23 por cento a Ferreira Leite. Muita gente no PSD estava cada vez mais convencida que Ferreira Leite ia ser “trucidada”, até abaixo dos 20 por cento, e teria que se demitir nas próximas legislativas. Ora, com o Bloco Central, Ferreira Leite vai ficar e pode baralhar as estratégias futuras de muitos putativos candidatos à liderança do partido, nomes como Rui Rio, Pedro Passos Coelho, Morais Sarmento, Aguiar Branco, Alexandre Relvas e mesmo António Borges.
No PS, a manutenção de Sócrates no poder afigura-se pacífica, até porque hoje os socialistas estão com fortes expectativas de que o PS ainda possa ter maioria absoluta. No PS pode mesmo acontecer o contrário do que no PSD, com alguns sectores a quererem que Sócrates aceite governar em Bloco Central. Na verdade, se, por hipótese, Sócrates não aceitasse a solução, António Vitorino podia ser o sucessor quase natural. Só que, “metendo-se” Vitorino, um político ainda muito novo, o “tempo” de António Costa e a primazia do autarca de Lisboa na linha de sucessão de Sócrates, ao ponto de ter estabelecido um pacto geracional com Sócrates, podem estar ameaçados e dar, aliás, origem ao fortalecimento de outras soluções. Para além de Vitorino ser uma incógnita, podendo revelar-se um superprimeiro-ministro, António José Seguro poderia tirar partido de a Sócrates não ter sucedido o homem que era esperado.

Bons resultados nas europeias agitam oposições à líder

Apesar de ter sido uma semana difícil para a líder do PSD, obrigada a desmentir que tivesse defendido um governo do Bloco Central, nem tudo corre mal a Ferreira Leite. O SEMANÁRIO sabe que há sondagens que dão excelentes resultados ao PSD nas europeias.

Apesar de ter sido uma semana difícil para a líder do PSD, obrigada a desmentir que tivesse defendido um governo do Bloco Central, nem tudo corre mal a Ferreira Leite. O SEMANÁRIO sabe que há sondagens que dão excelentes resultados ao PSD nas europeias. As oposições à líder do PSD, que já pensavam na queda de Ferreira Leite a seguir às europeias, é que ficaram agitadas. Se Ferreira Leite for às legislativas, a corrida à liderança no pós-ferreirismo fica ainda mais afunilada. Com nenhum jovem turco a cair no “lugar do morto” nas legislativas.

em tudo corre mal a Ferreira Leite. O Semanário sabe que há sondagens que dão excelentes resultados ao PSD nas europeias. Na semana em que teve de desmentir uma entrevista que ainda não tinha ido para o ar, rejeitando uma alegada defesa do Bloco Central, estes indicadores são um verdadeiro sopro de oxigénio para a líder do PSD. As oposições à líder do PSD, que já pensavam na queda de Ferreira Leite a seguir às europeias, é que ficaram agitadas. Na verdade, nas últimas semanas houve quem desse como adquirido que Paulo Rangel muito dificilmente levaria a água ao seu moinho. Mas o facto é que o líder parlamentar tem cumprido muito bem o seu papel. Rangel tem excelentes dotes oratórios, tem intuição política e é aguerrido. Tem demonstrado estas qualidades em vários palcos, já em pré-campanha para as europeias e ainda beneficia da exposição mediática de estar no Parlamento e de enfrentar, de quinze em quinze dias, o primeiro-ministro. Há muito tempo que o PSD vive em clima de facas longas, quase em permanência. O facto de existirem muitos galos para o mesmo poleiro, no pós-ferreirismo, faz com que a guerrilha se tenha intensificado. Pedro Passos Coelho, Rui Rio, Aguiar Branco, Alexandre Relvas, Nuno Morais Sarmento, são alguns dos putativos candidatos a líder do PSD depois de Ferreira Leite. Como o PS está há quatro anos no poder e as hipóteses de Sócrates voltar a ganhar são grandes, o lote de candidatos foi afunilando, porque ninguém quis avançar antes de tempo para ser abatido em combate. Foi, aliás, neste contexto que Marques Mendes e Luís Filipe Menezes tiveram a sua oportunidade. Há observadores da realidade laranja que referem que esta “inflação” de candidatos faz com que cada um trilhe o seu caminho com mil cuidados e se desdobre em jogos tácticos, com vista a que alguém fique pelo caminho. É assim que se entende que muitos dos nomes do lote acima referido tenham ao mesmo tempo de manter acesa a chama da candidatura e ao mesmo tempo dêem sinais claros de que não querem estar no que pode ser o “lugar do morto” nas eleições legislativas de Setembro, o que dá, por vezes, uma postura de acção bem contraditória. Nas próximas legislativas, se Sócrates ganhar, o líder do PSD do momento tem, certamente, de se demitir e dar o lugar a um “camarada” mais preparado, que vai ficar com uma melhor conjuntura para chegar ao poder, talvez em fim de crise económica e, sobretudo, entrar num ciclo político em que o PSD pode fazer um regresso “natural” ao poder, depois de dois mandatos governativos do PS. Face a este contexto, segundo o mesmo observador laranja, está a acontecer um jogo de colocar alguém no “lugar do morto” nas legislativas, na lógica que é menos um candidato a atrapalhar o tráfego da liderança após as legislativas de Setembro. Ora, se Ferreira Leite ganhar as europeias, ou tiver um resultado honroso, é ela, certamente, que vai disputar as legislativas. Se perder para Sócrates, como parecem indicar as sondagens, o seu lugar deverá ficar, depois, à disposição, para começar a luta dos “galos”, sem nenhum fora da corrida, porque nenhum morreu em combate. Muitos galos para o mesmo poleiro Passos Coelho é um candidato natural à liderança do PSD no pós-ferreirismo. Resta saber se os apoios serão suficientes. Curiosamente, Morais Sarmento parece estar a apoiar Rui Rio para uma futura corrida. Só que Rui Rio talvez seja o candidato pior colocado para lá chegar. Srerá por isso que Morais Sarmento o apoia, num eventual despique com Passos Coelho? Para quê? Naturalmente para que Rio desse apoio à própria corrida à liderança de Morais Sarmento. Porém, apesar das desvantagens, nem por isso Rui Rio tem deixado de fazer o seu papel como putativo líder. As divergências que começou a ter com Ferreira Leite evidenciam esta ambição. Curiosamente, o modo como Ferreira Leite “protegeu” Rio nas declarações divergentes sobre o enriquecimento ilícito fazem pensar que a actual líder poderá, ainda assim, ter uma preferência pelo autarca do Porto. Será? Quem não se lembra, também, das longas horas de conversa entre Ferreira Leite e Morais Sarmento no último Congresso do PSD. No entanto, há que recordar também que Morais Sarmento deu recentemente sinais de discordância em relação a Ferreira Leite. O que foi diferente, na apreciação da líder, dos mesmos “pecadilhos” de Rio e Morais Sarmento? Rio vai, entretanto, recandidatar-se à Câmara da Invicta, tendo um desafio complicado pela frente, que é o de ganhar a Elisa Ferreira. Se perder, Rio pode ver hipotecada a sua candidatura à liderança, porque os rivais estarão em melhor situação. Se ganhar, Rio também pode ter um problema. Como sair da autarquia para a corrida no PSD sem perder a credibilidade? Ainda para mais, o autarca já fez saber que quer cumprir o mandato. Rio pode, assim, ser do “lote” de potenciais candidatos aquele que está em pior situação. Quanto a Alexandre Relvas e a Aguiar Branco também não têm deixado de dar sinais de que estão na corrida, mais este do que aquele. Há quinze dias foi muito comentada a frase de Aguiar Branco de que as europeias não eram o seu combate. Tanto um como outro podem, de facto, avançar, mas talvez para servirem objectivos tácticos de outros candidatos, também arregimentando votos que depois entregam, fortalecendo também a sua posição política. Que candidatos? Passos Coelho e Morais Sarmento.

Atenções recaem sobre a intervenção do PR

O que espera do discurso de Cavaco nas comemorações do 25 de Abril?

Simões Ilharco

As atenções recaem sobre a intervenção do Presidente da República amanhã no Parlamento. O que espera do discurso de Cavaco no 25 de Abril? À pergunta do SEMANÁRIO, respondem diversas personalidades.

José Lello
“Sem recados rocambolescos”

“Espero um dicurso de Estado, institucional, claro e sem recados rocambolescos.”

Paula Teixeira da Cruz
“Um incentivo”

“Espero uma abordagem da situação económica e social e, como sempre vem sendo próprio do Presidente, um incentivo em momentos difíceis, sem perder de vista o rigor e a exigência.”

Saldanha Sanches
“Nunca um 31 de Julho”

“Espero que seja mais relevante do que o tema escolhido no dia 31 de Julho.”

Odete Santos
“Sem grandes coisas”

“Eu não espero grandes coisas. Espero que ele diga que isto do ponto de vista económico está muito mau, que foi o que disse sobre as recentes previsões do Banco de Portugal, mas não espero que proponha medidas revolucionárias, até porque está de acordo com a política do engº Sócrates.”

Feliciano Barreiras Duarte
“Apontar pistas”

“Que procure chamar a atenção para os problemas com que o País se confronta actualmente e que aponte algumas pistas para ultrapassar a actual crise.”

Pressão para audição de Sócrates intensifica-se

Há cada vez mais pressões no Ministério Público para ouvir José Sócrates sobre o caso Freeport. Mas a questão é explosiva pelas consequências políticas desta diligência, ainda por cima no ano de todas as eleições.

Guerra aberta no MP

Há cada vez mais pressões no Ministério Público para ouvir José Sócrates sobre o caso Freeport. Mas a questão é explosiva pelas consequências políticas desta diligência, ainda por cima no ano de todas as eleições.

Há cada vez mais pressões no Ministério Público para ouvir José Sócrates sobre o caso Freeport. Mas a questão é explosiva pelas consequências políticas deste acto, ainda por cima no ano de todas as eleições.
O caso Freeport não pára e os socialistas começam a ficar mais preocupados. Para o mês que vem o país entra em campanha eleitoral para as europeias, umas eleições que podem ser decisivas como primeiro patamar das legislativas de Setembro. A possibilidade de Sócrates ser ouvido pessoalmente, no quadro das investigações, como testemunha é um acto que as oposições não deixaram de aproveitar politicamente. Refira-se que esta diligência, a realizar-se terá mesmo de ser feita pessoalmente e não por escrito. O mesmo aconteceu, há dez anos, em relação a Paulo Portas, no quadro da investigação sobre a Universidade Moderna.
Esta foi, talvez, a semana mais agitada do caso Freeport. Tudo começou na sexta-feira, com a exibição pela TVI de parte do DVD em que Charles Smith envolve Joé Sócrates no caso. Na mesma noite, o primeiro-ministro fez um comunicado em que volta a refutar as acusações, considerado-as absolutamente difamatórias, anunciando a apresentação de queixas-crimes contra a TVI, como órgão difusor, e contra Charles Smith. No dia seguinte, o próprio Charles Smith negou alguma vez ter difamado Sócrates. Recorde-se que o DVD emitido pela TVI é matéria que faz parte da investigação inglesa no Freeport.

Há dois meses, Cândida Almeida, uma das magistradas que investiga o caso, disse, numa entrevista à RTP 1 que se recusava a ver o DVD porque se tratava de uma prova nula, recolhida ilegalmente. Esta afirmação provocou alguma polémica nos meios judiciais em geral e até no seio do Ministério Público. Independentemente da natureza do acto, até um leigo perecebe que a análise de uma prova nula pode ser muito útil para obter novas pistas ou ajudar a construir um puzzle por finalizar, no âmbito de uma determinada estratégia de investigação.

Já esta semana, o caso conheceu um novo epicentro. O novo presidente do Sindicato dos Magistados do Ministério Público eleito, João Palma, pediu uma audiência ao Presidente da República, Cavaco Silva, para denunciar a existência de pressões no caso Freeport. Esta manifestação do SMMP começou por ser recebida com incomodidade por Belé,m, na medida em que João Palma anunciou, desde logo, a agenda da reunião. Por sua vez, o facto de ela surgir imediatamente depois da eleição de Palma, prestou-se a interpretações de aproveitamento político e pojecção mediática. Mas, já esta semana, o incómodo acabou por ser ultrapasado pelos acontecimentos. Na comunicação social, surgiu o nome do procurador Lopes da Mota, director do Eurojust, uma estutura de cooperação judiciária ao nível europeu, como tendo feito, alegadamente, pressões junto de magistrados com o Freeport a cargo, designadamente, Vítor Magalhães e António Paes, tal como foi divulgado durante a semana por vários órgãos de comunicação social. Lopes da Mota desmentiu, porém, quaisquer pressões. Esta semana, face ao empolamento do caso, o procurador-geral da República sentiu-se no dever de emitir um comunicado em que desmentiu a existência de quaisquer pressões, declarações que o PS, através de Vitalino Canas, fez questão em frisar. Nesta quarta-feira, como o caso não parasse de suscitar dúvidas e especulações, Pinto Monteiro resolveu chamar Lopes da Mota à PGR. Os dois magistrados alegadamente pressionados, Vítor Magalãres e António Paes Faria, também foram chamados por Pinto Monteiro. Segundo foi referido por vários órgãos de comunicação social, Pinto Monteiro pretendeu que fosse subscrita uma declaração conjunta em como não tinham existido pressões. Vitor Magalhães e Pais Faria recusaram-se, porém, a assinar.
Segundo referiu ontem o Jornal de Noticias, os procuradores Paes Faria e Vítor Magalhães, colocados no Departamento Central de Investigação e Acção Penal, “vão com a sua versão até onde for preciso”, garantiu uma fonte ao JN, que pediu anonimato.
Segundo referia, também, o JN é a segunda vez que é posta em causa a conduta de Lopes da Mota, ex-colega de José Sócrates no primeiro Governo de António Guterres. Lopes da Mota foi já alvo de um processo disciplinar, por suspeitas de ter fornecido à presidente da Câmara de Felgueiras, Fátima Felgueiras, uma cópia da denúncia que daria lugar à investigação do chamado caso do “saco azul” da autarquia, antes de a Polícia Judiciária iniciar a investigação. O processo acabou por ser arquivado.

Entretanto, já depois destes acontecimentos, o presidente do SMMP reiterou o pedido de audiência com o Presidente da Repúbolica. A dúvida é saber se Cavaco recebe Palma antes da sua tomada de posse, que se realiza só a 16 de Abril, ou só depois desta data.
Todas estas vicissitudes inerentes ao caso Freeport tiveram esta semana fortes repercurssões políticas, mas curiosamente quase todas vindas da a´rea socialista. Mário Soares criticou as fugas de informação do processoe aproveitou para tecer considerações sobre a inverdade das mesmas, aparentemente secundando Sócrates, que desde o início considera que estamos perante uma campanha negra contra si. Também o líder parlamentar socialista, Alberto Martins, afirmou que Sócrates está a ser vítima de “calúnia”, “intriga” e “maledicência” de quem o quer envolver no caso. Fora da linha destas intervenções, João Cravinho disse que «o DVD exibido é um elemento que fez muita mossa e representa um conjunto de afirmações extremamente graves» Cravinho pediu, ainda, que tudo seja averiguado.

PPE impõe Durão Barroso

Foi a semana de todas as movimentações na Europa, por causa da reeleição de Durão Barroso. Nicolas Sarkozy era o mais entusiasta em relação à hipótese de substituição do actual presidente da Comissão Europeia, de forma a encerrar um mau ciclo para a Europa, com o fracasso do Tratado de Lisboa e a crise económica e financeira.

Sarkozy ficou isolado

Foi a semana de todas as movimentações na Europa, por causa da reeleição de Durão Barroso. Nicolas Sarkozy era o mais entusiasta em relação à hipótese de substituição do actual presidente da Comissão Europeia, de forma a encerrar um mau ciclo para a Europa, com o fracasso do Tratado de Lisboa e a crise económica e financeira. Mas o projecto implicava colocar um homem com forte peso à frente da Europa, Tony Blair ou José Maria Aznar, cada qual com vida política própria e autonomia de decisão, o que poderia ser um perigo interesses europeus muito habituados a que quem mande na União Europeia sejam quatro ou cinco países grandes, em consenso, e a administração de Bruxelas. Ângela Merkel, ainda hesitante face ao jogo de Sarkozy, acabou por se convencer de que Durão Barroso era o homem certo e o PPE, o partido europeu onde a chanceler alemã tem grande influência, deu ontem o seu apoio à eleição de Barroso.
Tal como aconteceu em 2004, Barroso acaba por ser o homem útil ao sistema. Quem apostou nele há cinco anos, decididamente que hoje não se arrepende. Barroso é um excelente executor, que não levanta ondas e que não é inconveniente nem irreverente politicamente.

Foi a semana de todas as movimentações na Europa, por causa da reeleição de Durão Barroso. Nicolas Sarkozy era o mais entusiasta em relação à hipótese de substituição do actual presidente da Comissão Europeia, de forma a encerrar um mau ciclo para a Europa, com o fracasso do Tratado de Lisboa e a crise económica e financeira. Mas o projecto implicava colocar um homem com forte peso à frente da Europa, Tony Blair ou José Maria Aznar, a definir de acordo com os resultados das eleições europeias de Junho. Um homem com vida política própria e autonomia de decisão, o que poderia ser um perigo interesses europeus muito habituados a que quem mande na União Europeia sejam quatro ou cinco países grandes, em consenso, e a administração de Bruxelas. O risco da escolha de Blair ou de Aznar, para além da autonomia política, era o facto de um ou outro líder da Europa ter mais influência junto destas estrelas políticas e “furar” o esquema do Directório. Ângela Merkel, que tal como o SEMANÁRIO noticiou na semana passada, também ponderava a substituição de Barroso, acabou por recuar, certamente sensível à ameaça para o status quo europeu. O Partido Popular Europeu, onde a chanceler alemã tem uma grande influência, deu ontem o seu apoio à reeleição de Barroso. Curiosamente, no início desta semana, Gordon Brown apoiou publicamente Durão Barroso, numa intervenção conjunta onde os dois homens se expuseram politicamente de tal modo que ficou patente que havia algo em curso para segurar Barroso. O apoio de Brown pode ter sido indiciador, desde logo, da luz verde de Washington à reeleição de Barrosso, bem como um sinal de que o primeiro-ministro inglês podia não ver com muito bons olhos o reaparecimento de Blair na cena política. Recorde-se que Brown esteve mais de dez anos na segunda linha política, exactamente por causa do poder e da projecção de Blair. Um novo estrelato do antigo primeiro-ministro inglês poderia implicar que a estrela de Brown voltasse a empalidecer, o que poderia ser perigoso para quem quer ganhar as próximas legislativas a Gordon Brown.
Tal como aconteceu em 2004, Barroso acaba por ser o homem útil ao sistema. Quem apostou nele há cinco anos, decididamente que hoje não se arrepende. Barroso é um excelente executor, que não levanta ondas e que não é inconveniente nem irreverente politicamente. É certo que manutenção de Barroso pode trazer pouco élan à Europa, num momento em que a confiança é fundamental, mas a estrutura de poder europeia parece confiar mais nos velhos métodos tradicionais do que em fogachos políticos e psicológicos. A escolha de Barroso tem ainda o benefício de não abrir uma guerra política entre socialistas, populares e liberais para escolherem entre Blair e Azbar, em face dos resultados das europeias. Mesmo se os populares mantiverem a maioria no Parlamento Europeu, é provável que os socialistas reclamassem a presidência da Comissão Europeia. O conflito politico que se geraria podia não ser nada adequado a um momento de crise económica, em que se torna quase grotesco estar a fazer chincana política. Refira-se que para além de Ângela Merkel, Sílvio Berlusconi e outros líderes europeus, presentes na reunião onde o PPE anunciou o apoio a Barroso, também Manuela Ferreira Leite marcou presença, dando, assim, o seu apoio pessoal e político à recandidatura de Durão Barroso.

Durão: 40 anos de poder

Para Barroso, a sua reeleição é mais uma vitória pessoal. Com um novo mandato de cinco anos em Bruxelas, Barroso fica excelentemente colocado para sair de presidente da Comissão Europeia em 2014 e candidatar-se a Presidente da República em 2016, numa altura em que Cavaco já não poderá recandidatar-se. A sua candidatura a Belém parece mesmo natural. Caso seja candidato e caso ganhe as presidenciais, Durão pode fazer quase trinta anos de exercício quase sucessivo de funções publicas, tendo começado como primeiro-ministro de 2002 a 2004, presidente da Comissão Europeia de 2004 a 2014 e Presidente da República de 2016 a 2026. A juntar aos dez anos de governação, como secretário de Estado e ministro nos governos de Cavaco dá mais dez anos de funções executivas, o que contabiliza quase quarenta anos de poder. Os planos de Barroso só podem ser ameaçados por um candidato forte do PS nas presidenciais. Quem?
Sócrates, Guterres ou Vitorino?